terça-feira, 2 de agosto de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 10 – ANUNCIADO PELO PROFETA MIQUEIAS – Mq 5,2-5.


Nos tempos de dificuldades sempre brotava na alma do povo de Israel o anseio pelo Messias que o liberta do jugo de seus inimigos. A época que Miquéias viveu foi marcada por esse desejo. O reino de Judá se encontrava numa difícil situação. A poderosa nação Assíria, com fome de conquista, lançava seus olhos para a terra de Judá, uma vez que a nação do norte, Israel, agora denominada Samaria, já havia caído e seus habitantes tinham sido levados cativos. Nesse tempo Miquéias traz à lembrança do povo à pessoa do Messias, indicando até mesmo o lugar onde Ele nasceria. Fala também da eternidade dEle e de seu reino e de sua paz.

  1. O NASCIMENTO DO MESSIAS.

“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá àquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” – Mq 5,2 – Como entender porque tantas pessoas nos dias atuais não conseguem aceitar que a Bíblia é a palavra inspirada por Deus? Não dá para ler um texto como esse sem sentir revolta diante do que falam tantos críticos que, muitas vezes sem sequer o ler, saem por ai falando absurdos sobre a Bíblia, tentando fazer dela uma colcha de retalhos ou um mero produto da experiência religiosa de um povo. Mais de seiscentos anos antes do nascimento de Jesus, Miquéias disse – “O Messias nascerá em Belém”. Esta era a cidade de Davi, que ficava cerca de 8 km de Jerusalém. Não era uma cidade importante da perspectiva nacional (havia muitas cidades mais importantes), mas era o local escolhido por Deus; lá nasceu o Messias, o filho de Deus.

Quando os magos vieram do oriente seguindo a estrela, chegando a Jerusalém, perguntaram a Herodes onde nascera o Messias. O rei consultou os estudos da lei que responderam – “Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo profeta:” – Mt 2,4 – Os estudiosos citaram o texto de Miquéias para Herodes e para os Magos. Eles sempre souberam que o Messias nasceria em Belém, porem não se deram ao trabalho de ir até lá para conferir a verdadeira história.

Deus cumpriu a sua promessa. A pequena Belém, insignificante como a manjedoura em que Jesus nasceu, foi o palco do maior acontecimento da história deste mundo. Acontecimento esse que os poderosos não viram, até porque o Messias não nasceu para os poderosos, mas os humildes contemplaram sua face e assistiram ao nascimento do Rei dos reis.

Miquéias profetizou o local do nascimento do Messias, e ainda acrescentou um dado interessantíssimo sobre ele – “e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” – Mq 5,2 – Ninguém falaria isso sobre um homem comum. Em sua profecia, Miquéias viu como eterno. Eterno não somente para frente, em direção ao futuro, mas também para trás, para o passado. As origens desde os tempos antigos talvez sejam uma referencia à promessa divina feia a Davi de que um descendente se assentaria no seu trono, mas a expressão “desde os dias da eternidade.” vai para muito alem disso. A origem do Messias, segundo a profecia de Miquéias, é a própria eternidade.

De fato, Jesus cumpriu a profecia de Miquéias, pois nasceu em Belém, porem suas origens é muito anterior a Belém, mergulham na eternidade. Os cristãos ortodoxos confessam que Jesus é o “eterno gerado do Pai”, ou seja, que não houve um momento em que Jesus passou a existir, mas Ele existe eternamente como filho de Deus, como a segunda Pessoa da “Santíssima Trindade”. Para Miquéias o Messias não seria homem comum, seria um ser eterno que nasceria em Belém. Não há duvidas, Miquéias estava falando de Jesus e anunciando.

  1. TEMPO DE SOFRIMENTO.

Miquéias profetizou que haveria muito sofrimento para a mãe do Messias até que ele nascesse – “Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.” – Mq 5,3 – Muitos tentam identificar “A que está para dar a luz” com Israel (Igreja), porém é melhor pensar em Maria, pois Jesus a chama de “mulher” por duas vezes (Jô 2,4; 19,26) e é profetizada em – Gn 3,15 e AP 12 – e este fala do nascimento de Jesus Cristo por uma mulher grávida que sente dores do parto. Ai, eu pergunto: Se a mulher é a Igreja como ela poderia ficar grávida e sentir as dores do parto?

Deus sempre mantém um remanescente para si. Quando Elias pensava que estava sozinho, Deus lhe disse que havia mais sete mil que ainda eram fieis a não haviam dobrado os joelhos perante Baal – “Mas reservarei em Israel sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal, e cujos lábios não o beijaram.” – 1Rs 19,18 – Com relação a Israel, nunca foi plano de Deus salvar toda a nação, mas o remanescente – Rm  9,27; 10,22-23 – Este é o povo fiel, o qual Deus vem guardando para si desde o inicio, desde que prometeu a serpente que ela teria a cabeça esmagada pela descendência da mulher – Maria – conforme Lc 1,26-35. Pergunto novamente: quem engravidou? Maria ou a Igreja.

Desde aquele momento Satanás fez todo o esforço para destruir o descendente da mulher. João pinta esse quadro como um dragão diante da mulher pronto para lhe devorar o filho – AP 12,1-4 – querendo, por certo, referir-se a todas as tentativas malignas de impedir a vinda do Messias, que começaram com a morte de Abel e terminaram com a matança dos inocentes em Belém pelas mãos de Herodes.

Até a morte de Jesus, o sofrimento não acabaria para o povo de Deus, porém, quando o Messias nascesse, o restante de seus irmãos voltaria aos filhos de Israel – “Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.” Mq 5,3 – Com a vinda do Messias os verdadeiros israelitas seriam congregados outra vez. Novamente precisamos dizer, Jesus é o único que pode cumprir essa profecia. Nunca houve alguém do povo de Deus que pudesse chegar perto do cumprimento desça profecia, mas Jesus a cumpre, não fisicamente, mas espiritualmente, pois na igreja todos os verdadeiros israelitas, descendentes espirituais de Abraão, o pai da fé, são congregados.


  1. O REINO DO MESSIAS.

O Messias, segundo Miquéias, seria o Rei de Israel. Esta foi a profecia – “Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra.” – Mq 5,4 – Um rei firme que apascentaria o povo. Certamente essa era uma lembrança de Davi, o rei-pastor. O Messias não seria apenas um tirano que dominaria o povo, mas um bondoso rei que apascentaria o povo como pastor apascenta as ovelhas, cuidando delas, dando-lhes mantimento e segurança.

O profeta disse ainda que o governo desse rei-pastor seria no “poder do Senhor” e “na majestade do nome do Senhor”, ou seja, o poder de Deus estaria à disposição do Messias para governar e apascentar seu povo. O que essa descrição sugere é que o governo seria o próprio Deus, cujo representante na terra seria o Messias. Como conseqüência do governo poderoso do Messias, o povo habitaria seguro.

Poucas vezes Judá habitou seguro, talvez nenhuma. Durante os reinados de Davi e Salomão, Israel alcançou seu apogeu, porem sempre houve inimigos à espreita. Davi chegou a perder momentaneamente o trono. Salomão colheu mais do que ninguém o fruto do trabalho de seu pai e desfrutou do maior período de paz que a nação teve; porem, nem mesmo durante os dias de Salomão, pode ser dito que o povo habitou seguro. No tempo de Miquéias, a Assíria aterrorizava a nação eliminando totalmente as esperanças. Durante o reinado do Messias, essa maravilhosa promessa de segurança se cumpria. Era isso o que Miquéias queria dizer. Não haveria inimigos que assustassem o povo em, portanto, esta habitaria seguro porque o Messias seria engrandecido até os conflitos da terra. A conseqüência disso seria a paz, ou como o profeta declarou – “E assim será a paz.” – Mq 5,5 – A presença do Messias seria a presença da própria paz. Não uma paz feita quando dois inimigos deixam de lutar, mas uma paz soberana quando os inimigos não existem mais. Não haveria mais por quem lutar. Tudo alcançaria o estagio da perfeição do “Shalom” (paz); só restaria desfrutar, regozijar, descansar.

Todas essas afirmações só podem ser aplicadas a Jesus Cristo. Como sua vinda, ele estabeleceu um reino que cada dia cresce mais e mais, apesar de todas as tribulações da vida, seus discípulos têm a promessa da sua presença que garante segurança. Jesus é o verdadeiro rei-pastor que governa e apascenta seu povo. Paz é a conseqüência do seu reinado. Paz intima e paz externa. Em sua segunda vinda, Jesus cumprirá definitivamente todas essas promessas, pois estabelecerá um reino eterno, e o povo habitará em perfeita segurança e em perfeita paz.

  1. CONCLUSAO.

Na profecia de Miquéias, a descrição do Messias que nasceria em Belém, seria eterna, viria para estabelecer um reino que aumentaria progressivamente impulsionado pelo poder de Deus, apascentaria seu povo e lhe traria segurança, somente se encaixa na pessoa e no reino de Jesus. O eterno Filho de Deus nasceu em Belém, estabeleceu seu reino no coração dos homens, faz esse reino prosperar pelo poder de Deus e voltará para estabelecê-lo definitivamente sobre todos. Podemos crer na Bíblia e em Deus, pois suas promessas não falham. Triste, porém, foi o fato de que Jesus nasceu em Belém da Judéia e nos dias de Herodes, mas não foi reconhecido pelos que deveriam reconhecê-lo.

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