quarta-feira, 27 de maio de 2015

OS 10 MANDAMENTOS – NÃO COBIÇARÁS



DECIMO MANDAMENTO – NÃO COBIÇARÁS

“De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário.” (At 20, 33).

A cobiça é a raiz da qual surge todo pecado contra o próximo, tanto em pensamento como na pratica.


LEITURA BÍBLICA

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” (Êx 20,17).


“1  E SUCEDEU depois destas coisas que, Nabote, o jizreelita, tinha uma vinha em Jizreel junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria. 2  Então Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado, dar-te-ei o seu valor em dinheiro. 3  Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais. 4  Então Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão. 5  Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão? 9  E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. 10  E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra. 15  E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado Nabote, e morrera, disse a Acabe: Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jizreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas é morto. 16  E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era morto, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jizreelita, para tomar posse dela.” (1Rs 21,1-5.9-10.15-16).

I.              INTRODUÇÃO.

O décimo mandamento envolve atos e sentimentos. O sétimo mandamento proíbe o adultério, e aqui Deus proíbe o desejo adulterar. O Senhor Jesus foi direto ao ponto: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 5,28). O ultimo mandamento protege o ser humano de ambições erradas. A cobiça infecta pobres e ricos nas suas mais diversas formas.

II.            O DÉCIMO MANDAMENTO.

1.    Abrangência. O tema diz respeito à proibição da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (Gn 3,6; Jo 2,16). Isso envolve muitos tipos de pecado como sensualidade, luxuria, busca desenfreada por possessões ilícitas, obsessão pelo poder, ostentação esnobe e orgulho. Esse mal continua no gênero humano desde a sua queda até a atualidade.

2.    Objetivo. O propósito divino é estabelecer limites à vontade humana, para que haja respeito mútuo entre as pessoas e seus bens. Muitos outros vícios acompanham a cobiça, como lasciva, concupiscência, inveja e avareza, entre outros (Gl 5,20-21; Tg 4,2). Não pode haver paz num contexto como esse. É necessário que cada pessoa se controle para viver uma vida virtuosa, e isso é fundamental na construção de uma sociedade justa e feliz. Melhor é o que domina seu espírito do que o que toma uma cidade (Pv 16,32). Nós levamos vantagem  por termos Jesus e o Espírito Santo (Gl 2,20; 5,5).

3.    Contexto. Há algumas variações entre os dois textos (Êx 20,17; Dt 5,21). A ordem das clausulas está invertida. Em Deuteronômio, aparece um sinônimo do verbo “cobiçar” e acrescenta-se a palavra “campo”. Isso mostra que o formato de Êxodo está adaptado ao estilo nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que Deuteronômio é o modelo para o país preste a ser estabelecido na terra de Canaã.

4.    Esclarecimento. Os católicos romanos e os luteranos dividem em dois o décimo mandamento: “Não cobiçaras a casa do teu próximo”; e “Não cobiçaras a mulher do teu próximo” (Êx 20,17). Enquanto essas sentenças são lidas como mandamentos distintos eles consideram “Não terás outros deuses” e “Não farás para ti imagens e esculturas” como um único mandamento. Na soma permanecem os dez mandamentos. Ambos mantiveram a tradição catequética medieval desde Agostinho de Hipona (santo da igreja católica romana). Quanto aos evangélicos segue o sistema das igrejas reformadas, que vem dos judeus e é anterior a tudo isso (cf. Flavio Josefo. História dos Hebreus. Edição CPAD, PP.165-66.

III.           COBIÇA.

1.    Significado. O verbo hebraico hamad indica o ato de desejar aquilo que é gerado pela emoção, que começa com a impressão visual pela coisa ou pessoa desejada. Tudo isso se resume a “desejar, tentar adquirir, almejar, cobiçar”. O ermo é usado para “encontrar prazer em” (Is 1,29; 53,2). Hamad aparece duas vezes aqui no décimo mandamento (Êx 20,17). A septuaginta traduz pelo verbo epithymeo, literalmente, “fixar desejo sobre”; de epi, “sobre”, e thymos, “paixão, ira”. O termo em ambas as línguas pode se referir a coisa boa ou coisa má, dependendo do contexto (Mt 5,28; 13,17).

2.    Cobiçar. Desejar o que pertence a outro é o pecado que o décimo mandamento condena. O Novo Testamento menciona esse último mandamento do Decálogo (Rm 7,7; 13,9). Trata-se de cobiçar a casa do outro, a mulher do próximo e em seguida o mandamento inclui servo e serva, boi e jumento, e termina com as palavras “nem coisas alguma do teu próximo”. A cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro. A descrição deixa claro que não se trata de simplesmente almejar uma casa ou um boi, mas desejos incontroláveis de possuir a casa e o boi que já tem dono, e isso por meio ilícito (At 20,33; 1Cor 10,6; Tg 4,2). É o mesmo que roubar (Mq 2,2).

3.    O texto paralelo. Como ficou dito antes, o décimo mandamento em Deuteronômio não segue rigorosamente o registro do Êxodo. Mas isso não altera o sentido da mensagem. O segundo verbo empregado para “cobiçar” é awah, que significa “desejar ardentemente, ansiar, almejar, cobiçar”. Aparece ao lado de hamad (Gn 3,6) e, como termo alternativo, em “não cobiçaras a mulher do teu próximo” (Dt 5,21) a Septuaginta traduz os dois verbos igualmente por epithymeo.

IV.           A VINHA DE NABOTE.

1.    Proposta recusada. O relato bíblico do confisco criminoso da vinha de Nabote é um dos mais chocantes da Bíblia e serve como amostra do que a cobiça é capaz de fazer. A vinha de Nabote era uma propriedade vizinha ao palácio do rei Acabe, em Samaria. O rei apresentou uma proposta de venda ou troca aparentemente justa. Mas Nabote recusou a oferta do rei. “Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais.” (1Rs 21,3). Havia nessa recusa uma questão familiar, cultural e religiosa. A propriedade era um bem sagrado que não se transferia definitivamente para outra família: Assim a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à herança da tribo de seus pais.” (Nm 36,7; ver Lv 25,23-25).


2.    O direito de propriedade. O rei ficou “desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão.” (1Rs 21,4). O rei Acabe adoeceu, pois a cobiça por algo que não lhe pertencia o havia dominado. À Bíblia diz que a medida da impiedade de Acabe se completou quando ele se casou com Jezabel, uma princesa fenícia de origem pagã, devota de Baal. Ela era filha Etbaal, rei de Sidom (1Rs 16,29-32). Jezabel não respeitava o sagrado direito de propriedade estabelecido por Deus na lei de Moisés. Ela não hesitou em elaborar um plano criminoso para condenar Nabote à morte e confiscar sua vinha: “9  E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. 10  E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra.” (1Rs 21,9,10).


3.    O pecado de Acabe e Jezabel. O plano de Jezabel funcionou com a conivência do marido. Envolveu a elite da sociedade e a corte palaciana, o que por si só mostra que a sociedade de Samaria estava completamente dominada, pois o texto menciona “anciãos e nobres” corrompendo falsas testemunhas (1Rs 21,8-10). A acusação foi a acusação foi a seguinte: “Blasfemaste contra Deus e contra o rei” (v 10). Agora, Nabote devia ser “legalmente” apedrejado até a morte por ter se recusado a negociar sua propriedade com o rei. As duas testemunhas davam consistência legal ao processo (Lv 24,10-16; Dt 17,6).

4.    O casal não contava com uma testemunha verdadeira. Estava tudo acabado e benfeito social e juridicamente. Ao saber da noticia. Acabe ficou curado de sua enfermidade e foi tomar posse da vinha de Nabote (1Rs 21,15-16). Eles violaram o sexto mandamento, “não matarás”, o oitavo, “não furtaras”, o nono “não dirás falso testemunho contra o teu próximo” e o décimo “não cobiçarás” (Dt 5,17,19-21). Isso sem contar os três primeiros mandamentos que já vinham violando, com sua idolatria, desde o principio. Mas Acabe e Jezabel não contavam com uma testemunha que sabia que sabia de tudo e tinha autoridade para se vingar dessa barbaridade (1Rs 21,17-19).

V.            CONCLUSÃO.


O triste episódio de Acabe se repete ao longo da história. Que Deus nos livre de todas essas  maldades. A lei não proíbe e desejo em si, mas o desejo daquilo que pertence a outro. Não é pecado desejar bens e conforto, as coisas boas de que necessitamos  na vida . na verdade, viver é desejar. Desejar uma casa é mais natural do que respirar, mas para isso é necessário trabalhar e fazer economias até conseguir a realização do seu desejo com a ajuda de Deus.

Marco Antonio Lana (Teólogo)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

OS 10 MANDAMENTOS - NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO



NONO MANDAMENTO – NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO.

“Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, par seres testemunha falsa” (Êx 23,1).

O nono mandamento proíbe a mentir; o mexerico e o testemunho falso contra o próximo no dia a dia como nos tribunais.

“16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” (Êx 20,16)

“15  Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato. 16  Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de transgressão, 17  Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. 18  E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente contra seu irmão, 19  Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti. 20  Para que os que ficarem o ouçam e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti. ” (Dt 19,15-20)


I.              INTRODUÇÃO.

O nono mandamento se aproxima do terceiro, pois envolve a questão da mentira. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” não se refere apenas ao depoimento num tribunal mas também ao relacionamento diário com aqueles à nossa volta. Aqui temos a lição para os que agem, ainda que inconscientemente, como se o pecado se restringisse a assassinato, adultério e furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso testemunho são menos graves que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia coloca no mesmo nível todo aquele que tem a mentira como estilo de vida.

II.            O NONO MANDAMENTO.

a)    Abrangência. O mandamento não restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações vinculadas às atividades da vida diária (Dt 17,13; Lv 19,16). A ruptura desse mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de Deus para com o homem, do homem par com Deus e do ho9mem para com o próximo.

b)    Objetivo. É duplo, em defesa da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo social. O propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calunia e a falsidade do meio do povo (Dt 19,20; 17,13). E não somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos (2Cor 13,8).

c)    Contexto. O nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostram a administração da justiça em Israel. O termo “juízes”, em hebraico, shophet, “juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante” (Dt 19,17), é há-Elohim, literalmente “Deus” na passagem paralela (Êx 22,8-9). A tradução literal seria “perante Deus” como aparece na Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é padrão para o verdadeiro Deus no Antigo Testamento e não deve ser traduzido como “deuses” por causa do artigo. O emprego de “juízes” aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução. As versões rabínicas empregam “perante a corte”. Os juízes representavam o Deus de Israel nos julgamentos.


III.           O PROCESSO.

a)    Responder em juízo. O mandamento “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20,16; Dt 5,20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados e por sua regulamentação na lei. O verbo “dizer”, anah, em hebraico, “responder”, abrange amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar solenemente (Gn 41,16; Dt 27,14), de testemunhar a favor (Gn 30,33) ou contra (2Sm 1,16). A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa característica forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23,2; Dt 19,16-19).

b)    Falso testemunho. O termo hebraico ed, “testemunho”, emedshaw, literalmente “testemunho vão” (Dt 5,20) ou edshaqer, “falso testemunho” (Êx 20,16) diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico Shaw, “vão, inutilmente, à toa” (ver terceiro mandamento), indica algo sem valor, irreal no aspecto material. Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso. A tradução de Deuteronômio 5,20 na Septuaginta, acrescenta “com testemunho falso”, assim: “Não testemunharas falsamente contra o teu próximo com testemunho falso”.
  
c)    O próximo. É a primeira vez que o ermo aparece no Decálogo. O próximo, em hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa palavra  se refere aos Israelitas (Lv  49,18), mas o Senhor Jesus a aplicou a todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento (Mt 22,39). Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros (Lv 19,34). Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um próximo, isso está claro quando Jesus manda o judeu e doutro da lei imitar o samaritano (Lc 10,36-37).

IV.          A VERDADE.

a)    Antigo Testamento. Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13,14; 17,4; Is 4,3-9). O termo hebraico, emet, significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí derivam as palavras emunah, “fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2,4),e amen, “amém, verdadeiramente, de fato, assim seja”. É também um atributo divino o “Deus da verdade” (Sl 31,5). O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32,4). O Deus verdadeiro espera que seu povo também o seja, pois a ética é a imitação de Deus (Mt  5,48; 1 Cor 11,1).


b)    Novo Testamento. Emprega aletheia, “verdade”, e seus derivados. O termo vem do verbo grego, lanthano/letho, “ocultar ou encobrir algo a alguém”, o prefixo “a” indica negação. Assim, para os gregos, aletheia significa “não oculto, não escondido”. É aquilo que corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade (At 26,25; Rm 1,25; 9,1). Nisto se alinha com as Escrituras hebraicas. Esta é a verdade como parte da ética, mas as palavras “como está a verdade em Cristo” (Ef 4,21), dizem respeito a “toda sua plenitude e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita expressão da verdade” (Dicionário Vine). Isso está de acordo com sua própria afirmação (Jo 14,6).

c)    O que é a verdade. Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas não esperou pela resposta (Jo 18,37-38). Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus poderia dar? Para os romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão, rigor, exatidão de um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.


V.            O CUIDADO COM A MENTIRA.

a)    As testemunhas. Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige  duas ou três testemunha, (Dt 19,15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível. Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas  (1Rs 21,13). O Senhor Jesus foi vitima de testemunhas falsas (Mc 14,56), da mesma forma que Estevão (At 6,13). Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se dispusesse a testemunhar falsamente.

b)    Os danos. A violação do nono mandamento é um atentado contra a honra e pode destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida inteira para construir. Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à morte ou á prisão, destruir casamentos e arruinar famílias. É um pecado grave dos quais muitos ainda não se deram conta. A pena contra a falsa testemunha em Israel era a morte; tal pessoa recebera o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: “será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro” (Dt 19,19). Será aplicada a lei de talião (Êx 21,23-25).

c)    O pecado da mentira. Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja pelo pecado da mentira? A Bíblia trata o assunto com seriedade., pois quem se converteu a Cristo precisa deixar  a mentira e falar a verdade (Ef 4,25; Cl 3,9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21,8; 22,15). Na graça, o tema é tratado com profundidade implicando à vida eterna, e não envolvendo tribunais  como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com Jesus e é isso que Deus espera de todos nós (1Pd 1,15-16)

VI.          CONCLUSÃO.


Deus se interessa pelo bem-estar de todos os seus filhos. O desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O Senhor Jesus nos ensinou a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7,12). Que Deus nos ajude e nos guarde par que possamos viver uma vida irrepreensível.

Marco Antonio Lana (Teólogo)

sábado, 16 de maio de 2015

OS 10 MANDAMENTOS - NÃO FURTARÁS




OITAVO MANDAMENTO – NÃO FURTARÁS

“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.” (Ef 4,28)

O oitavo mandamento diz respeito à proteção da propriedade e abrange grande número de modalidade de furto sobre os quais o cristão precisa vigiar para não cair nas ciladas do diabo.

“15 Não furtarás.” (Êx 20,15).

“1 SE alguém furtar boi ou ovelha, e o degolar ou vender, por um boi pagará cinco bois, e pela ovelha quatro ovelhas. 2  Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue. 3  Se o sol houver saído sobre ele, o agressor será culpado do sangue; o ladrão fará restituição total; e se não tiver com que pagar, será vendido por seu furto. 4  Se o furto for achado vivo na sua mão, seja boi, ou jumento, ou ovelha, pagará o dobro. 5  Se alguém fizer pastar o seu animal num campo ou numa vinha, e largá-lo para comer no campo de outro, o melhor do seu próprio campo e o melhor da sua própria vinha restituirá. 6  Se irromper um fogo, e pegar nos espinhos, e queimar a meda de trigo, ou a seara, ou o campo, aquele que acendeu o fogo totalmente pagará o queimado. 7  Se alguém der ao seu próximo dinheiro, ou bens, a guardar, e isso for furtado da casa daquele homem, o ladrão, se for achado, pagará o dobro. 8  Se o ladrão não for achado, então o dono da casa será levado diante dos juízes, a ver se não pôs a sua mão nos bens do seu próximo. 9  Sobre todo o negócio fraudulento, sobre boi, sobre jumento, sobre gado miúdo, sobre roupa, sobre toda a coisa perdida, de que alguém disser que é sua, a causa de ambos será levada perante os juízes; aquele a quem condenarem os juízes pagará em dobro ao seu próximo.” (Êx 22,1-9).

I.              INTRODUÇÃO.

O oitavo mandamento é o terceiro da série de proibição absoluta expresso com duas palavras e fala basicamente sobre dinheiro e bens, trabalho e negócios. Não pode haver paz numa sociedade se não houver respeito mútuo pela propriedade. Todo ser humano tem o direito de possuir bens e propriedades e, tendo conseguido as coisas de maneira licita, ninguém tem o direito de privá-lo de suas conquistas.

II.            O OITAVO MANDAMENTO.

1.    Abrangência. Numa leitura superficial, parece tratar-se apenas da proibição de simples furto ou mesmo da aquisição ilegítima de propriedades ou possessões de outras pessoas ou grupos. Mas o mandamento vai muito, além disso. Diz respeito a qualquer negócio com vantagem ilícita e que deixe o outro no prejuízo (Lv 6,2; 19,11.13). Estende-se ainda à provisão de emprego para que todos possam ganhar seu sustento de maneira digna e honrada, e isso envolve justiça social (Pv 14,34). Este é o grande desafio dos governantes no mundo inteiro.

2.    Objetivo. O propósito do mandamento “não furtará” (Êx 20,15; Dt 5,19) é a proteção e o respeito pelos bens alheios e pelo próximo. Vinculado a este mandamento está o trabalho como recurso para que cada um possa obter o sustento de sua família de maneira digna (Ef 4,28). A legislação é dada a Israel numa estrutura hipotética utilizando-se de suposições, um estilo de fácil compreensão (Ex 22,1-15). A desonestidade em todas as suas modalidades é um câncer na sociedade, um mal que precisa ser erradicado.

3.    Contexto. Segundo a tradição rabínica, o sentido primário deste mandamento era a proibição de rapto de pessoas para serem vendidas como escravos. O mesmo verbo hebraico ganav, “furtar”, é usado para tráfico de pessoas (Êx 21,16; Dt 24,7). Esse tipo de crime era comum naquela época; o rapto de José do Egito é uma amostra daquele contexto social (Gn 37,22-28). O Novo Testamento menciona essa prática perversa (1Tm 1,10). A interpretação rabínica é aceitável e tem apoio da maioria dos expositores do Antigo Testamento, mas o oitavo mandamento não se restringe a isso.


III.           LEGISLAÇÃO MOSAICA SOBRE O FURTO.

1.    A pena por furtos de bois e ovelhas. A estrutura do sistema mosaico, aqui, pertence ao campo jurídico. Na nova aliança, ao campo espiritual (1Cor 6,10). A pena para quem furtasse animais em Israel era a restituição de cinco para cada boi e de quatro para cada ovelha (Êx 22,1). Era uma pena mais leve que a do Código de Hamurabi, cuja restituição era de trinta vezes para cada animal. Mas, se o animal estivesse vivo, a punição era restituir o dobro (Êx 22,4). A pena era atenuada ainda mais se o ladrão confessasse voluntariamente o furto: seria então de vinte por cento (Lv 6,4-5).

2.    Furto à noite com arrombamento da casa. Segundo a lei, se o dono da casa se deparar com o ladrão dentro de casa à noite e o matar, ele “não será culpado de sangue” (Êx 22,2). Não se trata, pois, de um assassinato premeditado (Êx 21,12-13); alem disso, a escuridão nem sempre permite identificar o ladrão, e o tal arrombador também pode estar armado, o dono da casa pode ainda alegar legitima defesa.

3.    O ladrão de dia. A lei protege a vida do ladrão. Se ele for apanhado em flagrante durante o dia, o dono da casa “será culpado de sangue” se o matar (Êx 22,3ª). Nesse caso, a pena aplicada ao ladrão fará restituição total; e se não tiver com que pagar, será vendido por seu furto (Êx 22,3b). Esse trecho parece ter sido deslocado do versículo 1. Se o ladrão capturado se não tiver como restituir o roubo, como manda a lei, ele será vendido como escravo; dentro do regime mosaico, espera-se com isso que ele aprenda a lição (Êx 21,2).

IV.          SOBRE OS DANOS MATERIAIS.

1.    Animal solto. Aqui a lei fala sobre a responsabilidade de cada um pelo bem-estar da sociedade. Quem possui animais deve ter o cuidado para não perturbar o vizinho. O texto se refere à destruição no campo, na lavoura ou nas demais plantações. O dono do animal é condenado pela lei a indenizar o proprietário prejudicado com o melhor de seu campo. Visto que o estrago no campo, ou na vinha do outro, não foi voluntario, ele apenas largou o animal deixando-o solto – “Se alguém fizer pastar o seu animal num campo ou numa vinha, e largá-lo para comer no campo de outro, o melhor do seu próprio campo e o melhor da sua própria vinha restituirá.” (Êx 22,5).

2.    A queimada involuntária. A lei responsabiliza o culpado pela destruição da propriedade da propriedade, ou lavoura de outrem por descuido que tenha levado o fogo a queimá-lo – “Se irromper um fogo, e pegar nos espinhos, e queimar a meda de trigo, ou a seara, ou o campo, aquele que acendeu o fogo totalmente pagará o queimado.” (Êx 22,6). O responsável pelo estrago em de reparar os prejuízos indenizando o proprietário prejudicado. Havia na Palestina cerca de setenta espécies de espinhos que serviam de muros divisórios de propriedades e rodeavam plantações de trigo (Is 5,5). Isso gerava também conflitos na demarcação de terás (Dt 19,14; Dt 27,17; Pv 22,28).

3.    O furto e o ladrão. A lei aqui trata da guarda de dinheiros e bens. O termo usado para “prata”, em hebraico é kessef, “dinheiro” e “objetos” e kelim, “artigos, utensílios, vasos” traduzido também por “traje, roupa, veste” (Dt 22,5). Se alguma dessas coisas estiver sob a proteção de alguém e for roubada, o ladrão retribuirá em dobro caso seja descoberto (Êx 22,7). Mas, e o autor do furto não for encontrado, o responsável pela custódia terá de provar sua inocência diante dos Juízes (Êx 22,8)

V.            O TRABALHO.

1.    Uma benção. No jardim do Éden, deus pôs o homem para trabalhar, mesmo antes da queda (Gn 1,26-28; Gn 2,15). A Bíblia está cheia de ensinamentos sobre o trabalho (Êx 34,21; 2Ts 3,10). O trabalho realiza o ser o humano. O que pode, às vezes, fazer disso um tédio é os baixos salários, as péssimas condições de trabalho e a opressão dos maus patrões (Tg 5,4-6), mas o trabalho em si é gratificante (Ec 3,22). O patrão deve ter o cuidado para não atrasar o pagamento de seus empregados (Lv 19,13) e estes devem ser honestos naquilo que fazem e dizem (Cl 3,22-25).

2.    Os bens. Jesus renunciou à riqueza (2Cor 8,9; Fp 2,6-7) e, pelo que parece, esperava o mesmo dos discípulos  (Lc 9,3; 10,4; 14,33). Alem disso Jesus mandou que o moço rico desses seus bens aos pobres (Mt 19,21), mas não exigiu isso de Zaqueu, que se prontificou livremente em doar metade de seus bens aos pobres (Lc 19,8). Não é requerido voto de pobreza para ser cristão, mas a riqueza pode ser um tropeço na vida cristã (Mt 13,22). A fé cristã não condena os bens materiais, desde que adquiridos com honestidade. É o amor ao dinheiro, e não o dinheiro em si, a raiz de toda a espécie de males (1Tm  6,9-10).

3.    O Novo Testamento. O oitavo mandamento é reafirmado diversas vezes  no NT (Mt 15,19; Rm 2,21; 13,9; 1Pd 4,15), mas adaptado à graça, pois em na novas sanções previstas no sistema mosaico não aparecem na Nova Aliança. O Senhor Jesus disse: “Meu pai trabalha ate agora, e eu trabalho também” (Jo 5,17). O apostolo Paulo encoraja o trabalho não somente para o sustento da família (1Tm 5,8), mas também para que cada um contribua para suprir a necessidade do próximo (2Cor Cap 8-9).

VI.          CONCLUSAO.

O cristão deve ter bom testemunho (1Cor 10,32) e exalar o bom perfume de Cristo (2Cor 2,15) onde viver e por onde passar, e dessa maneira Deus será glorificado (Mt 5,16).

LEITURAS

“E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão, certamente será morto.” (Êx 21,16) - O oitavo mandamento diz respeito ao sequestrador.

“11 Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; 12 Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Deus. Eu sou o SENHOR. 13 Não oprimirão o teu próximo, nem o roubarás; a paga do diarista não ficará contigo até pela manhã.” (Lv 19,11-13) – o dever de não atrasar intencionalmente o pagamento.

“13  Na tua bolsa não terás pesos diversos, um grande e um pequeno. 14  Na tua casa não terás dois tipos de efa, um grande e um pequeno. 15  Peso inteiro e justo terás; efa inteiro e justo terás; para que se prolonguem os teus dias na terra que te dará o SENHOR teu Deus. 16  Porque abominação é ao SENHOR teu Deus todo aquele que faz isto, todo aquele que fizer injustiça.” (Dt 25,13-16) – O dever de não usar de dois pesos e duas medidas.

“24 O que rouba a seu próprio pai, ou a sua mãe, e diz: Não é transgressão, companheiro é do homem destruidor.” (Pv 28,24) – Apropriação indébita é roubo, ainda que as coisa pertençam aos pais.

“18 Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;” (Mt 19,18) – O Senhor Jesus reconheceu a autoridade do oitavo testamento.


“10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1Cor 6,10). – Os roubadores não herdaram o Reino do céu.

Marco Antonio Lana (Teólogo)