segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO


 

(Evangelho de Lucas cap. 18  vers. 1-8)  

Disse-lhe Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz  que não temia a Deus , nem respeitava homem algum. Havia também , naquela mesma cidade , uma viúva que vinha ter com ele, dizendo : Julga a minha causa   contra o meu  adversário. Ele, por algum tempo, não a quis atender ; mas , depois , disse consigo : Bem que eu não temo a Deus,  nem respeito homem algum; todavia  , como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa , para não suceder que , por fim , venha a  molestar-me.  Então , disse o Senhor : Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos , que a ele clamam dia e noite , embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que , depressa , lhes fará justiça. Contudo , quando vier o Filho do Homem , achará , porventura, fé na terra?

Lição que extraímos :

O dever de orar sempre . O empenho constante de Jesus era levar seus seguidores reconheceram a necessidade de estarem  continuamente em oração , para cumprirem a vontade de Deus nas  suas vidas .
Os cistãos devem perseverar em oração em todo tempo , até a volta de Jesus. Nesta vida temos um adversário que é  o Satanás .A oração pode nos proteger do Maligno, Através da oração os filhos de Deus devem clamar-lhe contra o pecado e por justiça . A oração perseverante é considerada como fé.  Nos últimos dias antes da volta de Cristo haverá um aumento de oposição diabólica às  orações dos fiéis . Por causa de Satanás e dos prazeres do mundo , muitos deixarão de ter uma vida de perseverante oração . Os verdadeiros escolhidos de Deus (isto é ..., os que perseveram na fé e na santidade), nunca cessarão de clamar a Deus pela volta de Cristo à terra , a fim de destruir o poder  de Satanás e presente sistema iníquo deste mundo. Perseverarão na oração, para Deus , “depressa fazer justiça”, e para Cristo reinar em justiça , sabendo que a segunda vinda é a única esperança veraz para este mundo.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

SERMÃO DA MONTANHA - LIÇÃO 03 – O CARATER DO CRISTÃO (2)


“Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus?” – Sl 42,1-2

  1. INTRODUÇÃO.

Gerações de expositores bíblicos têm aclamado as Bem-aventuranças como revolucionárias. As afirmações de Jesus são opostas à maneira que o mundo pensa. O mundo acha que a verdadeira felicidade vem de popularidade, riqueza, sucesso, beleza física, mas Jesus vira tudo de cabeça para baixo. Ele declara que a verdadeira alegria (que vem do conhecimento do favor divino) pertence não aqueles que parecem estar no topo do mundo, mas aos pobres de espírito, àqueles que choram, que tem fome e sede de justiça.

Vamos considerar detalhadamente cada bem-aventurança. Sugiro que os primeiros quatros tratam do relacionamento do cristão com Deus, e as ultimas quatro do relacionamento do cristão com o próximo.

  1. O RELACIONAMENTO DO CRISTÃO COM DEUS – Mt 5,3-6.

                      I.    Os humildes de espírito (v 3).

A palavra pobre ou humilde descreve o homem que não tem absolutamente nada – o homem que, pelo fato de não ter nada neste mundo, põe toda a sua confiança em Deus. Assim Davi escreveu o Sl 34,6 – “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas angústias”. Gradualmente, a palavra pobre passou ater o sentido de uma humildade dependência de Deus. Esta bem-aventurança ensina duas verdades:

a)    Reconhecer a nossa pobreza espiritual.

Não temos nada a oferecer a Deu. O homem humilde de espírito é aquele que reconhece a sua pobreza espiritual. Veja o que Jesus falou à Igreja de Laodiceia – “Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” – Ap 3,17. Era uma igreja auto-satisfeita e bastante superficial. Quantos cristãos satisfeitos com seu estado espiritual cm seu estado espiritual são como o fariseu – “Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!” Lc 18,11-13. O publicano estava totalmente dominado pela percepção da sua falência moral e destruição espiritual – isto é ser humilde de espírito. “Porque eis o que diz o Altíssimo, cuja morada é eterna e o nome santo: Habitando como Santo uma elevada morada, auxilio todavia o homem atormentado e humilhado; venho reanimar os humildes, e levantar os ânimos abatidos.” Is 57,15; “Fui eu quem fez o universo, e tudo me pertence, declara o Senhor E o angustiado que atrai meus olhares, o coração contrito que teme minha palavra.” 66,2.




b)    Receber o reino dos céus.

O reconhecimento da nossa pobreza espiritual é a condição indispensável para receber o reino de Deus. O que Jesus enfatiza é que o reino dos céus é oferecido somente àqueles que são humildes de espírito. Feliz é o crente que reconhece a sua pobreza espiritual.

                    II.    Os que choram (v 4).

Está é uma bem-aventurança estranha. A palavra chorar é uma apalavra muito forte, usada para o lamento pelos mortos, lamentação por um parente querido – “E, rasgando as vestes, cobriu-se de um saco, e chorou o seu filho por muito tempo.” Gn 37,34 (Jacó quando pensou que seu filho José estava morto). Aqui não é o choro de luto, mas o choro de arrependimento. Quando Jesus se aproximou da cidade de Jerusalém, chorou pelo pecado do povo impenitente – “Aproximando-se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela.” Lc 19.41. deve haver da parte do cristão essa tristeza pelos pecados dos outros – lagrimas quando vemos um irmão cair no pecado, em vez de fofoca sobre seu pecado.

Mas o que deve nos levar às lagrimas é a tristeza dos nossos próprios pecados, aquilo que Paulo descreve – “De fato, a tristeza segundo Deus produz um arrependimento salutar de que ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte.” 2 Cor 7,10. Há uma ligação entre as primeiras duas bem-aventuranças. Ser “humilde de espírito” é sentir convicção pelo pecado; “chorar” é demonstrar contrição. Veja alguns exemplos bíblicos dessa tristeza pelo pecado – Davi (Sl 38,4.18); Isaías (Is 6,5); Pedro (Lc 5,8; Mt 26,75);  Paulo (Rm 7,15.18-19.24).

Somente aquelas pessoas que choram pelos seus pecados serão consoladas pelo único conforto que pode aliviar o desespero, que vem pelo perdão da graça infinita de Deus – “Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.” (Ap 21,3-4). De fato, bem-aventurado o cristão com o coração compungido!

                   III.    Os mansos (v 5).

Não é fácil traduzir esta palavra do grego. Manso é uma palavra usada para descrever um animal que foi domesticado  e treinado a obedecer ao comando do seu mestre. Alguém manso é uma pessoa que demonstra autocontrole. Moises foi considerado um varão “mui manso” “Ora, Moisés era um homem muito paciente, o mais paciente da terra.” Nm 12,3. Bem-aventurado é o cristão que tem todo o impulso e toda a paixão natural sob controle e sabe quando deve e quando não deve irar-se – “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.” Mt 11,29.

São essas pessoas “mansas” que “herdarão a terra”. Scott comenta – “A condição pela qual tomamos posse de nossa herança espiritual em Cristo, não é a força, mas a mansidão, pois tudo é nosso se somos de Cristo”. É a bem-aventurança da pessoa cuja vida é controlada por Deus!



                  IV.    O que tem fome e sede de justiça (v 6).

A fome aqui não é a fome que a gente tem antes do almoço – “Estou com fome!” é a fome de uma pessoa que não tem absolutamente nada para comer. É a sede de um moribundo desesperado para beber água. Quantos desejaram justiça? É quando um homem morrendo no deserto deseja comer e beber. Qual é a natureza dessa justiça?

a)    Justiça moral.

É o caráter e a conduta do crente que deve agradar a Deus. Devemos desejar ardentemente um coração que agrada a Deus. Sede é um sinal de saúde. Quando a gente não tem apetite é motivo de preocupação. Como é triste ver em nossas igrejas uma falta de fome e sede de Deus! O salmista demonstrou a atitude correta – “Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus?” Sl 42,1-2.

b)    Justiça social.

Uma grande preocupação dos profetas menores foi a com as injustiças sociais que prevalecem – “Por isso, porque oprimis o pobre e lhe extorquis tributos em trigo,” Am 5,11; “Quando passará a lua nova, para vendermos o nosso trigo, e o sábado, para abrirmos os nossos celeiros, diminuindo a medida e aumentando o preço, e falseando a balança para defraudar? (Compraremos os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias.) Venderemos até o refugo do trigo.” Am 8,5-6. Demonstramos fome dessas justiças quando buscamos a libertação dos oprimidos e a promoção dos direitos humanos.

  1. O RELACIONAMENTO DO CRENTE COM O SEU PROXIMO.

I.              Os misericordiosos (v 7).

A misericórdia é compaixão e socorro para uma pessoa que não tem a mínima possibilidade de ajudar a si mesmo. Uma grande ilustração dessa verdade se acha na parábola do Bom Samaritano, que “usou de misericórdia” para com o viajante que foi assaltado no caminho de Jerusalém a Jericó e abandonado semimorto – Lc 10,25-37. Há tantas pessoas abandonadas pela sociedade e, muitas vezes, pela própria igreja, que necessitam de um ato de misericórdia da nossa parte. Muitas pessoas preferem isolar-se da situação dolorosa da humanidade.

II.            Os limpos de coração (v 8).

Este foi o grande desejo de Davi – “Cria em mim, ó Deus, um coração puro.” Sl 51,10. Isso quer dizer que o coração limpo é o coração sincero. Como há uma grande necessidade do crente ser sincero, transparente, livre de falsidade no seu relacionamento com ouros! Vale a pena meditar no comentário de Stott – “Como são poucos os que dentre nós, vivem uma vida aberta! Somos tentados a usar uma máscara diferente e representar um papel diferente, de acordo com cada ocasião. Isso não é realidade, mas representação, que é a essência da hipocrisia”. E são poucas que verão a Deus, tanto agora com os olhos da fé, como no futuro, quando chegarmos na presença do Senhor, face a face! Esta é a bem-aventurança do cristão que “não entrega a sua alma à falsidade!”



III.           Os pacificadores (v 9).

Há uma grande necessidade hoje em dia de pacificadores – na industria, entre empregador e empregado; na família, entre pais e filhos; na igreja, ente a liderança e membros, e entre um membro e outro – “Exorto a Evódia, exorto igualmente a Síntique que vivam em paz no Senhor.” Fl 4,2! A coisa mais fácil é criar caso, incentivar atritos. É preciso da nossa parte um grande esforço, como Paulo nos mandou – “Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” Ef 4,3. Cada cristão tem de ser um pacificador, mas isso só é possível quando gozamos paz com Deus, a fonte de toda paz. Somos chamados a “seguir a paz com todos” (Hb 12,14) e, se depender de nós, “ter paz com todos os homens” (Rm 12,18).

IV.          Os perseguidos por causa da justiça (v 10-12).

O Senhor nunca disse que seria fácil ser cristão. O preço pode ser bem alto. A vida cristã é difícil quando vivemos de acordo com a palavra de Deus. Pode haver perseguição física por causa da nossa fé, mas muitas vezes a perseguição é muito mais sutil, sejam calunias que temos de levar ou a perda de amigos porque somos cristãos. Até hoje, em vários países, ser cristão é sofrer expulsão de casa, ou meso morte como mártir. “A condição de ser desprezado ou rejeitado, injuriado e perseguido é um sinal do discipulado cristão, da mesma forma que um coração puro ou misericordioso” (Stott). Não há duvida que a perseguição é simplesmente o conflito entre dois sistemas de valores irreconciliáveis.

Perseguição tem sido a marca dos fieis no decorrer da historia. Em relação ao tempo do AT lemos: “Outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões. Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados, homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos.” Hb 11,36-38. No inicio da Igreja os discípulos sofreram a calunia de estar embriagados – “Outros, porém, escarnecendo, diziam: Estão todos embriagados de vinho doce.” At 2,13; os discípulos foram presos e se lhes ordenou que “absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus.” At 4,18; Estevão foi apedrejado e tornou-se o primeiro mártir.

a)    Motivo da perseguição.

*      “Por causa da justiça” – não há crédito em ser perseguido por causa da nossa estupidez pecado (“Se fordes ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. Que ninguém de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome.” 1Pd 4,14-16.
*      “Por minha causa” – Quando aceitam Cristo e a salvação que Ele oferece. Num mundo onde Cristo foi rejeitado (e crucificado), seu seguidores devem esperar compartilhar dos sofrimentos dEle – “Anseio pelo conhecimento de Cristo e do poder da sua Ressurreição, pela participação em seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na morte,” Fl 3,10.

b)    Reação diante da perseguição.
“Regozijai-vos e exultai”
c)    Premio pela perseguição.

“Grande é o vosso galardão” – veja Rm 8,18; 2 Cor 4,17; Tg 1,12; 1Pd 4,13.

  1. CONCLUSAO.

Todos os cristãos devem demonstrar todas as características detalhadas aqui. Cristãos não têm a liberdade de escolher alguma área especial e negligenciar outra, mas são chamados a crescer em tosos os aspectos – “Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” Ef 4,15.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Evangelho (Marcos 1,12-15)

“E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho." Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
Em Marcos, esta narrativa da tentação parece ser o prenúncio simbólico o ministério de Jesus, prestes a se iniciar: a agressão sucessiva dos líderes religiosos que se colocam como seus adversários é a provação de satanás e o convívio com as feras; e o conforto da fraternidade dos discípulos, iniciados no seu aprendizado, é o serviço dos anjos. Mateus e Lucas apresentam a tentação por satanás em três etapas. Transformar pedras em pães, adorar o tentador e apossarse do mundo, e atirar-se do alto do Templo desafiando a Deus. São as características de um messias que tem soluções enganosas para as aspirações populares, que se apossa do poder e que ostenta uma condição divina. Tal messianismo é descartado por Jesus. O Espírito recebido no batismo conduz Jesus, o qual vence as tentações. As tentações foram associadas à narrativa do batismo de Jesus como pedagogia catequética: os neobatizados devem estar preparados e fortalecidos para enfrentar as tentações após terem recebido seu batismo. As duas primeiras leituras de hoje são alusivas ao batismo: "Nesta arca [de Noé], umas poucas pessoas... foram salvas, por meio da água. À água corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação". Pode-se ver que, em sua leitura alegórica do dilúvio, o autor da Primeira Carta de Pedro se ateve ao segundo momento do dilúvio, quando Noé e os seus sobrevivem, após a destruição total pelas águas. O tempo litúrgico da quaresma, que se inicia hoje, tem uma característica de tempo forte de conversão. Resistir às tentações que se apresentam agradáveis aos sentidos, ao conforto, à segurança, à vaidade, estimulando o sucesso pessoal no usufruto do poder, levando à indiferença pelo próximo humilde e sofredor. É tempo de voltar-se amorosamente para o nosso próximo, particularmente aquele excluído e empobrecido, na partilha e na comunhão de vida.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PARÁBOLAS DE JESUS - PARÁBOLA DO MORDOMO INFIEL


(Evangelho de Lucas cap. 16 vers.1-13)

1.    Disse Jesus aos discípulos : Havia certo homem rico que tinha um                mordomo ; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens .  
2.    E ele, chamando-o , disse-lhe : Que é isso que ouço de ti ? Prestas conta da tua mordomia , porque já não podereis ser mais meu mordomo.
3.    E o mordomo disse consigo : Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Trabalhar na terra não posso, também de mendigar tenho vergonha,
4.    Eu sei o que farei , para que quando for desapossado da mordomia me recebam em suas casas .
5.    E, chamando a si cada um dos devedores ao seu senhor, disse ao primeiro : Quanto deves ao meu senhor ? 
6.    E ele respondeu : Cem medidas de azeite . E disse-lhe : Toma a tua conta e, assentando-te já , escreva   cinqüenta 
7.    Disse depois  a outro : E tu quanto deves ? E ele respondeu : Cem alqueires de trigo . E disse-lhe : Toma  a  tua conta e escreve oitenta.
8.    E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente , porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz .
9.    E eu vos digo : granjeai amigos com as riquezas da injustiça , para que, quando estas faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10.  Quem é fiel ao mínimo também é fiel ao muito ; quem é injusto ao                    mínimo também é injusto no muito.
11.  Pois , se nas riquezas injustas não fostes fiéis , quem vos confiará as verdadeiras ? 
12.  E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso ? 
13.  Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer  a um e amar ao outro, ou há de chegar a um e desprezar ao outro: Não podeis servir a Deus e a Mamom  

Lição  que extraímos :
   
Cristo usa esta ilustração para ensinar que os incrédulos têm muito interesse nas coisas materiais para promover seus próprios interesses e bem estar . Por outro lado, os crentes freqüentemente não têm suficiente mentalidade celestial para usar seus bens terrenos para promover seus interesses espirituais e celestiais.  A injustiça , a cobiça e o poder estão comumente envolvidos na acumulação e emprego das riquezas deste mundo. Devemos empregar nosso bem e dinheiro de modo a promover os interesses de Deus e a salvação do próximo.  

Quem não é digno de confiança na aquisição e emprego de bens terrestres, tampouco será com as coisas espirituais. As riquezas do mundo tornam muito difícil a pessoa ter Deus como centro da sua vida.  

Mamom – significa riqueza de origem iníqua, ganho desonesto.

Lanamensageiro

domingo, 19 de fevereiro de 2012

SERMAO DA MONTANHA - LIÇÃO 02 – O CARATER DO CRISTÃO (1)


“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.” Sl 32,1.


  1. INTTRODUÇAO.

Começamos a estudar a primeira parte do Sermão da Montanha – as bem-aventuranças – que demonstram o tipo do caráter que Cristo espera dos seus discípulos no dia a dia, que é bem diferente das qualidades que o mundo exige hoje. O mundo não acha que a pessoa “humilde de espírito”, “mansa” ou “pacificadora” é feliz.

Nos termos do mundo, para ser feliz a pessoa tem de procurar seus próprios direitos, buscar realização pessoal a todo custo, sem pensar em quem pisa para alcançar objetivos e felicidade. Mas Cristo, nesse trecho do Sermão, mostra que a verdadeira felicidade é bem diferente. Seu perdão de vida para os discípulos entre em choque com os padrões do mundo.

  1. QUEM SÃO OS OUVINTES.

Temos um problema aqui, no inicio do sermão notamos que, depois que Jesus se assentou, “Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo.” – Mt 5,1-2. Essa afirmação parece excluir todos os demais. Entretanto, no fim do sermão, lemos que: “Ao concluir Jesus este discurso, as [multidões] se maravilhavam da sua doutrina.” – Mt 7,28. Isto não teria acontecido se elas estivessem não tivessem presentes.

A resposta parece simples e óbvia.

                      I.    Seus discípulos.

Jesus começou seu ensinamento dirigindo as palavras a seus discípulos. Jesus quis desafiá-los em relação ao seu estilo de vida, sua dedicação exclusiva ao serviço do reino. Não há duvida que Jesus tinha inicialmente os discípulos como o alvo do seu ensino. Como John Stott comenta: “As bem-aventuranças descrevem o caráter equilibrado do povo cristão”. No Evangelho de Lucas, o Sermão da Montanha segue imediatamente depois da escolha dos Doze – Lc 6,13-26. Por causa disso os estudiosos têm chamado o sermão de: “O sermão de ordenação aos doze”, “O compendio de doutrina cristã”, “A Magna carta do Reino”. Essencialmente Jesus estava ensinando as qualidades que devem caracterizar todos os seus discípulos, cada cidadão do Reino de Deus.

Uma frase que aparece em Mt 6,8 enfatiza essa verdade – “Não os imiteis”. No contexto Jesus estava ensinando sobre oração, fazendo uma comparação com os fariseus  que gostavam de chamar atenção seu modo hipócrita de orar em público. Os verdadeiros discípulos tinham de ser diferentes daqueles que estavam fora do reino diferentes do pagãos que não queriam ter nada com o Evangelho, mas diferentes também dos cristãos nominais, dos hipócritas religiosos, diferentes daquelas pessoas que Paulo descreve em 2Tm 3,5 – “... ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!”.

É bom notar também que os bens que as bem-aventuranças não são uma série de regulamentos que uma pessoa deve obedecer para se tornar um cristão, mas uma discrição de como uma pessoa cristã deve viver. Por isso quero destacar mais duas verdades\;

a)    Todos os cristãos devem demonstrar essas qualidades.

Jesus em nenhum lugar sugere que essas qualidades são restritas à liderança da igreja. As Bem-aventuranças refletem as qualidades da vida cristã normal (não anormal), e devem ser vistas na vida de cada crente sem exceção, porque “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” 2Cor 5,17.

b)   Todos os cristãos devem demonstrar todas essas qualidades.


“Não existem oito grupos separados e distintos de discípulos, alguns dos quais são mansos, enquanto outros são misericordiosos e outros, ainda, chamados para suportar perseguições. São, antes, oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que, ao mesmo tempo, são mansas e misericordiosas, humildes de espírito e limpos de coração, choram e tem fome, são pacificadoras e perseguidas” (John Stott). Alguns cristãos são extrovertidos, outros introvertidos, alguns enfrentam os problemas de maneira positiva, enquanto outros de maneira negativa. Ninguém sugere que todos nós temos de ter mesmo temperamento ou os mesmos dons. As Bem-aventuranças não falam de dons, nem de temperamento, mas das características que devem ser vistas da vida daqueles que pertencem ao reino de Deus.

                    II.    As multidões.

Não há duvida que as multidões viram Jesus subindo ao monte – “Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha.” Mt 5,1ª, e pouco a pouco aproximaram-se dEle. Enquanto o sermão visava primeiramente aos discípulos, Jesus ampliou seu ensino para todos. O discurso de Jesus incluiu o tipo de desafio que esperamos no fim de um sermão evangelístico – “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.” Mt 7,13-14.

  1. QUAIS AS QUALIDADES RECOMENDADAS?

Por causa da versão de Lc 6,20-21 – “Então ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque serão fartos!” – algumas pessoas acham que Jesus estava julgando os pobres e os famintos do ponto de vista material e que Ele estava prometendo alimento aos subnutridos. Mas esta não é a mensagem aqui.

Jesus sempre demonstrava compaixão pelos necessitados, mas não estava prometendo que ser cristão, fazendo parte do reino de Deus, traz vantagem econômica. Quando Jesus falava de pobreza e fome nas bem-aventuranças Ele está falando de condições espirituais. Os bem-aventurados são “os pobres (humildes) de espírito” e aqueles que “tem fome e sede de justiça”. Podemos deduzir disso que as outras qualidades também são espirituais.

  1. QUAIS SÃO AS BENÇÃOS PROMETIDAS?

                      I.    Felicidade.

A primeira palavra do sermão, “Bem-aventurados”, que seria repetida mais sete vezes nesse trecho, chamaria a atenção dos ouvintes. Há Bíblias na linguagem de hoje traduzem esta palavra por “felizes”, mas isso não descreve bem o verdadeiro sentido seu. Don Carson comenta: “Aqueles que são abençoados geralmente são bastante felizes, mas bem-aventurança não pode ser reduzida à felicidade”. Em outras palavras há pessoas que procuram felicidade (por algum tempo) por meio do álcool ou drogas, ou do sexo fora do casamento. Tais pessoas não podem ser consideradas abençoadas!

                    II.    Felicidade vazia.

O rei Salomão era um administrador brilhante, um compositor com mais de 1.000 cânticos e um sábio com mais de 3.000 provérbios. O rei mais rico 1.400 carros e 12.000 mil cavalos, e seu rendimento anual inclui 666  talentos de ouro – “O peso de ouro, que era levado anualmente a Salomão, era de seiscentos e sessenta e seis talentos.” 1Rs 10,14. Sua paixão sexual foi satisfeita por 700 esposas e 300 concubinas – “A estas nações uniu-se Salomão por seus amores. Teve setecentas esposas de classe principesca e trezentas concubinas. E suas mulheres perverteram-lhe o coração.” 1Rs 11,3 (Bíblia Ave Maria). Mas no fim da vida ele exclamou: “Tudo que meus olhos desejaram, não lhes recusei; não privei meu coração de nenhuma alegria. Meu coração encontrava sua alegria no meu trabalho; este é o fruto que dele tirei. Mas, quando me pus a considerar todas as obras de minhas mãos e o trabalho ao qual me tinha dado para fazê-las, eis: tudo é vaidade e vento que passa; não há nada de proveitoso debaixo do sol.” Ecl 2,10-11.

                   III.    A verdadeira felicidade.

A palavra “bem-aventurados” é uma palavra especial no grego – makarioi. Os gregos sempre chamaram Chipre de a Ilha feliz porque creram que Chipre era tão linda, toa rica e tão fértil que um homem jamais precisava sair da ilha para achar a vida perfeitamente feliz. A ilha tinha um clima tão bom, flores e árvores tão bonitas, minerais tão úteis que possuía dentro de si mesma todas as condições materiais para a alegria perfeita.

A palavra “bem-aventurados” descreva alegria de quem tem o seu segredo dentro de si mesmo e é completamente independente  das coisas externas da vida.  Jesus disse: “... ninguém vos tirará a vossa alegria” Jô 16.22. As bem-aventuranças do cristão são intocáveis.

É verdade que o mundo tem suas felicidades, mas quando alguma coisa má acontece a alguém, esse pode logo perdê-las. Um colapso na saúde, mau sucesso nos negócios, frustrações da ambição (mesmo mudanças no clima) podem tirar a felicidade vazia que o mundo pode dar. Mas o cristão tem uma alegria totalmente diferente que não depende das circunstancias lá fora, mas do seu estado espiritual lá dentro, visto aos olhos de Deus. Há cinco verdades que a Bíblia declara sobre isso.

a)    Bem-aventurança é algo que somente Deus pode dar.

Nós não temos os recursos para produzir a condição espiritual que seria aceitável por Deus. O salmista Davi acertou bem quando escreveu: “Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor.” Sl 144,15.

b)    Bem-aventurança é um estado que Deus deseja que seu povo desfrute.

Quando Deus criou o homem e a mulher, lemos que “Deus os abençoou” Gn 1,27-28, assegurando o favor divino sobre eles. Na bênção abraônica temos o mesmo sentido – “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz!” Nm 6,24-26.

c)    Bem-aventurança não depende das circunstancias.

Paulo pode escrever aos filipenses – “Fiquei imensamente contente, no Senhor, porque, finalmente, vi reflorescer o vosso interesse por mim. É verdade que sempre pensáveis nisso, mas vos faltava oportunidade de mostrá-lo. Não é minha penúria que me faz falar. Aprendi a contentar-me com o que tenho.” Fl 4,10-11; e aos coríntios – “Tenho grande confiança em vós. Grande é o motivo de me gloriar de vós. Estou cheio de consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações.” 2Cor 7,4, e mais adiante na mesma carta – “Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.” 2Cor 12,10.


d)    Bem-aventurança é relacionada com a obediência à palavra de Deus.

Um dia, uma mulher, no meio da multidão, exclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram! Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam!” Lc 11,27-28. Se quisermos ser um povo bem-aventurado, necessitamos obedecer totalmente a Palavra de Deus. O salmista descreve perfeitamente aquilo que queremos dizer: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sl 1,1.

  1. QUE É REINO?

É interessante notar que a primeira bem-aventurança e a última fazem a mesma promessa – “porque deles é o reino dos céus” Mt 5,3.10. No resto do sermão em Mt 5-7, descobrimos que Jesus menciona “o reino” mais sete vezes, mostrando-nos que “o reino dos céus” é o grande tema do sermão.

Quando estudamos a Bíblia, percebemos que há mais de 100 referencias ao “reino dos céus” ou ao “reino de Deus”. Há alguma diferença entre esses dois termos? Embora haja bastante discussão sobre isso, creio que não! Quando Jesus falou a respeito do jovem rico, ele disse: “Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos céus! Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.” Mt 19,23-24. É obvio que Jesus estava usando estes dois termos como sinônimos. Jesus não estava falando de dois reinos, mas um. E quando os discípulos perguntaram: “Quem pode ser salvo?”, eles não estavam pensando num reino aqui na terra no futuro. Veja outros textos paralelos – Mt 5,3 com Lc 6,20; Mt 13,1 com Mc 4,11; Mt 19,14 com Mc 10,14.

Destaco quatro fatos sobre esse reino:

                      I.    É um reino eterno – Sl 145,13; Dn 4,34-35; 1Cr 29,10-11; 1Tm 1,17; 6,15-16.

O reino universal e eterno de Deus é o último fato. Sua soberania absoluta é o alicerce de toda a verdade bíblica  e nenhuma compreensão de História ou teologia é possível sem ela.

                    II.    É um reino espiritual.

Os judeus sempre procuraram um reino terrestre e um messias que estabeleceria seu reino aqui na terra. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos “falando das coisas do Reino de Deus” – At 1,3. É incrível que os próprios discípulos ainda tinham a mente fixa num reino político, territorial e nacional: “Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?” – At 1,6. Jesus nunca prometeu estabelecer um reino político. A Pilatos, Jesus afirmou: “O meu Reino não é deste mundo” Jô 18,36.
                   III.    É um reino contemporâneo.

O reino de Deus, contudo, só será consumado totalmente consumado depois da segunda vinda de Cristo. A Bíblia, contudo, deixa claro que Cristo inaugurou o reino d=na sua primeira vinda. Quando os fariseus perguntaram quando o reino de Deus chegaria, Jesus respondeu: “O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós.” Lc 17,20-21. O reino já tinha chegado, porque Ele já chegou! O reino de Deus é aqui e agora!

                  IV.    É um reino dinâmico.

O reino de Deus, em ultimo lugar, quer dizer reino absoluto de Deus na minha vida. Por causa da minha união espiritual e dinâmica com o Rei, posso viver segundo as normas do reino. O reino de cristo em e pela vida do povo de Deus não é estático, mas dinâmico.

Cristãos vivem sob o reino gracioso de Cristo. Pela graça de Deus, foram libertados “do império das trevas”, transportados “para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1,13) e receberam “os mistérios do reino dos céus” (Mt 13,11)

  1. CONCLUSAO.

Depois de ter feito um estudo introdutório das bem-aventuranças, na próxima lição vamos estudá-las individualmente.