quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 03 - O QUE DEVEMOS VALORIZAR



“Desponta o sol com ardor, seca a erva, cai sua flor e perde a beleza do seu aspecto. Assim murcha também o rico em Seus caminhos.” – Tg 1,11.


  1. INTRODUÇAO.

Já vimos anteriormente que as tribulações e o sofrimento são como ferramentas que Deus usa na nossa vida para nos tornar aquilo que Ele planejou. Alegrem-se, diz Tiago, o sofrimento está dentro da sabedoria e do projeto de Deus.

Por mais que a provação seja uma ferramenta nas mãos de Deus, ela sempre é dolorosa. A aprovação sempre traz uma tônica bem forte daquilo que é desagradável, desconfortável, inseguro. Esta seção da carta provavelmente descreve a realidade profetizada por Ágabo em At 11,28-29 – “Um deles, chamado Ágabo, levantou-se e deu a entender pelo Espírito que haveria uma grande fome em toda a terra. Esta, com efeito, veio no reinado de Cláudio. Os discípulos resolveram cada um conforme as suas posses, enviar socorro aos irmãos da Judéia.

Diante desta realidade, uma pergunta que provavelmente pairava na mente dos leitores de Tiago era: “Valeu a pena ter crido em Cristo e agora estar sofrendo perseguição, fome, pobreza?” talvez alguns daqueles crentes tinham feito suas as palavras de Asafe – “...que em vão tenho purificado o meu coração” – Sl 73,13. Eles olhavam para as pessoas à sua volta e as viam numa condição muito boa. Mas a situação deles era bem diferente. Não é assim que nos sentimos algumas vezes também?
  • Recebemos um diagnóstico do médico não muito agradável – sobrevém-nos a insegurança, não sabemos o que vai acontecer conosco ou com nossa família.
  • Enfrentamos as dores de relacionamentos quebrados – temos ressentimentos, raiva.
  • Perdemos um emprego – a angústia nos abate, desconforto, a ansiedade e os temores se instalam em nosso coração, sofremos restrições.
Como nos sentimos diante de situações como essas?

Observe ainda o que Asafe diz no Sl 73,2.11 – “Quanto a mim, os meus pés quase resvalaram; pouco faltou para que os meus passos escorregassem. E dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?” Tanto o salmista quanto os leitores de Tiago estão com um sentimento de inveja, um sentimento de que perderam tempo na vida levando Deus a sério. Isto nos leva a uma questão: o que de fato tem valor na vida que estamos vivendo? Será que passar por restrições e seguir os conselhos de Deus, o caminho de Deus, vale a pena? Tiago nos apresenta três perspectivas desta situação.

  1. IGUALDADE NO CONSTRASTE.

Notem que por duas vezes Tiago usa a palavra orgulhar. Uma vez para o irmão de condição humilde e a outra para o rico – “Mas que os irmãos humildes se gloriem de sua elevação; os ricos, pelo contrário, de sua humilhação, porque passarão como a flor dos campos. Desponta o sol com ardor, seca a erva, cai sua flor e perde a beleza do seu aspecto. Assim murcha também o rico em seus caminhos. – Tg 1,9-11.

Ambos devem olhar além das circunstancias físicas externas, em direção aos valores espirituais interiores e circunstancias do reino celestial que não se vêem. “O contraste antitético entre pobre e rico retorna um tema bíblico comum: a transitoriedade das coisas deste mundo, nas quais não devemos depositar nossa confiança e nem nos orgulhar” – Douglas J. Môo.

Todavia, há coisas dos quais devemos nos orgulhar. É fácil alguém abastado se orgulhar de sua condição, e aquele que “está por baixo” nutrir sentimentos como a inveja. Ambos estão com perspectivas erradas dos valores de Deus, daquilo que Deus considera de fato como valor. Observemos que os valores humanos não são os mesmos de Deus.

É possível que os crentes estivessem olhando os ricos, que estavam “numa boa”, enquanto eles estavam sendo perseguidos. Sua atitude estava Correta? A palavra insignificância “ARA” no v. 10 e humilde no v. 9 têm a mesma grega. Então, quando falamos de riqueza e pobreza, precisamos entender duas coisas sobre as quais Tiago não está falando e uma terceira que trata da fugacidade dos valores terrenos.

  • A pobreza não é má e não é resultado de incredulidade.

Ilustração – num encontro de cristãos um irmão compartilhou a alegria de que naquela semana havia comprado um carro, depois de cinco anos poupando, e pediu que os outros louvassem a Deus com ele. Alguém perguntou: “Que carro?” “Um Gol 86”, foi a resposta. “Um Gol 86? Eu não vou louvar nada, você é filho de Deus, deveria ter um Astra 0 km. Você não crê no Deus que eu creio”. Interessante esta percepção, na qual ser pobre (literalmente no grego – de baixa condição social) significar ser incrédulo. Não é disto que Tiago está falando. O pobre não pode ser acusado nem condenado por sua pobreza, como se esta fosse resultado da incredulidade.

  • A riqueza não é tudo e não é pecado.

Os ricos também não são acusados ou condenados por serem ricos, mas por depositarem sua confiança nas riquezas – “Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição. Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança nas riquezas volúveis, mas em Deus, que nos dá abundantemente todas as coisas para delas fruirmos. Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, comunicativos, ajuntem um tesouro sólido e excelente para seu futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida.” – 1Tm 6,9.17-19 – A palavra de Paulo é contra a ambição, a ganância, o prego, o viver em função do dinheiro e o confiar no dinheiro que se tem.  Possuir bens, ser rico, não implica pecar. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, não o dinheiro em si.

  • As “moedas” que mais valorizamos.

Há três moedas valorizadas na nossa sociedade: a riqueza, a beleza, e a inteligência. Que valor tem isso de fato? Num determinado momento, o dinheiro possuído pode ser perdido – “fará para si asas” – Alem disso, ao morrer, o ser humano não haverá nada consigo – Pv 23,5; Sl 49,16-17.

Quando você passar desta vida para a eternidade, aquilo que é considerado de valor aqui não terá valor lá. Seus títulos, a beleza da sua casa, seu carro, seu dinheiro, sua beleza física de nada valerão na eternidade. Não se orgulhe disso, não confie nisso. Você confina que é a sua empresa que vai manter você lá o resto da vida, sustentando você? Essas coisas não fazem parte da ordem de valores de Deus, é tudo aparência. O sol vai bater, elas irão desaparecer, e na hora em que comparecemos perante Deus, estas moedas não vão valer nada. É isto que Tiago está dizendo – “Desponta o sol com ardor, seca a erva, cai sua flor e perde a beleza do seu aspecto. Assim murcha também o rico em seus caminhos.” – Tg 1,11.

Então, o que vale para Deus? Quais são os valores eternos?

  1. O QUE É VALOR PARA DEUS.

Há um motivo significante para nos orgulharmos, e para saber qual é, precisamos olhar para nós mesmo modo como Deus o faz. Jesus, no Sermão da Montanha, disse: “Bem - aventurados os que têm um coração humilde, porque deles é o Reino dos céus!” – Mt 5,3 – Feliz é aquele que compreende corretamente a sua condição diante de Deu, pois Ele não se agrada da soberba, mas da humildade – “Deus, porém, dá uma graça ainda mais abundante. Por isso, ele diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes (Pr 3,34).” – Tg 4,6 – A melhor maneira de investir no que realmente tem valor è enxergar a nossa insignificância e incapacidade de cumprir as exigências de Deus, sem pretender requerer tipo de direito.

Do que podemos nos orgulhar nesta vida? Em que vale a pena investirmos? Paulo, em Romanos 5,1-11, usou três vezes a palavra gloriar, que tem o mesmo sentido da usada por Tiago: orgulhar – Tg 1,9-10 – Esta passagem de Romanos 5 apresenta os motivos de termos orgulho alegre.

  • Nossa posição em Cristo (Rm 5,1-11).

Fomos justificados mediante a fé e temos paz com Deus. Tenhamos o alegre orgulho do fato de deus estender o Seu favor e enviar Seu filho para morrer por nós. Gloriamos-nos em Deus, por Jesus Cristo, por quem recebemos a reconciliação. É sopor fé, exclusivamente por fé, está apaziguada a nossa situação com Deus.

  • Nossa esperança da gloria de Deus (Rm 5,2).

Tenhamos o alegre orgulho por causa das coisas que Deus prometeu, especialmente a eternidade com Ele.

  • Nossa dignidade nas tribulações (Rm 5,3).

Tenhamos o alegre orgulho de passarmos por elas, pois isto faz parte do projeto de Deus para nossa vida, de nos fazer crescer, perseverar.

Vejamos alguns motivos que Pedro também nos apresenta, embora não empregue o verbo gloriar -  1Pd 2,9-10:

  • Raça eleita – temos uma linhagem divina;
  • Sacerdotes reais – temos acesso à presença de Deus continuamente;
  • Nação santa – fomos separados com um propósito;
  • Propriedade exclusiva de Deus – somos alvo dos cuidados do Pai;
  • Propósito – temos o privilegio de compartilhar o que Deus tem feito por nós.

Quantos motivos para nos orgulharmos alegremente! Esta é a diferente escala de valores de Deus, que vale para toda a eternidade. A “moeda” que vale é a graça de Deus que nos alcançou e nos dá uma nova perspectiva para a eternidade.

  1. CONCLUSÃO.

Quais são os seus valores? Você tem valorizado a aparência da casa, trabalhando, dinheiro, beleza, segurando a “cumbuca”, sem perceber que enquanto a agarra, está acumulando um prejuízo eterno? Você quer uma riqueza que vale a pena? Certamente não é o que está guardada neste mundo, Ela está reservada nos céus. Não acumule “tralhas”!

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