terça-feira, 30 de abril de 2013

DOUTRINA DOS ANJOS - LIÇÃO 17 – As Armas De Nossa Milícia.




"Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio". (Ef 6,11).


I.                  UMA ARMADURA  COMPLETA – Ef 6,13-17.

A armadura, à disposição do crente, tem seis peças  principais do equipamento do soldado antigo:
·        O cinto;
·        A couraça;
·        As botas;
·        O escudo;
·        O capacete;
·        A espada.

Paulo as empregam como ilustrações da verdade, da justiça, do evangelho da paz, da fé, da salvação e da Palavra de Deus.

A armadura é de Deus - "Vestiu a justiça como uma couraça, pôs sobre a cabeça o capacete da salvação, revestiu-se da vingança como de uma cota de armas, e envolveu-se de zelo como de um manto". (Is 59,17), mas hoje Ele possibilita que nos revistamos dela, a fim de estarmos devidamente equipados. É uma armadura perfeitamente adequada para a luta. Nenhuma d suas peças é dispensável. Paulo insiste - "Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever". (Ef 6,13).

Þ    O cinto da verdade.

O cinto do saldado antigo envolvia a sua cintura e servia para prender a túnica e segurar a espada. O cinto do saldado cristão é a “verdade”, isto, é, a sinceridade ou integridade. Deus no-la fornece para que estejamos envolvidos por ela. Deus requer que sempre falemos a verdade - "Por isso, renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros". (Ef 4,25) e se compras com a verdade no intimo – “Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma”. (Sl 51,6). Nada de hipocrisia, insinceridade, ou fingimento. Precisamos “andar na verdade”, orientar nossa conduta pela verdade – 2Jo 4 – Caso contrário, estaremos fazendo o jogo do diabo e não poderemos vence-lo.

Þ    A couraça da justiça – v. 14.

O saldado antigo dispunha de uma couraça que protegia todas as suas partes vitais. Era a principal peça da armadura. A couraça do cristão é a “justiça” de Deus; a justiça que Deus  a ele atribui, ou seja, a iniciativa graciosa de Deus para fazer com que os pecadores fiquem com Ele através de Cristo - "Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo". (Rm 5,1). Satanás é acusador. A justiça que temos em Cristo é nossa proteção contra as acusações de Satanás - "De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica". (Rm 8,1.33).


Mas a couraça da justiça pode ter também o sentido da justiça de caráter e de conduta que se exige do cristão - "...e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade". (Ef 4,24). Em todas as coisas, grandes, pequenas, o crente em Cristo precisa agir com justiça. E se ocorrer de vir pecar, esta justiça pode lhe ser aplicada mediante arrependimento e confissão - "Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade". (1Jo 1,9).

Þ    As sandálias do evangelho da paz – v. 15.

O saldado antigo calçava sandálias que eram feitas de couro, tinham cravos na sola, eram presas nos calcanhares e nas canelas e tinham tiras  que subiam nas pernas. Serviam para equipa-lo para as marchas  e evitavam que os pés deslizassem. As sandálias do cristão são a “preparação do evangelho da paz”. Podemos aplicar este termo em dois sentidos:

·        A prontidão para anunciar o evangelho da paz – uma vez que temos a nossa paz restabelecida com Deus - "Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo". (Rm 5,1), devemos sair com entusiasmo e firmeza para levar aos outros a mesma paz  - "Como são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação, que diz a Sião: Teu Deus reina!" (Is 52,7)
·        A experiência da paz – a paz deve dominar no coração do crente em Cristo. Paulo ensina - "Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos". (Cl 3,15). Se esta paz não reinar em nosso intimo, não teremos condição de ser pacificadores - "Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!" (Mt 5,9). Satanás sempre procura perturbar a nossa paz, tirando-nos o prazer de experimenta-la em nossos relacionamentos. Para o nosso viver diário, diante de tantas ameaças de conflitos, precisamos de um bom calçado que nos dê firmeza e proteção. Só a paz de Deus nos faz firmes e seguros nos caminhos escorregadiços da tentação e nas ladeiras pedregosas da adversidade.

Þ    O escudo da fé – v. 16.

O escudo do saldado antigo lhe servia para apara as flechas. O escudo do cristão é a fé. Com este escudo ele pode aparar todos os mísseis incendiários.

Þ    O capacete da salvação – v. 17.

O capacete é a proteção para a cabeça. O capacete do saldado antigo era feito de bronze ou ferro, forrado com material que tornava confortável à cabeça. O capacete do soldado cristão é a salvação. Ele o usa no sentido de que possui a salvação., que já lhe está garantida. A salvação é sua possessão eterna. Tendo este conhecimento, o saldado cristão enfrenta confiante o inimigo - "Nós, ao contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios. Tomemos por couraça a fé e a caridade, e por capacete a esperança da salvação". (1Ts 5,8). A esperança (certeza) da vida eterna alimenta sua confiança, na luta diária com o inimigo.

Þ    A espada do espírito – v. 17.

A espada é a única arma ofensiva do cristão. Cinco peças da armadura são para a defesa, e só uma para o ataque. Isto pode significar  que antes de responder aos golpes  de Satanás temos de saber nos defender dele. A espada do saldado cristão é a Palavra de Deus - "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração". (Hb 4,12). É a revelação escrita de Deus, dada aos homens por inspiração do Espírito Santo - "Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus". (2Pd 1,21). Munidos dela, os cristãos podem derrotar o inimigo, como Jesus o fez. Três vezes Ele disse – “Está escrito” (cf. Mt 4,4.7.10). Também conseguem se livrar das impurezas que querem invadir sua alma, porque a Palavra santifica - "para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra," (Ef 5,26). Mas para manejar  bem a arma é preciso treinar. O treinamento se dá mediante a leitura, meditação e estudo da Bíblia - "Empenha-te em te apresentares diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da palavra da verdade". (2Tm 2,15).

II.               O SEGREDO DA VITORIA – Ef 6,18-20.

Depois de descrever a armadura, Paulo acrescenta a necessidade de oração. Não é uma arma  a mais. É um espírito de dependência de Deus que deve permear toda a luta. Segundo o comentarista Francis Foulkes, o apóstolo dá a entender que devemos “vestir cada peça com oração, e então continuar ainda em toda oração e súplica.” – Foulkes p 146.

Þ    Uma oração constante – v 18.

“Orando em todo o tempo” (cf. 1Ts 5,17). Isso significa manter-se o mais possível sintonizado com o Senhor. Precisamos aprender a reservar tempo para nos dedicarmos à oração. Mas também pode indicar a necessidade de buscar o Senhor nas diversas situações da vida, colocando tudo sob sua orientação e vontade. Devemos cobrir todas as esferas da nossa vida pela oração, a fim de que Satanás não obtenha vantagem em nenhuma delas.

Þ    No Espírito – v 18.

Orar no Espírito é dirigir-nos a Deus na dependência do Espírito, contando com o Seu auxilio - "Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis". (Rm 8,26) – Pelo fato de não sabermos orar como convém, o Espírito Santo, que conhece a mente do Senhor, interpreta diante dEle as nossas orações, há orações carnais, a moda daquela do fariseu - "O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros." (Lc 18,11-12), que são feitas sem nenhuma dependência do Espírito, e há orações espirituais. Mesmo estas precisam de assistência do Espírito. Certamente Satanás tenta induzir o cristão à arrogância espiritual, manifestada nas orações, por isso a ordem para orarmos “no Espírito”cf. Jd. 20.

Þ    Com perseverança – v 18.

A perseverança é essencial, pois o inimigo está disposto a nos desanimar. Aproveitando-se  de nosso cansaço físico, das preocupações, do trabalho, das duvidas e depressões, Satanás age para fazer-nos desistir de orar. Jesus nos ensina a “orar sempre e nunca esmorecer” – Lc 18,1.

Þ    Por todos os santos – v 18.

Nossas necessidades, não raro, levam-nos à prática da oração egoísta. Mas outros também são necessários e, às vezes, muito mais do que nós. E todos estamos juntos nessa batalha, carecendo de forças para lutar.

Þ    Pelos missionários – v 19-20.

Paulo pede por ele, porque “era suficientemente sábio para saber da sua própria necessidade de força para ficar firme contra o inimigo, e era também suficientemente humilde para pedir que seus inimigos orassem  com ele e por ele” (Stott, p 219). E com isso aprendemos da necessidade de orar pelos missionários. Eles, como Paulo, estão motivados a pregar o Evangelho e precisam que peçamos que Deus lhes conceda sabedoria e ousadia. Embora estivesse preso, Paulo não pediu que orassem por sua libertação, mas que intercedessem pelo grande ministério que ainda lhe cabia.

CONCLUINDO

“Tomai toda a armadura”. Não temos de fabricar armas para luta espiritual. Todo um arsenal já está à nossa disposição, fabricado pelo Senhor. Só resta nos apropriarmos desta armadura. Com ela, certamente, resistiremos no dia mau, e, depois de temos vencido tudo, permaneceremos inabalável (v13). Um grande perigo que corremos nos dias de hoje é nos deixar levar por modismos que vez por outra surgem, e são oferecidos aos crentes como recursos para a sua luta contra o diabo. De nenhum outro momento precisamos, além deste que nos é oferecido pelo Senhor.


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