quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DOUTRINA DOS ANJOS LIÇÃO 08 – Conhecendo O Inimigo.






Nos capítulos anteriores estudamos sobre os anjos que servem a Deus, obedecendo às suas ordens no desempenho de quaisquer tarefas ou atuando a favor da Igreja e dos cristãos, e, particular. Hoje daremos inicio a algumas lições que tratam dos anjos maus, a começar de Satanás, o principal entre eles. Deve-se ressaltar que o objetivo não é engrandecer ao diabo e aos demônios, mas conhecê-los melhor para poder enfrentar os ataques que promovem contra os filhos de Deus e suas obras.

Satanás, como os outros anjos, é um ser misterioso. Não podemos conhecê-lo tão profundamente como, talvez nosso espírito de curiosidade gostaria. Entretanto podemos conhecê-lo naquilo que a Bíblia nos revela dele, e isto é suficiente para nos armarmos para a luta que, incessantemente, ele trava contra nós. No capítulo que ora iniciamos aprenderemos sobre sua origem e sobre sua queda.

I.                  O ESTADO ORIGINAL DE SATANÁS.

Há dois textos bíblicos que nos servem de base para estudo – Is 14,12-17 e Ez 28,13-19. o texto de Ezequiel é que nos dá informações de algumas características originais de Lúcifer, antes da queda. Esta passagem bíblica tem uma dupla referencia:
a)                Ao príncipe de Tiro, uma cidade-reino. Historicamente é identificado como Thobal, que reinou 586 aC.
b)                Comparativamente a outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do príncipe Thobal. Este príncipe se torna a figura de Lúcifer devido ao seu orgulho e presunção. Era arrogante e blasfemo. Considerava-se um deus e conhecedor de todos os segredos da vida (cf. Ez 28,1-10). No texto seguinte o profeta fala do mesmo personagem, mas agora com um sentido espiritual. Não é mais ao “príncipe de Tiro” que o profeta se refere, mas ao “rei do Tiro”, do qual o primeiro era uma figura.

Þ    Foi criado perfeito em sabedoria.

“Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada.” (Ez 28,12). A expressão “selo de perfeição” traduz a idéia de que era a imagem perfeita da criação divina. Lúcifer foi criado a mais bela e mais inteligente criatura de Deus. Em Isaias Lúcifer aparece como “astro brilhante, filho da aurora” (Is 14,12). O nome e os dois títulos que Isaias emprega, que significam a mesma coisa – luminoso ou brilhante – ressaltam a perfeição do estado original de Satanás. Os babilônios criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angelicais. Isaias aproveita-se da figura “filho da aurora” para mostrar como era Satanás antes da queda.

Þ    Foi colocado num ambiente de glória.

"Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado". (Ez 28,13). Os ornamentos de jóias sugerem sua grande importância e o resplendor de sua inconfundível aparência. Assim, com resplendor, ele vivia no jardim de Deus.

Þ    Era ungido e ocupava alta posição.

"Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo". (Ez 28,14). Lúcifer pertencia a mais alta classe de seres angélicos – à ordem dos querubins, anjos relacionados com o trono de Deus na qualidade de protetores e defensores de Sua Santidade. Para isso Deus o escolhera – “ungido”.

Þ    Tinha uma conduta perfeita.

"Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti". (Ez 28,15). Até o momento em que nele se “achou iniqüidade”, nada havia que desabonasse, nem diante dos outros anjos, nem diante  de Deus, sua conduta. Este era o estado original de Satanás. Deus o criou assim.

II.               A SUA NATUREZA E PERSONALIDADE.

Embora já tenhamos abordado questões sobre a natureza e personalidade os anjos, é bom ressaltar aspectos particulares da natureza e personalidade de Satanás.

Þ    Ele é uma criatura.

Em Ez 28,15 encontramos esta declaração “desde o dia em que foste criado”. Isto significa dizer que ele não possui atributos que pertencem somente a Deus Criador, tais como Onipresença, onipotência e onisciência. Embora seja um ser poderoso, é uma criatura, sujeita às limitações impostas pelo Criador.

Þ    Ele é um ser espiritual.

Satanás pertencia à ordem dos anjos designados querubins – “Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus.” (Ez 28,14). A natureza de todos os anjos é espiritual. Por isso é que ele é chamado de “o deus deste século” (2 Cor 4,4) e de “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2,2).

Þ    Ele é uma pessoa.

Do mesmo modo que outros anjos, Satanás possui traços da personalidade. Ele se mostra inteligente - "Mas temo que, como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim se corrompam os vossos pensamentos e se apartem da sinceridade para com Cristo". (2Cor 11,3); ele exibe suas emoções - "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;" (Lc 22,31); ele demonstra que possui vontade própria - "e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos". (2Tm 2,26); "Tu dizias: Escalarei os céus e erigirei meu trono acima das estrelas. Assentar-me-ei no monte da assembléia, no extremo norte". (Is 14,13). Em dois episodio bíblico um no 1.º e outro no 2.º Testamento, a personalidade de Satanás é claramente evidenciada. No livro de Jó ele aparece como uma pessoa dialogando e mostrando o intento do seu coração – Jó 1 – Em Mt 4,1-11 ele aparece em cena dialogando com o Mestre, agindo caracteristicamente como pessoa. Não podemos negar a personalidade de Satanás, exceto adotando argumentos que nos compeliram a negar também a existência dos anjos, a personalidade do Espírito e a do Pai.

Þ    Ele é um ser moral e responsável.

Se Satanás fosse meramente uma personificação do mal, não seria moralmente responsável por seus atos, uma vez que  não existiria nenhum ser para se responsabilizar. Mas Satanás é responsabilizado pelo Senhor Jesus, do mesmo modo  que os homens são  responsabilizados por seus atos - "Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos". (Mt 25,41). Esta passagem também no lembra que negar a realidade de Satanás representa negar a verdade das palavras de Cristo.

III.           A QUEDA DE LUCIFER.

“Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti". (Ez 28,15). É com esta simplicidade que o profeta relata a origem do pecado e da queda de Lúcifer. Ele, que havia sido criado perfeito. Abrigava em seu coração a iniqüidade. Isaias da mais detalhes sobre a queda deste anjo – Is 14,12-17. Embora seja tipológica. Pois fala do rei Nabucodonosor como figura de Lúcifer, esta escritura descreve os passos da queda de Lúcifer.

Þ    “Eu subirei aos céus” (Is 14,13).

Como guardião da santidade de Deus ele tinha acesso ao céu, mas esta declaração expressa o seu desejo de estar acima de toda a criação e acima do Criador.

Þ    “Acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono” (Is 14,13).

O sentido desta expressão depende do entendimento do que sejam as “estrelas”. Neste texto parece se referir a anjos - "sob os alegres concertos dos astros da manhã, sob as aclamações de todos os filhos de Deus?" (Jó 38,7); "Ondas furiosas do mar, que arrojam as espumas da sua torpeza! Estrelas errantes, para as quais está reservada a escuridão das trevas para toda a eternidade!" (Jd 1,13); "Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho". (Ap 12,4). Sendo assim, o desejo de Satanás aqui manifesto era se colocar acima de todos os anjos.

Þ    “No monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte” (Is 14,12).

O “monte” é uma referencia ao lugar do trono de Deus. Esta declaração representa a ambição de Satanás de se colocar como governante de todos os povos, no lugar de Deus.

Þ    “Subirei acima das mais altas nuvens” (Is 14,13).

Ele ambicionava a glória que pertence a Deus . “Nuvens” são geralmente associadas à presença gloriosa de Deus - "Enquanto Aarão falava a toda a assembléia dos israelitas, olharam para o deserto e eis que apareceu na nuvem a glória do Senhor!" (Ex 16,10); "Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém". (Ap 1,7).

Þ    “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 12,14).

Lúcifer, “eras um selo de perfeição” (Ez 28,12), agora queria ser igual a Deus. Ele queria assumir autoridade e o controle do mundo, o que é prerrogativa exclusiva de Deus.

O pecado de satanás é mais horrendo, ao se considerar o grande privilégio, inteligência e posição que tinha. Seu pecado é também mais terrível por causa dos seus efeitos sobre os outros. Ele afetou outros anjos, que levou atrás de si – “Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra.” 12,4a; afetou todos os homens - "que cometestes outrora seguindo o modo de viver deste mundo, do príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes". (Ef 2,2); afetou as nações - "Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo". (Ap 20,3).

A queda de Satanás lhe trouxe conseqüências irreversíveis

·        Ele tornou-se o primeiro pecador e pai do pecado - "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio". (1Jo 3,8).
·        É também o pai da mentira - "Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira". (Jo 8,44). A primeira frase dele registrada na Bíblia não só põe em dúvida, mas contradiz abertamente o que Deus dissera. Deus tinha dito – “Certamente morreras” (Gn 2,17); a serpente disse: “É certo que não morrerás”. (Gn 3,4).
·        Está sob condenação eterna - "Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. "O Demônio, sedutor delas, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta, e onde serão atormentados, dia e noite, pelos séculos dos séculos". (Ap 20,2.10).

CONCLUINDO

   Hoje em dia se tem cometido dois graves erros quando à existência de Satanás:

Þ    Negar a sua existência real, considerando-o como uma criação do homem, uma espécie de “força negativa da mente”. Certamente que uma das táticas de Satanás é fazer as pessoas não acreditarem que ele existe. Se ele não é elevado a sério, em conseqüência o pecado também não é.

Þ    Mistificar a crença nele, tratando-o como uma “energia ou figura espiritual”. À luz da Bíblia descobrimos que Satanás é uma pessoa, uma criatura, que deliberadamente optou rebelar-se contra Deus, rejeitando sua soberania e autoridade. Ele existe e está vivo, operando para influenciar o mundo a se voltar contra Deus.

O que aconteceu a Lúcifer deve servir de advertência aos homens. Seu pecado foi orgulho, consumado na rebelião contra Deus. As conseqüências que sofreu são semelhantes às que o homem soberbo também sofre, se não se arrepende e confessa a Deus , o seu pecado, reconhecendo a soberania de Jesus Cristo.

MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)

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