sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DOUTRINA DOS ANJOS - LIÇÃO 07 – Os Anjos A Serviço Da Igreja e dos Crentes.



No capitulo anterior vimos que no 1.º Testamento eles aparecem atuando em varias ocasiões e no 2.º Testamento encontramos registros da atuação deles em relação a Jesus e à Igreja Primitiva. Alem disso, também estudamos sobre três aspectos do ministério especial dos anjos: adoram e louvam a Deus; comunicam aos homens os propósitos de Deus; executam os juízos de Deus

Neste capitulo estaremos abordando o ministério dos anjos em relação à igreja e aos crentes. Muito ensino errado tem sido ministrado e é necessário que nos dediquemos ao estudo desta questão, para nos firmarmos na verdade. Que a Bíblia afirma que os anjos estão a serviço dos cristãos, é verdade. Mas como agem? Cada cristão tem o seu próprio anjo? Estas e outras perguntas é que nos introduzirão ao presente capítulo.

I.                  OS ANJOS SERVINDO A IGREJA.

Antigamente os anjos agiam em favor da Igreja. Já constatamos esta verdade no capitulo anterior. Mas isso foi no passado. E no presente como agem?

Terão alguma atuação em favor da Igreja nu futuro?

Þ    Os anjos observem os cristãos.

Paulo afirma - "Porque, ao que parece, Deus nos tem posto a nós, apóstolos, na última classe dos homens, por assim dizer sentenciados à morte, visto que fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens". (1Cor 4,9). Isto significa que os anjos são espectadores dos eventos da vida dos cristãos. Esta observação angelical, entretanto, não é passiva. Certamente que os anjos de Deus vigiam para que os cristãos não sofram, tanto físicos como emocionalmente, alem da conta, os ataques de Satanás. Todos os crentes estão em constante perigo, e os anjos os protegem.

O apostolo também menciona - "Por isso a mulher deve trazer o sinal da submissão sobre sua cabeça, por causa dos anjos". (1Cor 11,10), que as mulheres coríntios deviam trazer véu sobre a cabeça por causa dos anjos. Provavelmente essas palavras significam para agradá-los, para não ofendê-los com uma conduta indecorosa, pois esperam da igreja a mesma atitude de reverencia que têm diante de Deus - "Os serafins se mantinham junto dele. Cada um deles tinha seis asas; com um par (de asas) velavam a face; com outro cobriam os pés; e, com o terceiro, voavam". (Is 6,2). Esse texto – 1Cor 11,10 – também revela o interesse dos anjos na vida cotidiana da Igreja.

Por outro lado, a Igreja é que torna conhecida - "Assim, de ora em diante, as dominações e as potestades celestes podem conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da sabedoria divina," (Ef 3,10). Ilustrando esta verdade, John Stott diz o seguinte:

“É como uma encenação de um grande drama. A história é o teatro, o mundo é o palco, e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deus escreveu a peça e a dirige e a produz. Ato após ato, cena após cena, a história continua a desdobrar-se. Mas quem está no auditório? São as inteligências cósmicas, os principados e potestades nos lugares celestiais. Devemos pensar neles como sendo os espectadores do drama da salvação.” – John Stott.

Mesmo sendo superior aos homens em sabedoria e poder, os anjos não são oniscientes. Por isso nenhuns acontecimentos poderiam adquirir do plano de salvação do homem, a não ser observando o desenrolar dos acontecimentos da história.

Þ    Os anjos não pregam o Evangelho.

A tarefa de pregar o Evangelho é do homem. Jesus deu a entender assim quando contou a parábola de Lázaro e o rico. Ao negar o pedido do rico, de mandar alguém á sua casa paterna para dar testemunho a seus irmãos, a fim de que não fossem também para o inferno. Abraão respondeu - "Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos". (Lc 16,31). 

Anunciar a mensagem de salvação é privilégio dos homens, que, se os fazem, são aventurados - "E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)?" (Rm 10,15). É tão significativa esta tarefa e tão dignos são os que realizam que os anjos desejam envolver-se nela - "Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo enviado do céu. Revelações estas, que os próprios anjos desejam contemplar". (1Pd 1,12). Mas a eles não é dado este privilégio. Que é exclusivo da Igreja.

Þ    Os anjos estarão presentes nos acontecimentos da Segunda Vinda de Cristo.

Mesmo antes de Cristo voltar à terra, os anjos terão participação neste grande evento. Um arcanjo anunciará o tempo da volta de Cristo e ouvindo a sua voz os crentes em Cristo ressuscitarão - "Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro". (1Ts 4,16).

Quando o Senhor voltar, os anjos O acompanharão - "Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso". (Mt 25,31). Na sua volta pessoal os anjos "Seguiam-no em cavalos brancos os exércitos celestes, vestidos de linho fino e de uma brancura imaculada". (Ap 19,14). A presença dos seres angelicais com o Senhor indica a glória  com que se revestirá o acontecimento. Mas não é só esta a tarefa a ser cumprida pelos anjos na segunda vinda de Cristo. Eles também atuaram na execução do julgamento dos homens ímpios - "O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes." (Mt 13,41-42).

Os anjos ainda estarão presentes na prisão de Satanás por mil anos – "Vi, então, descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande algema. Ele apanhou o Dragão, a primitiva Serpente, que é o Demônio e Satanás, e o acorrentou por mil anos. Atirou-o no abismo, que fechou e selou por cima, para que já não seduzisse as nações, até que se completassem mil anos. Depois disso, ele deve ser solto por um pouco de tempo.". (Ap 20,1-3).

II.               OS ANJOS SERVINDO OS CRENTES.

Os crentes em cristo têm os anjos a seu serviço. Nós não podemos vê-los, como já dissemos, porque são seres espirituais e, por isso, invisível. Eles sim, nos podem observar. E do mesmo modo que atuaram em benefício de crentes, em particular, nos tempos neotestamento, ainda hoje atuam.

Þ    Os anjos se alegram com a salvação dos homens.

"Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa". (Lc 15,10). A alegria do Pai celestial é tão grande ao receber um filho perdido, que ele compartilha dela com as criaturas celestiais.

Þ    Os anjos cuidam dos eleitos quando estes morrem.

Jesus declarou quanto contou a parábola do rico e de Lázaro, que o mendigo, ao morre "foi levado pelos anjos ao seio de Abraão." (Lc 16,22). Podemos deduzir daí que quando um cristão passa desta para outra vida é conduzido pelos anjos à presença do Pai. Quanto ao texto - "Ora, quando o arcanjo Miguel discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda!" (Jd 1,9), que menciona a disputa do corpo de Moisés pelo diabo e o arcanjo Miguel, a lição que tiramos é que até a situação de morte, o inimigo tem interesse nos fieis, os acusa e os requer para si.

Um comentarista bíblico, tentando esclarecer este versículo, escreveu o seguinte:

“Quando Moisés morreu o arcanjo Miguel foi enviado por Deus para enterrá-lo. Mas o diabo o disputou seu direito de assim fazer, pois Moisés tinha sido um assassino - "Moisés, voltando-se para um e outro lado e vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio e ocultou-o na areia". (Ex 2,12). E portanto seu corpo pertencia, por assim dizer, ao diabo. Alem disso o diabo alegou ter autoridade sobre a matéria, e o corpo de Moisés, naturalmente, encaixava-se nesta categoria. Mas mesmo sob tal provocação como diz a história, Miguel não tratou o diabo com desrespeito. Simplesmente deixou o caso com Deus”. -  Green.

Não somos autorizados a dizer, mesmo diante deste texto, que os anjos são enviados para  cuidar dos corpos dos eleitos. No caso de Moisés, podemos crer, o objetivo do Senhor ao enviar um anjo era evitar a idolatria em relação ao corpo de Moisés e, ao mesmo tempo, demonstrar o trato especial que Ele despertou a este Seu servo. Por outro lado, considerando o contexto de Judas - "Ora, quando o arcanjo Miguel discutia com o demônio e lhe disputava o corpo de Moisés, não ousou fulminar contra ele uma sentença de execração, mas disse somente: Que o próprio Senhor te repreenda!" (Jd 1,9), aprendemos que se os anjos são cuidadosos naquilo que afirmam, quanto mais o devemos ser.

Þ    Os anjos protegem os eleitos.

No Salmo – “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.” (Sl 34,7). Já podemos notar, em textos tanto do 1.º e 2.º Testamento, que servos do Senhor foram protegidos por anjos. Jesus declarou que, se quisesse, pediria ao Pai e Ele “me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos” (Mt 26,53).

Podemos crê que os anjos estão a serviço de Deus, ministrando proteção aos santos. Existem anjos que guardam; o que não existe é “anjo da guarde”. Esta é uma idéia com base em fábulas rabínicas e na filosofia oriental. Não há fundamento bíblico  para esta noção popular de “anjo da guarda”. Os textos geralmente citados  como base - "Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus". (Mt 18,10); "Disseram-lhe: Estás louca! Mas ela persistia em afirmar que era verdade. Diziam eles: Então é o seu anjo". (At 12,15). Este ultimo texto registra a suposição dos crentes primitivos, ainda influenciados pelas crenças judaicas, de que o anjo de Pedro aparecera. A suposição deles era falsa, pois era mesmo Pedro, em carne e osso, que aparecera, solto que foi da prisão. No primeiro texto, a intenção de Jesus não é afirmar a existência de anjos pessoais, mas sim mostrar o quanto são importantes “os pequeninos” diante de Deus, razão por que também os devemos considerar importantes.

Þ    Os anjos não devem ser adorados.

Os anjos não aceitam adoração. No Apocalipse - "Fui eu, João, que vi e ouvi estas coisas. Depois de as ter ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que as mostrava. Mas ele me disse: Não faças isto! Sou um servo como tu e teus irmãos, os profetas, e aqueles que guardam as palavras deste livro. Prostra-te diante de Deus." (Ap 22,8-9) – João conta que, estarrecido diante da visão do novo céu e nova terra e das palavras proferidas por um anjo, prostrou-se a seus pés para adora-lo. Mas o anjo lhe disse: “Não faças isto! Sou um servo como tu e teus irmãos, os profetas, e aqueles que guardam as palavras deste livro. Prostra-te diante de Deus.” . Somente Deus deve ser adorado. Qualquer adoração à criatura, em vez de o Criador, é idolatria. Esta é a razão por que Paulo condena - "Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto de humildade e culto dos anjos. Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões e, cheio do vão orgulho de seu espírito materialista," (Cl 2,18). Talvez os colossenses achassem que Deus está longe demais e, por isso, precisavam da intermediação de anjos para se chegar a Ele. Deus não está distante e nem é necessário que anjos sejam mediadores entre Ele e os homens por que o Filho, superior aos anjos já se tornou, uma vez por todas, o Mediador - "Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem" (1Tm 2,5).

CONCLUINDO

É bom sabermos que os anjos são “espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação”. (Hb 1,14). Esta palavra traz consolo! Os anjos nos servem. Servem à Igreja e a cada Cristão em particular! Contudo, devemos ter o cuidado para não aceitar nada além daquilo que a palavra de Deus ensina a respeito dos anjos.

MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)


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