quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 09 – O PERIGO DA LINGUA SEM CONTROLE


“Com ela bendizemos o Senhor, nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tg 3,9.


  1. INTRODUÇÃO.
Certamente, o falar é um tema importante para Tiago, uma vez que ele faz menção ao assunto em todos os capítulos (1,19.26; 2,3.12.14.16; 3,1-2; 4,11; 5,9.12), enfatizando que a verdadeira religião se manifesta também no falar.

O pecado no falar é extremamente fácil de participar, pois não necessita de uma condição externa – por ex.: uma arma para roubar; uma outra pessoa interessada para adulterar. É fácil também porque nossa língua está intimamente relacionada com a nossa mente – nós pensamos com palavras.

Ao escrever sobre o controle da língua, Tiago nos exorta para a necessidade da transformação do nosso coração e da nossa mente (Cf. Mt 15,17-20).

A fala é um dom de Deus, um dom de comunicar louvor e admiração à majestade de Deus, que pode também se tornar uma ferramenta de orgulho, ódio, blasfêmia e enganos diabólicos. Várias vezes “escorregamos” de um para outro.

Nesta lição, vamos estudar três evidencias manifestadas no falar e três verdade sobre o falar que devem ser bem administrada por nós.

  1. O FALAR EVIDENCIA SE GENUINAMENTE SOMOS CRISTÃOS.
“Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida.” – Tg 3,6.

Observe a expressão “mundo de iniqüidade”. Isto significa que nossa língua se identifica com o sistema mundano decaído, rebelde e pecaminoso.

Todos tropeçam no falar. Começou por Adão, lançando culpa sobre outra pessoa (Gn 3,12). Em Romanos 3,13-18, Paulo apresenta um resumo da pecaminosidade do homem, incluindo ali o constante mau uso da língua como marca de quem não conhece a Deus; a hostilidade no falar, o engano, a mentira para manipular situações, o uso da linguagem para tomar uma historia mais engraçada, falar, mesmo a verdade, para denegrir outra pessoa, etc.

Observe ainda os seguintes textos:

    • Sl 35,28 – Há constante louvor e gratidão nos lábios de alguém transformado.
    • Pv 10,21ª; 12,18b; 15,4ª – A linguagem de alguém que passa por uma experiência genuína com Deus transmite vida, cura, e ainda alimenta outros.
    • Sl 64,3-4.7-8 – As palavras são símbolos da condição espiritual de uma pessoa.
Cuidado com comentário críticos sobre outras pessoas, pois isto está relacionado com pecaminosidade. Uma fé verdadeira e consistente se evidencia na ausência de fofoca, na ausência de palavras hostis, na ausência de reclamação, na ausência de ofensa.

A fé autêntica produz mudanças no falar do Filho de Deus e evidencia essa filiação e o tipo de relacionamento que ele tem com o Pai.

  1. O FALAR EVIDENCIA A MATURIDADE DO CRISTÃO.
“2. porque todos nós caímos em muitos pontos. Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. 3. Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, governamos também todo o seu corpo. 4. Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto.” Tg 3,2-4.

Ao nos convertermos, todos nós entramos num processo de crescimento. Nascidos do alto, de Deus (Jô 1,12; 3,13), somos geração de Deus (Tg 1,18). Assim como o filho traz as marcas genéticas de seus pais, as quais se acentuam à medida que ele cresce, se somos filhos de Deus, vamos trazer marcas do Seu caráter. O processo de mudança não é instantâneo, mas tem inicio ao nos convertermos. O alvo de Deus para nós é que sejamos perfeitos, como Ele é perfeito, manifestando Seu caráter em nossa vida (cf. Rm 8,29).

Os pecados cometidos pelo falar são os mais difíceis de abandonar. São os que mais relutamos em permitir que Deus elimine. Se você domina a língua, chegou à maturidade.

Tiago usa dois exemplos interessantes:

          I.    Freio na boca do cavalo – um pequeno instrumento para controlar o animal e conduzi-lo todo, não só a boca.
        II.    Leme do navio – proporcionalmente ao navio, ele é muito pequeno, mas uma vez que o capitão direciona o leme, todo o navio vai para o lugar desejado.

Se controlarmos nossa língua, todo nosso corpo, toda nossa vida vai estar sob controle. É nesse sentido que o nosso falar evidencia a santidade.

Dois outros textos que focalizam isto são 1Pd 3,10 e Sl 15,1-4. O ser é incapaz de domar a própria língua (Tg 3,8). Porém, o filho de Deus tem de lutar contra sua natureza, pois através do falar ele evidencia a santidade e o controle de Deus sobre sua vida.

  1. O FALAR EVIDENCIA QUALIFICAÇAO PARA ENSINAR.
“Meus irmãos, não haja muitos entre vós a se arvorar em mestres; sabeis que seremos julgados mais severamente,” Tg 3,1.

Na igreja do Século I, o ministério de ensino conferia certa autoridade e prestigio, motivação errada para o exercício desse ministério. Provavelmente, é isto que está por traz da exortação de Tiago. Alguém para estar na condição de mestre deve ser aprovado no seu falar, sabendo que os mestres serão julgados com maior rigor, onde quer que estejam ensinando.

Essa posição, que aos olhos humanos parecem ser de destaque, de reconhecimento, de honra, exige muitas horas de estudo, constante comunhão com Deus para saber o o que deve ser ensinado e dedicação no buscar e forma de passar a mensagem de Deus claramente. A posição de mestre exige uma vida de santidade que passa pelo falar.

Há três verdades acerca do falar que devemos ser administradas.

          I.    A língua é potencialmente destrutiva, mas também edificante – Tg 3,5-6.9.

Ilustração – Certa vez um homem estava limpando uma área de uma certa industria e esta fazia fundos com outros terrenos remanescentes tomados por uma vegetação rasteira, quando deparou com uma casa de marimbondos. Para eliminar o problema, resolvi queimá-la. Acontece que era época de seca e o fogo espalhou-se rapidamente pelos terrenos, montanha acima. Não dava para apagar. Assim é o poder destrutivo da língua, realmente a língua é fogo!

Colocada num lugar estratégico, próximo da mente, nossa língua não se cansa, marca toda a carreira da existência humana, quer seja criança, jovem ou velho. O caráter de uma pessoa reflete-se no seu falar, e determina se haverá beneficio para El, assim como para os que a cercam (Pv 18,21; 13,3; 11,9-11). Uma das formas de demonstrarmos amor fraternal è abençoando o nosso próximo (Rm 12,14).
A língua é capaz do louvor mais alegre, mas também da crueldade mais devastadora.

        II.    A língua não pode ser controlada pelo homem, mas pode ser controlada por Deus – Tg 3,7-9.

O plano de Deus era que o homem fosse co-regente da criação. Você já deve ter visto como homem domina todos os tipos de animais. Diferentemente dos animais, a língua é indomável. O que fazer quando se convive com algo indomável. O que fazer quando se convive com algo indomável? Pedir que Deus a controle por nós, que Ele controle nosso falar (Sl 141,3).

       III.    A língua é ambígua – afeta negativamente o que é bom – Tg 3,10-12.

Destaca-se aqui a incompatibilidade entre um coração puro, de onde procedem as fontes da vida (Pv 4,23), e palavras impuras. Aqueles que foram transformados pelo Espírito Santo  de Deus devem manifestar integridade e pureza de coração, através de palavras puras e edificantes.

Alguém já lhe disse para tomar cuidado para não morder a própria língua as perguntas nos vs 11-12 de Tg 3 exigem uma resposta negativa. Se fosse possível jorrar os dois tipos de água da mesma fonte, que gosto de água você iria sentir? O doce ou o amargo? O amargo é claro. O ruim estraga o bom. Comentários do tipo – “Há! Eu fui à igreja, adorei a Deus, mas sabe a pregação de fulano (a) estava ridículo...” Pronto, estragou tudo. Isto não pode ser assim.

A fofoca e os comentários inadequados estragam o que você fez em busca de uma vida santa. Não dá para equilibrar estas coisas. Bendizer a Deus e maldiçoar o homem não é compatível. A língua afeta o que é bom, tornando-o ruim.nesse caso, nossa aparente santidade é prejudicada pelo nosso falar.
  1. CONCLUSÃO.
Nos pisos de shoppings, salas de espera, saguões de bancos e outros lugares, várias vezes nos deparamos com um triangulo amarelo com os seguintes dizeres – “Cuidado, chão molhado e escorregadio”.

Será que não deveríamos ter uma “plaquinha” com aquela mensagem em nossa boca? Nossa língua está colocada num lugar “molhado e escorregadio”, e facilmente ela fala o que não deve ou fala alem do que deve.

É impossível ser religioso, ser um cristão autentico, se o nosso falar não estiver marcado pelos princípios e pelo caráter de Deus. Se alguém se diz religioso, mas não refreia a sua língua, vive uma religião falsa. Não podemos ser indiferentes a este assunto, pois se o nosso falar é inconveniente, estamos sendo cúmplices do diabo.

  • Lembremos que um dia iremos responder diante de Deus pelos comentários, pelas fofocas que fizemos (“Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado”. Mt 12,36-37).

Marco Antonio Lana

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