domingo, 1 de setembro de 2024

História do livro de Rute: 5 Lições que aprendemos com Noemi e Rute

O livro de Rute é considerado um apêndice do livro de Juízes e uma introdução aos dois livros de Samuel. O seu título se deve à personagem principal da história nele narrada, que conta sobre o amor altuísta de Rute, uma jovem viúva moabita pela sua sogra israelita, Noemi. Detalhando como essa jovem, por ela influenciada, aceitou a religião e o Deus de Israel. Sendo mais tarde, recompensada ao se casar com Boaz, um nobre e rico judeu. Tornando-se por seu intermédio, ancestral de Davi, o mais famoso rei de Israel e, consequentemente, ancestral do próprio Senhor Jesus.

 

Os fatos relatados neste livro aconteceram, possivelmente, no início da conquista de Canaã pelos israelitas (aproximadamente 1400 a.C.). E isso pode ser deduzido do casamento de Rute com Boaz, que era filho de Raabe, a meretriz de Jericó (Mateus 1:5, Josué 2 e 6).

 

História de Rute e Noemi na bíblia

 

Noemi, Rute e Orfa, são três mulheres unidas entre si pelos laços de família. Elas estão envolvidas numa linda e surpreendente história, da qual podemos tirar importantes lições para nossa vida. Tanto no que diz respeito às nossas relações familiares, quanto naquilo que tem a ver com a nossa fé e relacionamento com Deus.

 

Noemi era esposa de Elimeleque e tinha dois filhos: Malom e Quiliom. Essa família israelita foi morar nas terras moabitas, fugindo de uma prolongada estiagem e da consequente fome que assolava as terras de Israel. Causadas pela retenção das bênçãos de Deus sobre seu povo, devido à sua apostasia e sua indiferença para com Aquele que os livrara da escravidão do Egito. Dando-lhes as terras prometidas ao seu ancestral Abraão, quinhentos anos antes (Gênesis 12:7).

 

Os moabitas eram descendentes da incestuosa relação de Ló com sua filha mais velha (Gênesis 19:30-38). E, tal qual sua progenitora, eram depravados e destituídos de valores morais e espirituais.

 

Eram idólatras, adoradores do deus quemós (Nm 21:29), a quem acalmavam com sacrifícios humanos. Seus cultos a esse Deus pagão eram marcados por festivais onde a orgia, a embriaguez e a prostituição, além de serem praticadas, eram até mesmo incentivadas. 


Nos dias de Moisés, as mulheres moabitas atraíram os homens de Israel para esse tipo de culto pagão, levando-os à imoralidade, idolatria e prostituição, causando a indignação de Deus e, consequentemente, a sua punição, com a morte de vinte e quatro mil pessoas em Israel (Nm 25).

A fim de poupar seu povo das nefandas influências de povos pagãos como este, Deus lhes havia dado ordens explícitas para que não se juntassem e nem casassem com tais vizinhos (Dt 7:1-3, 23-3).

 

É impressionante que Elimeleque, mesmo sabendo de tudo isto, tenha ido morar entre eles. Ao ignorar as orientações de Deus, ele demonstrava que estava mais preocupado com suas necessidades físicas e materiais do quem as espirituais. Como era de se esperar, seus filhos acabaram se casando com mulheres moabitas, Quiliom casou-se com Orfa e e Malom com Rute, a personagem central da história do livro.

 

Possivelmente, Elimeleque planejasse habitar pouco tempo entre os moabitas, talvez até que a estiagem terminasse. Porém, ele acabou ficando ali para sempre porque, tanto ele, como seus dois filhos, acabaram morrendo na terra estrangeira, sendo sepultados ali (Rute 1:3e 5).

 

Restam três viúvas: pobres, solitárias, sem filhos e sem nenhuma perspectiva de vida, principalmente naquelas terras pagãs, onde as mulheres, em especial as viúvas, eram muito pouco, ou quase nada valorizadas. Analise esta história, e veja quais lições de fidelidade, amizade e fé você pode tirar deste estudo bíblico sobre Noemi e Rute, para sua vida:

 
 

1. Nossas decisões de hoje, decidem o amanhã

Diante daquela situação de desamparo e completa privação, Noemi criou coragem e tomou a decisão de voltar para sua terra e sua gente, que agora se encontrava numa situação muito mais favorável do que há dez anos, quando de lá saíra.

 

Esta decisão influenciou suas duas noras, que decidiram acompanhá-la, pois a amavam muito e, sentiam-se na obrigação de cuidar dela, que já era uma senhora de meia idade.

 

É possível que tenha havido uma conversa aberta sobre a decisão de Noemi, na qual ela expôs seus motivos, sua esperança e sua fé no acolhimento que seu povo lhe daria, caso voltasse para eles, e isto, causou nas suas noras o desejo de compartilhar da mesma sorte.

 

Noemi, no entanto, estava preocupada com o futuro de suas noras e não conseguia ver como elas poderiam ser aceitas no meio do seu povo, sendo que os moabitas eram inimigos dos israelitas (Dt 23:3-6, Nm 22-25 e Jz 3:12-14), por isso, tentou dissuadi-las de acompanhá-la e insistiu com elas para que ficassem com sua gente, onde, a seu ver, teriam mais chances de recomeçar a vida.

 

Depois de insistir com elas, por três vezes, para que voltassem para seu povo, Orfa, embora triste, acabou concordando com seus argumentos e voltou para casa de seus pais, ao passo que Rute, permaneceu firme ao lado de sua querida sogra, não se deixando convencer.

 

Orfa não era decidida como Rute. Ela até começou a viagem com Noemi, desejando ir morar com seu povo, mas diante dos argumentos de sua sogra, desistiu.

 

Ela amava Noemi, chorou ao ter que deixá-la e beijou carinhosamente, mas não ficou com ela. Por algum tempo caminhou rumo ao reino de Deus e não estava longe dele, no entanto, desistiu e voltou. Voltou para seu povo, para os seus costumes e para seus deus quemós, saindo tristemente de cena.

 

Noemi, inconscientemente, serviu de pedra de tropeço para que Orfa alcançasse uma vida consagrada ao Deus do céu. Deste fato, temos que aprender que não podemos estar desatentas quanto à possibilidade de sermos um empecilho para que alguém seja um seguidor de Jesus. Como aconteceu com Noemi e Orfa, e também estar atentas para que ninguém nos afaste de Deus e de Seus caminhos.

 

A lição que podemos aprender aqui com Noemi e Rute é que não devemos permitir que nada e nem ninguém neste mundo, faça com que você desista do caminho para o reino do céu. Como Rute, decida-se a entregar a sua vida nas mãos de Deus e, com certeza, você terá como ela, um futuro promissor e feliz.

 

2. O exemplo é o maior testemunho

Noemi acreditava que estava agindo corretamente em dissuadir suas noras de segui-la, por isso, quando Orfa acatou os seus conselhos, ela voltou a insistir com Rute para que também voltasse para sua gente.

 

Alguns críticos culpam Noemi pelo retorno de Orfa ao mundo pagão, contudo, se esquecem de que ela teve a mesma luz, o mesmo testemunho e a mesma liberdade para decidir o seu futuro como Rute. Embora Noemi insistisse com Rute para que voltasse, não podia obrigá-la a desistir. Como também satanás não pode nos obrigar a desistir do propósito de servimos a Cristo.

 

Rute, diferentemente de sua cunhada, teve uma postura decidida para o bem. De maneira educada e amorosa, porém firme e convicta, expôs à sua amada sogra sua inquestionável decisão.

 

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”

Rute 1:16-17

 

A vida transformada da família de Noemi exerceu forte influência para a decisão acertada de Rute, que teve seu coração alcançado pelo testemunho daquelas vidas consagradas a Deus.

 

Nossa vida, transformada pelo poder de Deus, nos torna um exemplo a ser seguido por aqueles que convivem conosco. Se tornando no maior e mais eficaz argumento em favor do cristianismo.

 

O caráter de Noemi, de seu esposo e filhos, em muito diferia do caráter dos familiares de Rute e de sua gente. Por isso, aquela jovem moabita, inteligentemente, tomou a decisão de que mudaria não apenas de lugar, mas mudaria também a sua maneira de viver, para toda a eternidade.

 

Se Noemi não tivesse dado um bom exemplo, será que teria ganhado a sua nora? Toda sogra cristã deveria se espelhar no exemplo de Noemi e conquistar suas noras para si e para Deus, a quem professam servir.

 

Em nossa vida, ao nos separarmos do mundo, ou de qualquer ambiente ou situação imprópria, para trilhar o caminho rumo a canaã Celestial, nunca devemos partir sozinhas. Mas pelo nosso testemunho e exemplo, levar alguém conosco que, como Rute, também possa nos dizer:

 

“O teu povo é meu povo e o teu Deus é o meu Deus”.

Rute 1:16b

3. Deus age e recompensa conforme às nossas decisões

Quando Noemi chegou de volta à sua terra, estava bastante mudada e envelhecida. Não somente pelos dez anos que permanecera longe de seus parentes e amigos. Mas também pelas marcas da dor e do sofrimento causado pela perda de seu marido e de seus dois filhos. Ela saíra “cheia” e voltava “vazia”, saíra “meu prazer” e voltava “amarga”.

 

A amargura e a tristeza de Noemi, só eram amenizadas pela companhia da jovem carinhosa, otimista e determinada de sua querida Rute (ra’ah=amizade).

 

A decisão de Noemi de voltar para sua terra e para seu povo, foi acertada e decisiva, para que ela voltasse a experimentar outra vez as bênçãos de Deus em sua vida.

 

O que aprendemos com essas duas mulheres chamadas Noemi e Rute é que muitas vezes pode ser difícil tomar uma decisão, porém, Noemi se lembrou da onde nunca deveria ter saído e retornando. Nos ensinando que vale a pena estar debaixo da orientação e da bênção de Deus. Por mais difícil que seja, se tiver que retorne, porque Deus age e recompensa conforme às nossas decisões.

 

4. Entrelaçadas pelo amor

Logo que chegaram, Rute, determinada como era, e instruída sobre a lei que permitia aos pobres e viúvas rebuscar os campos de colheita (Lv 19:9-10, Dt 24:19-22), saiu sozinha para buscar o sustento da casa. Uma vez que Noemi, talvez pelo cansaço da viagem, ou pelas impossibilidades trazidas pela idade, não podia participar com ela dessa tarefa.

 

Pela “casualidade” que Deus costuma usar, Rute, sem saber, foi trabalhar no campo de Boaz, um judeu rico e nobre, parente próximo de seu falecido sogro.

 

Ali ela recebeu acolhimento, sendo recebida por Boaz com gentileza e com generosidade, logo que ele descobriu ser ela a nora viúva de Noemi.

 

Ao voltar para casa e contar à sua sogra onde havia trabalhado e como havia sido tratada, Noemi louvou ao Senhor. E contou para Rute que Boaz, por ser parente de seu esposo, era um dos homens que tinham o direito de resgatar os bens de Elimeleque. Possivelmente penhorados no passado, a fim de saldar dívidas (Lv 25:24).

 

Noemi pensou em resgatar as propriedades da família através de Boaz, mas Rute não entendia esta lei social de Israel, a qual estabelecia o resgate. Rute contou ainda, que Boaz a convidara para continuar trabalhando em seu campo até o final da colheita, o que recebeu total incentivo da entusiasmada Noemi.

 

Noemi percebeu que em Boaz havia esperança e salvação para si e para sua amada Rute. Então orientou-a a que se deitasse aos pés de Boaz. Tal atitude, na cultura oriental, significava que a mulher estava se dispondo a submeter-se àquele homem, aceitando-o como seu marido.

 

Boaz ficou surpreso com a iniciativa de Rute, pois julgava que, por ser um homem bem mais velho do que ela, já estava fora do páreo. Ele até expressou admiração por ela não ter procurado outro homem mais jovem (Rute 3:10). E lhe prometeu o casamento, no entanto, havia um empecilho que podia alterar a situação. A lei do levirato determinava que esse direito coubesse primeiramente ao parente mais próximo e, nesse caso, havia outro antes de Boaz. Ele somente poderia tomá-la como esposa, caso este outro parente desistisse de seus direitos.

 

Foi o que aconteceu, o parente mais próximo não quis, renunciando seus direitos e deveres. Então, Boaz cumpriu o prometido, casando-se com Rute e resgatando as propriedades de Elimeleque, que ficaram pertencendo ao filho nascido desse casamento.

 

Noemi e Rute entrelaçadas pelo amor, tomaram a decisão certa e se mobilizaram no sentido de fazer a sua parte para que Deus as abençoasse e Deus recompensou sua determinação e esforço.

 

É importante aplicar a figura do resgatador à pessoa de Jesus Cristo que, ao encarnar, tornou-se nosso parente chegado. Pagando o preço do resgate de nossa alma na cruz do calvário, concedendo-nos assim, ter de novo, o direito à vida e ao Éden perdidos.

 

O que aprendemos aqui com a história de Rute é que ao aceitarmos a Jesus como nosso salvador, passamos a fazer parte de Sua igreja. A qual Ele considera como sua noiva e, dessa maneira, podemos considerar que nosso resgate, já pago por Ele na cruz.

 

Se nos colocarmos aos Seus pés, Ele, como nosso parente mais próximo, de maneira nenhuma nos recusará o resgate (João 3:37). N’Ele podemos encontrar alívio para nossas lutas e descanso para nossas almas (Rute 3:1).


5. Deus não faz acepção de pessoas

A aceitação de Rute, uma jovem moabita, para fazer parte de seu povo na terra, mostra a disposição de Deus em receber toda e qualquer pessoa que esteja disposta a se entregar a Ele. Os moabitas eram pessoas perdidas na idolatria e no pecado, contudo isso não fez nenhuma diferença para Deus.

 

Rute decidiu que o Deus de Israel seria seu Deus. Sendo recebida de braços abertos por Ele e por Seu povo. Conduzida a um casamento nobre, teve um filho que lhe trouxe alegria e orgulho. Através desse filho, participou da genealogia do rei Davi e de Jesus Cristo. Quanta honra e quanta benção, para uma pobre viuvinha moabita, simplesmente, porque ela escolheu fazer parte do povo de Deus na terra!

 

Para Deus não importa a raça, a cor da pele, a posição social ou cultural de uma pessoa. Ele valoriza o analfabeto tanto quanto o doutor, o pobre tanto quanto o rico, e o “zé ninguém” tanto quanto o poderoso. Desde que creiam n’Ele e se entreguem.

 

A história de Rute traz para nós uma lição importante: se, como Noemi, nos decidirmos a mostrar simpatia e amor aos nossos semelhantes, com certeza, alguém também dirá para nós o que Rute disse à sua sogra:

 

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;”

Rute 1:16

Você apreciaria ouvir isso? Que esta bênção se cumpra em sua vida!

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