Barrabás foi um personagem mencionado nos Evangelhos do Novo Testamento da Bíblia. Ele era um prisioneiro que foi libertado no lugar de Jesus Cristo por decisão popular, durante o julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia.
Segundo os evangelhos (Mateus 27:15-26, Marcos 15:6-15, Lucas 23:18-25 e João 18:40), era costume libertar um prisioneiro por ocasião da Páscoa judaica, e Pilatos ofereceu ao povo a escolha entre Jesus e Barrabás. O povo escolheu libertar Barrabás, e Jesus acabou sendo condenado à crucificação.
Sobre Barrabás em si, sabe-se pouco. Ele é descrito como um criminoso, possivelmente um revolucionário ou insurgente que participou de uma rebelião contra os romanos e cometeu assassinato (Marcos 15:7; Lucas 23:19). Alguns manuscritos antigos indicam que seu nome completo poderia ser “Jesus Barrabás”, o que torna ainda mais interessante a escolha feita pelo povo entre “Jesus, chamado Cristo” e “Jesus Barrabás”.
Barrabás do ponto de vista histórico
Barrabás é uma figura envolta em incerteza, pois as informações sobre ele vêm exclusivamente dos Evangelhos do Novo Testamento — não há registros fora da Bíblia que comprovem sua existência ou detalhem sua vida. No entanto, há alguns elementos que podem ser contextualizados historicamente:
1. Contexto político da época
A Judeia, no tempo de Jesus, era uma província controlada pelo Império Romano. Havia grande tensão entre os judeus e os romanos, e surgiram diversos grupos revolucionários (como os zelotes) que lutavam contra a dominação romana. Muitos desses insurgentes eram considerados "bandidos" ou "assassinos" pelos romanos, mas vistos como heróis ou mártires por parte da população judaica.
2. Barrabás como insurgente
O Evangelho de Marcos (15:7) diz que Barrabás foi preso por participar de uma insurreição em que houve assassinato. Isso sugere que ele pode ter sido um dos muitos revolucionários judeus da época, e não apenas um criminoso comum. A palavra usada em grego (“lēstēs”) pode se referir tanto a bandido quanto a um rebelde político.
3. Prática de libertar prisioneiros na Páscoa
Historicamente, não há registros romanos que confirmem oficialmente o costume de libertar um prisioneiro durante a Páscoa, como descrito nos Evangelhos. Alguns estudiosos acreditam que isso pode ter sido uma prática local, informal, usada para apaziguar tensões com o povo judeu.
4. Barrabás e o simbolismo do nome
O nome “Barrabás” significa literalmente “filho do pai” (Bar-Abbá, em aramaico). Curiosamente, alguns manuscritos antigos do Evangelho de Mateus trazem o nome completo como “Jesus Barrabás”, o que teria criado um contraste dramático no julgamento: o povo escolheu libertar “Jesus, filho do pai”, e rejeitar “Jesus, o Filho de Deus” — uma escolha altamente simbólica.
Conclusão
Historicamente, é possível que Barrabás tenha sido um rebelde político, preso por ações contra o domínio romano. Sua libertação, segundo os Evangelhos, contrasta a rejeição de um homem acusado de ser rei messiânico com a escolha de um homem acusado de violência revolucionária — o que diz muito sobre as tensões políticas e religiosas da época.
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