quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PAIS NA BÍBLIA - ELI - A história de um líder que deixou a desejar como pai





Você conhece algum líder que tenha sido uma benção na obra do evangelho, mas que tenha também um filho ou uma filha afastado (a) dos caminhos de Deus? Com certeza, se você tiver certo tempo de vida cristã, poderá responder positivamente.

Eli era um sacerdote zeloso mas teve amarga experiência em  relação aos seus filhos, acima de tudo, no encaminhamento da vida espiritual dos mesmos. Jamais devemos nos esquecer de Eli.  Muitas vezes lembramos desse personagem bíblico somente quando recordamos a história da chamada de Samuel para o sacerdócio – “De ano em ano este homem subia da sua cidade para adorar e sacrificar ao Senhor dos exércitos em Siló. Assistiam ali os sacerdotes do Senhor, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli” – 1Sm 1,3. Mais nada nos é dito sobre à casa de Eli.

Se não temos informações dos ascendentes de Eli, nem o nome de sua esposa, o que sabemos, segundo os relatos Bíblicos, nos leva a profundas reflexões para nós, pais e mães de hoje.

A vida religiosa dos filhos:

A principio, podemos imaginar que Eli estava vivendo uma boa velhice, vendo seus filhos serem sacerdotes em Siló. Qual o pai que dedica os seus filhos a Deus, não ficaria feliz em saber que os filhos também estavam exercendo tão importante cargo na estrutura religiosa de seu povo?

Mas se continuarmos nossa leitura sobre a vida de Eli e seus filhos, podemos extrair uma importante lição para nós hoje. O texto diz: “Ora, os filhos de Eli eram homens ímpios; não conheciam ao Senhor” – 1Sm 2,12.

A lição é clara: Não podemos nos iludir, pensando que  uma pessoa envolvida num trabalho religioso seja uma pessoa comprometida e fiel a Deus.

Devemos levar nossos filhos à Igreja, procurar envolvê-los nos trabalhos de Deus, mas jamais nos esquecer de conscientizá-los que o que Deus quer, acima de qualquer coisa, é Ter um relacionamento profundo e intimo com cada um de nós.

Muitos pais erram porque pensam que envolvimento no serviço religioso é sinônimo de uma fé pessoal em Jesus e de um relacionamento íntimo com Deus. Como pais, devemos sempre conversar com os nossos filhos sobre a fé em Jesus, sobre o relacionamento com Deus, e mostra que o que Ele deseja, em primeiro lugar, é adoração e comunhão. O trabalho religioso é importante, mas não podemos cair no erro de pensar que pelo fato de uma pessoa se envolver nesta área, sua relação com Deus esteja boa.

Omissão e demora em disciplinar:

O pecado que Hofni e Finéias cometiam era muito grave – “Era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor, porquanto os homens vieram a desprezar a oferta do Senhor” – 1Sm 2,17.

Segundo a lei cerimonial – “Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quem oferecer sacrifício de oferta pacífica ao Senhor trará ao Senhor a respectiva oblação da sua oferta pacífica. Com as próprias mãos trará as ofertas queimadas do Senhor; o peito com a gordura trará, para movê-lo por oferta de movimento perante o Senhor. E o sacerdote queimará a gordura sobre o altar, mas o peito pertencerá a Arão e a seus filhos. E dos sacrifícios das vossas ofertas pacíficas, dareis a coxa direita ao sacerdote por oferta alçada. Aquele dentre os filhos de Arão que oferecer o sangue da oferta pacífica, e a gordura, esse terá a coxa direita por sua porção; porque o peito movido e a coxa alçada tenho tomado dos filhos de Israel, dos sacrifícios das suas ofertas pacíficas, e os tenho dado a Arão, o sacerdote, e a seus filhos, como sua porção, para sempre, da parte dos filhos de Israel” – Lv 7,29-34, aquele que oferecia o sacrifício devia dar ao sacerdote a gordura da vítima, o peito, e as espáduas. A primazia do sacrifício era do Senhor, o resto do alimento era dos sacerdotes. O que os filhos de Eli faziam era retirar indiscriminadamente as porções que estavam nos caldeirões – “e o metia na panela, ou no tacho, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto a garfo tirava, o sacerdote tomava para si. Assim faziam a todos os de Israel que chegavam ali em Siló” – 1Sm 2,14. Caso alguém ousasse desobedecer às ordens de Hofni e Finéias, a força era empregada – “se lhe respondia o homem: Sem dúvida, logo há de ser queimada a gordura e depois toma quanto desejar a tua alma; então ele lhe dizia: Não hás de dá-la agora; se não, à força a tomarei” – 1Sm 2,16. Eles não levavam a sério o exercício do sacerdócio.

Eli sabia dos atos desprezíveis de seus filhos – “Porque já lhe fiz: saber que hei de julgar a sua casa para sempre, por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois os seus filhos blasfemavam a Deus, e ele não os repreendeu” – 1Sm 3,13.

Além de cometer o pecado do desmazelo para com as coisas da religião, os filhos de Eli também eram impuros e aproveitadores. Diz o texto: - “Eli era já muito velho; e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e como se deitavam com as mulheres que ministravam à porta da tenda da revelação” – 1Sm 2,22.

Só bem idoso é que Eli tomou alguma atitude, mesmo assim de forma bem branda. Suas palavras: - “Por que fazeis tais coisas? Pois ouço de todo este povo os vossos malefícios. Não, filhos meus, não é boa fama esta que ouço. Fazeis transgredir o povo do Senhor. Se um homem pecar contra outro, Deus o julgará; mas se um homem pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Todavia eles não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria destruir” – 1Sm 2,23-25, de tão sem impacto e quase de maneira burocrática, não surtiram nenhum efeito. O texto bíblico afirma: “Todavia eles não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria destruir” 1Sm 2,25. Era tarde demais. Deus já tinha um para puni-los

Esta passagem nos ensina que, como pais, não podemos adiar o exercício de nossa autoridade dada por Deus para fazer de nossos filhos homens e mulheres íntegros perante Deus e perante a sociedade. Não podemos adiar, às vezes uma palavra de reprovação por seus atos cometidos contra Deus e contra o próximo. Não podemos deixar de discipliná-los com vigor. Temos que chamá-los à responsabilidade. Se adiarmos para o dia seguinte, pode ser muito tarde e não surtirá o efeito desejado.

Deus acima de tudo e de todos:

Assim como apareceu um Natã na vida de Davi, um profeta, cujo nome não sabemos – “Veio um homem de Deus a Eli, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Não me revelei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda no Egito, sujeitos à casa de Faraó?” - 1Sm 2,27, se apresentou da parte de Deus e comunicou a sentença divina quanto a sua família. Alem de tirar-lhe a força, todos os seus descendentes morriam jovens. Não haveria idosos entre seus descendentes – “E tu, na angústia, olharás com inveja toda a prosperidade que hei de trazer sobre Israel; e não haverá por todos os dias ancião algum em tua casa” – 1Sm 2,32.

Mas algo mais tinha acontecido de que Deus não se agradara: Eli dava mais honra aos seus filhos do que a Deus. Afirma o texto: “Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo Israel?” – 1Sm 2,29. Que triste dura palavra profética!

Como nos faz refletir esta passagem Bíblica! A pergunta que nos leva a reflexão é a seguinte: Temos nós honrado mais aos nossos filhos do que a Deus? Temos colocado Deus em segundo plano? Quem é mais importante para nós: Deus ou nossos filhos? A quem honramos, valorizamos mais: Deus ou nossos filhos? Será que se Deus fizesse com Eli o que fez com Abraão, quando lhe pediu o seu filho, ele os levaria a um monte e ali os sacrificaria? Este texto nos mostra que Deus quer o primeiro lugar em nossa família. Por mais que amemos nosso cônjuge e filhos, Ele deve ocupar o primeiro lugar em honra e gloria!

A morte de Eli foi motivada por noticias tristes a respeito do seu povo e de seus filhos – “Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também teus dois filhos, Hofni e Finéias, são mortos, e a arca de Deus é tomada” – 1Sm 4,17. Morreu com 98 anos, sendo que 40 como sacerdote em Israel. Morreu farto de dias, mas reprovado por não ter levado os seus filhos a viverem a vida religiosa que Deus gostaria.

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