quarta-feira, 27 de maio de 2015

OS 10 MANDAMENTOS – NÃO COBIÇARÁS



DECIMO MANDAMENTO – NÃO COBIÇARÁS

“De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário.” (At 20, 33).

A cobiça é a raiz da qual surge todo pecado contra o próximo, tanto em pensamento como na pratica.


LEITURA BÍBLICA

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” (Êx 20,17).


“1  E SUCEDEU depois destas coisas que, Nabote, o jizreelita, tinha uma vinha em Jizreel junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria. 2  Então Acabe falou a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está vizinha ao lado da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor: ou, se for do teu agrado, dar-te-ei o seu valor em dinheiro. 3  Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais. 4  Então Acabe veio desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão. 5  Porém, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que há, que está tão desgostoso o teu espírito, e não comes pão? 9  E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. 10  E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra. 15  E sucedeu que, ouvindo Jezabel que já fora apedrejado Nabote, e morrera, disse a Acabe: Levanta-te, e possui a vinha de Nabote, o jizreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Nabote não vive, mas é morto. 16  E sucedeu que, ouvindo Acabe, que Nabote já era morto, levantou-se para descer para a vinha de Nabote, o jizreelita, para tomar posse dela.” (1Rs 21,1-5.9-10.15-16).

I.              INTRODUÇÃO.

O décimo mandamento envolve atos e sentimentos. O sétimo mandamento proíbe o adultério, e aqui Deus proíbe o desejo adulterar. O Senhor Jesus foi direto ao ponto: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 5,28). O ultimo mandamento protege o ser humano de ambições erradas. A cobiça infecta pobres e ricos nas suas mais diversas formas.

II.            O DÉCIMO MANDAMENTO.

1.    Abrangência. O tema diz respeito à proibição da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (Gn 3,6; Jo 2,16). Isso envolve muitos tipos de pecado como sensualidade, luxuria, busca desenfreada por possessões ilícitas, obsessão pelo poder, ostentação esnobe e orgulho. Esse mal continua no gênero humano desde a sua queda até a atualidade.

2.    Objetivo. O propósito divino é estabelecer limites à vontade humana, para que haja respeito mútuo entre as pessoas e seus bens. Muitos outros vícios acompanham a cobiça, como lasciva, concupiscência, inveja e avareza, entre outros (Gl 5,20-21; Tg 4,2). Não pode haver paz num contexto como esse. É necessário que cada pessoa se controle para viver uma vida virtuosa, e isso é fundamental na construção de uma sociedade justa e feliz. Melhor é o que domina seu espírito do que o que toma uma cidade (Pv 16,32). Nós levamos vantagem  por termos Jesus e o Espírito Santo (Gl 2,20; 5,5).

3.    Contexto. Há algumas variações entre os dois textos (Êx 20,17; Dt 5,21). A ordem das clausulas está invertida. Em Deuteronômio, aparece um sinônimo do verbo “cobiçar” e acrescenta-se a palavra “campo”. Isso mostra que o formato de Êxodo está adaptado ao estilo nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que Deuteronômio é o modelo para o país preste a ser estabelecido na terra de Canaã.

4.    Esclarecimento. Os católicos romanos e os luteranos dividem em dois o décimo mandamento: “Não cobiçaras a casa do teu próximo”; e “Não cobiçaras a mulher do teu próximo” (Êx 20,17). Enquanto essas sentenças são lidas como mandamentos distintos eles consideram “Não terás outros deuses” e “Não farás para ti imagens e esculturas” como um único mandamento. Na soma permanecem os dez mandamentos. Ambos mantiveram a tradição catequética medieval desde Agostinho de Hipona (santo da igreja católica romana). Quanto aos evangélicos segue o sistema das igrejas reformadas, que vem dos judeus e é anterior a tudo isso (cf. Flavio Josefo. História dos Hebreus. Edição CPAD, PP.165-66.

III.           COBIÇA.

1.    Significado. O verbo hebraico hamad indica o ato de desejar aquilo que é gerado pela emoção, que começa com a impressão visual pela coisa ou pessoa desejada. Tudo isso se resume a “desejar, tentar adquirir, almejar, cobiçar”. O ermo é usado para “encontrar prazer em” (Is 1,29; 53,2). Hamad aparece duas vezes aqui no décimo mandamento (Êx 20,17). A septuaginta traduz pelo verbo epithymeo, literalmente, “fixar desejo sobre”; de epi, “sobre”, e thymos, “paixão, ira”. O termo em ambas as línguas pode se referir a coisa boa ou coisa má, dependendo do contexto (Mt 5,28; 13,17).

2.    Cobiçar. Desejar o que pertence a outro é o pecado que o décimo mandamento condena. O Novo Testamento menciona esse último mandamento do Decálogo (Rm 7,7; 13,9). Trata-se de cobiçar a casa do outro, a mulher do próximo e em seguida o mandamento inclui servo e serva, boi e jumento, e termina com as palavras “nem coisas alguma do teu próximo”. A cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro. A descrição deixa claro que não se trata de simplesmente almejar uma casa ou um boi, mas desejos incontroláveis de possuir a casa e o boi que já tem dono, e isso por meio ilícito (At 20,33; 1Cor 10,6; Tg 4,2). É o mesmo que roubar (Mq 2,2).

3.    O texto paralelo. Como ficou dito antes, o décimo mandamento em Deuteronômio não segue rigorosamente o registro do Êxodo. Mas isso não altera o sentido da mensagem. O segundo verbo empregado para “cobiçar” é awah, que significa “desejar ardentemente, ansiar, almejar, cobiçar”. Aparece ao lado de hamad (Gn 3,6) e, como termo alternativo, em “não cobiçaras a mulher do teu próximo” (Dt 5,21) a Septuaginta traduz os dois verbos igualmente por epithymeo.

IV.           A VINHA DE NABOTE.

1.    Proposta recusada. O relato bíblico do confisco criminoso da vinha de Nabote é um dos mais chocantes da Bíblia e serve como amostra do que a cobiça é capaz de fazer. A vinha de Nabote era uma propriedade vizinha ao palácio do rei Acabe, em Samaria. O rei apresentou uma proposta de venda ou troca aparentemente justa. Mas Nabote recusou a oferta do rei. “Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais.” (1Rs 21,3). Havia nessa recusa uma questão familiar, cultural e religiosa. A propriedade era um bem sagrado que não se transferia definitivamente para outra família: Assim a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à herança da tribo de seus pais.” (Nm 36,7; ver Lv 25,23-25).


2.    O direito de propriedade. O rei ficou “desgostoso e indignado à sua casa, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara, quando disse: Não te darei a herança de meus pais. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão.” (1Rs 21,4). O rei Acabe adoeceu, pois a cobiça por algo que não lhe pertencia o havia dominado. À Bíblia diz que a medida da impiedade de Acabe se completou quando ele se casou com Jezabel, uma princesa fenícia de origem pagã, devota de Baal. Ela era filha Etbaal, rei de Sidom (1Rs 16,29-32). Jezabel não respeitava o sagrado direito de propriedade estabelecido por Deus na lei de Moisés. Ela não hesitou em elaborar um plano criminoso para condenar Nabote à morte e confiscar sua vinha: “9  E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. 10  E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra.” (1Rs 21,9,10).


3.    O pecado de Acabe e Jezabel. O plano de Jezabel funcionou com a conivência do marido. Envolveu a elite da sociedade e a corte palaciana, o que por si só mostra que a sociedade de Samaria estava completamente dominada, pois o texto menciona “anciãos e nobres” corrompendo falsas testemunhas (1Rs 21,8-10). A acusação foi a acusação foi a seguinte: “Blasfemaste contra Deus e contra o rei” (v 10). Agora, Nabote devia ser “legalmente” apedrejado até a morte por ter se recusado a negociar sua propriedade com o rei. As duas testemunhas davam consistência legal ao processo (Lv 24,10-16; Dt 17,6).

4.    O casal não contava com uma testemunha verdadeira. Estava tudo acabado e benfeito social e juridicamente. Ao saber da noticia. Acabe ficou curado de sua enfermidade e foi tomar posse da vinha de Nabote (1Rs 21,15-16). Eles violaram o sexto mandamento, “não matarás”, o oitavo, “não furtaras”, o nono “não dirás falso testemunho contra o teu próximo” e o décimo “não cobiçarás” (Dt 5,17,19-21). Isso sem contar os três primeiros mandamentos que já vinham violando, com sua idolatria, desde o principio. Mas Acabe e Jezabel não contavam com uma testemunha que sabia que sabia de tudo e tinha autoridade para se vingar dessa barbaridade (1Rs 21,17-19).

V.            CONCLUSÃO.


O triste episódio de Acabe se repete ao longo da história. Que Deus nos livre de todas essas  maldades. A lei não proíbe e desejo em si, mas o desejo daquilo que pertence a outro. Não é pecado desejar bens e conforto, as coisas boas de que necessitamos  na vida . na verdade, viver é desejar. Desejar uma casa é mais natural do que respirar, mas para isso é necessário trabalhar e fazer economias até conseguir a realização do seu desejo com a ajuda de Deus.

Marco Antonio Lana (Teólogo)

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