quinta-feira, 25 de setembro de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 12 – INSTRUÇÕES BÍBLICAS PARA A FAMÍLIA.

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 12 – INSTRUÇÕES BÍBLICAS PARA A FAMÍLIA.

 

“O maior presente que você pode dar a seus filhos é o compromisso sagrado entre os pais” (Dennis Rainey).

Ao continuar nosso estudo sobre o lugar da família nas epístolas paulinas, iremos deter-nos sobre as orientações de Paulo aos membros da família e os cuidados que aqueles que estão à frente do povo de Deus devem ter para com suas respectivas famílias, e por ultimo iremos estudar alguns bons conselhos apostólicos para as famílias.

O apostolo Paulo sabia que para ter uma Igreja forte não poderia negligenciar nenhuma área da vida familiar.

I – INTRUÇÕES AS ESPOSAS.

As cartas aos Colossenses e aos Efésios  contêm as principais instruções paulinas aos membros de uma família.

Para as esposas, Paulo recomenda que sejam submissas – “Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos.” (Ef 5,22-24); ver também Cl 3,18. A Tito recomendou que as mulheres mais jovens, alem de serem submissas, deveriam amar seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, voltadas para o lar e serem também bondosas – “Para que ensinem as mulheres novas a amarem aos seus maridos e filhos, a serem moderadas, castas, operosas donas de casa, bondosas, submissas a seus maridos, para que a palavra de Deus não seja blasfemada.” (Tt 2,4-5).

A questão da submissão é que mais tem trazido problemas de interpretação. Para compreender a orientação de Paulo sobre a importância da submissão da esposa ao marido é preciso voltar um pouco à leitura dos versículos anteriores na carta aos Efésios. Paulo estava discorrendo sobre os sinais de uma pessoa cheia do Espírito Santo (Ef 5,18-21). No texto, uma destas características é a sujeição – “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” (Ef 5,21). Logo em seguida Paulo fala das implicações da plenitude do Espírito Santo na família (Ef. 5,22-23). John Stott comentando esse texto afirma: “Aqueles que estão verdadeiramente sujeito a Jesus Cristo não acham dificuldades em submeter-se uns aos outros também”. À luz do contexto a questão da submissão deve ser vivenciada por homens, mulheres, maridos e esposas, pais e filhos.uma outra questão importante é fazer uma ligação entre Efésios 5,22 com os versos posteriores. A submissão da esposa está ligada ao amor do marido (Ef 5,25-33). A submissão também deve ser voluntária, delegando ao marido a liderança da família, assim como a Igreja faz em relação a Cristo. É uma submissão voluntária a quem cuida e ama – “Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja.” (Ef 5,28-29).

II – INTRUÇÕES AOS MARIDOS.

Enquanto a recomendação paulina para a esposa é submissão, em relação aos maridos o amor é que deve imperar – “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.” (Ef 5,25); “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (Cl 3,18). O pensamento Paulino se aprofunda quando mostra aos maridos que o tipo de amor que devem ter para com suas esposas é o mesmo amor que Cristo tem para com a Igreja. Deve ser um amor sacrificial, santificador, zeloso e sem amargura (Ef 5,25-29).

Se pensarmos no contexto que Paulo escreveu essas palavras, podemos compreender a profundidade dessa instrução. A mulher era tratada como objeto. No judaísmo, valia um pouco mais do que um móvel ou um escravo. No mundo grego, não lhes era permitido tomar as refeições com os homens e tinham seus aposentos separados. Dentro desse contexto, Paulo diz aos maridos cristãos: “Amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja.” (Ef 5,25).

III – INSTRUÇÕES AOS FILHOS.

Para os filhos, o verbo usado foi “obedecer” e não “submeter” – “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.” (Ef 6,1); “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20). É um termo mais forte. Alem de obedecer, os filhos devem honrar. “Honrar” tem idéia de “dar valor, reconhecer sua importância e sua autoridade, reverenciar”. Os filhos devem obedecer aos seus pais porque é justo. Em outras palavras:é algo intrinsecamente certo. Paulo lembra também que quando um filho honra seus pais terá êxito em seus empreendimentos e uma vida longa – “Para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.” (Ef 6,3). O termo “vida longa” está ligado à estabilidade familiar. Francis Foukers, no seu comentário de Efésios, diz: “Quando se quebram os laços familiares, quando deixa de existir o respeito aos pais, a comunidade se torna decadente e não terá longa vida”.

Aos Colossenses, Paulo lembra que, alem de ser justo, sucesso nos empreendimentos e vida longa. Deus se agrada dessa atitude – “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20). Filhos conversam com seus pais, trate-os com amor, afinal, Deus ama e honra o filho que obedece, e seus dias serão prolongados conforme suas promessas.

IV – INSTRUÇÕES AOS PAIS.

Os pais receberam duas orientações de Paulo. Não devem irritar seus filhos e cria-los na disciplina e no conselho do Senhor. Os pais em algumas sociedades daquele tempo, tinham o direito de matar os recém-nascidos e de abandona-los. Para os pais cristãos o conselho de não provocar a ira dos filhos era um grande avanço. O que Paulo deseja é que os pais tenham autoridade, mas não coloquem sobre os filhos regras e regulamentos desnecessários que causam irritações e os deixam desanimados – “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Cl 3,21). Se não devem deixa-los irritado, os pais devem jamais deixar de colocar limites, corrigi-los, exorta-los e discipliná-los segundo perspectivas cristãs. Por isto, o apóstolo usou a expressão “do Senhor” (Ef 6,4). Podemos apropriar-nos de orientações de psicólogos, mas desde que tais orientações não venham desqualificar ou desmerecer o que a Bíblia diz sobre a maneira de os pais cristãos educarem seus filhos. A primeira e a última palavra sobre a educação de filhos, para os pais cristãos, sempre devem ser a Bíblia.

V – INTRUÇÕES AOS LIDERES.

Ao saber da influencia que os lideres eclesiásticos têm sobre os seus liderados e quanto é importante ensinar a Igreja através da própria vida, o apóstolo em suas epistolas pastorais  emite importantes recomendações aos presbíteros e diáconos, mas extensivos a todos os lideres cristão.

Devem ser maridos de uma só mulher – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); “Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1Tm 3,12); “alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes.” Essa expressão tem sido interpretada de várias maneiras. Sobre o dever de o líder cristão não ser polígamo, todos concordam. Outros defendem a tese de que Paulo se estava referindo a digamia, isto é, um segundo casamento. A terceira corrente defende a idéia de que Paulo estava apenas lembrando da importância de o líder ser casado.

O autor defende a tese de que, além de o líder cristão não ser polígamo, ele não deve estar num segundo casamento se o primeiro tenha-se dissolvido por outras razões que não sejam por “imoralidade sexual” (Mt 19,9) ou “morte do cônjuge” (Rm 7,2-3).

Outra recomendação é de que os lideres deveriam ser hospitaleiros – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); “mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, temperante.” (Tt 1,8). Hospitalidade significa estar aberto a novos relacionamentos, ter as portas de sua casa sempre abertas.

Os lideres devem também ser um exemplo na liderança de sua família – “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1 Tm 3,4.12). Liderar sua família em amor e criar seus filhos de acordo com os parâmetros bíblicos são condições essenciais para alguém ter a habilitação para estar à frente da família de Deus – “(Pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?).” (1Tm 3,5); “alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes.” (Tt 1,6). Ser um bom pregador não está incluído na lista das qualificações deixadas por Paulo para alguém liderar o povo de Deus, mas exemplo de vida fora e dentro do lar, sim.

Os lideres também deveriam, de acordo com o apóstolo, ser cuidadosos nos relacionamento com os anciãos e com as mulheres. Em relação aos anciãos, deveria o líder cristão tratar com autoridade, mas como se fosse seu pai – “Não repreendas asperamente a um velho, mas admoesta-o como a um pai.” (1Tm 5,1a) e as mulheres principalmente as mais novas, deveriam ser tratadas como mães e irmãs, com respeito e com muita pureza – “Às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.” (1Tm 5,2). Se os lideres atentassem para  estas orientações, especialmente em relação à pureza que deve marcar o relacionamento com o sexo oposto, muitos dissabores poderiam ser evitados na história da Igreja.

Sua ministração também deveria ser firme, pois existiam, como também hoje, muitos que procuravam destruir a família – “Aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.” (Tt 1,11) e não demonstravam amor para com essa instituição tão querida aos olhos de Deus – “...sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.” (2Tm 3,3-4). Quanto às viúvas, a primeira linha de responsabilidade está nas mãos da própria família (1Tm 5,3-8). Em segundo lugar, caso não tenha filhos, a Igreja passa a ter essa responsabilidade – “Não seja inscrita como viúva nenhuma que tenha menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido. Se alguma mulher crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas.” (1Tm 5,9.16). por último, caso não tenha amparo da família ou da comunidade de fé, o Estado deve ter esta responsabilidade.

A Igreja Católica Apostólica Romana defende o celibatário. Paulo não era casado – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” (1Cor 7,8). Escrevendo, pois, a Timóteo, que também era bispo celibatário, não lhe podia aconselhar casamento. Porem por falta de candidatos celibatários para a função episcopal (naquela época), ele lhe recomenda escolher também homens casados – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2) ele não coloca acento nas palavras – “que seja casado” mas nas palavras – “com uma só mulher”  e não com duas ou três. Paulo apresenta os argumentos em favor do celibato. “Pois quero que estejais livres de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar a sua mulher.” (1Cor 7,32-33).

A Igreja Católica reconhece que a exigência do celibato dos padres não é de lei divina, mas de lei eclesial, que em circunstancias especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar, para se dedicar inteiramente à propagação do Reino de Deus – “Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus, que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.” (Lc 18,28-30).

Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imita a maneira de viver de Jesus  - celibatário – inteiramente dedicado as coisas do Pai e de seu Reino.

CONCLUINDO

As cartas de Paulo são verdadeiros compêndios para vivermos bem em família e para a Igreja exercer um efetivo trabalho na área familiar.


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