Em Êxodo 20. 5 diz: “porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem…”.
(1) Em primeiro lugar existem textos claros que afirmam que uma pessoa não é punida por Deus pelos pecados de outra. Vejamos: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este.” (Ezequiel 18.20). Esse texto de Ezequiel foi escrito justamente em resposta àqueles que erradamente pregavam que Deus punia alguém pelo pecado de outro (Ezequiel 18.2).
(2) Apesar de Ezequiel 18.20 e Êxodo 20.5 parecerem textos contraditórios, na verdade, não o são. O enfoque de cada um é diferente. Ezequiel fala da culpa moral pelo pecado, dos atos em si. Essa não pode ser transferida para os filhos, pois cada um dará contas de si: “Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.” (Romanos 14.12). Já o texto de Moisés fala das consequências do ato do pecado. Isso sim pode atingir outros. Por exemplo, uma mãe que se droga em sua gravidez fatalmente passará para o feto alguma consequência ruim. Mas de forma nenhuma o feto tem culpa por essa consequência. Mas ela o atingirá mesmo assim por causa da inconsequência da mãe.
(3) Algo que passa despercebido por muitos é o contexto da passagem de Moisés. O contexto é o pecado da idolatria (V.4), um pecado tido como um dos piores por Deus; e não qualquer tipo de pecado. As consequências de um pai ou mãe idólatra para sua família são grandiosas, pois influenciará em muito nas escolhas dos seus filhos e parentes, facilitando assim a entrada do pecado da idolatria na vida deles. É claro que esse pai e essa mãe não passarão o seu pecado de idolatria para eles, mas serão facilitadores, influenciadores negativos.
(4) Outro fato importante que Moisés destaca é que essas “consequências” são passadas para frente pelos que aborrecem o Senhor (até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem). Ou seja, se uma pessoa tem pais maus, mas tem uma postura de santidade na vida, certamente passará “boas consequências” aos seus e interromperá esse ciclo ruim. Um exemplo disso foi o rei Josias. Seu avô Manassés era um homem maligno (2 Reis 21.2-3). Seu pai Amon seguiu nesse mesmo caminho (2 Reis 21.20). Josias tinha tudo para receber essa “maldição” em sua vida, porém, agiu diferente, sendo um dos grandes reis de Israel que serviram o Senhor de coração (2 Reis 22.2), mostrando que o mau exemplo de seu pai foi vencido por uma postura digna diante do Senhor.
(5) Assim, concluímos que a Bíblia não está se contradizendo nesses dois versos. Um exame apurado de cada um deles e seus respectivos contextos, nos mostra que Deus é justo em seu agir para com o ser humano e que não há contradição em Sua palavra.
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