“Ora, naquele tempo havia gigantes na terra e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos, estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade” (Gênesis 6:4). Alguns comentaristas ensinam que os “gigantes” de Gênesis 6:4 são o resultado da união de mulheres com anjos. Baseiam-se no verso 2, onde existe a expressão “filhos de Deus”, que eles atribuem referir-se aos anjos e também citam o verso 1 do capitulo dois de Jó para provarem seu ensino. Vejamos o que a Bíblia diz sobre isto.
Gigantes (hebraico nefilim) – Estes gigantes não foram o produto de uniões matrimoniais mistas, como é sugerido por alguns. A versão LXX traduz “nefilim” por “gigantes”, palavra cuja grafia é exatamente igual em Português. Em Números 13:33, os Israelitas informaram que se sentiam como meros gafanhotos em comparação com os “nefilim” que a Versão Revista e Atualizada (RA) traduz por “gigantes”. Há razões para crer que esta palavra hebraica pode provir da raiz “nafal”, e que os “nefilim” (gigantes) eram “violentos” e terroristas, mas gigantes devido ao seu físico. No livro: Patriarcas e Profetas, nós lemos:
Naqueles dias os seres humanos eram de grande estatura. Por regra geral, os antediluvianos estavam dotados de grande vigor físico e mental. Esses indivíduos, renomados por sua sabedoria e habilidade, persistentemente consagravam suas faculdades intelectuais e físicas para complacência de seu próprio orgulho e prazeres e na opressão de seus próximos (Patriarcas e Profetas, p. 67, 70,78).
Filhos de Deus – Esta frase tem sido interpretada de diversas maneiras. Alguns antigos comentaristas judeus, os primeiros pais da Igreja e muitos expositores modernos têm pensado que estes “filhos” foram anjos, e os compararam com os “filhos de Deus” de Jó 1:6; 2:1; 38:7. Deve-se repelir este ponto de vista, porque o castigo que de pronto sobreviria se deve aos pecados de seres humanos (ver verso 3) e não de anjos. Ademais, os anjos não se casam (Mateus 22:30).
Os “filhos de Deus” não foram outros senão os descendentes de Sete, e as “filhas dos homens” as descendentes de Caim, (cainitas ímpios). Posteriormente Deus falou de Israel como sendo seu “primogênito” (Êxodo 4:22), e Moisés disse aos Israelitas: “Filhos sois do Senhor, vosso Deus” (Deuteronômio 14:1).
Pela graça divina a adoção no reino de Deus não se restringe à uma etnia, povo ou nação, mas está amplamente disponível para todas as pessoas, aos que creem em Jesus, a partir de uma entrega total da vida e reconhecimento da soberania divina (João 1:12). Em Cristo somos dignos de sermos chamados “filhos e filhas de Deus”. Portanto, tal ensinamento (anjos unindo-se com mulheres) é espúrio à Bíblia e toda doutrina que não está em conformidade com o Sagrado Livro é falsa e não merece crédito.
O termo “Filhos de Deus” na Bíblia refere-se aos anjos e também aos homens; vai depender do contexto do verso. No caso de Gênesis 6:4, refere-se aos descendentes de Sete, um homem justo e já no livro de Jó, refere-se aos anjos. Deus não deu aos anjos a capacidade de reprodução, portanto, em hipótese alguma poderiam ser eles os “filhos de Deus” que possuíram as “filhas dos homens.”
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