(1) A primeira interpretação que surge na mente das pessoas é que esse texto de Mateus 11:13 significa que Jesus disse que após João Batista não temos mais profetas. Mas será que um exame do contexto mais amplo, ou seja, versículos bíblicos de outros livros e cartas realmente ensinam isso? É certo que não! Veja: “Demorando-nos ali alguns dias, desceu da Judeia um profeta chamado Ágabo; e, vindo ter conosco, tomando o cinto de Paulo, ligando com ele os próprios pés e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus, em Jerusalém, farão ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios.” (At 21:10-11). Observe que após João Batista e após Cristo temos sim na Bíblia citação de profetas atuando. E nesse texto de Atos não estamos falando de um falso profeta, mas de um profeta citado profetizando através do Espírito Santo e que profetizou algo verdadeiro e que realmente ocorreu a Paulo.
(2) Sendo assim, a fala de Jesus sobre João Batista não pode de forma alguma significar que após ele não temos mais profetas. Isso nos leva, então, a pensar: qual é o significado? O que Jesus estava querendo dizer? O contexto irá nos ajudar a compreender! No presente contexto João Batista manda perguntar a Jesus se ele realmente era o Messias (Mateus 11:3). Isso se deve ao fato de uma ansiedade no coração de João em ver os sinais da vinda do Messias (que João pensava que já iriam acontecer) sendo aplicados de forma rápida. Talvez ele esperasse ser liberto da prisão pelo poder do Messias e também ver o julgamento (fogo) sendo derramado. Mas não foi bem assim que ocorreu. Jesus mandou dizer a João sobre uma parte das profecias sendo já cumprida (Mateus 11:4-6) para que ele compreendesse que, de fato, Jesus era o Messias prometido.
(3) Depois Jesus passa a discorrer sobre João Batista, identificando-o como aquele profeta predito no Antigo Testamento: “Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti” (Mateus 11:10), Jesus indica que João Batista é aquele profeta citado na profecia de Malaquias 3:1. Depois Jesus fala sobre o reino dos céus sendo tomado por esforço. Já escrevi sobre esse tema, aqui neste estudo (clique para ler). Após toda essa explicação Jesus diz: “Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mateus 11:13). Temos aqui Jesus explicando que João Batista foi o último profeta da aliança do Antigo Testamento, da era antiga, da época imediatamente anterior à vinda do Messias. Evidentemente isso não significa que após João Batista não haveriam mais profetas, mas que os “novos” profetas estariam agora debaixo de uma nova aliança.
(4) Sendo assim, o período dessa aliança do Antigo Testamento estava chegando ao fim. João Batista finalizando sua missão e o Messias já totalmente atuante no mundo, cumprindo também Sua missão, indicam esse fato. Jesus continua explicando isso, relacionando João Batista com outra profecia de Malaquias 4:5. dizendo o seguinte: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir” (Mateus 11:14). João Batista é, então, como profeta de Deus, o sinal indicativo da finalização desse período da antiga aliança. Agora, com Cristo já no mundo, uma nova aliança estava sendo construída naquele momento e, de fato, foi finalizada e colocada em vigor com o sacrifício de Jesus: “porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mateus 26:28).
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