quarta-feira, 31 de março de 2021

É pecado pedir a foto da pessoa para orar por ela?

 


(1) A Bíblia nos orienta de forma clara sobre a questão de imagens: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:4). O texto é claro quando ensina que a proibição é quanto a adoração de imagens de todo tipo: “Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visto a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5). Portanto, não existe aqui uma proibição, por exemplo, de ter uma foto de uma pessoa para recordação. Mas, se diante dessa foto a pessoa se ajoelha, acende uma vela, ora fazendo pedidos para (e não pela) a pessoa da foto, então, se torna pecado de idolatria. 



(2) Dito isto, vamos agora analisar a questão da forma como você usa as fotos. Penso que a primeira coisa a ficar claro é que ter a foto de uma pessoa não torna a sua oração “mais forte”, “mais poderosa” como alguns pregam erroneamente por aí. Se a foto é usada nesse sentido está errado. Da mesma forma, alguns utilizam objetos de uma pessoa para orar como se isso fizesse a oração ter “mais resultado”. Isso também está errado, é crendice, não é bíblico! Outros ainda menosprezam a onisciência de Deus, como se Deus não pudesse saber por quem estamos orando se não tiver uma foto da pessoa. Isso também é absurdo! 


(3) Porém, na sua dúvida, percebi que você usa a foto somente de forma simbólica, como uma forma de apresentar a pessoa a Deus. Nesse sentido não vejo pecado. Não existe adoração direciona à pessoa da foto e nem a crença de que o poder está em apresentar a foto. Sendo assim, não vejo problemas em usar uma foto apenas de forma simbólica para orar por uma pessoa. É parecido com anotar o nome da pessoa e falar, apresentá-la diante de Deus! 


(4) No entanto, avalie sempre a questão: Se isso tem causado problemas persistentes na sua comunidade, confusão na mente das pessoas, não vale a pena insistir nisso. Melhor ter paz e somente anotar o nome da pessoa e orar. Mas se a questão é apenas pontual, explique para a pessoa que você não está adorando a imagem, mas apenas usando ela de forma simbólica para clamar pela pessoa diante do Senhor, para apresentá-la diante de Deus. Feito dessa forma não estará pecando.

Temos um anjo da guarda?

 



(1) Muitos usam o texto de Êxodo 23:20 para embasar o pensamento sobre o anjo da guarda: “Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado”. Esse texto, porém, não embasa a ideia de que cada um tem um anjo da guarda. Esse anjo mencionado foi um anjo que foi enviado por Deus para guiar a nação toda de Israel pelo caminho do deserto até a terra prometida. Não é mencionado no texto um anjo para cada pessoa. Deus designa esse anjo para acompanhar Seu povo, mesmo aqueles que já haviam nascido e eram adultos e velhos. Além disso, a missão desse anjo terminou quando Deus deu posse ao povo na terra prometida. 



(2) Outro texto muito usado por aqueles que defendem que cada um tem um anjo da guarda é Salmos 91.11: “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos”. Mais uma vez esse texto não embasa a ideia de um anjo da guarda para cada pessoa. No verso 9 o salmo é bem claro, quando aponta que somente aqueles que fazem do Senhor o seu refúgio e fortaleza, ou seja, Seus servos, têm proteção especial Dele e de Seus anjos. Mas mesmo estes não têm um anjo da guarda particular. O que vemos no texto é a afirmação de que existem anjos de Deus cuidando dos Seus servos e trabalhando em benefício Deles. 


(3) Mais um texto muito usado para defender a ideia do anjo da guarda é Salmos 34:7: “O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”. Esse é mais um texto que de forma nenhuma afirma que cada pessoa tem um anjo da guarda. O texto afirma o cuidado geral de Deus pelos que o temem. Note que o salmista usou o termo “Anjo do Senhor” e não “anjos do Senhor”. Uma provável referência ao Anjo do Senhor que acompanhava a nação de Israel em suas peregrinações no deserto (Êxodo 3.2; 23:20) e não uma referência a um anjo para cuidar de cada pessoa. 


(4) Algumas pessoas também se confundem sobre essa questão de anjo da guarda, pois existia uma pensamento entre os judeus de que cada pessoa tinha um anjo guardião e que, inclusive, esse anjo podia tomar a forma da pessoa se necessário. Veja este texto: “Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então, disseram: É o seu anjo” (Atos 12:15). O apóstolo Pedro tinha sido preso (Atos 12:3). A igreja estava orando pela libertação dele (Atos 12:5). Deus o liberta da prisão usando um anjo para isso (Atos 12:7). Liberto da prisão, Pedro se dirigiu a casa de Maria, mãe de João, onde muitos estavam reunidos (Atos 12: 12). 


O mais interessante é que ninguém acreditou na palavra da serva que foi ao portão ver quem batia. Por zombaria, ou se apoiando nessa tradição, os que estavam ali afirmaram que a mulher estava louca e que, se alguém estava no portão, que seria o anjo de Pedro. Evidentemente não era, era o próprio Pedro. Essa passagem não pode ser tomada para apoiar a existência de um anjo da guarda para cada pessoa, pois é apenas uma descrição do que alguns que estavam ali na casa de Maria achavam (ou com que zombaram da serva) e não uma doutrina do que realmente é. 


(5) Assim, concluímos que a ideia de um anjo da guarda para cada pessoa não se sustenta biblicamente. Não temos um anjo particular. O que temos é o cuidado de Deus pelos Seus servos e, para tal, Deus dispõe de seres espirituais criados especialmente para o serviço Dele e de Seus servos.


Existe um anjo da morte na Bíblia?

 

(1) Na realidade, a Bíblia não menciona que exista um anjo da morte, ou seja, um anjo que traga a morte para todas as pessoas de forma específica, ou seja, um anjo que tenha a única função de tirar a vida de todas as pessoas em algum momento. Algumas culturas antigas acreditavam que anjos acompanhavam as pessoas em vida (anjo da guarda) e que haviam anjos que acompanhavam as pessoas em sua morte, ou seja, que vinham especificamente para fazer a “passagem” da pessoa para o além vida. Existem centenas de lendas a respeito disso. No entanto, todos esses pensamentos não são bíblicos. 


(2) Na Bíblia, os anjos são servos especiais de Deus e desempenham funções especiais a mando do Senhor. Algumas vezes essas funções são funções abençoadoras para as pessoas: “Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado” (Êxodo 23:20). Mas em alguns momentos os anjos também desempenham funções de aplicação da justiça de Deus em punições: “Então, enviou o SENHOR a peste a Israel, desde a manhã até ao tempo que determinou; e, de Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo. Estendendo, pois, o Anjo do SENHOR a mão sobre Jerusalém, para a destruir, arrependeu-se o SENHOR do mal e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, retira a mão. O Anjo estava junto à eira de Araúna, o jebuseu” (2 Samuel 24:15-16).


(3) A Bíblia também cita anjos levando a morte de forma punitiva a inimigos do povo de Israel. Nesse caso, não seria um anjo da morte específico só para levar a morte, mas um anjo mandado por Deus para levar a morte naquele momento específico como forma de cumprimento do julgamento e condenação de Deus àquelas pessoas. Temos um caso na Bíblia, por exemplo, do exército assírio, que, de forma ultrajante, zombou do Senhor Deus e foi ferido por um anjo: “Então, naquela mesma noite, saiu o Anjo do SENHOR e feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres” (2 Reis 19:35).

O anjo da morte tem poder de tirar vidas?

(4) Nossa análise dos textos bíblicos nos mostra que anjos não têm poder em si mesmos de dar ou tirar a vida, antes, somente através do mandado de Deus é que eles cumprem aquilo que o Senhor designar a eles. Portanto, aqueles anjos que eram designados na Bíblia para tirar a vida de pessoas e que algumas pessoas chamam de anjos da morte, na realidade, são apenas anjos de Deus cumprindo a missão dada a eles naquele momento de tirar vidas ou aplicar severas punições a mando do Senhor que é o dono de todas as vidas e o juiz supremo: “O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo” (Apocalipse 16:8).

segunda-feira, 29 de março de 2021

QUEM SAO OS GIGANTES DE Gn 6,4? E OS FILHOS DE DEUS



“Ora, naquele tempo havia gigantes na terra e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos, estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade” (Gênesis 6:4). Alguns comentaristas ensinam que os “gigantes” de Gênesis 6:4 são o resultado da união de mulheres com anjos. Baseiam-se no verso 2, onde existe a expressão “filhos de Deus”, que eles atribuem referir-se aos anjos e também citam o verso 1 do capitulo dois de Jó para provarem seu ensino. Vejamos o que a Bíblia diz sobre isto.


Gigantes (hebraico nefilim) – Estes gigantes não foram o produto de uniões matrimoniais mistas, como é sugerido por alguns. A versão LXX traduz “nefilim” por “gigantes”, palavra cuja grafia é exatamente igual em Português. Em Números 13:33, os Israelitas informaram que se sentiam como meros gafanhotos em comparação com os “nefilim” que a Versão Revista e Atualizada (RA) traduz por “gigantes”. Há razões para crer que esta palavra hebraica pode provir da raiz “nafal”, e que os “nefilim” (gigantes) eram “violentos” e terroristas, mas gigantes devido ao seu físico. No livro: Patriarcas e Profetas, nós lemos:


Naqueles dias os seres humanos eram de grande estatura. Por regra geral, os antediluvianos estavam dotados de grande vigor físico e mental. Esses indivíduos, renomados por sua sabedoria e habilidade, persistentemente consagravam suas faculdades intelectuais e físicas para complacência de seu próprio orgulho e prazeres e na opressão de seus próximos (Patriarcas e Profetas, p. 67, 70,78).


Filhos de Deus – Esta frase tem sido interpretada de diversas maneiras. Alguns antigos comentaristas judeus, os primeiros pais da Igreja e muitos expositores modernos têm pensado que estes “filhos” foram anjos, e os compararam com os “filhos de Deus” de Jó 1:6; 2:1; 38:7. Deve-se repelir este ponto de vista, porque o castigo que de pronto sobreviria se deve aos pecados de seres humanos (ver verso 3) e não de anjos. Ademais, os anjos não se casam (Mateus 22:30).


Os “filhos de Deus” não foram outros senão os descendentes de Sete, e as “filhas dos homens” as descendentes de Caim, (cainitas ímpios). Posteriormente Deus falou de Israel como sendo seu “primogênito” (Êxodo 4:22), e Moisés disse aos Israelitas: “Filhos sois do Senhor, vosso Deus” (Deuteronômio 14:1).


Pela graça divina a adoção no reino de Deus não se restringe à uma etnia, povo ou nação, mas está amplamente disponível para todas as pessoas, aos que creem em Jesus, a partir de uma entrega total da vida e reconhecimento da soberania divina (João 1:12). Em Cristo somos dignos de sermos chamados “filhos e filhas de Deus”. Portanto, tal ensinamento (anjos unindo-se com mulheres) é espúrio à Bíblia e toda doutrina que não está em conformidade com o Sagrado Livro é falsa e não merece crédito.


O termo “Filhos de Deus” na Bíblia refere-se aos anjos e também aos homens; vai depender do contexto do verso. No caso de Gênesis 6:4, refere-se aos descendentes de Sete, um homem justo e já no livro de Jó, refere-se aos anjos. Deus não deu aos anjos a capacidade de reprodução, portanto, em hipótese alguma poderiam ser eles os “filhos de Deus” que possuíram as “filhas dos homens.”

O lava pés deve ser feito na Santa Ceia?

 


(1) Apenas o apóstolo João menciona o lava pés. João aponta que ele foi feito por Jesus durante esta última ceia (João 13:2), mas não explica exatamente se o lava pés fez parte do ritual da ceia a ser repetido como um memorial ou não. Por isso, precisamos avaliar a questão de forma mais ampla para entendermos se o lava pés deve ou não fazer parte da santa ceia do Senhor. 


(2) A primeira coisa que chama a atenção é que nenhum dos evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas), que narraram a última ceia, colocam a cerimônia do lava pés em seus relatos. Por que será que não narraram o lava pés? Parece-me claro nesse ponto que a não citação do lava pés indica que ele não fazia parte do memorial da santa ceia (que esses evangelistas queria focar em seus escritos), daí esses evangelistas terem focado objetivamente na ceia do Senhor.


(3) Seria muito estranho que todos os principais relatos que conhecemos dos detalhamentos de como foi feita a ceia do Senhor omitissem um ritual que devesse fazer parte do memorial da ceia. Isso parece indicar que o lava pés narrado pelo apóstolo João não foi feito por Jesus como ordenança de que devesse ser repetido dentro da cerimônia da ceia, mas que foi um ensino sobre serviço realizado naquele momento, sem qualquer objetivo de que devesse ser repetido como um ritual simbólico. 


(4) Além disso, quando observamos a prática da igreja primitiva, não encontramos narrativas do lava pés sendo repetido, mas encontramos diversas narrativas da santa ceia sendo repetida focada no uso dos elementos (pão e suco da videira). Alguns vão dizer que quando os escritores do Novo Testamento, da época da igreja primitiva, citam a ceia estão citando implicitamente o lava pés, mas isso não é uma realidade. Por exemplo, no texto mais completo fora dos evangelhos que nos apresenta a ceia do Senhor, em 1 Coríntios 11:23-26, Paulo sequer menciona o lava pés, apenas focaliza as instruções sobre a ceia em como deve ser feita usando o pão, o suco da videira e seus significados. 


(5) Dessa forma, os elementos que levantamos aqui são suficientes para demonstrar que a narrativa de João 13 sobre o lava pés sendo feito em meio a ceia não apresenta elementos que possam nos fazer crer que ele devesse ser realizado em meio a cerimônia da ceia a ser repetida por ordem de Jesus. A ordenança de Cristo, clara nos evangelhos, foi que a santa ceia, com o uso do pão e o suco da videira, e com todos os seus detalhes descritos, fosse realizada como um memorial e isso não incluía o lava pés. E isso foi claramente entendido e foi feito pela igreja de Cristo, conforme as citações que avaliamos.

Quais os significados de fogo na Bíblia?

 


(1) O primeiro e mais natural significado é o mais básico da palavra, ou seja, aquela reação química que ocorre entre um combustível e uma fonte de calor que provoca uma chama quente. Vejamos o uso em um texto bíblico: “Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos” (Gênesis 22:6). Abraão e Isaque, indo para o local em que iria haver o sacrifício de holocausto (oferta queimada), levaram ali uma pequena chama que era responsável por começar uma fogueira. 


(2) O fogo na Bíblia também é usado como comparação da força das atitudes de Deus. Por exemplo, a atitude de zelo de Deus pela Sua grandeza e glória é comparada a um fogo destruidor, ou seja, a atitude de Deus diante daqueles que o trocam por outros deuses é comparada a um fogo capaz de causar destruição: “Porque o SENHOR, teu Deus, é fogo que consome, é Deus zeloso” (Deuteronômio 4:24). 


(3) O fogo na Bíblia também é usado como uma figura de linguagem para guerra, vingança e maldição. Vejamos este texto: “Mas, se não, saia fogo de Abimeleque e consuma os cidadãos de Siquém e Bete-Milo; e saia fogo dos cidadãos de Siquém e de Bete-Milo, que consuma a Abimeleque” (Juízes 9:20). O fogo aqui é aplicado como um “se levantar contra”, “guerrear”, “vingar-se”. Era um tipo de maldição que Jotão lançou sobre aquelas pessoas que apoiaram Abimeleque, que matou os setenta filhos de Gideão. Portanto, fogo no sentido de guerra, ruína, maldição. 


(4) O fogo também é usado para demonstrar os castigos que os perversos sofrerão. Vejamos: “Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice” (Salmos 11:6). Aqui o foco é em um castigo duro dado por Deus aos perversos. 


(5) O fogo também é usado em alguns textos como figura de provação dura que o servo de Deus pode sofrer na sua vida pela vontade de Deus: “fizeste que os homens cavalgassem sobre a nossa cabeça; passamos pelo fogo e pela água; porém, afinal, nos trouxeste para um lugar espaçoso” (Salmos 66:12) 


(6) O fogo na Bíblia é muito usado também como figura da ira de Deus sendo derramada. Claro, estamos falando aqui da justiça de Deus que é derramada pela sua ira, já que Deus não pode ficar irado de forma pecaminosa como nós humanos: “Ouvindo isto, o SENHOR ficou indignado; acendeu-se fogo contra Jacó, e também se levantou o seu furor contra Israel” (Salmos 78:21). 


(7) Fogo também foi usado como figura da tentação do adultério, ou seja, de um homem casado ousar estar com outra moça: “Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes se incendeiem?” (Provérbios 6:27). Aqui o sentido é de alguém brincar com o fogo da tentação achando que não vai se queimar. 


(8) O fogo também foi usado em um sentido amoroso. Como figura de um amor muito forte sentido por um casal: “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas” (Cantares 8:6). Aqui o foco é mostrar um amor poderoso como chamas de fogo incandescente numa brasa. 


(9) O fogo na Bíblia é usado muito também como figura do juízo e condenação de Deus que será derramado sobre os ímpios: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mateus 3:10). Aqui João Batista fala sobre o juízo de Deus que virá sobre os que não se arrependem de seus pecados. 


(10) Fogo como figura da condenação eterna também é muito usado na Bíblia. Vejamos mais um texto: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41). 


(11) Um uso bastante único de fogo é encontrado em Romanos 12:20, onde o fogo é usado como figura de alguém que ficaria envergonhado: “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça”. Nesse texto o fogo é aplicado como uma figura de quando alguém fica vermelho de vergonha, nesse caso, o inimigo que foi ajudado mesmo sem merecer. 


(12) O julgamento de Deus (avaliação) sobre os atos (obras) dos homens também é exemplificado usando o fogo: “manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará” (1 Coríntios 3:13). O fogo é muito usado para purificação de metais. Quando são derretidos, o fogo consegue separar as impurezas existentes nos metais, assim, elas ficam evidentes. O sentido aqui é esse. 


(13) Em Tiago 3:6 o fogo é usado como exemplificação do poder propagador que as palavras têm: “Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno” (Tiago 3:6). A característica do fogo (literal) de se propagar é usado aqui como exemplo de que a língua faz propagar palavras destrutivas se as pessoas deixarem.


(14) Se o fogo é usado sobre o metal para derretê-lo e fazer aparecer as impurezas, ele também é usado como figura de que fará aparecer o verdadeiro metal (purificado e valoroso), ou seja, a fé valorosa dos servos de Deus: “para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro 1:7).


(15) Por fim, o fogo na Bíblia também representa a morte espiritual final, ou seja, a total distância de Deus pela eternidade, quando os ímpios receberão plenamente o justo castigo de Deus e viverão em sofrimento eterno: “Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo” (Apocalipse 20:14). A realidade desse lago de fogo mostra aqui o fogo sendo usado para demonstrar uma punição eterna terrível.

Ósculo Santo, qual o significado?

 



(1) Uma das orientações de Paulo à igreja de Corinto nos revela que o beijo era usado como uma expressão carinhosa entre irmãos em Cristo, de saudação e respeito, veja: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo” (2 Coríntios 13:12). Ósculo é a tradução da palavra grega “philema”, que significa beijo. Santo nos indica algo separado, especial, consagrado, o que indica a exclusão de quaisquer motivações eróticas envolvidas. Ósculo santo, então, nos indica um beijo com o qual, como sinal de afeição fraterna, cristãos (mesmo que do mesmo sexo) estavam acostumados a saudar ou despedir-se de seus companheiros na fé. Geralmente era dado no rosto. Não havia inicialmente conotações de sensualidade nisso. Era praticado de forma pura, com amor fraternal. Mas na narrativa da história da igreja vemos que, com o passar do tempo, foi trazendo certos problemas e foi sendo abandonado pela maioria das igrejas. 



(2) Mas o beijo tinha muitos outros significados na Bíblia. Vejamos alguns deles. 


a) Como expressão de saudação e respeito. Em Lucas 7:45 Jesus, ao ser interceptado pela mulher que o ungiu, mulher essa que foi menosprezada por Simão, repreendeu Simão por não tê-lo recebido com um beijo de saudação: “Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés” (Lucas 7:45). 

b) Como expressão de afeição e carinho. Nesse mesmo contexto citado no ponto anterior temos a mulher perdoada por Jesus e que o ungiu, beijando seus pés repetidamente como sinal de afeição e carinho por tamanha bondade de Cristo para com ela: “ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés” (Lucas 7:45). Temos dentro desse mesmo significado o lindo encontro do filho pródigo com o pai, quando este o beijou várias vezes por tê-lo resgatado com vida: “E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (Lucas 15:20).

c) Como expressão de amor e erotismo. O beijo também é citado na Bíblia com essa expressão. Temos um verso onde o beijo é citado numa forma negativa, onde uma mulher adúltera o usa para seduzir um homem falto de sabedoria para se deitar com ele enquanto o marido está em viagem: “Aproximou-se dele, e o beijou, e de cara impudente lhe diz…” (Provérbios 7:13). Mas também citado de forma positiva como uma expressão do amor dentro do relacionamento entre homem e mulher: “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho” (Cantares de Salomão 1:2).

Esses são os usos mais comuns sobre o beijo que temos registrado nas escrituras sagradas.

Por que Paulo disse que o exercício físico para pouco é proveitoso?

 


(1) No início de 1 Timóteo 4 Paulo está trazendo um combate forte de ensinos que se levantariam nos “últimos tempos”. Ele se refere a esses ensinos como ensinos de espíritos enganadores e de demônios. Muitos iriam dar ouvidos a esse tipo de ensino (1 Timóteo 4:1). Paulo chega a exemplificar alguns ensinos (falsos) que já estavam sendo lançados em seu tempo: “que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade” (1 Timóteo 4:3). Observe que esses ensinos não “tem pé nem cabeça”, são absurdos e proíbem coisas que Deus não proibiu como o casamento e comer qualquer alimento. Esse tipo de grupo era muito comum na época de Paulo, pregavam disciplinas rígidas e abstinências também rígidas com o fim de “purificar” o espírito, de aperfeiçoar-se espiritualmente.


(2) Na sequência Paulo instrui o jovem pastor Timóteo a focar no ensino da boa doutrina, aquela pura e que vem de Deus, mandando-o rejeitar esse ensinos que ele qualificou como “fábulas profanas e de velhas caducas”, de gente que só quer inventar ensinos errados (1 Timóteo 4:6). Na sequência ele faz uma comparação, que é o objeto de nosso estudo de hoje: “…Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1 Timóteo 4:7-8). Esse contexto completo nos ajudará a entender porque Paulo citou aqui o exercício físico em comparação com o exercício da piedade. 


(3) Paulo não está fazendo aqui uma defesa contra os benefícios dos exercícios físicos (com fins da melhoria da saúde). É muito mais profundo que isso. Sabemos que esses falsos mestres combatidos, que faziam proibições de coisas que Deus não proibiu, também tinham a ideia de que o corpo deveria sofrer como uma maneira de se purificar o espírito. E para isso muitos castigavam o corpo com sessões de exercícios físicos, a fim de castigar o corpo de forma severa para aperfeiçoá-lo. É provável que Paulo tenha esse tipo de atitude em mente. Sendo assim, ele ensina Timóteo que esse tipo de atitude é pouco proveitosa, ou seja, não trará os resultados que essas pessoas esperam, pois não é a forma correta de aperfeiçoar-se espiritualmente. Já o exercício da fé sadia, baseada na verdade da palavra de Deus, esse sim, transforma positivamente o ser de uma pessoa e a salva: “…porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1 Timóteo 4:7-8). 


(4) Por isso, o exercício físico é pouco proveitoso nesse contexto, ou seja, quando aquelas pessoas o usavam como algum tipo de disciplina severa, com o objetivo de aperfeiçoamento espiritual. Dessa forma, não temos o apóstolo sendo contrário àquela caminhada que sabemos fazer tão bem para saúde, nem àquela sessão de musculação que você pode fazer para melhorar sua resistência física. Mas, claro, como ele ensinou, exercitar-se na piedade é um exercício importante que cuida da nossa alma, que nos faz gerar tesouros que vão além desse plano físico! Por isso, esse é um dos principais exercícios que devemos fazer, é o exercício correto para cuidar da nossa vida com Deus!

quinta-feira, 25 de março de 2021

O que é o vale da sombra da morte no Salmos 23?


O que é o vale da sombra da morte no Salmos 23?


(1) O versículo 4 completo diz o seguinte: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Salmos 23:4). Muitas pessoas não sabem exatamente o significado de vale. Vale é um tipo de desfiladeiro. O desfiladeiro tem uma característica interessante, ele é uma passagem apertada entre montanhas, ou mesmo um tipo de ribanceira, aquele caminho que tem um parede montanhosa de um lado e do outro um penhasco com uma queda bem grande. É certamente um caminho bem estreito, perigoso, difícil, pouco prazeroso de trilhar para a maioria das pessoas. 



(2) Portanto, a figura do vale se encaixa com situações de aperto, de embaraço, que nos tiram o sono, que nos provam, nos tentam a desistir. Essa é a intenção do salmista aqui. Na sequência ele usa a expressão sombra da morte. O caminhar pelo vale certamente expõe a pessoa a perigos grandiosos. A falta de atenção, o cansaço, um pequeno erro podem fazer com que a pessoa se precipite abaixo nesse vale. Ela pode cair a qualquer momento! A figura da sombra é interessante. A sombra tem a forma da pessoa, mas não é a pessoa. Penso que o uso aqui indique que apesar de parecer que a morte virá e vencerá, as provações e dificuldades de todo tipo são apenas uma “sombra” e não a realidade. A sombra de algo não pode nos fazer qualquer mal! 


(3) Mas isso só é possível porque o pastor está presente. Observe que o texto indica que “não temerei mal nenhum”, porém, existe uma explicação para essa coragem em meio a um vale tão difícil: “porque tu estás comigo”. O pastor está ali fazendo seu trabalho de cuidar. Por isso, o vale difícil que projeta a sombra da morte sobre nós, ou seja, que quer nos fazer pensar que é o fim, que estamos perdidos, acabados, destruídos, não tem poder sobre nós! Essa é uma linda esperança do cuidado de Deus para com Seus servos! 


(4) Dessa forma concluímos que o vale da sombra da morte é um caminho difícil que todos nós atravessamos. Ele é difícil, mete medo, traz angustias, ansiedades, porém, quando nos damos conta de que o pastor está conosco nessa travessia, atravessamos sob as ordens dele, guiados por ele! A tal morte que nos metia medo, agora, diante de nossos olhos, não passa de uma sombra, de algo que não tem poder de nos fazer mal, pois o pastor está nos conduzindo e, debaixo da condução dele, não há como sermos destruídos. Jesus disse algo que ilustra fortemente essa realidade: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:27-28). 

VINTE E SEIS RAZÕES PORQUE O REINO SERÁ NA TERRA!




1) DEUS NÃO DEU O CÉU AOS HOMENS. (SALMOS 115:16)


2) O CÉU É O TRONO DE DEUS: (ATOS 7:49)


3) NA TERRA HABITARÃO OS QUE ESPERAM NO SENHOR: ( SALMOS 37:9)


4) OS JUSTOS HERDARÃO A TERRA: ( SALMOS 37:29


5) JESUS E O REI DAVI DISSERAM QUE OS MANSOS HERDARÃO A TERRA: (MATEUS 5:5 SALMOS 37:11)


6) OS REMIDOS POR CRISTO AQUI REINARÃO: ( APOC. 5:10)


7) NA TERRA HABITARÃO OS ELEITOS DO SENHOR: ( ISAÍAS 65:9)


8) OS SINCEROS NÃO SERÃO REMOVIDOS DAQUI: ( PROVÉRBIOS 2:21,22)


9) A TERRA É O LIMITE PARA HABITAÇÃO DO HOMEM: ( ATOS 17:26)


10) O HOMEM É DA TERRA: ( SALMOS 10:18)


11) NINGUÉM PODERIAM SEGUIR JESUS AO CÉU: ( JOÃO 8:21-23) VER TAMBÉM CAP.7:33-34) (NEM SEUS PRÓPRIOS DISCÍPULOS: JOÃO 13:33)


12) JESUS ENSINOU QUE O REINO VIRÁ: (MATEUS 6:9)


13)JESUS NOS PROMETEU LUGAR NO TRONO DELE: (APOC. 3:21)


NOTA: JESUS ESTÁ ATUALMENTE NO TRONO DO PAI E NÃO NO DELE!


14) O REINO DE JESUS SERÁ AQUI NA TERRA: (MATEUS 13:41,42)


15) O TRONO DE DAVI, NA JERUSALÉM TERRENA, SERÁ OCUPADO POR JESUS: (LUCAS 1:31-33) ( SALMOS 122:3,5) ( ATOS 2:29,30)


16) JESUS VAI OCUPAR ESTE TRONO QUANDO VOLTAR: ( MATEUS 25:31)


17) OS ÍMPIOS SERÃO TIRADOS DA TERRA: ( PROV. 2:22; MATEUS 13:40,41)


18) A TERRA É O REINO E O LUGAR DO GOVERNO DE JESUS: ( JEREMIAS 23:5; DANIEL 7:14)


19) O REINO É DEBAIXO DOS CÉUS; PORTANTO NA TERRA: (DANIEL 7:27)


20) SOMOS TRIGOS OU FILHOS DO REINO E AQUI FICAREMOS: (MATEUS 13:38; 13:30)


21) O IMPIO É O JOIO E ELE É QUE SAIRÁ DA TERRA:(MATEUS 15:13)


22) JESUS VEM PARA FICAR AQUI(DANIEL 2:34,35,44). NOTA: A PEDRA VOLTA PARA O CÉU? NÃO! É O REINO MILENAR MESSIÂNICO! ESTE REINO NÃO PASSA MAIS AOS HOMENS, MAS SOMENTE AO PAI, POSTERIORMENTE ( APC.11:15)


23) RESTARÃO NAÇÕES APÓS O ARMAGEDOM: ( ISAÍAS 24:6)


24) OS SALVOS REINARÃO SOBRE AS NAÇÕES SOBREVIVENTES DO ARMAGEDOM E AS QUE SE FORMAREM DURANTE O MILÊNIO: ( APOC.2:25-27)


25)DURANTE OS MIL ANOS A TERRA NÃO FICARÁ VAZIA: (APOC.20:2,3) SATANÁS É PRESO EXATAMENTE PORQUE TEM NAÇÕES AQUI!


26) AS MORADAS DE JOÃO 14, VEM PARA A TERRA: ( APOC.21:2,3


NINGUÉM VAI AO CÉU PARA MORAR NA NOVA JERUSALÉM. ELA DESCERÁ AQUI DEPOIS DO MILÊNIO E ENTÃO SE ABRIRÁ AOS SANTOS!

Qual é a compreensão bíblica da ira de Deus?





A ira é definida como "a resposta emocional à percepção do mal e injustiça", frequentemente traduzida como "raiva","indignação","cólera" ou "irritação". Tanto os seres humanos quanto Deus expressam a ira. Entretanto, há uma grande diferença entre a ira de Deus e a do homem. A ira de Deus é santa e sempre justificada; a do homem nunca é santa e raramente é justificada. 


No Antigo Testamento, a ira de Deus é uma resposta divina à desobediência e pecado do homem. A idolatria era com frequência o motivo para a ira divina. Salmo 78:56-66 descreve a idolatria de Israel. A ira de Deus é constantemente direcionada para aqueles que não seguem a Sua vontade (Deuteronômio 1:26-46, Josué 7:1; Salmo 2:1-6). Os profetas do Antigo Testamento frequentemente escreveram de um dia no futuro, o "dia da ira" (Sofonias 1:14-15). A ira de Deus contra o pecado e a desobediência é perfeitamente justificada porque o Seu plano para a humanidade é santo e perfeito, assim como Deus é santo e perfeito. Deus providenciou uma maneira de podermos ganhar o favor divino -- o arrependimento -- o qual afasta a ira de Deus do pecador. Rejeitar o plano perfeito é rejeitar o amor, a misericórdia, graça e favor de Deus e incorrer a Sua justa ira. 


No Novo Testamento, os ensinamentos de Jesus apoiam o conceito de Deus como um Deus de ira que julga o pecado. A história do homem rico e Lázaro fala do julgamento de Deus e das graves consequências para o pecador que não se arrepende (Lucas 16:19-31). Jesus disse em João 3:36 "Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele". Aquele que crê no Filho não sofrerá a ira de Deus pelo seu pecado porque o Filho tomou sobre Si a ira de Deus quando morreu em nosso lugar na cruz (Romanos 5:6-11). Aqueles que não creem no Filho, os que não O recebem como Salvador, serão julgados no dia da ira (Romanos 2:5-6). 


Por outro lado, Romanos 12:19, Efésios 4:26 e Colossenses 3:8-10 nos advertem contra a ira humana. Só Deus é capaz de vingar-se porque a Sua vingança é perfeita e santa, enquanto que a ira do homem é pecaminosa, abrindo a porta à influência demoníaca. Para o cristão, a raiva e a ira são inconsistentes com a nossa nova natureza, a qual é a natureza do próprio Cristo (2 Coríntios 5:17). Para concretizar a liberdade da dominação da ira, o crente precisa do Espírito Santo para santificar e purificar o seu coração de sentimentos de ira e raiva. Romanos 8 mostra a vitória sobre o pecado na vida de quem está vivendo no Espírito (Romanos 8:5-8). Filipenses 4:4-7 nos diz que a mente controlada pelo Espírito é cheia de paz. 


A ira de Deus é uma coisa espantosa e assustadora. Somente aqueles que foram cobertos pelo sangue de Cristo derramado por nós na cruz podem estar seguros de que a ira de Deus nunca cairá sobre eles. "Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele!" (Romanos 5:9).

O que significa todos os Profetas e a Lei profetizaram até João?

 


(1) A primeira interpretação que surge na mente das pessoas é que esse texto de Mateus 11:13 significa que Jesus disse que após João Batista não temos mais profetas. Mas será que um exame do contexto mais amplo, ou seja, versículos bíblicos de outros livros e cartas realmente ensinam isso? É certo que não! Veja: “Demorando-nos ali alguns dias, desceu da Judeia um profeta chamado Ágabo; e, vindo ter conosco, tomando o cinto de Paulo, ligando com ele os próprios pés e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus, em Jerusalém, farão ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios.” (At 21:10-11). Observe que após João Batista e após Cristo temos sim na Bíblia citação de profetas atuando. E nesse texto de Atos não estamos falando de um falso profeta, mas de um profeta citado profetizando através do Espírito Santo e que profetizou algo verdadeiro e que realmente ocorreu a Paulo. 



(2) Sendo assim, a fala de Jesus sobre João Batista não pode de forma alguma significar que após ele não temos mais profetas. Isso nos leva, então, a pensar: qual é o significado? O que Jesus estava querendo dizer? O contexto irá nos ajudar a compreender! No presente contexto João Batista manda perguntar a Jesus se ele realmente era o Messias (Mateus 11:3). Isso se deve ao fato de uma ansiedade no coração de João em ver os sinais da vinda do Messias (que João pensava que já iriam acontecer) sendo aplicados de forma rápida. Talvez ele esperasse ser liberto da prisão pelo poder do Messias e também ver o julgamento (fogo) sendo derramado. Mas não foi  bem assim que ocorreu. Jesus mandou dizer a João sobre uma parte das profecias sendo já cumprida (Mateus 11:4-6) para que ele compreendesse que, de fato, Jesus era o Messias prometido. 


(3) Depois Jesus passa a discorrer sobre João Batista, identificando-o como aquele profeta predito no Antigo Testamento: “Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti” (Mateus 11:10), Jesus indica que João Batista é aquele profeta citado na profecia de Malaquias 3:1. Depois Jesus fala sobre o reino dos céus sendo tomado por esforço. Já escrevi sobre esse tema, aqui neste estudo (clique para ler). Após toda essa explicação Jesus diz: “Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mateus 11:13). Temos aqui Jesus explicando que João Batista foi o último profeta da aliança do Antigo Testamento, da era antiga, da época imediatamente anterior à vinda do Messias. Evidentemente isso não significa que após João Batista não haveriam mais profetas, mas que os “novos” profetas estariam agora debaixo de uma nova aliança. 


(4) Sendo assim, o período dessa aliança do Antigo Testamento estava chegando ao fim. João Batista finalizando sua missão e o Messias já totalmente atuante no mundo, cumprindo também Sua missão, indicam esse fato. Jesus continua explicando isso, relacionando João Batista com outra profecia de Malaquias 4:5. dizendo o seguinte: “E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir” (Mateus 11:14). João Batista é, então, como profeta de Deus, o sinal indicativo da finalização desse período da antiga aliança. Agora, com Cristo já no mundo, uma nova aliança estava sendo construída naquele momento e, de fato, foi finalizada e colocada em vigor com o sacrifício de Jesus: “porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mateus 26:28).

terça-feira, 23 de março de 2021

Qual o significado de trombeta na Bíblia? É literal ou simbólico?

 

(1) Comecemos a falar sobre a trombeta literal. Era um instrumento de sopro, geralmente feita de chifres de animais: “Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifre de carneiro adiante da arca; no sétimo dia, rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas” (Josué 6:4). Mas também havia trombetas de metal, que tinham um corpo fino e a sua ponta tinha a forma de um sino: “Faze duas trombetas de prata; de obra batida as farás; servir-te-ão para convocares a congregação e para a partida dos arraiais” (Números 10:2). 


(2) No Antigo Testamento as trombetas eram usadas em momentos especiais. Nos dois textos citados acima podemos observar que elas eram, em alguns momentos, de uso restrito dos sacerdotes, para serem tocadas em momentos especiais de partida dos arraiais e em momentos de guerras para convocação da tropa para agir. Mas também eram usadas em momentos especiais de comemoração, com foco na lembrança das bênçãos que Deus deu através da aliança feita com o povo: “Da mesma sorte, no dia da vossa alegria, e nas vossas solenidades, e nos princípios dos vossos meses, também tocareis as vossas trombetas sobre os vossos holocaustos e sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por lembrança perante vosso Deus. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Números 10:10). 



(3) Dessa forma, a trombeta foi um instrumento muito usado em Israel, muito ligado ao culto também: “Assim, todo o Israel fez subir com júbilo a arca da Aliança do SENHOR, ao som de clarins, de trombetas e de címbalos, fazendo ressoar alaúdes e harpas” (1 Crônicas 15:28). Até aqui temos basicamente o uso literal do instrumento de sopro no dia a dia do povo de Deus. Mas o que a trombeta representava simbolicamente? 


(4) Simbolicamente podemos ver a Bíblia citar diversas vezes o “som de trombeta” sendo soado de forma sobrenatural em manifestações de Deus ao povo: “Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:16). Certamente que um som soando de forma sobrenatural chamava muito a atenção das pessoas para algo especial que estava ocorrendo! Além desse toque sobrenatural registrado nas Escrituras, ainda temos que a trombeta era simbolicamente a voz dos profetas do Senhor, que traziam uma mensagem que deveria ser ouvida com muita atenção: “Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados” (Isaías 58:1). 


(5) A trombeta também está muito ligada simbolicamente aos eventos do final dos tempos. Paulo a usou como símbolo do momento em que Jesus voltará: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Tessalonicenses 4:16). Em Apocalipse temos sete anjos, com sete trombetas; e no toque de cada uma delas temos desencadeamentos de eventos de juízo derramados por Deus na terra, que marcam os momentos do fim dos tempos: “Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar” (Apocalipse 8:6). 

Porque não é certo colocar uma arca da aliança na igreja:

 

(1) A arca da aliança, juntamente com sua tampa (propiciatório) era a mais importante peça do mobiliário do tabernáculo. Ela representava a presença viva de Deus no meio do povo e ficava “escondida” atrás do véu, no Santo dos santos, onde somente o sumo sacerdote tinha permissão de entrar uma vez ao ano para levar o sangue do sacrifício para buscar o perdão pelos pecados de todo o povo (Levítico 16). Sendo assim, era uma peça muito representativa no Antigo Testamento, e claramente apontava para Cristo, aquele que fez o véu se rasgar e o acesso à presença de Deus ser totalmente aberto a todos Seus servos (Efésios 2:18). Sendo assim, na nova aliança, não temos mais arca, Jesus é a presença de Deus em nossa vida, acessível, aberta a todos os que creem. 


(2) Tudo isso nos leva a questionar: qual o objetivo de alguém que faz uma reconstrução de uma arca da aliança e a coloca em uma posição de destaque dentro de um templo? Apesar de muitos pensarem em “decoração” ou “lembrança da antiga aliança”, será que de fato isso é algo positivo para a igreja? Ou seja, ter uma arca da aliança dentro do templo é algo que traz alguma edificação? A seguir mostro porque penso que não seja positivo:

(a) Ter uma arca da aliança no templo tira o foco de Cristo. Apresentar para as pessoas um objeto como esse em posição de destaque provoca ao meu ver certa competição de atenção. Mesmo usado como um objeto de decoração, será tão chamativo que, ao meu ver, causará mais confusão do que edificação. Se um pastor quer ensinar sobre a antiga aliança, que faça uma pregação sobre ela, mostrando que ela não mais vigora após Cristo (aquele que instituiu a nova aliança de Seu sangue). Isso é o suficiente.

(b) Muitos crentes ficarão confusos. Nem todos dentro de uma igreja tem maturidade para compreender o significado que a arca tinha no passado e no presente. A presença de um elemento desse dentro do tempo irá causar confusão na mente das pessoas, já que é um elemento que não tem espaço na nova aliança de Cristo. Qual o objetivo de trazer esse tipo de confusão na mente das pessoas? Volto a dizer: Por que o pastor não faz uma pregação, um culto de ensino sobre a antiga aliança, ao invés de colocar tal objeto na igreja?

(c) Isso levará a misticismos reprováveis. Não será difícil que pessoas sejam levadas a misticismos, a considerar aquele objeto como algo “sagrado”, com algum tipo poder. Vi recentemente, inclusive, uma igreja onde a arca da aliança (réplica) era conduzida pelo meio da igreja, com luzes e pessoas tocando nela como se fosse um objeto com “poderes de abençoar”. Não precisamos nem dizer que tais comportamentos estão contrários a Palavra de Deus, certo? Na própria dúvida do leitor vemos que pessoas ficam sua atenção nesse objeto, tocam nele, enfim, um objeto desse dentro de um tempo provoca um desserviço à fé dos fracos!

(d) A cruz de Cristo não é suficiente? Se a igreja quer realmente colocar um símbolo importante em sua decoração, que seja a cruz vazia. Ela é o símbolo da obra realizada por Jesus Cristo! Trocá-la por símbolos do judaísmo, da antiga aliança, sempre me traz uma ideia de que o pastor ou liderança da igreja estão querendo levar o povo a misticismos, “novidades” que são usadas para atrair pessoas, elementos usados para “encher” a igreja. Será que a cruz não é suficiente? Será que a exposição da Bíblia Sagrada não é suficiente?