(1) Primeiro comecemos conhecendo o texto que fala da circuncisão de Timóteo: “Quis Paulo que ele fosse em sua companhia e, por isso, circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares; pois todos sabiam que seu pai era grego” (Atos 16:3). As primeiras informações importantes desse verso é que Timóteo era filho de um casamento misto, entre uma judia (Eunice – 2 Timóteo 1:5) e um pai grego (o nome dele não é mencionado). E isso era de conhecimento geral ali naquele local. Sendo assim, aos olhos dos judeus, ele era filho de um pai grego, portanto, um tipo de “mestiço” que arrancaria desconfianças quando fosse acompanhar Paulo para apresentar Jesus nas sinagogas.
(2) Porém, se Timóteo fosse circuncidado, essas desconfianças seriam afastadas, já que os judeus aceitavam que mestiços, quando convertidos à religião deles, fossem aceitos. E essa aceitação se dava pela circuncisão. Como sua mãe não o circuncidou quando tinha oito dias (como mandava a lei), talvez por negligência dela ou pelo marido grego não permitir isso, Paulo interferiu para resolver essa questão, que seria um problema sério, um entrave na evangelização de judeus.
(3) Todas essas informações nos levam a compreender que Paulo não faz a circuncisão de Timóteo como um princípio religioso e doutrinário, ou seja, apontando que a circuncisão é necessária mesmo após Cristo. Devemos relembrar que pouco tempos antes, o tema da circuncisão já havia sido analisado no concílio de Jerusalém e as ordenanças foram: “mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue” (Atos 15:20). Sendo assim, a circuncisão de Timóteo não foi para uma aprovação da circuncisão como ato ainda necessário na nova aliança. Mas foi por que, então?
(4) O contexto nos aponta para a sabedoria de Paulo. No texto de Atos 16:3 é explicado que ele “circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares. Paulo não queria que esse tipo de questão ganhasse o centro das atenções quando ele fosse evangelizar judeus com seu ajudante Timóteo. O centro deveria ser Jesus! Por isso, melhor seria que Timóteo estivesse com a “marca” que tranquilizava os judeus. Temos uma decisão pontual de Paulo e não uma regra determinada para que a circuncisão fosse aplicada novamente. Veja, por exemplo, que com Tito não houve a mesma aplicação, já que ele era inteiramente gentio, diferente de Timóteo, que tinha uma mãe judia. Tito não foi circuncidado: “Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se” (Gálatas 2:3).
(5) Muitos criticam essa atitude de Paulo por ter circuncidado Timóteo. Mas a julgar pela violência de muitos judeus diante da pregação sobre Jesus Cristo (vemos isso muito fortemente descrito no Novo Testamento), ter mais um problema para agravar a ira deles certamente não era uma boa ideia. Sendo assim, Paulo agiu com sabedoria em meio a situação pontual que estava enfrentando ali, naquele dado momento!
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