Gênesis 1:1-2(a)1. “No princípio, criou Deus os céus e a terra. 2. A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.”
Explicação e Significado de Gênesis 1-2
Gênesis 1:2 apresenta um panorama intrigante e poético do estado inicial da criação antes da intervenção divina. A expressão “sem forma e vazia” (tohu va’vohu) descreve a terra em um estado de caos. Essa descrição não implica que Deus criou o caos, mas sim que Ele agiria para trazer ordem e beleza a partir dessa condição inicial. A menção das “trevas sobre a face do abismo” (tehom) realça a escuridão primordial, representando o vazio antes da manifestação da luz, simbolizando a necessidade de Deus para trazer iluminação à criação.
A figura do “Espírito de Deus se movendo sobre as águas” revela uma presença ativa e transformadora do Espírito Santo, que antecede o ato criativo específico. Isso sugere que o Espírito estava envolvido desde o início, supervisionando e preparando o cenário para a obra criativa de Deus. A água, frequentemente associada à vida, aparece como um elemento primordial pronto para o trabalhar de Deus.
Gênesis 1:2 destaca o papel da Trindade na criação: o Pai como o plano ordenador, o Filho como a Palavra criadora (como será mais tarde revelado em João 1), e o Espírito como o agente transformador. Além disso, esse versículo nos lembra que a criação não é apenas um ato único, mas um processo contínuo de Deus trazendo ordem do caos e vida da escuridão.
Em síntese, Gênesis 1:2 nos convida a contemplar a preparação amorosa de Deus para a grande obra criativa que está prestes a ocorrer, ressaltando a harmonia da ação divina e a profundidade da Sua sabedoria e cuidado.
Significado de cada palavra no original do versículo de Gênesis 1:2
· (ve’ha’aretz) – “E a terra”. Refere-se ao planeta Terra, ao mundo terreno.
· (hayetah) – “Era”. É a forma do verbo “ser” no passado, indicando o estado anterior da terra.
· (tohu) – “Sem forma”. Denota um estado de confusão, vazio e desordem.
· (va’vohu) – “Vazia”. Refere-se a uma condição desprovida de ordem e plenitude.
· (ve’choshech) – “E trevas”. Representa a ausência de luz e iluminação.
· (al-penei) – “Sobre a face”. Indica a superfície ou a extensão de algo.
· (tehom) – “Do abismo”. Refere-se a um abismo profundo, frequentemente associado às águas primordiais.
· (ve’ruach) – “E o Espírito”. Denota o Espírito Santo, a presença divina.
· (Elohim) – “Deus”. Refere-se ao Deus supremo e criador.
· (m’rahafet) – “Movia-se”. Indica um movimento gracioso e ativo.
· (al-penei) – “Sobre a face”. Novamente, indica a superfície ou a extensão de algo.
· (hamayim) – “Das águas”. Refere-se às águas primordiais, simbolizando a potencialidade de vida.
Interpretando as partes chaves do versículo 2 de Gênesis 1
a. “E a terra era sem forma e vazia”
A expressão hebraica (tohu va’vohu) descreve um estado de desordem e caos. Essa descrição inicial apresenta a condição primordial da terra antes do ato criativo de Deus. Ou seja, ela não tinha a forma que tem agora. Isso ressalta que a criação não surgiu de uma substância preexistente, mas de um estado informe. A palavra “tohu” refere-se a algo desabitado e confuso, enquanto “vohu” denota um vazio. Essa imagem sublinha a criação ordenada revelando o poder de Deus em transformar o caos em cosmos.
b. “Havia trevas sobre a face do abismo”
A presença das “trevas” simboliza a ausência de luz e vida. A palavra “abismo”, em hebraico (tehom), evoca uma imagem de profundidade e mistério. Isso indica que a criação estava imersa na escuridão e no desconhecido. A introdução das trevas e do abismo prefigura a obra criativa de Deus, que traz luz e ordem ao caos. Essa descrição também sugere que a criação depende totalmente da ação divina para ser trazida à vida e à harmonia.
c. “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”
A frase “o Espírito de Deus” denota a presença do Espírito Santo, que desempenha um papel ativo na criação. O verbo “se movia”, em hebraico “מְרַחֶ֖פֶת” (m’rahafet), pode ser traduzido como “pairava” ou “agitava-se”, implicando um movimento gracioso e deliberado do Espírito sobre a criação. “Águas”, em hebraico “הַמָּֽיִם” (hamayim), representa o elemento primordial e a potencialidade de vida. A presença do Espírito Santo desde o início aponta para a continuidade da ação divina na obra da criação e na redenção da criação caída.
1. Segundo a Bíblia qual é a idade da terra?
A Bíblia não diz qual é a idade da terra. Não há nenhuma indicação específica sobre a data da criação. A data da criação do mundo tem sido calculada entre 6000 a 4 500 000 000 de anos atrás!
1.1 - O que é a “teoria
da terra jovem”?
A teoria da terra jovem sugere que terra foi criada há cerca de 6000 anos atrás. Essa teoria assume que a terra foi criada literalmente em 6 dias e soma as genealogias de Gênesis 5 e 11, calculando para trás a partir de Abraão.
As teorias sobre a formação natural da terra sem a intervenção de Deus exigem uma idade muito maior da terra. Hoje em dia, os defensores dessas teorias dizem que a terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos.
Entre esses dois extremos existem muitas teorias que procuram reconciliar as evidências bíblicas e científicas. As provas são todas duvidáveis, tanto dos ateus como dos religiosos, e dependem muito da forma como as interpretamos.
1.2 - Como calcular a idade da terra a partir da Bíblia?
Chegar a uma data para a criação na Bíblia depende:
a) Da interpretação – algumas pessoas leem a história de Gênesis 1 como literal, por isso creem que a criação levou 6 dias. Outras pensam que é uma metáfora, então pode ter durado mais tempo.
b) Da noção de dia – na Bíblia a palavra “dia” nem sempre representa 24 horas. Às vezes representa eras de tempo indefinido. Dependendo de como interpretamos os 6 dias da criação, pode ter levado uma semana ou muitos anos.
c) Das genealogias – as listas dos descendentes de Adão e Noé têm exatamente 10 gerações cada. Isso provavelmente indica que as genealogias estão incompletas, só registrando as pessoas mais importantes. A lista poderá ser mais extensa, sendo a terra muito mais antiga que 6000 anos.
1.3 - Como calcular a idade da terra cientificamente?
Algumas formas científicas para descobrir a idade da terra são:
a) Datação radiométrica – os cientistas calculam a idade de rochas a partir do nível de degradação dos seus átomos. A idade das rochas mais antigas foi calculada em vários milhões de anos. No entanto, essa técnica não leva em conta a possibilidade de a degradação ocorrer a velocidades diferentes em tempos diferentes e alguns cálculos provaram estar errados.
b) Camadas rochosas – os geólogos calculam a idade da terra de acordo com o tempo que teria levado para criar diferentes camadas rochosas. Tem os mesmos problemas que a datação radiométrica.
c) Cálculos de evolução – os evolucionistas calculam o tempo que teria levado para animais microscópicos evoluírem até chegar à diversidade que temos hoje. Isso supõe que a teoria da evolução está certa, embora ainda falte muita evidência.
Nem a Bíblia nem a ciência podem nos dar a idade exata da terra. Mas o mais importante do relato de Gênesis é que foi Deus que criou tudo, com um propósito. Nós não somos só fruto do acaso, fazemos parte do grande plano de Deus. Ele nos ama e criou o mundo para ser um lugar bom.
2. Deus criou o mundo em sete dias?
A Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo dia. Existe muito debate sobre se esses dias eram dias literais de 24 horas ou se eram períodos de tempo indefinido. Mesmo havendo teorias diferentes, o mais importante é que Deus é o Criador do mundo.
Segundo o relato de Gênesis 1, no princípio Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, mas havia água. Então, durante seis dias Deus criou:
- A luz
- O céu
- Terra seca e vegetação
- Corpos celestes (sol, lua, estrelas)
- Animais aquáticos e aves
- Animais terrestres e o ser humano
No sétimo dia Deus descansou. Deus abençoou o sétimo dia e o instituiu como dia de descanso (Gênesis 2:2-3).
2.1 - Sete dias ou milhões de anos?
Baseado em estudos científicos, muitos hoje afirmam que o universo foi criado ao longo de milhões de anos, não em sete dias. Os cristãos têm várias teorias, entre as quais:
2.2 - Seis dias literais
Deus criou o mundo em exatamente seis dias de 24 horas. Essa é a interpretação mais literal do relato de Gênesis. Quem apoia essa teoria aponta que os estudos científicos são muito especulativos que não podem ser comprovados categoricamente (o que é verdade). Deus pode ter criado a terra em seis dias mas com aparência de muito mais idade.
2.3 - Seis épocas de
tempo
Os “dias” da criação representam grandes épocas de tempo. Essa é a sugestão de quem tem alguma confiança nos estudos científicos sobre a criação do universo. Deus tem uma noção de tempo diferente da nossa (2 Pedro 3:8) e a palavra “dia” em hebraico pode ter vários significados, incluindo uma época de tempo indefinido. Deus pode ter usado os processos e as leis naturais para criar o mundo em seis eras.
2.4 - Linguagem
figurativa
O relato da criação é uma narrativa simbólica, não histórica. Essa é a visão de quem vê a história da criação mais como uma alegoria, não para ser levada ao pé da letra. O objetivo principal dessa história pode ser explicar algumas verdades fundamentais (Deus criou tudo e é o único Deus verdadeiro) de uma forma que as pessoas compreendem, sem preocupação com rigor histórico ou científico.
3. A Teoria do Intervalo
A partir deste momento, as portas do chamado “concordismo” estavam abertas para que teólogos cristãos liberais se sentissem motivados em fazer concessões para reinterpretar e ajustar assim prováveis eras geológicas de milhões de anos da Terra aos seis dias de Gênesis, com seríssimas consequências à fé cristã. Desta forma, algumas teorias tem sido apresentadas com o intuito de compatibilizar a suposta antiguidade da Terra com o texto da Criação em Gênesis 1.
Por exemplo, a Teoria do Intervalo (“Gap Theory” - Teoria da Lacuna ou Hiato) foi elaborada em 1876 pelo evangélico George H. Pember (1837-1910) e divulgada através de seu livro “Earth’s Earliest Ages” (As Eras Mais Primitivas da Terra) com esse intuito. De acordo com essa teoria, houve um lapso gigantesco e indefinido tempo (talvez bilhões ou trilhões de anos–pasme!) entre o verso 1 e o verso 2 do primeiro capítulo de Gênesis. Desta forma, Deus teria criado um mundo pré-adâmico numa Terra primitiva e perfeitamente funcional no verso 1 (“No princípio criou Deus os céus e a terra.”) antes dos seis dias da criação, abrigando as formas de vida vegetal e animal. A teoria do intervalo sugere também que o verso 2 (“E a terra ERA sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; ...”) deve ser traduzido como “E a Terra TORNOU-SE sem forma e vazia; ...” devido à queda de Satanás que ocorrera em algum momento neste suposto intervalo entre Gn 1:1 e Gn 1:2, que transformou a Terra criada perfeita em um caos de total destruição quando submetida a uma espécie de “Dilúvio de Lúcifer”. Ou seja, um juízo teria se abatido sobre a Terra primitiva tornando-a sem forma e vazia. Depois disso, Deus teria reconstituído em seis dias literais a Criação devastada da suposta Terra primitiva transformando-a num paraíso, recriando todas as formas de vida que agora conhecemos. Essa teoria, bastante aceita por grande parte do mundo cristão e popularizada nas notas explicativas de rodapé da bíblia de referência Scofield a partir de 1917, recolocou os fósseis nesta criação século’ primitiva para assim evitar o alegado conflito entre a ciência e o relato de Gênesis.
Conclusão
Ninguém sabe se alguma dessas teorias é certa, porque ninguém viu a criação do mundo. Todas têm alguns argumentos fortes e alguns argumentos fracos. Mas podemos ter a certeza de uma coisa: Deus tem poder para fazer o que quer (Lucas 1:37).
Deus pode ter criado o mundo em sete dias, sete milhões de anos ou até sete segundos! Ele pode ter trabalhado mais ou menos lentamente. Ninguém sabe. Mas não importa o método. Mesmo com o conhecimento científico que temos hoje temos de admitir que foi necessário haver muitos milagres para o mundo surgir. De uma forma ou de outra, Deus criou o mundo. Se acreditarmos nisso, não negamos a Bíblia.
Por – Marco Antônio Lana (Teólogo Bíblico)
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