sábado, 27 de fevereiro de 2021

O que significa Deus ser o “Pai das luzes” em Tiago 1:17?




(1) No presente contexto Tiago está ensinando que Deus não tenta ninguém (Tiago 1:13). Ele demonstra claramente que a tentação que seus leitores enfrentavam vinha do exercício da cobiça interna, de sua própria carnalidade que era alimentada e de onde nascia o pecado. Se Deus a ninguém tenta, então, o que Deus faz? Como Ele age para com as pessoas? Tiago responde essa questão nos versos seguintes. 


(2) Tiago explica que Deus não é a fonte da tentação, mas sim a fonte de todo bem, por isso, associá-lo à tentação era algo errado: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). Nesse verso observamos como Tiago situa Deus como a fonte de onde brota todo tipo de bênção e coisas boas, e coloca aqui a expressão que é objetivo de nossa análise (Pai das luzes). Iremos agora analisá-la.


(3) Nesse texto a palavra Pai é “pater” no grego. Aqui tem a ideia de alguém que gerou, criou algo. Luzes é “phos”, que significa luz no grego. O significado mais provável é que Tiago está querendo mostrar a atividade de Deus como o criador dos corpos celestes (Sol, lua, estrelas, etc), daí termos um plural no texto (Luzes). Mas qual seria a mensagem que Tiago está querendo transmitir com essa expressão aplicada a Deus? 


(4) A ideia central do texto possivelmente seja de que assim como os luminares, criados por Deus, funcionam com perfeição, realizando todo o propósito destinado por Deus a eles, da mesma forma, o fato de Deus ser imutável é também uma verdade inquestionável. Não existem oscilações em Deus. Os luminares criados pelo Senhor estão sujeitos a oscilações dentro do propósito para o qual foram criados. Por exemplo, existem fases da lua, eclipses, luz e sombra. No entanto, quando falamos de Deus não existem tais oscilações. Deus é todo bem e bênção em todos os seus propósitos.


(5) Isso tudo dentro desse contexto é uma analogia usada por Tiago para tranquilizar seus leitores de que Deus não iria mudar e trazer tentações sobre suas vidas para fazer com que eles pecassem para assim castigá-los. Deus não age assim. Deus não irá mudar os bons propósitos que têm para a vida de Seus servos. Ele cumprirá plenamente todas as Suas promessas até o fim. Essa é a certeza que o Pai das luzes, o criador de todas as coisas, dá aos Seus servos de forma plena! Ao contrário disso, Deus traz de si toda boa dádiva e todo tipo de dom para abençoar Seus servos. Os leitores originais de Tiago tinham que ter isso em mente. Quando olhassem para o céu e vissem os luminares, entenderiam que o Pai das Luzes, criador de toda aquela imensidão e grandeza, estava ao lado deles e não contra eles para tenta-los. O tentador era o inimigo, o diabo, e não Deus!

O que significa beijai o filho para que não se irrite no Salmos 2?

 


(1) O ponto central do texto é a união de poderes da terra contra Deus e Seu Ungido (Messias): “Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:” (Salmos 2:2). Eles desejam “se libertar” do poder de Deus, como se isso fosse possível! Desejam fazer o que querem, ir contra a vontade do Senhor (Salmos 2:3). Mas a reação de Deus é incrível diante deles: “Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles” (Salmos 2:4). Somente loucos poderiam achar que podem ir contra o poder do Senhor todo poderoso! 




(2) Deus reafirma Seu juízo sobre o mundo, esse juízo irá chegar e cairá sobre a terra, sobre os maus (Salmos 2:5). Na sequência, Deus informa que está colocando Seu Rei para reinar. Ele realizará Seus decretos, Ele é Seu Filho, Seu Ungido e regerá com a força do Senhor (Salmos 2:7-9). Agora temos a parte que mais interessa para a resposta à nossa pergunta: 


(3) Deus passa a dar conselhos aos maus, aos governantes que pensam que podem fazer algo à parte de Deus: “Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra” (Salmos 2:10). Deus oferece uma oportunidade de mudança a eles, para que voltem à sabedoria, pois seus comportamentos atuais só trarão ira e condenação. Dentro desses aconselhamentos, Ele continua: “Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor” (Salmos 2:11). Observe como, de fato, Deus não tem prazer em condenar ninguém, antes, deseja ver a transformação dos ímpios! Da distância para uma proximidade sincera com o Senhor! Eles podem tomar essa decisão! Mas eles querem? 


(4) Agora, o conselho final se volta a como eles tratam o Ungido do Senhor, o filho de Deus que reina: “Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (Salmos  2:12). Como vimos, o filho é o Rei (Ungido) empossado pelo Senhor Deus. Ele reina! Governa! Quando diz “beijai” está se referindo ao costume antigo de beijar pés e mãos dos reis como forma de mostrar reverência, uma prestação de homenagem, de respeito ao rei. Um rei (humano) maltratado e irritado certamente não era bom para ninguém, já que o rei tem poder de matar e salvar! Imagine o Rei dos reis, que é justo em todos os seus feitos! Evidentemente que trará bênção somente àqueles que O reconhecem e obedecem! Mas aos que não o reconhecem, diz Deus, que dentro de um tempo, a Sua ira se inflamará, será derramada sobre aqueles que O rejeitaram !

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O cuidado que devemos ter com a palavra “TODOS” e “TODAS” na Bíblia

 



(1) Observe esta praga levantada por Deus no Egito: “E o SENHOR o fez no dia seguinte, e todo o rebanho dos egípcios morreu; porém, do rebanho dos israelitas, não morreu nem um” (Êxodo 9:6). Em uma leitura preliminar podemos achar que 100% dos rebanhos egípcios morreram nesta quinta praga, que foi a peste nos animais. Porém, na sétima praga, que é a chuva de pedras, diz o texto: “Agora, pois, manda recolher o teu gado e tudo o que tens no campo; todo homem e animal que se acharem no campo e não se recolherem a casa, em caindo sobre eles a chuva de pedras, morrerão” (Êxodo 9:19). Que gado seria esse, se “todo rebanho” morreu na quinta praga? A resposta está no uso da palavra “todo” no texto!  


(2) No texto de Êxodo que estamos analisando, todo o rebanho se refere ao rebanho que estava no campo (Êxodo 9:3). Ou seja, a praga atingiu 100% do rebanho que estava no campo e não 100% de todos os animais dos egípcios! Por isso, é muito importante examinar o contexto quando temos a palavra “todo” presente. Esse caso aqui é similar ao caso da festa para “todo mundo” que falamos na introdução. Vamos ver mais um exemplo? 


(3) A palavra todo, em muitas ocasiões, significa também “grande quantidade”, “grande número” de alguma coisa. Veja este salmo: “Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo” (Salmos 116:18). Seria possível o salmista cumprir seu voto diante de 100% de todo o povo de Deus? Certamente que não! Temos aqui a palavra sendo usada para indicar que o salmista cumprirá os votos de forma pública, na presença de uma grande quantidade de pessoas do povo de Deus.(2) No texto de Êxodo que estamos analisando, todo o rebanho se refere ao rebanho que estava no campo (Êxodo 9:3). Ou seja, a praga atingiu 100% do rebanho que estava no campo e não 100% de todos os animais dos egípcios! Por isso, é muito importante examinar o contexto quando temos a palavra “todo” presente. Esse caso aqui é similar ao caso da festa para “todo mundo” que falamos na introdução. Vamos ver mais um exemplo? 


(4) Vejamos agora um exemplo no Novo Testamento: “Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte” (Mateus 26:59). Todos os integrantes do Sinédrio estavam contra Jesus? Sabemos que não. Por exemplo, Nicodemos foi um que quis conversar com Cristo e depois contribuiu com especiarias para o embalsamamento do corpo de Jesus (Jo 19.39-42). Temos também José de Arimateia, que era membro do Sinédrio e cedeu seu túmulo para o sepultamento de Jesus (Mt 27.57-60). Logo, não era 100% do Sinédrio contra Jesus. Isso nos indica que a palavra “todo” aqui também traz a ideia de maioria, da maior parte, e não a ideia de totalidade, de 100%. 


(5) Sendo assim, é sempre importante que o estudante analise muito bem o contexto para que havendo a palavra “todo” ou “toda” ali, faça-se uma análise bem criteriosa para compreensão se ela está se referindo, de fato, a 100% de algo ou se aponta para os casos que analisamos acima, de maioria, de maior parte, de grande quantidade, ou de uma parte total de uma parte menor de algo (como no caso do exemplo de parte do gado dos egípcios que ficou no campo). 


Qual é o significado da parábola do joio e do trigo?

 



 

A parábola do joio e do trigo é uma explicação da paciência e da justiça de Deus. O joio representa os filhos do diabo e o trigo os filhos de Deus. No Juízo Final, Deus separará os salvos dos condenados mas, até lá, ambos crescem juntos no mesmo mundo.

 

Jesus contou a parábola do joio e do trigo para nos ajudar a entender a justiça de Deus. Na parábola, um homem plantou trigo em seu campo mas, de noite, seu inimigo plantou joio na plantação. Quando as espigas brotaram, os servos viram que crescia joio entre o trigo (Mateus 13:24-26).

 

Os trabalhadores queriam arrancar logo o joio, para não prejudicar o crescimento do trigo mas o dono disse para esperarem pela colheita (Mateus 13:28-30). Nessa altura, o joio seria colhido e lançado no fogo, mas o trigo seria guardado no celeiro.

 

O que é joio?

Joio é uma planta que se parece muito com o trigo quando brota. Mas, enquanto a semente do trigo serve para fazer farinha para produzir pão, a semente do joio não é boa para comer. Em meio a um campo de trigo, o joio é uma erva daninha.

 

Seria natural querer tirar o joio do meio do trigo, porque era um empecilho para o crescimento do trigo. O joio roubaria espaço e alimento ao trigo. Mas, antes de amadurecer, o joio é muito difícil de distinguir do trigo. Ainda por cima, suas raízes e seus ramos se misturariam com o trigo. Por isso, seria muito difícil arrancar o joio sem arrancar algum do trigo.

 

 

O joio e o trigo amadurecem mais ou menos na mesma época e, nessa altura, se tornam distintas. Suas espigas crescem de forma diferente. Então, o joio pode ser arrancado com segurança, porque o trigo também está pronto para a ceifa.

 

O significado da parábola

Jesus explicou o significado da parábola do joio e do trigo. Ele contou que o semeador é ele próprio, que planta a boa semente, que cresce nos filhos do Reino. O inimigo é o diabo e o joio são os filhos dele. O campo onde os dois foram semeados é o mundo (Mateus 13:37-39).

 

Durante esta vida, todos vivem e crescem juntos. Viver como cristão não significa se separar do resto do mundo. Isso nem sequer é possível! O joio se espalha em todos os lugares, até dentro da igreja, e por vezes consegue ser confundido com trigo. Mas o cristão verdadeiro tem uma natureza diferente, em Jesus.

 

Deus é paciente conosco. Ele não destrói todos os injustos logo, para não destruir os justos junto com eles. Ele espera pela hora certa, quando Seus filhos estarão prontos para a eternidade.

 

No fim dos tempos se verá quem é trigo e quem é joio (Mateus 13:40-42). Deus trará todos a julgamento e as pessoas dedicadas ao pecado serão castigadas, junto com o diabo. Mas os filhos de Deus viverão com ele para sempre, em glória! - Mateus 13:43

O que significa "Habitar no esconderijo do Altíssimo e descansar à sombra do Onipotente?"

 


(1) O verso completo está assim na Bíblia: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente” (Salmos 91:1). Chama a atenção que logo de início o salmista está falando de alguém, de uma pessoa: “o que habita…”. Essa pessoa é mencionada inicialmente realizando duas ações: ele é o que “habita” e o que “descansa”. Ações importantes com relação a Deus. Habitar e descansar são duas coisas conhecidas de todos nós. Todos nós “moramos” em algum lugar. Temos o nosso cantinho, um lugar onde nos sentimos seguros. Neste lugar passamos algum tempo descansando, nos recompondo das lutas da vida. 




(2) O Salmo 91 explica que essa pessoa habita no “esconderijo do altíssimo”. Esconderijo tem aqui uma ideia de um “local secreto”. Além de ser um local secreto, o que já tem em si uma ideia de segurança, proteção de inimigos, também é associado ao “altíssimo”. Sendo assim, essa primeira figura aponta para uma pessoa que tem em Deus a sua proteção. Ela vai em direção Dele (sempre), frequentemente vive em Sua presença poderosa, onde consegue encontrar proteção contra os inimigos e duras lutas da vida. Essa pessoa goza da proteção do Senhor, pois é íntima Dele! Ela é recebida no “esconderijo”, pois Deus a conhece e a chama pelo nome! 


(3) Na sequência o salmista fala de descanso. A ideia da palavra descansar aqui é repousar, dar uma parada, hospedar-se. É quando se cessam as atividades para a recuperação. Sombra aqui nos lembra aqueles lugares de onde se protege dos raios solares para recobrar as forças. Quem projeta essa sombra é o *onipotente* (aquele que pode todas as coisas). Aqui temos ideia de proximidade com Deus e confiança em Seu poder. O salmista fica tão próximo do Senhor que goza de Sua sombra protetora! O Deus que pode todas as coisas têm uma “sombra” onde podemos nos refugiar e é um local tão bom que nos permite relaxar ao ponto de descansar! Existem locais que nos causam tensões, mas à sombra do Senhor descansamos de verdade! Mais uma vez temos aqui a questão da intimidade em foco! Não é qualquer um que pode de fato descansar na presença de Deus, apenas o que tem intimidade verdadeira com Ele! 


(4) O início desse salmo, portanto, fala de proximidade com o Criador! Somente poderá gozar das mais grandiosas bênçãos aquele que está próximo do Pai, muito perto Dele. Está falando de alguém que tem intimidade. Não está falando daqueles que enxergam Deus como um “gênio da lâmpada”, que só querem bênçãos, mas não o Deus das bênçãos! Fala de alguém que o ama de verdade, de coração, alguém que habita perto Dele e é aceito, pois o ama de coração. Alguém que pode descansar à sombra Dele, pois não é inimigo, mas filho!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O que significa graça e paz?

 


(1) A menção repetitiva da expressão graça e paz nas diversas cartas bíblicas indicam que essa expressão ganhou na igreja primitiva (e posteriormente) um uso como um tipo de saudação. Seria algo parecido com o que usamos aqui em nosso país em muitas regiões, quando, por exemplo, logo cedo se diz “bom dia” como uma forma de saudar a pessoa e desejar-lhe algo positivo. Graça e paz é usada na Bíblia com esse sentido de saudação: graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 1:3). Mas qual o conteúdo dessa saudação, o que ela expressa, qual o desejo que era repassado a quem a recebia?


(2) Para entender o significado do conteúdo da saudação precisamos analisar cada uma das palavras em separado. Graça é a palavra grega “charis”. No vocabulário cristão trata-se de todo bem e amor derramado por Deus em nosso favor através de Cristo, sem que fossemos merecedores. Portanto, é uma grande lembrança da grandeza do amor de Deus pelas pessoas. Nas cartas expressa um desejo do escritor de que esse favor de Deus fosse derramado grandemente sobre os leitores.


(3) Os escritores acompanhavam essa “graça” de Deus com a “paz” de Deus. A palavra paz no grego é “eirene”. Certamente sua menção pelos escritores bíblicos tem influência judica. Os judeus tinha o costume de desejar “shalom”, que é uma palavra hebraica que significa “paz” e que invoca a ideia não apenas da ausência de guerras, mas de prosperidade, boa saúde e sucesso vindos do Senhor sobre o servo de Deus, sobre o povo do Senhor.


(4) Certamente os escritores bíblicos ao juntar a expressão “graça” com “paz” criaram uma saudação para suas cartas que representavam todo o desejo que tinham de ver a abundante e amorosa bênção de Deus ser derramada na vida daqueles para quem escreviam. É uma expressão de grande carinho, uma saudação profunda que visava demonstrar o grande apreço dos escritores para com aqueles a quem escreviam.


(5) Dessa forma, com o tempo, a expressão graça e paz ganhou um uso de saudação especial também em muitas igrejas antigas e de nossos tempos. Tornou-se comum saudar os irmãos em Cristo com a graça e a paz do Senhor. Evidentemente que o uso muito cotidiano dessa expressão acaba por fazer as pessoas não se darem conta da profundidade do que estão falando, por isso, é sempre bom relembrar o significado bíblico da expressão como estamos fazendo aqui, a fim de usarmos essa expressão com todo o amor e profundidade que ela carrega e não apenas de forma cotidiana “mecanizada”.

Quantos Jesus temos na Bíblia? Os quatro Jesus mencionados

 



(1) JESUS, O CRISTO, O SALVADOR

Esse primeiro Jesus é aquele que mais conhecemos: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mateus 1:1). É muito comum ele ser chamado, junto ao seu nome, de Cristo. Cristo não é um sobrenome, é um título. Significa “ungido” em grego. É uma relação direta com a palavra “mashiyach” em hebraico, em português dizemos “messias”. Também significa ungido. Aponta para o fato Dele ser O messias prometido no Antigo Testamento. Esse, portanto, é o Jesus mais importante e mais mencionado nos textos bíblicos.


(2) JESUS BARRABÁS, O LADRÃO

Esse famoso personagem foi aquele ladrão, um revolucionário que estava preso na ocasião que Jesus Cristo foi preso. Ele foi solto quando Pilatos lavou as mãos e a população escolheu soltar Jesus Barrabás e condenar Jesus Cristo: “Então, quando a multidão se reuniu, Pilatos perguntou: —Quem é que vocês querem que eu solte: Jesus Barrabás ou este Jesus, que é chamado de Messias?” (Mateus 27:17 – NTLH). Note que “Jesus Barrabás” não aparece em todas as traduções. Grande parte delas coloca apenas “Barrabás”. Porém, muitos teólogos apontam que a evidência textual é que seriam ali dois “Jesus” sendo julgados. Isso seria explicado pelo fato de Pilatos usar um segundo nome para identificá-los “Barrabás e Cristo” pelo qual seriam facilmente diferenciados.


(3) JESUS, O JUSTO

Temos ainda uma menção do apóstolo Paulo de um Jesus, que era um cristão judeu (da circuncisão) que cooperou com ele no ministério e foi citado em Colossenses 4:11: “e Jesus, conhecido por Justo, os quais são os únicos da circuncisão que cooperam pessoalmente comigo pelo reino de Deus. Eles têm sido o meu lenitivo”. A diferenciação que Paulo faz, mencionando que ele era conhecido por “Justo” ajuda o leitor a não confundir com Jesus, o Cristo. Assim fica evidente que era uma pessoa “comum” que tinha essa nome.


(4) JESUS (JOSUÉ) LÍDER APÓS A MORTE DE MOISÉS

Poucos sabem que o nome Josué que aparece no A.T  (em hebraico) é equivalente ao nome Jesus (em grego). Ou seja, Josué e Jesus são o mesmo nome, mas em línguas diferentes. Sendo assim, temos esse grande líder do povo de Israel que assumiu após a morte de Moisés: “O qual também nossos pais, com Josué, tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou da presença deles, até aos dias de Davi” (Atos 7:45). Nesse texto, onde o tradutor em português traduziu “Josué” está a palavra grega “Iesous”, ou seja, Jesus. Na tradução em português se usa “Josué”, pois o contexto mostra que em Atos está se referindo ao Josué, sucessor de Moisés, aquele cuja história consta no Antigo Testamento.

O que significa primeiro Adão e último Adão?

 


(1) O capítulo 15 de 1ª Coríntios é um capítulo todo dedicado por Paulo para explicar como a vitória de Cristo sobre a morte teve impactos em nossa vida e quais impactos ela ainda exercerá no final dos tempos, ou seja, após a nossa morte e também na segunda vinda de Cristo. Dentro desse contexto que chamamos escatológico (referente as últimas coisas, o fim dos tempos) Paulo está explicando aos seus leitores que haveremos de ter um novo corpo. Um corpo transformado para poder adentrar ao reino de Deus de forma plena. O nosso corpo atual, corrupto (que morre), não pode estar plenamente no reino de Deus, por isso, haverá uma transformação dele, assim como Cristo teve Seu corpo glorificado: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória” (1 Coríntios 15:42). 




(2) Para explicar e dar embasamento ao que está dizendo Paulo recorre ainda a outra explicação: “Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45). Paulo faz aqui uma citação do texto de Gênesis 2:7, que narra a criação do homem do pó da terra e Deus soprando em suas narinas o fôlego de vida, fazendo o homem ser uma “alma vivente”: “Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7). Além de citar o primeiro homem criado, ganhando vida, o apóstolo Paulo cria uma ligação de Cristo com esse primeiro homem: 


(3) Cristo e Adão tem uma íntima ligação. Assim como Adão, Cristo também não teve um pai humano quando se encarnou. Ou seja, Cristo e Adão tem uma característica única, que só os dois tiveram. Adão, porém, falhou em sua missão. Cristo era único que poderia cumprir plenamente a missão que Deus lhe confiou de ser obediente até a morte. Não haveria um “terceiro” Adão disponível. Por isso, Cristo é o último Adão, ou seja, aquele que plenamente cumpriu a vontade de Deus, que foi obediente até a morte, que cumpriu plenamente a vontade do Pai. Podemos pensar que Paulo tinha em mente que se o último Adão (Cristo) falhasse não haveria outro, não haveria mais esperança. Mas Ele não falhou! Esse é o grande foco desse trecho da fala de Paulo. 


(4) Tudo isso nos leva, então, a entender como Paulo nos relaciona com Cristo. Assim como Adão nos deu a herança do pecado, agora Cristo, o último Adão, nos deu a herança da salvação, a herança de vencermos a morte como Ele mesmo venceu: “E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (1 Coríntios 15:49). Isso nos mostra a grandeza de Cristo, a grandeza de Sua obra, que superou a condenação do pecado, que superou a derrota humana que veio a partir do primeiro Adão. Ele, como último Adão, abriu o caminho que estava fechado para nós por causa do pecado! Nos deu vida, dai ser chamado de “espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45), ou seja, a vida plena e transformadora que vem de Deus para nós através de Jesus! No primeiro Adão a morte veio. No último Adão (Cristo) a vida plena veio!

O que significa as pedras clamarão?

 

(1) Nesse contexto, Jesus estava entrando em Jerusalém montado em um jumentinho (Lucas 19:35). A multidão de discípulos que acompanhava essa entrada triunfal de Jesus começa, então, a cantar o Salmos 118, de forma jubilosa: “dizendo: Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lucas 19:38). Evidentemente que os fariseus não gostaram nada disso, pois Jesus estava sendo considerado pela multidão como o bendito rei que vem em nome do Senhor. Onde isso daria? Certamente os fariseus temeram essa popularidade de Jesus e problemas com Roma. Mas o que fazer diante disso sem causar maiores problemas?



(2) Os fariseus tiveram alguma certeza de que se pedissem a Jesus Ele calaria a multidão, por isso, se direcionam a Ele: “Ora, alguns dos fariseus lhe disseram em meio à multidão: Mestre, repreende os teus discípulos!” (Lucas 19:39). Por que os fariseus queriam que Jesus repreendesse os discípulos? Evidentemente viam como heresia esse louvor citado diante de Jesus. No entanto, a resposta de Jesus os surpreende de forma muito forte: “Mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão” (Lucas 19:40). 


(3) O pano de fundo dessa frase de Jesus é que a Sua soberania, o fato Dele ser o Rei dos Salmos 118 deveria ser reconhecido! Claro que Ele não era o rei político que muitos queriam, e nem iria implementar um reinado que tiraria Roma do poder político, como alguns esperavam, antes, o reino de Deus estava em foco, o plano de Deus de trazer a salvação, de primeiro moer o Messias numa cruz e depois exaltá-Lo sobre todo nome! Ele, de fato, é o Rei dos reis! Em outras palavras, os discípulos estavam certos, não cometeram qualquer pecado em reconhecê-Lo assim. E naquele momento Jesus julgou correto receber tais louvores e isso não seria freado por Ele! 


(4) As próprias pedras clamarão parece ser um ditado popular usado por Jesus, algum provérbio conhecido da época para expressar uma realidade de forma clara e direta. Veja um uso semelhante em Habacuque 2:11. As próprias pedras clamarão aponta que o reconhecimento a quem Jesus era viria de qualquer forma, não poderia ser contido. A voz de Deus seria ouvida, ainda que tentassem abafá-la! Deus mostraria Sua glória e Seu poder de qualquer jeito e seria reconhecido por isso! Isso porque toda glória pertence ao Senhor! Essa também parece ser uma crítica aos fariseus! Eles eram mais frios espiritualmente do que pedras jogadas pelo caminho! Elas poderiam reconhecer a grandeza do Messias, mas eles o rejeitaram, o que mostra o tamanho do desvio deles, da dureza de seus corações!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Deus escolhe uma pessoa certa para cada pessoa casar?

 


(1) A primeira consideração que desejo fazer tem a ver com a soberania de Deus e Sua onisciência. Isso significa que a Bíblia afirma que Deus tem todo poder e que sabe de todas as coisas. Então, os nossos dias (e ações) estão diante dos olhos Dele totalmente descobertos. Nossas escolhas não O surpreendem de forma alguma. Mas isso significa, então, que Ele escolhe uma pessoa certa para cada um casar? Não necessariamente. Explicarei porquê. 


(2) Em primeiro lugar sabemos que não existe uma quantidade igual de homens e mulheres no mundo, o que indica que não existe, por exemplo, uma mulher para cada homem casar e vice-versa. Ou seja, existe uma quantidade limitada de pessoas que irão se casar. Outros ficarão solteiros. Outros darão vazão ao seu pecado e desejarão se unir a pessoas do mesmo sexo. Outros, ainda, também dando vazão ao pecado, irão ter vários parceiros. Considerando tudo isso, verificamos que não existe um “alguém” para cada pessoa do mundo. Matematicamente isso fica bem claro. Mas como alguém acha uma pessoa para casar, então? Deus não dirige essa área de nossas vidas? 



(3) Deus dirige todas as coisas, porém, existem coisas que Deus quer dirigir através de orientações de nossas escolhas. Por exemplo, quando Abraão quis buscar uma esposa para Isaque, ele orientou o servo incumbido da missão: “mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para Isaque, meu filho” (Gênesis 24:4). Existiam muitas moças ali que poderiam se casar com Isaque, mas por que nenhuma delas serviu? Simples: porque existiam qualidades em que a moça deveria se enquadrar. Nesse caso, ser da mesma parentela significava servir ao mesmo Deus, significava não se misturar com povos idólatras, o que traria problemas grandes ao casamento. Essas eram qualidades que Abraão queria que a esposa de seu filho tivesse. Quando Esaú, irmão de Jacó, tomou mulheres de povos pagãos para provocar os pais, veja o que causou para a família: “Ambas se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca” (Gênesis 26:35). Ao mesmo tempo, observamos que Abraão e o servo criam que Deus estaria ajudando nessa missão, guiando essa jornada (Gênesis 24:27). Temos, então, um tipo de cooperação em foco aqui! 


(4) Tudo isso nos leva a pensar que Deus nos deu em Sua Palavra elementos que nos ajudam a escolher uma pessoa para formar uma família. São qualidades que devemos observar. Entre multidões de pessoas com as quais cruzamos todos os dias, aquele que deseja namorar e casar, deverá observar as melhores qualidades e também trazer em si as boas qualidades para oferecer ao outro. Isso irá gerar famílias boas e fortes (não perfeitas). Ao mesmo tempo, deve-se confiar que o Senhor ajudará o servo fiel a encontrar essa pessoa. Penso que seja uma ação de cooperação mútua! Alguns, por exemplo, ignoram as qualidades que Deus propõe que haja em um parceiro e não fazem as melhores escolhas! Outros, até buscam certas qualidades, mas excluem Deus dessa jornada. Em ambos os casos a escolha tem grandes chances de ser prejudicada! 


(5) Por isso, cabe a cada um analisar a pessoa pela qual tem interesse (fazer a sua parte). Se ela obedecer aos bons critérios que encontramos na palavra de Deus, certamente será um bom parceiro. Caso contrário, terá um casamento difícil e complexo. 


(6) Por fim, como alguém já casado há um bom tempo, posso dizer que algo muito positivo (e importante) é participar Deus da sua escolha, da sua busca, através da oração, através da análise sincera sobre que tipo de pessoa você busca para sua vida. Creio que apesar de vermos que Deus não fez de forma exata uma pessoa para cada um se casar, Deus nos indica entre os melhores de Seus servos pessoas que nos farão bem. Ele certamente trabalha em nosso favor nessa área, não está alheio, mas atuante para nos ajudar a fazer as melhores escolhas nesta que é uma das áreas principais da vida de uma pessoa.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Existe maldição hereditária na Bíblia?

 





Sim, na Bíblia existe maldição hereditária, que acontece quando pais e filhos pecam. O pecado traz maldição. No entanto, nem todo problema é resultado de maldição hereditária. Jesus veio para nos libertar da maldição do pecado.

 

O que é uma maldição hereditária?


Uma maldição hereditária é um problema que surge por causa de pecado na família.

 

Herdamos várias caraterísticas de nossos pais e avós: a cor do cabelo, o tamanho do nariz, inteligência ou talentos... Da mesma forma, podemos herdar algumas influências espirituais. Mas essas caraterísticas físicas, psicológicas e espirituais não definem tudo que fazemos. Cada pessoa é responsável por suas ações.

 

Fomos afetados pela maldição hereditária de Adão, que gerou uma tendência em todos nós para pecar (Romanos 5:12). De maneira semelhante, uma pessoa que comete certo pecado sistematicamente poderá passar aos descendentes uma tendência para cometer esse tipo de pecado. A Bíblia diz que entre aqueles que rejeitam a Deus, os pecados podem afetar três ou quatro gerações (Números 14:18).

 

Outra forma que o pecado dos pais pode afetar os filhos é através das consequências do pecado. Por exemplo, um homem que perde muito dinheiro em apostas poderá deixar os filhos em uma situação grave de dívida, que poderá gerar um ciclo vicioso de pobreza na família.

 

Crente pode ser afetado por maldição hereditária?

 

Jesus veio para libertar de toda maldição do pecado (Romanos 5:15). Isso significa que, quando uma pessoa se converte, pode ser libertado de qualquer maldição hereditária. Assim, o crente tem poder para tratar de qualquer problema espiritual e viver na liberdade de Jesus.

 

No entanto, as forças do diabo lutam para que cada crente não viva a vida plena que Deus preparou (1 Pedro 5:8). Ao longo de sua vida, o crente vai descobrir que há áreas de sua vida que precisam ser tratadas por Deus. Esse é o processo de santificação. Às vezes alguns desses problemas poderão estar ligados coisas que “correm na família”.

 

Atenção: nem todo problema está ligado a maldição hereditária. Se alguém tem dúvidas sobre a origem de algum problema em sua vida, deve pedir a Deus que lhe revele. Com ou sem influência de maldição hereditária, cada um é responsável por seu próprio pecado (Ezequiel 18:19-20).

 

Como quebrar maldição hereditária?

 

Qualquer maldição pode ser quebrada por Jesus. O crente não precisa ter medo de maldições, porque Jesus é mais forte. Algumas coisas importantes para quebrar uma maldição hereditária são:

 

1. Fé – crer que Jesus é o Filho de Deus que veio para salvar e tem todo poder para libertar – Efésios 6:16

2. Arrependimento – pedir perdão pelo pecado, decidindo mudar de vida, através de Jesus – Tiago 5:16

3. Perdão – se houver rancor guardado contra alguém, como um parente; o perdão liberta – Marcos 11:25-26

4. Rejeição do pecado – dizer “não!” ao pecado e a qualquer influência espiritual errada, escolhendo acreditar e declarar a verdade de Deus – Tiago 4:7

 

Como em tudo, é importante orar para que Jesus traga libertação e ajude a consertar o que está errado. Em algumas situações, poderá ser necessário outro tipo de ajuda também. Por exemplo, a família presa a dívidas precisará de aconselhamento financeiro profissional. Quem já tratou de uma maldição hereditária não precisa ter medo de passar a maldição aos filhos (Deuteronômio 7:9).

O que são os sete espíritos de Deus?

 

(1) O primeiro texto a citar os sete espíritos de Deus se encontra em Apocalipse 1:4, que diz: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono”. Aqui João está trabalhando a introdução do livro de Apocalipse. Ele já falou que a revelação está sendo dada através de Jesus Cristo e da parte de Deus (Apocalipse 1:1). Aqui explica que a revelação será enviada escrita para as sete igrejas da Ásia, que menciona depois nominalmente uma por uma (Apocalipse 1:11). 




(2) Para entender a que se refere os sete Espíritos de Deus é preciso observar o verso seguinte: e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Apocalipse 1:5). Observe que neste verso temos a menção de Jesus Cristo. No verso anterior temos a menção “daquele que é, que era e que há de vir” (Deus). Ou seja, nestas duas partes em destaque, temos a menção de Deus e de Jesus. Observamos também que os sete Espíritos “se acham diante de Seu trono”, ou seja, diante do trono de Deus. 


(3) Juntando tudo isso temos claramente que os sete Espíritos de Deus se trata do Espírito Santo. A trindade santa é citada de forma magnífica no início de Apocalipse. O número sete, como sabemos, é símbolo da perfeição, da totalidade, da completude, da plenitude, daí temos a aplicação dele ao Espírito Santo para mostrar que Ele é totalmente pleno, que está junto de Deus e de Jesus Cristo, e que também está junto ao trono de Deus. Mais à frente temos uma citação interessante: “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (Apocalipse 5:6). Observe a ligação dos sete Espíritos de Deus com Jesus. Isso nos remete a João 16, quando Jesus prometeu o envio do Consolador após Sua morte, o que de fato ocorreu. Ele tem “sete olhos”, o que representa onisciência. Tudo isso coloca claramente o Espírito Santo como sendo os sete Espíritos de Deus. 


(4) Alguns pensam que esses sete Espíritos pudessem ser seres angelicais, porém, em Apocalipse os seres angelicais sempre prestam adoração a Deus, diferente desses sete Espíritos, que nunca são citados adorando a Deus, claro, porque o Espirito Santo é o próprio Deus, o que recebe adoração. Tudo isso mostra de forma clara que os Sete Espíritos de Deus é uma figura que aponta para o Espírito Santo. Temos ainda outras duas citações em Apocalipse sobre Ele, que estão em Apocalipse 3:1; 4:5.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O cristão pode ficar possuído por demônios?

 


Esse assunto causa mesmo muita confusão no meio cristão. Mas não há motivo para se desesperar. Isso porque considero que a Bíblia nos dá respostas bastante claras sobre essa questão.

Em primeiro lugar você está certa em dizer que o cristão não fica possesso por espíritos malignos. A Bíblia é clara e diz que “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe tocam.” (1 João 5.18). Observe que existe uma limitação do maligno em relação ao que “nasceu de Deus”. Isso significa que Deus limitou o poder de ação do maligno em Seus filhos.

Outros argumentos a favor disso são que o crente é mostrado na Bíblia como sendo de propriedade exclusiva de Deus (1 Pedro 2.9). Não dá para imaginar o diabo possuindo uma propriedade exclusiva de Deus. O crente também é chamado de santuário e morada de Deus (1 Coríntios 3.16). Não dá para imaginar que a morada e o santuário de Deus seja possuído por um espírito maligno. Além de tudo isso,  não temos um único caso registrado na Bíblia de um servo de Deus ficando endemoninhado. Assim, a Bíblia nos dá elementos suficientes para afirmarmos que o crente verdadeiro não fica endemoninhado. 

Mas aqui surge uma questão: Como, então, o diabo age na vida do crente? 

A Bíblia também é clara sobre isso quando diz que o crente pode ser tentado, ludibriado, enganado pelo maligno: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5.8). Em 2 Coríntios 11.14 nos é revelado que o próprio diabo pode se transformar em anjo de luz. Em Marcos 13.22 vemos que surgirão falsos cristos e falsos profetas, guiados por demônios, buscando enganar até os eleitos de Deus. Essa é a esfera de ação – possível – do maligno na vida do crente. 

Mas como explicar esse seu amigo que ficou endemoninhado mesmo sendo crente? 

Na realidade, quem pode determinar que alguém é um crente verdadeiro? Em última instância, só Deus pode dizer claramente e definitivamente. Nós temos uma ideia, avaliamos baseados em alguns parâmetros – falhos – se uma pessoa é ou não crente, mas não podemos ter certeza absoluta. 
No caso de uma pessoa que ficou possuída – de verdade – por demônios, fica evidente que não havia uma conversão verdadeira ali. Essa pessoa precisa compreender melhor a questão da conversão em sua vida e entregar verdadeiramente sua vida ao senhorio de Jesus Cristo.

Por que o diabo anda em derredor como leão?

 


(1) Pedro nos traz uma palavra de advertência que diz: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5:8). Nesse texto Pedro nos traz uma figura de comparação. O diabo é “como leão”. Evidentemente que temos que observar qual aspecto do leão Pedro quer enfatizar. Pedro não está fazendo do diabo “o rei” como o leão é o rei da floresta. Não está trazendo aqui a ideia de que o diabo é “todo poderoso”. É preciso observar o aspecto que ele quer trazer na sua comparação. E qual é esse aspecto? 

 


(2) Pedro está focando no aspecto ardiloso do diabo. Assim como o leão, ele trata pessoas (especificamente crentes aqui nesse texto analisado) como “presas” para destruí-las. E como o leão faz isso? Andando em redor da presa, de forma disfarçada, sem deixá-la perceber, analisando o melhor momento (geralmente quando a presa está mais fraca ou mesmo muito autoconfiante) para atacar, para lançar o ataque fatal e fazer a presa cair. O diabo, como o leão, é ávido para encontrar crentes que dão brechas para que ele ataque com tentações de toda sorte! Esse texto nos mostra de forma clara como o diabo age com os crentes: andando em derredor e buscando oportunidades para derrubá-los! É esse o foco da figura usada por Pedro.


(3) Isso fica ainda mais evidente quando ele diz no início do verso: “Sede sóbrios e vigilantes”. Essas são duas características de “presas” que conseguem vencer os ataques do leão! O leão procura presas fracas, distraídas, afastadas do bando, ou tão autoconfiantes que não percebem o perigo. Sobre essas ele têm vantagens. Mas quando encontra uma “presa” atenta, esperta, junta de seu bando, ele tem dificuldades muito grandes e seus ataques quase sempre darão em nada. Serão vencidos. Por isso, Pedro manda que os crentes estejam atentos com seu inimigo, atentos contra as investidas do maligno. Fazendo assim conseguirão vencê-lo. Tiago nos mostrou essa verdade de outra forma. Podemos dizer que esse leão tentador fugirá diante de um crente sóbrio e vigilante: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7) 


(4) Por fim, esse texto também nos ajuda a entender que diante de servos de Deus a única atuação que o diabo pode exercer é externa. Não existe a possibilidade do diabo possuir um servo de Deus, pois o servo de Deus é templo do Espírito Santo. O que o diabo faz é andar em derredor (externamente), trazendo ocasiões externas para o crente tropeçar (tentações).