(1) A Bíblia cita Naamã como sendo um comandante do exército do rei da Síria. Um homem muito respeitado em seu país, herói de guerra por conta das suas grandiosas vitórias em batalhas (2 Reis 5:1). Nesse mesmo verso a Bíblia nos apresenta um “porém” sobre ele: era leproso. A Bíblia não explica exatamente em que momento essa lepra apareceu sobre ele, já que esse tipo de doença trazia certas incapacidades para a pessoa. Talvez a lepra tenha aparecido sobre ele recentemente, já que podemos pensar: como ele seria um comandante tão bem sucedido estando doente?
(2) O contexto parece indicar que Naamã estava buscando a cura dessa doença com todas as forças. Uma menina israelita, escrava em sua casa, diz à esposa de Naamã que ele poderia ser curado se estivesse diante do profeta do Senhor (Eliseu) que estava em Samaria (2 Reis 5:3). O desespero de Naamã pela cura deveria ser tão grande que o conselho dessa pequena escrava é levado por Naamã até o rei da Síria, que envia carta e presentes ao rei de Israel, juntamente com Naamã, solicitando ajuda para sua cura. O rei de Israel entende que o rei da Síria queria que ele curasse seu comandante (e que se isso não ocorresse causaria problemas para Israel) e rasga suas vestes em um sinal de sua incapacidade de fazer isso (2 Reis 5:7). É aqui que começaremos a entender os sete mergulhos de Naamã.
(3) O profeta Eliseu fica sabendo de toda essa situação e pede para que Naamã fosse trazido até ele. No entanto, o profeta sequer recebe Naamã. Antes, manda um mensageiro dar a ele um recado: “Então, Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo” (2 Reis 5:10). Nos versos seguintes Naamã mostra seu orgulho que estava escondido atrás de uma falsa humildade, mas que agora aparece de forma clara: “Naamã, porém, muito se indignou e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, pôr-se-ia de pé, invocaria o nome do SENHOR, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso” (2 Reis 5:11). Naamã queria ser o orientador do milagre de Deus. Queria que Deus fosse como seu empregado e que tudo ocorresse segundo suas expectativas. Tais pensamentos o levaram a ir embora dali indignado.
(4) Os oficiais de Naamã, porém, lhe trouxeram luz, mostrando a ele o quanto estava sendo mesquinho em suas ações: “Então, se chegaram a ele os seus oficiais e lhe disseram: Meu pai, se te houvesse dito o profeta alguma coisa difícil, acaso, não a farias? Quanto mais, já que apenas te disse: Lava-te e ficarás limpo” (2 Reis 5:13). Aqui Naamã começa a ficar com o coração preparado para receber o milagre de Deus! Não era do jeito dele, mas do jeito que o Senhor determinou: “Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, consoante a palavra do homem de Deus; e a sua carne se tornou como a carne de uma criança, e ficou limpo” (2 Reis 5:14). Agora que tivemos o conhecimento do contexto, responderemos à questão: por que Naamã teve que mergulhar sete vezes no Jordão? Quais as lições que esse caso nos ensina?
Os significados dos sete mergulhos de Naamã:
a) Deus realizou um teste da fé de Naamã: Ele tinha suas expectativas, já tinha tudo desenhado em sua mente como Deus faria sua cura. Do jeito dele, não de Deus. Deus queria que ele desse um passo de fé. Sua cura não seria um evento grandioso, cheio de pompa, mas viria de um ato de obediência simples, que era se banhar em um rio, algo totalmente comum. O milagre seria grandioso, porém, o que levaria ao milagre seria um ato simples de humildade e obediência aos métodos de Deus agir.
b) Sete simboliza a plenitude: na cultura judaica o numero sete representa perfeição, a completude, a plenitude. Os sete mergulhos apontam para a cura total. Naamã, quando exercitasse a ordem de Deus com fé, receberia a cura total de sua lepra. Mas não somente isso, o coração de Naamã também foi curado da soberba.
c) Os sete mergulhos apontam para a plenitude da fé em Deus: Os resultados que Naamã colheu de sua obediência mostram que no exercício obediente da vontade de Deus, na prática efetiva da fé está a bênção de Deus. É preciso ir até o final na obediência ao Senhor, pois isso trará o milagre, a bênção do Senhor! Um mergulho não bastava, nem dois, ou três. A obediência tem que ser até o final, como Deus quer, da maneira de Deus não da nossa.
d) Os sete mergulhos lavam todo orgulho: O rio Jordão não era dos mais limpos. Haviam rios muito melhores. O próprio Naamã diz isso antes de obedecer a ordem dada pelo profeta Eliseu (2 Reis 5:12). Mas o Naamã orgulhoso que se abaixou nas águas lamacentas do Jordão, lavou ali seu orgulho, sua prepotência, lavou seu coração diante de Deus; não somente a lepra foi curada, mas o coração dele também. Aliás, primeiro Deus curou o coração, depois a pele. A humilhação muitas vezes é usada por Deus para lavar corações sujos e leprosos. Tudo ficou ali naquelas águas sujas, mas ele saiu limpo.
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