(1) No texto que é objeto de nossa análise está escrito: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4:1). Para compreender de forma plena esse verso precisamos analisar um pouco o contexto anterior. No verso anterior (1 João 3:24) João falou sobre os que permanecem em Deus, pessoas que guardam os mandamentos do Pai e que têm o Espirito santo, que é a certeza de que Deus está com aqueles que O obedecem. Isso leva João a fazer um contraste com aqueles que não são guiados pelo Espírito Santo, antes, são falsos profetas.
(2) Mas quem são esses falsos profetas citados que têm saído pelo mundo fora guiados por espíritos que não procedem de Deus? João certamente está se referindo a quem já havia citado em 1 João 2:19, onde disse: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos”. Esses que pareciam crentes negavam doutrinas fundamentais sobre a obra de Jesus Cristo e sobre quem Ele era (Veja 1 João 2:22-23). Observe ainda que João manda que os espíritos enganadores sejam provados e traz uma forma de isso ser feito: “e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1 João 4:3).
(3) Agora já temos todos os elementos necessários para definir quem são esses “espíritos” que devem ser provados. João está falando de dois grupos de pessoas:
(i) as que eram de Deus e, portanto, inspiradas em suas obras pelo Espírito Santo e que eram também servidas pelos anjos de Deus e
(ii) as que não eram de Deus, mas se faziam passar como se estivessem sendo inspiradas por Deus, infiltrando falsos ensinos que tinham aparência de verdadeiros.
É bem provável que os leitores de João tivessem certa facilidade em aceitar alguém que se dizia profeta sem avaliar muito bem sua mensagem. Os falsos profetas são inspirados pela mentira, pelo diabo e seus demônios (esses são os espíritos enganadores que atuam neles e através deles). Já os servos de Deus têm o Espírito Santo e são abençoados pelo Senhor e Seus anjos. Esses anjos do Senhor possivelmente são os espíritos que procedem da verdade.
(4) O crente, segundo ensina João, não deve aceitar qualquer manifestação sem avaliá-la. Nem milagres, nem nada que tenha base no engano. A mensagem de tais “profetas” deve ser avaliada para verificação se está de acordo com a doutrina dos apóstolos! Se alguém se apresentasse como profeta inspirado, fizesse até grandes sinais, porém, em sua mensagem afirmasse que Jesus Cristo não era O salvador, que não tinha vindo em carne, por exemplo, deveria ser rejeitado, pois era um falso profeta! (1 João 4:3).
(5) Concluímos que João tinha uma visão profunda das coisas: existe muita coisa espiritual acontecendo em nosso mundo. Existem espíritos malignos atuando, enganando, trazendo doutrinas com aparência de verdadeiras para desviar as pessoas. A proximidade com Deus e o conhecimento profundo do Senhor (e de Sua Palavra) nos ajudará a rejeitá-los enquanto abraçamos o verdadeiro ensino, o verdadeiro caminho firme que nos é ensinado na Palavra do Senhor! Assim, o texto não está falando de espiritismo, mas do cuidado com pessoas movidas pelo maligno com o objetivo de desviar pessoas, de pregar o engano e o erro! Como essa mensagem é importante em nossos dias, onde pessoas têm aceitado e abraçado qualquer ensino falso apresentado como se fosse de Deus!
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