quarta-feira, 5 de maio de 2021

O que significa “os mortos não sabem coisa nenhuma” em Eclesiastes?

 



“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento” (Eclesiastes 9:5)


(1) Em Eclesiastes 9:1-12 Salomão está fazendo uma reflexão sobre o destino de todos, a maior certeza que toda pessoa tem, que é a morte. Em Eclesiastes 9:1 ele começa falando do mistério do pós-morte: tudo está nas mãos de Deus e os detalhes do que espera o homem depois de sua morte ninguém sabe. Em Eclesiastes 9:2-3 ele reflete que tanto maus quanto bons terão um destino em comum, que é morrer um dia. Em Eclesiastes 9:4 ele explica que do ponto de vista humano a vida é o bem mais precioso, pois é nela que podemos fazer o bem e aproveitar as coisas boas que Deus criou! 




(2) Na sequência temos o nosso texto da análise: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento” (Eclesiastes 9:5). O ponto onde muitos erram é achar que Salomão está falando aqui da vida pós-morte, ou seja, da vida da pessoa que morreu após ela morrer, como se a pessoa ficasse em um tipo de sono da alma. Mas não é sobre isso que ele trata aqui. Salomão está refletindo do ponto de vista de quem está aqui na terra, vivo, e vendo alguém morrer. Desse ponto de vista fica claro que o corpo de um morto, sem vida, não sabe mais nada! Cessaram todas as suas funções de pensar, de sentir, de fazer qualquer coisa, pois é agora somente um corpo morto que sofrerá a decomposição (voltará à terra – Eclesiastes 12:7)! 


(3) Isso fica evidente no próximo verso, que diz: “Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes 9:6). Observe que esse morto “não sabe coisa nenhuma” do que está acontecendo agora na terra (debaixo do sol), pois ele não tem mais participação nas coisas terrenas. Ele é agora apenas um corpo sem vida. É importante observar que Salomão não está também dizendo que “morreu acabou tudo”. Ele está tratando apenas do ponto de vista terreno, do que ocorre com a frágil vida de todo ser humano e que pode ser observado por qualquer um. Ele não está tratando aqui do que acontece com o espírito da pessoa. 


(4) Toda essa reflexão faz com que Salomão passe a falar sobre aproveitar bem o tempo de vida sobre a terra: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras” (Eclesiastes 9:7). Existem coisas preciosas da vida na terra que só podemos aproveitar enquanto houver vida e isso deve ser feito com boa consciência, pois o tempo de vida é limitado. Na sequência ele ainda dá conselhos para a busca da felicidade (Eclesiastes 9:8), da alegria do relacionamento conjugal (Eclesiastes 9:9), do empenho de fazer trabalhos bem feitos (Eclesiastes 9:10), etc. 


(5) Concluímos que Salomão trabalha com um grande realismo na análise da vida e da morte. A morte física alcançará todos nós. Quando ela ocorre, tudo que é terreno deixa de fazer parte da vida do morto, e o morto deixa de fazer parte das ações realizadas “debaixo do sol”, esse é o sentido de “os mortos não sabem coisa nenhuma”. Para fechar, quero citar um texto onde Salomão traz um pequeno rascunho sobre a vida pós-morte, ou seja, o que ocorre com o espírito da pessoa que morre: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7). Tudo começa em Deus e termina Nele, que é quem julga retamente todos que morrem!


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