Não foi fácil para ele
deixar sua terra, seus parentes e sua família, e começar uma vida de fé, como
peregrino.
Uma vez que ele começou a
obedecer ao Senhor, começou também a enfrentar os ataques de Satanás para derrubá-lo.
§
É a mesma coisa com a gente. Uma vez que
começamos a obedecer ao Senhor e demonstrar uma vida de santificação, podemos
ter a certeza que Satanás não vai gostar e fará tudo para nos derrubar.
Vamos notar seis maneiras em que Satanás atacou
Abrão.
I.
PROBLEMA MATERIAL – Gn 12,1-10.
De sua própria localidade,
Abrão desceu mais ao sul do país, para a região denominada Neguebe, sujeita a
secas periódicas. Deu-se, então, uma dessas, havendo fome. Por causa da fome,
sem consultar o Senhor, ele desceu ara o Egito. É bom notar que Abrão não
voltou pa Harã e nem para Ur dos caldeus, o que seria retomar a idolatria. O
verdadeiro cristão nunca faz isso. Mas Abrão descia para o Egito, que tipifica
o mundo; e infelizmente esse passo errado muito cristão dá também.
Abrão errou, porque ainda
não tinha aprendido que o Senhor é Jeová-jiré
- o Deus que Provê.
“A história de Abraão está diretamente ligada à
história de toda a humanidade: com ele começa a surgir o embrião de um povo que
terá a missão de trazer a bênção de Deus para todas as nações da terra. Esse
povo será portador do projeto de Deus: toda nação que se orientar por esse
projeto estará refazendo no homem a imagem e semelhança de Deus, desfigurada
pelo pecado. O caminho começa pela fé: Abrão atende o chamado divino e aceita o
risco sem restrições. Ele percorre rapidamente a futura terra prometida: isso
mostra que o projeto do qual ele é portador é um projeto histórico, encarnado
dentro da ambigüidade e conflitividade humana. O que Deus promete a Abrão?
Simplesmente aquilo que qualquer nômade desejava: terra para os rebanhos e filhos
para cuidar deles. Em outras palavras, o que Deus promete é exatamente
aquilo a que o homem aspira para responder às suas necessidades vitais. E hoje,
quais são as supremas necessidades do homem? Por trás das necessidades estão as
aspirações e, dentro destas, a promessa de Deus.” – Bíblia Pastoral
II.
PROBLEMA ÉTICO – Gn 12,10-20; 20,1-18.
1. Mentira
perante os príncipes de Faraó – Gn 12,10-20.
Uma vez que deixou o caminho da obediência e foi para
o Egito – o mundo (idolatria) – Abrão, amedrontado com as atitudes dos
egípcios, planejou uma mentira e serviu-se de Sarai, sua esposa, para
difundi-la. Não foi pequena sua culpa. "Dize, pois, que és minha irmã,
para que eu seja poupado por causa de ti, e me conservem a vida em atenção a
ti." (Gn 12,13). Sarai era uma verdadeira “princesa”,
muito bonita, e Abrão teve medo que os egípcios o matassem para possuir a sua esposa. Abrão quis salvar a sua
pele! Um homem, gigante na fé, caiu e mentiu.
Sem duvida, esta foi uma
tentativa de Satanás para frustrar a promessa da semente da mulher.
Se ele estivesse conseguido corromper Sarai, teria estragado o plano divino.
Graças a Deus, Ele interveio e Abrão foi
repreendido e despedido, sem que houvessem tocado em Sarai.
“12,10-20: O texto é uma antevisão da
escravidão no Egito e do êxodo. Sarai, com a mudez feminina dentro do mundo
patriarcal, é símbolo do povo oprimido que clama por libertação.” – Bíblia
Pastoral.
2. Mentira
perante Abimelec – Gn 20,1-18.
Mas, o lamentável é que
houve uma reincidência dessa mentira - "Ele dizia de Sara, sua mulher,
que ela era sua irmã. Abimelec, rei de Gerar, arrebatou-lha". (Gn
20,2) – perante a Abimelec, rei de Gerar, quando Abraão (seu novo
nome) negou que Sara (seu
novo nome) era sua mulher. É difícil acreditar que, nesta altura das
suas experiências com Deus ele ainda cometesse essa falta; mas é para que a
gente aprenda a “não confiar na carne”. Abraão perante Abimelec,
não só impedindo que este tocasse em
Sara, mas declarando que Abraão era profeta a que suas orações eram atendidas –
vv 3-8.
20,1-18: “O episódio é uma repetição de
12,10-20 (cf. nota). O texto procura também justificar a atitude de Abraão. –
Bíblia Pastoral.”
III.
PROBLEMA ESPIRITUAL – Gn 13,4.
1.
A importância do altar do Senhor.
Quando Abrão chegou ao
carvalho de More – Gn 12,6-7, o Senhor apareceu a ele, prometendo dar a sua
descendência a terra de Canaã. O Senhor ainda não tinha prometido dar, e sim
mostrar; agora explica que dará a terra sua posteridade. Que benção! Como um
sinal de gratidão a Deus, Abraão edificou um altar ao Senhor e o adorou. Logo
depois, Abraão viajou para Betel – Casa de Deus – que ficava bem
no centro da Terra Prometida, na região montanhosa da Judéia, e mais uma vez
edificou um altar ao Senhor e “invocou o nome do Senhor” – Gn
19,8.
2.
A negligência do altar do Senhor. – Gn 12,10-20.
Parece que quando Abrão desceu para o Egito de manter comunhão com seu
Deus, por isso ficou vulnerável ao ataque de Satanás.
O segredo de uma vida vitoriosa é a manutenção desta comunhão gostosa
com Deus diariamente. Só quando Abrão deixou o Egito (idolatria) voltou para o
caminho do Senhor, para o lugar onde primeiro estivesse entre Betel e Ai, "no
lugar onde se encontrava o altar que havia edificado antes. Ali invocou o nome
do Senhor". (Gn 13,4), é que Abrão voltou a gozar a sua comunhão com
Deus, oferecendo um culto aceitável a Deus.
“O texto é uma antevisão da escravidão no Egito
e do êxodo. Sarai, com a mudez feminina dentro do mundo patriarcal, é símbolo
do povo oprimido que clama por libertação.” – Bíblia Pastoral.
IV.
PROBLEMA DE RELACIONAMENTO – Gn 13,1-18.
Com o aumento do gado de
Abrão e Ló, surgiu o problema de pastagem. Daí as contendas entre os servos de
um e os servos do outro. A situação ameaçava envolver Abrão nas contendas dos
servos. Não é possível! Abrão foi chamado por Deus para ser uma benção – "Farei
de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma
fonte de bênçãos". (Gn 12,2), em vez disso estava começando a criar problemas
com seu próprio sobrinho.
Abrão percebeu a ameaça, e
fez uma proposta generosa a Ló, propondo a separação, mas dando ao sobrinho o
direito de escolher o melhor para si.
“Lot, levantando os
olhos, viu que a toda a planície de Jordão era regada de água (o Senhor não
tinha ainda destruído Sodoma e Gomorra) como o jardim do Senhor, como a terra
do Egito ao lado de Tsoar. Lot escolheu toda a planície do Jordão e foi para o
oriente. Foi assim que se separam um do outro. Abrão fixou-se na terra de Canaã,
e Lot nas cidades da planície, onde levantou suas tendas até Sodoma. Ora, os
habitantes de Sodoma eram perversos, e grandes pecadores diante do Senhor.” Gn
13,10-13.
Mas Abraão foi recompensado
pela sua fidelidade. Deus o mandou dali mesmo olhar – “O Senhor disse a
Abrão depois que Lot o deixou: “Levanta os olhos, e do lugar onde estás, olha
para o norte e para o sul, para o oriente e para o ocidente. Toda a terra que
vês, eu a darei a ti e aos teus descendentes para sempre. – Gn 13,14-45, e
mas uma vez Abrão mudou suas tendas – "Abrão levantou as suas tendas e
veio fixar-se no vale dos carvalhos de Mambré, que estão em Hebron; e ali
edificou um altar ao Senhor". (Gn 13,18)
“13,1-18: Ló escolhe a região onde estão
localizadas cidades-estado como Sodoma e Gomorra; assim ele entra no âmbito de
uma estrutura que se sustenta graças à exploração e opressão do povo. Abrão, ao
invés, fica aberto para uma história nova, fundada unicamente na promessa e no
projeto de Javé. Não tomando a dianteira para escolher a sua parte, mais uma
vez Abrão entrega-se a Deus na fé, para que este lhe aponte o caminho.” –
Bíblia Pastoral.
V.
PROBLEMA PSICOLÓGICO – MEDO – Gn 15,1-21.
Um dos grandes problemas no
meio cristão é o medo de fazer a vontade do Senhor. Aqui notamos que o Senhor
teve de chegar a Abrão e dizer:
"Depois desses
acontecimentos, a palavra do Senhor foi dirigida a Abrão, numa visão, nestes
termos: “Nada temas, Abrão! Eu sou o teu protetor; tua recompensa será muito grande.
”" (Gn 15,1).
É bom notar que estamos em boa
companhia! Abrão tinha medo, como também Moisés – Ex 3,11; 4,1.10
– e Jeremias – Jr 1,5-9 – Foi por causa do medo que os espias perderam
40 anos da sua vida no deserto, uma
experiência triste – Nm 13,16-33 – E Jesus contou a parábola dos talentos, mostrando o grande perigo de
não usarmos os nossos talentos no
serviço do Senhor – Mt 25,14-30, especificamente o v 25 - "Por isso,
tive medo e fui esconder teu talento na terra.". (Mt 25,25a).
“15,1-21: Deus promete e o homem
aspira; mas nada ainda acontece. Deus desafia novamente Abrão com a promessa, e
este acredita e confia. A justiça do homem consiste numa entrega confiante ao
Deus que garante cumprir o que promete, quando ainda nada pode ser verificado
(cf. Hb 11,1). Abrão pede um sinal; e como sinal, além da criação e da aliança
com Noé, temos aqui a terceira grande aliança. Ora, a aliança era um acordo em que ambos os contraentes se empenhavam
entre si; era concluída com um rito, no qual os contraentes passavam entre
animais divididos: quem violasse a aliança teria a mesma sorte que esses
animais. Notemos que somente Javé (fogueira, tocha) passa entre os animais: a
aliança com Abrão é um empenho exclusivo de Deus: só Deus pode realizar aquilo
que prometeu. – Bíblia Pastoral.”
VI.
PROBLEMA MORAL – Gn 16,1-16.
À proporção que os anos iam
passando, Sarai continuava sem filhos. Tendo perdido a esperança de que nela se
cumpriria a promessa, persuadiu Abrão, conforme o costume da época, para que
tomasse Agar , a criada egípcia, e tivesse relações sexuais com ela, para, por
meio dela, ver cumprida a promessa tão esperada. Assim nasceu Ismael!
Não era este o plano de
Deus. E sabemos que logo surgiu uma desarmonia entre Agar e Sarai, começo de
uma irremediável incompatibilidade entre a livre e a escrava, entre o filho da
escrava e o filho da livre. As conseqüências desse ato se vêem até hoje, na
briga entre árabes (descendência de Ismael) e os judeus (descendentes de
Isaque).
Há muitas lições que
devemos aprender aqui. Há um grande perigo em aceitar os padrões morais. Tantos jovens cristãos
praticam relações sexuais antes do casamento, porque é costume dos nossos dias.
É o costume do mundo ir a um motel com a secretária do escritório.
"Não vos conformeis
com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que
possa discernir qual é à vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que
é perfeito". (Rm 12,2)
“16,1-16: No Antigo Oriente, uma legislação
permitia que a esposa estéril cedesse ao marido uma escrava para a procriação;
o filho nascido da escrava era reconhecido como legítimo. Recorrendo a esse
artifício legal, Abrão está querendo facilitar a realização da promessa; mas
não é isso que Deus quer. Ismael, filho da escrava, é abençoado, mas não é
através dele que Javé realizará a promessa. Deus faz um grande projeto para o
homem; contudo, muitas vezes, o homem acha impossível realizá-lo, e recorre a
subterfúgios, traindo o desafio contido na promessa e que está dentro da
aspiração humana. “– Bíblia Pastoral.
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