I.
JESUS – TENTADO EM TUDO.
O escritor
aos Hebreus declara que “passou pelas mesmas provações que nós, com exceção
do pecado.” (Hb 4,15b). certamente esta declaração precisa ser entendida a
luz da humanidade de Cristo. Ele foi tentado como homem. Tendo assumido, na
encarnação, a humanidade e na sua plenitude, Jesus submeteu-se a toda a
experiência humana. A tentação foi uma das humilhações a que o Senhor sujeitou.
E ele a venceu também na condição de homem, para nos servir de modelo.
Como Jesus
enfrentou a tentação? Vamos examinar Lc 4,1-13 para obter a resposta
Þ
Jesus foi tentado com relação a uma necessidade
física – vv 3-4.
Ao final de
40 dias e quarenta noites passados no deserto, Jesus estava fisicamente
debilitado. Necessitava de alimento. Como consegui-lo? Satanás surge com a
sugestão para ele usar do seu poder de “Filho de Deus”, como acabara de
ser chamado por ocasião do batismo - "e o Espírito Santo desceu sobre
ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho
bem-amado; em ti ponho minha afeição". (Lc 3,22), transformando pedra
em pão. Seria a usurpação do poder divino para suprimento de uma necessidade
física. Jesus não o fez. Rejeitou a opinião satânica, e o rebateu com as
Escrituras – “Não só de pão viverá o homem”, Jesus ensinou, com isso,
que a vida do homem não tem apenas uma dimensão material. Ele deve
interessar-se por outras coisas, alem do pão - "Trabalhai, não pela
comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem
vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal". (Jo 6,27).
Þ
Jesus foi tentado com relação à posse e poder – vv
5-8.
O diabo fez
aparecer diante de Jesus toda a pompa deste mundo. Alegou que era dele (como
“o príncipe deste mundo” – Jo 12,31; 14,30; 16,11) e o ofereceu a Jesus.
Bastasse que Este o adorasse. Era a
possibilidade de Jesus Cristo assumir um reino que seria muito mais poderoso do
que o império romano. Certamente Ele governaria visando o bem estar genuíno do
povo e abriria o caminho para excelentes realizações. Mas o diabo exigia que
Ele transgredisse um mandamento. Isto significava virar as costas à sua
vocação. Seu reino não era aquele. Era bem diferente - "Respondeu
Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus
súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu Reino não é deste mundo". (Jo 18,36). Ele não procurava uma
coroa terrestre e nem a soberania mundana . mais uma vez Ele citou as
Escrituras, demonstrando que a adoração a Deus é exclusiva. Venceu a segunda
tentação, ensinando-nos que o poder e a glória
não valem a desobediência a Deus e à Sua Palavra.
Þ
Jesus foi tentado com relação à segurança – vv 9-12
Conduzindo Jesus ao pináculo do templo, em
Jerusalém, Satanás sugeriu-lhe que se atirasse, porque receberia a proteção
divina por meio dos anjos. A tentação pode ter sido a de ser presunçoso com
Deus ao invés de confiar nele humildemente. Para assegurar a Jesus que ele
estaria bem seguro, o maligno citou as Escrituras – “Porque aos seus anjos
dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te
susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.” (Sl
91,11-12) empregando de forma errônea a Palavra de Deus, torcendo um texto para
servir ao seu propósito. Jesus vence também esta terceira tentação, citando a
Bíblia e aplicando-a corretamente. Ninguém pode submeter Deus a teste - "Jesus
disse: Foi dito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16)". (Lc 4,12).
Þ
Porque Jesus foi tentado?
·
Ele daria, pela tentação, prova de sua verdadeira
humanidade, de que possuía uma alma humana (alem do corpo humano);
·
Seria parte do seu exemplo para nós.
·
Faria parte de sua disciplina pessoal;
·
Faria parte de sua preparação para ser um
intercessor compassivo. (Hb 2,18.4,15);
·
Era parte da grande batalha na qual “a semente
da mulher pisaria na cabeça da serpente” (Gn 3,15).
Þ
Algumas lições praticas devemos extrair deste
episódio da vida de Jesus.
·
Jesus enfrentou todas as tentações fazendo o uso
das Escrituras;
·
Ele foi tentado em relação a problemas que são
vivenciados por todos os homens: alimentação, poder e segurança;
·
Nenhum poder extraordinário lhe foi concedido párea
vencer as tentações.
II.
OS CRENTES – EXPOSTO A TENTAÇÃO.
Do mesmo modo
com Satanás tentou a Jesus, ele também tenta os crentes. Seu principal alvo
nisso é levar-nos a praticar o mal. Há, especialmente, duas áreas em que os
crentes são tentados.
Þ
Os crentes são tentados a encobrir seu egoísmo.
Ser altruísta
não é natural. O que já faz parte da natureza humana é o egoísmo, pecado que
pode ser confessado e perdoado, defeito do caráter que pode ser corrigido.
Entretanto, a tendência do homem é encobri-lo e Satanás se empenha para que faça.
A história de Ananias e Safira é um exemplo clássico. O casal queria reter
consigo parte do dinheiro conseguido com a venda de sua propriedade e ao mesmo
tempo receber louvor por sua contribuição. Satanás induziu-os a mentir, para
parecerem altruístas e alimentarem seu egoísmo (At 5,1-11). Eles tinham direitos a possuir e a vender a
propriedade. Eles não tinham a obrigação de dar todo o resultado da venda à
igreja. Mas eles também não foram obrigados a fingir generosidade e ao mesmo
tempo suprir o seu orgulho, guardando parte do dinheiro recebido. Caíram em
tentação.
Þ
Os crentes são tentados a praticar imoralidade.
A área do
sexo é visada por Satanás. Ele tenta os crentes a participarem relações sexuais
ilícita, alem de os levar a cometerem outros pecados da sensualidade. Deus
proveu o casamento para proporcionar ao homem e à mulher a satisfação sexual
mútua. Quando isto não acontece, Satanás tem a oportunidade de tentar os
cristãos a praticarem o sexo ilícito - "Não vos recuseis um ao outro, a
não ser de comum acordo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e
depois retornai novamente um para o outro, para que não vos tente Satanás por
vossa incontinência". (1Cor 7,5).
A “natureza
carnal” é o campo de ação de Satanás. Essa nossa inclinação à pratica das
coisas más é uma atração ao diabo, que
disso se aproveita para levar-nos ao pecado. Quando somos seduzidos a
satisfazer de forma ilícita nossas necessidades físicas e psicológicas, estamos
cedendo à tentação. Paulo compreendia que era também dotado desta fraqueza
humana. Por isso disse – “Encontro,
pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.
Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser. Sinto, porém, nos meus membros
outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado,
que está nos meus membros.” (Rm 7,21-23). Certamente que a fonte mais
poderosa da tentação é a nossa própria carne. Tiago diz que - "Cada um
é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia". (Tg
1,14).
Þ
Os crentes são exortados a resistir à tentação.
Jesus disse a
seus discípulos que deviam “vigiar e orar” para não caírem em tentação -
"Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está
pronto, mas a carne é fraca". (Mt 26,41). Quando ensinou-lhes a orar
incluiu na oração um pedido ao Pai - "e não nos deixeis cair em
tentação, mas livrai-nos do mal". (Mt 6,13).
Mas a mais
contundente exortação está nas palavras de Pedro - "Resisti-lhe fortes
na fé. Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem
os mesmos padecimentos que vós". (1Pd 5,9) e de Tiago - "Sede
submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós".
(Tg 4,7). Basta que o cristão seja “firme na fé” e dependente da “graça
de Deus”, que é capaz de resistir.
Mesmo sendo
Satanás mais forte e mais sábio do que o homem, é possível, resistir às
tentações? Sim, o texto de 1 Cor 10,13 - "Não vos sobreveio tentação
alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os
meios de suportá-la e sairdes dela".
- nos ensina duas verdades a esse respeito:
a)
A tentação não é sobre-humana. Deus não permite que
Satanás invista sobre crente além da resistência que este possa oferecer-lhe;
b)
Deus mesmo provê o livramento. Além de não
permitir que Satanás se exceda, o Senhor
enseja ao crente a oportunidade de livrar-se das tentações. Ele pode socorrer o
cristão na sua debilidade para resistir a Satanás - "De fato, por ter
ele mesmo suportado tribulações, está em condição de vir em auxílio dos que são
atribulados". (Hb 2,18).
CONCLUINDO
Exatamente
por que se dedica a tarefa de tentar os cristãos é que Satanás é denominado na
Bíblia de “o tentador” - "O
tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas
pedras se tornem pães". (Mt 4,3). Não devemos nos esquecer disso e
estar certos de que nosso inimigo não descansa neste serviço. Estejamos
preparados para resistir as tentações!
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