ARCO-ÍRIS – a
palavra ordinária que significa arco de guerra em hebraico (QESHETH) é empregada em Gn 9,13-15 – “Ponho o
meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra.
Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá
nas nuvens, e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de
toda espécie, e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda
criatura.”
O arco-íris tornou-se o símbolo de
paz e misericórdia em virtude de ter sido posto nas nuvens. Contra as escuras
nuvens tempestuosas, o Arco de Guerra de Deus foi transformado num arco-íris de
sua misericórdia e graça. Deus estava em paz com o povo da sua Aliança.
Semelhantemente, em – "Como o arco-íris que aparece nas nuvens em dias
de chuva, assim era o resplendor que a envolvia. Era esta visão a imagem da
glória do Senhor". (Ez 1,28) – o arco-íris da misericórdia aparece em
redor do trono da glória divina e do julgamento.
O mundo e tudo que nele há
pertencem a Deus, mas Deus o deu ao homem para que este cuidasse do mundo para
ele. Deus submeteu as demais criaturas ao domínio do homem, mas estabeleceu
princípios para sua regência sobre a natureza – "Acima dessa abóbada
havia uma espécie de trono, semelhante a uma pedra de safira; e, bem no alto
dessa espécie de trono, uma silhueta humana". (Ez 1,26).
Deus deu a Noé e a seus filhos,
Sem, Cão e Jafé, o controle sobre todos os animais, pássaros e peixes, assim
como dera a Adão, no princípio.
Deus manteve uma relação de
autoridade e intimidade com Noé e seus filhos. Deus os abençoou e lhes ordenou
– "Deus abençoou Noé e seus filhos: “Sede fecundos, disse-lhes ele,
multiplicai-vos e enchei a terra”". (Gn 9,1).
O pacto de Deus com Noé teve por finalidade
preservar a raça humana da contaminação total do pecado e do impacto causado
pelo dilúvio (morte coletiva)
O homem continuaria sendo regente
de Deus na terra, dominando sobre tudo – Gn 9,1. Só não dominaria sobre o
pecado. É neste misto de poder e fragilidade do homem que Deus anuncia seu
pacto com o ser humano.
I.
A NATUREZA DO PACTO – Gn 9,1-17.
Fica claro à família de Noé,
depois da experiência do dilúvio, que Deus continuaria a olhar favoravelmente
para o homem justo, mas não toleraria o pecado de forma alguma. Noé e seus
filhos não foram informados de como
jogar o jogo da vida, mas informados claramente onde estariam fora dos limites.
Os animais que entraram na arca
foram animais dóceis, que obedeceram à ordem divina e se submeteriam ao domínio
do homem, o que antes era proibido ao homem pela insubmissão de seres ferozes
agora era possível pela natureza submissa dos animais. Antes, o homem primitivo
viva em constate medo das bestas selvagens, agora o domínio do homem seria
demonstrado pelo temor e pavor que eles (animais selvagens) tinham dele – "Vós
sereis objeto de temor e de espanto para todo animal da terra, toda ave do céu,
tudo o que se arrasta sobre o solo e todos os peixes do mar: eles vos são
entregues em mão". (Gn 9,2).
A essência deste pacto é
constituída de condições e caráter irrevogáveis, em sua natureza. A natureza do
pacto divino se estabelece de maneira:
1. Permanente
– vv 12-16.
O arco foi dado como um sinal de
Deus para mostrar que ele jamais destruiria a terra de novo através de um
dilúvio.
2.
Divina – v 2.
Vemos aqui a soberania divina.
Deus mostrou neste ato o seu amor, dando a salvação, e abriu um novo caminho,
uma opção para redenção da humanidade e sobrevivência do homem – "Tudo
o que se move e vive vos servirá de alimento; eu vos dou tudo isto, como vos
dei a erva verde". (Gn 9,3). Foi assim que Deus consolidou o pacto.
3.
Universal – vv 16-17.
“Quando eu vir o arco nas nuvens,
eu me lembrarei da aliança eterna estabelecida entre Deus e todos os seres
vivos de toda espécie que estão sobre a terra.” Dirigindo-se a Noé, Deus
acrescentou: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e todas as criaturas
que estão na terra.” – vv 16-17. Deus mostrou a abrangência de sua aliança –
“todos os seres viventes”.
II.
O SINAL DO PACTO – Gn 9,12-19.
Há várias definições para o sinal:
§
Símbolo ou objeto a que se dá uma significação moral
fundada em relação natural.
§
Algo que serve de advertência e que transmite uma
mensagem.
§
Meio de transmitir à distancia ordens ou noticias.
Veja Salmo 104,6-9:
§
Milhares de ano se passaram desde o dilúvio.
§
Deus manteve sua palavra.
§
Quando você vir um arco no céu, lembre-se de que Deus
o deu como um sinal de que jamais destruiria o mundo novamente com um dilúvio.
III.
O ENFRAQUECIMENTO DO PACTO – Gn 9,20-29.
O principio ativo da
aliança de Deus com o homem foi tornando-se ao fio do tempo um tanto quanto
esquecido.
No esquecimento também ficaram os
efeitos da terrível conseqüência do dilúvio; a verdade é que Noé passou a ter
uma vida bastante normal – vivia de maneira tranqüila, era lavrador e cultivava
vinha.
Na mente de Noé, o arco já não
exercia tanta força. Ficou debilitado aos seus olhos o significado da aliança.
Dos vv 20-24, vemos um Noé que apesar de ter sido poupado por Deus, não deixou
de ser um homem vulnerável ao pecado.
Ele havia superado o dilúvio, mas isso não significava que também havia
superado pecado.
O fato ocorrido com Noé (o seu
pecado) proporciona aos cristãos as seguintes admoestações:
- Não estamos jamais imunes ao pecado e às tentações;
- Pequenos deslizes cometidos durante o curso
normal da existência poderão acarretar perigos graves.
- Não devemos dar ocasião a que outros cometam
pecados – mesmo os familiares.
- Devemos estar conscientes da imparciabilidade
com que Deus pune o pecado.
CONCLUINDO
Noé, sua família e os
animais da arca foram mantidos a salvo por Deus como prenuncio de uma aliança.
Hoje temos uma nova aliança de
Deus conosco, firmada pelo sangue de Jesus, e o Senhor nos garante o
cumprimento de sua promessa – "Feliz o homem que suporta a tentação.
Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu
aos que o amam". (Tg 1,12).
“O arco-íris, que aparece depois da
chuva, torna-se o sinal da aliança de Deus com toda a criação. Através dessa
aliança, Deus garante a vida para todos. Doravante, qualquer destruição que
aparecer na história humana será devida aos homens, e não a Deus. A narrativa
mostra que o pecado continua no mundo. Sem é abençoado, porque dele se formará
o povo de Israel. Cam é o antepassado dos cananeus, adversários ferrenhos de
Israel. A maldição de Cam foi abusivamente
interpretada na história como maldição da raça negra.” – Bíblia Pastoral
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