Quando Deus criou o homem no sexto dia da criação, Ele disse “façamos o homem a nossa imagem” (Gênesis 1:26). Algumas pessoas não entendem por que esta frase aparece na Bíblia em sua forma plural. Por este motivo elas se perguntam com quem Deus estava falando quando disse isto.
Alguns alegam que Deus estava falando com os anjos. Outros entendem que Deus estava falando com a natureza. Já outros argumentam que o plural é aplicado por uma exigência gramatical do hebraico. Por fim, há também os que defendem que Deus estava falando com sigo mesmo. Vamos entender melhor isto a seguir.
O que significa “façamos o homem a nossa imagem”?
Como já foi dito, diferentes interpretações se propõem a explicar por que Deus disse “façamos o homem a nossa imagem”. No geral, tais interpretações são as seguintes:
1. O “façamos o homem” indica um discurso de Deus diante de sua criação. Esta interpretação entende que Deus estava dialogando com o restante da criação. O problema é que o texto de Gênesis claramente estabelece uma distinção entre Deus e o homem do restante da criação, o que logicamente torna esta hipótese sem sentido algum.
2. O “façamos o homem à nossa imagem” é uma exigência gramatical. A palavra utilizada no capítulo 1 de Gênesis em referência a Deus é o hebraico Elohim. Esse termo está em sua forma plural, não no sentido de indicar quantidade, como se houvesse mais de um Deus, mas no sentido de indicar intensidade. Assim, esse termo expressa a plenitude da majestade do único e verdadeiro Deus.
Logo, como o termo que designa Deus no texto aparece na forma plural, naturalmente o “façamos” e o “nossa” se harmoniza a esta característica, contribuindo para a ideia de intensificação. Os críticos desta interpretação alegam que o substantivo adverbal “façamos” no hebraico pode se adequar a este princípio, mas o pronome “nós” não pode ser aplicado como um plural de majestade e intensidade.
3. O “façamos o homem à nossa imagem” considera a corte angelical do céu. Esta interpretação sugere que quando Deus disse “façamos o homem à nossa imagem”, Ele estava dialogando com os anjos. No Antigo Testamento os seres celestiais às vezes são chamados de “filhos de Deus” ou, genericamente, de “deuses”, com o próprio hebraico elohim (cf. Salmos 8:5; Hebreus 2:7).
A grande fraqueza desta interpretação é que a Bíblia não sugere em nenhum momento um ato participativo dos anjos na criação (cf. Isaías 40:39,40). No entanto, quem defende esta interpretação responde tal critica dizendo que os anjos de fato não participaram do ato de criação do homem, mas apenas o contemplaram (cf. Jó 38:7). Por este motivo Deus, em uma dimensão celestial, disse “façamos o homem à nossa imagem”.
4. O “façamos o homem a nossa imagem” é um plural deliberativo. Isto significa que Deus estava falando com Ele mesmo, algo que parece se repetir em outras passagens bíblicas (Gênesis 3:22; 11:7). Esta interpretação também se enquadra na teologia cristã da Trindade que indica a pluralidade que há no único Deus (João 1:3; Efésios 3:9; Colossenses 1:16; Hebreus 1:2). Ela ainda se harmoniza gramaticalmente ao texto, inclusive, explicando a alternância que há nele entre o plural e o singular.
Algumas pessoas alegam que a fraqueza desta posição é que nas outras vezes em que o pronome plural “nós” é aplicado com referência a Deus, talvez não estejam se referindo especificamente à Trindade. Um exemplo disto é a passagem de Isaías 6:8, onde a pergunta “quem enviarei, e quem há de ir por nós”, provavelmente esteja considerando o Senhor e sua corte celestial.
Todavia, analisando Gênesis 1:26 à luz de outros textos das Escrituras, sem dúvida a melhor interpretação do significado de “façamos o homem à nossa imagem” é que realmente esta expressão seja um dialogo de Deus com sigo mesmo. Assim ela indica toda sua plenitude em harmonia com o hebraico Elohim, e ainda aponta para a verdade sobre sua tri-unidade revelada mais nitidamente no Novo Testamento (cf. João 1:1; 14:23; Hebreus 1:3).
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