O significado do sonho de Faraó tinha a ver com o que Deus haveria de fazer na terra de acordo com a sua vontade soberana. A passagem bíblica em que José interpreta o sonho de Faraó revela o poder de Deus no governo da história, e prova como o propósito divino muitas vezes é cumprido da forma mais improvável.
A Bíblia registra o episódio em que José interpretou o sonho de Faraó no livro de Gênesis. De acordo com o texto bíblico, certa noite Faraó sonhou duas vezes, e aqueles sonhos perturbaram o monarca do Egito (Gn 41).
Pela manhã, Faraó convocou todos os magos e sábios do Egito para que eles pudessem interpretar os seus sonhos. Naquele tempo, os reis tinham a sua disposição alguns sábios, magos e feiticeiros para aconselhá-los. Inclusive, parte importante do papel dessas pessoas era interpretar sonhos.
Mas no caso de Faraó, nenhum de seus sábios foi capaz de revelar o significado de seus sonhos. Isso obviamente deve ter deixado Faraó ainda mais perturbado. Isso porque, na antiguidade, os povos do antigo Oriente Próximo acreditavam que os sonhos podiam servir como presságios do futuro.
Além disso, em culturas como a egípcia, por exemplo, os monarcas eram identificados como divindades ou como pelo menos representantes dos deuses. Então quando um rei tinha um sonho, geralmente a mensagem desse sonho era recebida com grande importância.
O sonho de Faraó
A Bíblia diz que Faraó sonhou, e em seu sonho ele estava de pé junto ao rio. Esse rio, obviamente, era o rio Nilo que banhava as terras egípcias. Esse rio, inclusive, era o símbolo da fertilidade do Egito; era a fonte da vida para aquele povo que dependia muito da agricultura.
Então no sonho de Faraó, sete vacas gordas e vistosas subiram do rio e começaram a pastar entre os juncos. Depois, do mesmo rio saíram mais sete vacas, mas dessa vez elas eram magras e feias. Essas vacas foram para junto das outras à beira do Nilo e algo muito estranho aconteceu: as vacas magras comeram as sete vacas gordas; e mesmo após tê-las comido, as vagas magras continuaram magras e feias. Com isso, Faraó imediatamente acordou.
O texto bíblico informa que na mesma noite Faraó voltou a dormir e teve outro sonho. Dessa vez ele viu sete espigas de trigo graúdas e boas que cresciam no mesmo pé. Mas na sequência brotaram outras sete espigas de trigo que estavam mirradas e queimadas pelo vento oriental. Então novamente algo improvável aconteceu: as sete espigas graúdas foram engolidas pelas espigas mirradas.
José ouve o sonho de Faraó
Quando os sábios de Faraó não puderam interpretar os seus sonhos, o chefe dos copeiros reais contou a Faraó que havia conhecido na prisão um jovem hebreu que interpretava sonhos (Gn 40). Então rapidamente Faraó mandou trazer José que estava no cárcere.
Para se apresentar a Faraó, José precisou se barbear e trocar de roupa. Embora para a maioria dos povos do antigo Oriente Próximo a barba fosse valorizada como um sinal de honra, os egípcios tinham um costume diferente quanto a isso. Por esse motivo os homens egípcios sempre estavam completamente barbeados.
Diante de Faraó, José escutou o sonho que Faraó havia tido, e também soube que ninguém havia sido capaz de interpretá-lo. Faraó também afirmou que tinha chegado ao seu conhecimento que José tinha a capacidade de interpretar sonhos.
Mas nesse ponto José tirou a o foco de si mesmo, e apontou para a sabedoria divina. José afirmou que dar a interpretação de um sonho não era algo que dependia dele, mas do Senhor. Se alguém poderia dar a Faraó a verdadeira interpretação de seu sonho, esse alguém era Deus. Dessa forma, a interpretação do sonho de Faraó jamais seria uma exibição das habilidades de José, mas uma manifestação do poder de Deus.
José interpreta o sonho de Faraó
Após esclarecer essas coisas, José explicou que, na verdade, Faraó havia tido um único sonho. E nesse sonho, havia sido revelado a Faraó o que Deus haveria de fazer. Dessa forma, na interpretação do sonho de Faraó, José revelou que as sete vacas gordas e as sete espigas graúdas, significavam sete anos; da mesma forma como as sete vagas magras e as sete espigas mirradas também significavam outros sete anos.
A diferença era que as sete vacas gordas e as sete espigas graúdas representavam sete anos de muita fartura que estavam por vir sobre o Egito. Por outro lado, as sete vacas magras e as sete espigas mirradas representavam sete anos de muita fome que fariam com que os sete anos de fartura fossem esquecidos.
José também explicou que o fato de Faraó ter sonhado duas vezes, significava que Deus já havia decidido aquela questão, e se apresava em realizá-la. Em outras palavras, nada poderia impedir que o decreto de Deus fosse executado.
Mas em seguida José também informou a Faraó o que deveria ser feito para que o Egito conseguisse atravessar aquele período. Faraó então ficou admirado com o plano relatado por José, e reconheceu que não haveria ninguém mais sábio e criterioso do que o próprio José para guiar o Egito durante aquele tempo.
O texto bíblico deixa claro que Faraó percebeu que em José estava o Espírito Divino. Ele entendeu que havia sido o próprio Deus quem revelou a José todas aquelas coisas. Isso significava que Faraó havia reconhecido que José agia sob o poder de Deus. E foi assim que José foi colocado como Governador de todo o Egito.
Nós não sabemos o grau de entendimento que o pagão Faraó teve a respeito da pessoa do único e verdadeiro Deus, mas sem dúvida toda aquela situação significou uma grande derrota para os deuses egípcios representados pelos sábios de Faraó. Na verdade, em tudo aquilo Deus estava tornando o mal em bem, e cumprindo o seu propósito de salvar a família da aliança, a descendência de Abraão, para o louvor da glória do seu nome.
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