A ordem bíblica: “não apagueis o Espírito” ou “não extingais o Espírito” significa basicamente que o cristão jamais deve se opor ao Espírito Santo de Deus e sua obra. Em outras palavras, essa é uma advertência aos crentes a respeito de como eles devem conduzir-se em relação ao Espírito Santo e seus dons que são distribuídos à Igreja.
Foi o apóstolo Paulo quem escreveu a exortação “não apagueis o Espírito” em sua primeira carta à igreja de Tessalônica (1 Tessalonicenses 5:19). Na verdade, à luz do fato de que a vinda do Senhor se aproxima, no último capítulo de sua epístola aos crentes tessalonicenses o apóstolo deixou uma série de mandamentos acerca de como deve ser a vida da Igreja; seja no relacionamento do cristão com si mesmo, com os outros e com o Senhor (1 Tessalonicenses 5).
É fácil perceber que ao escrever: “não apagueis o Espírito”, Paulo associa o Espirito Santo ao fogo. Inclusive, essa é uma metáfora bem conhecida empregada no texto bíblico. Por exemplo: quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecoste, ocorreu um fenômeno em que apareceram línguas como de fogo distribuídas entre os crentes (Atos 2:3).
Na frase: “não apagueis o Espírito”, o apóstolo aplica um termo grego que significa literalmente “extinguir” ou “apagar”, e comunica a ideia de “sufocar”, “suprimir” ou “abafar” o fogo. Mas a aplicação do significado dessa ordem tem sido abordada pelos estudiosos de formas diferentes. Nesse sentido, há pelo menos duas interpretações principais.
Não apagueis o Espírito no contexto do uso dos dons
A primeira interpretação defende que a exortação: “não apagueis o Espírito” tem a ver com o ambiente congregacional da Igreja. A ideia é que Paulo registrou essa ordem tendo em mente a maneira como os crentes devem reconhecer o uso dos dons espirituais na Igreja.
Se isso estiver correto, parece que os crentes tessalonicenses estavam, de alguma forma, “apagando o Espírito” ao desprezar algumas manifestações legitimas dos dons do Espírito na Igreja, talvez até por preocupação ou zelo. E como os dons espirituais foram distribuídos para o benefício da Igreja, negligenciá-los seria o mesmo que sufocar o exercício desses dons e, consequentemente, extinguir a manifestação do Espírito.
Nesse caso, então a frase: “não apagueis o Espírito” está diretamente relacionada às ordens subsequentes: “Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5:20,21).
Num tempo em que a Escritura ainda não estava completa, a proclamação profética da vontade de Deus tinha um papel orientador fundamental. Desprezar essa realidade significava apagar a chama do Espírito que guiava e edificava a Igreja através do exercício do dom.
Então a solução não era a de que os crentes deveriam receber tudo. Na verdade, eles tinham de examinar todas coisas com o objetivo de separar o verdadeiro do falso; o bem do mal. Em outras palavras, eles tinham de receber toda palavra profética que realmente procedia do Senhor, e rejeitar a palavra má proferida pelos falsos profetas.
Não apagueis o Espírito no contexto geral
A segunda interpretação defende que a ordenança: “não apagueis o Espírito” deve ser entendida de forma mais geral, inclusive com implicações éticas. Esse tipo de interpretação presume que Paulo registra essa advertência numa lista de mandamentos práticos variados que devem ser observados por aqueles que querem andar conforme a vontade de Deus.
Se isso estiver correto, então o significado dessa exortação enfoca mais diretamente a questão da santificação. Assim, apagar o Espírito seria o mesmo que adotar comportamentos que não estão em conformidade com os princípios do Senhor; seria o mesmo que se opor à presença do Espírito Santo e sua atuação na vida do cristão.
Ao seguir por esse caminho, o crente então falha em seu compromisso na santificação, e sua conduta pecaminosa acaba extinguindo a chama do Espírito Santo em sua vida diária. Nesse caso, a ordem: “não apagueis o Espírito” se mostra semelhante a outra exortação bíblica muito conhecida: “não entristeçais o Espirito Santo de Deus” (Efésios 4:30).
Seja como for, independentemente da interpretação adotada, a verdade é que todo cristão verdadeiro deve reconhecer a essencialidade da pessoa e obra do Espirito Santo na vida da crente. O Espírito Santo é quem distribui os dons divinos para o bem da Igreja de Cristo, e conduz os redimidos a um modo de vida que agrada a Deus.
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