(1) A primeira coisa a se observar é que a Bíblia cita várias vezes os irmãos de Jesus. Por exemplo, em Atos 1:14, João 7:10, João 7:5, João 2:12.
Em um texto mais detalhado temos a menção de quatro irmãos de Jesus: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13:55).
No verso seguinte ainda temos a menção de que Jesus tinha também mais de uma irmã, porém, não é mencionado o nome delas: “Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?” (Mateus 13:56).
Com esses textos vemos claramente que Jesus tinha pelo menos seis irmãos. Mas como explicar essa questão da palavra “irmão” ser a mesma para “primo” no hebraico? Será que os textos mencionados falam de parentes próximos de Jesus e não de irmãos de verdade?
(2) Essa confusão da palavra “irmão” no hebraico é facilmente compreendida. No hebraico realmente existe a possibilidade de usar a palavra hebraica “’ach” para designar, por exemplo, um primo.
Mas a grande questão é que o Novo Testamento, onde conta a história de Jesus Cristo, não é escrito em hebraico, mas em grego.
No grego existem palavras diferentes para “irmão” e “primo”. Por exemplo, veja este texto: “Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé…” (Colossenses 4:10).
A palavra grega no original para primo ali usada é “anepsios”. Agora vejamos esse outro texto: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13:55).
A palavra grega usada aqui é “adelphos”. Ou seja, observamos claramente que no texto original em grego temos palavras distintas para “primo” e para “irmão”.
Quando o evangelista usa a palavra “adelphos” quer dizer irmão e não primo, pois se quisesse dizer que Tiago, José, Simão e Judas eram primos de Jesus usaria a palavra grega “anepsios”.
(3) Mas podemos observar também que essa palavra grega “adelphos” é utilizada também para designar um irmão da mesma fé, por exemplo, neste texto: “Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, também nosso colaborador” (Filemon 1:1).
Sabemos que o apóstolo Paulo não era irmão de sangue de Timóteo, mas irmão na mesma fé. Logo, será que as menções dos irmãos de Jesus se tratam de irmãos de fé e não de irmãos de sangue?
Resolvemos essa questão facilmente analisando os contextos e observando se estão falando de um ou de outro. Observe este texto: “Depois disto, desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (João 2:12).
Observe que o texto diferencia claramente quem desceu com Jesus para Cafarnaum. Temos uma separação clara entre os irmãos (de sangue) e os discípulos (que poderiam ser irmãos de fé). O texto claramente os separa, deixando claro a intenção de João em mostrar que naquele momento a família de Jesus (sua mãe e seus irmãos) o acompanhavam.
(4) Dessa forma, fica bastante claro que a Bíblia menciona sim, de maneira objetiva, que Jesus teve vários irmãos, pelo menos seis. De quatro deles sabemos o nome. Das irmãs, infelizmente, não sabemos nada, apenas a menção de que elas existiram.
O fato de Maria ter tido outros filhos não a desabona em nada, afinal, ela era casada com José e, como casados, e debaixo da cultura judaica que via os filhos como uma grande bênção do Senhor, é razoável que esse casal seguiu sua vida como qualquer outro casal normal, educando Jesus e seus irmãos como bons pais que eram.
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