(1) Na Bíblia realmente consta, na seção que trata sobre as regras alimentares que Deus estabeleceu para o povo de Israel, o morcego sendo enquadrado como uma ave:
“Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação:
a águia, o quebrantosso e a águia marinha; o milhano e o falcão, segundo a sua
espécie, todo corvo, segundo a sua espécie, o avestruz, a coruja, a gaivota, o
gavião, segundo a sua espécie, o mocho, o corvo marinho, a íbis, a gralha, o
pelicano, o abutre, a cegonha, a garça, segundo a sua espécie, a poupa e o
morcego” (Levítico 11:13-19).
Temos também a menção da lebre (uma espécie de coelho
selvagem) sendo enquadrada da lista de ruminantes: “a lebre, porque rumina, mas
não tem as unhas fendidas; esta vos será imunda” (Levítico 11:6).
O que confunde muitas pessoas é o fato de que o morcego não
é uma ave, mas um mamífero, e a lebre não é um ruminante.
A Bíblia teria errado ao enquadrar o morcego como ave e a
lebre como ruminante?
(2) O grande erro de interpretação dos que acusam o texto
bíblico de estar errado é aplicar os conhecimentos existentes em nossas épocas
a textos que foram escritos, como no caso das leis do Antigo Testamento,
especialmente o livro de Levítico, escrito por volta de 1446-1406 a.C.
Seria mais ou menos como exigir que as pessoas que viveram
há 1000 anos conhecessem o funcionamento de um avião antes dele ser inventado.
(3) Quando Moisés escreve as leis que recebe de Deus para
que o povo lesse e seguisse, Ele emprega conhecimentos existentes em sua época
para que houvesse compreensão.
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Quando analisamos as leis alimentares, observamos que elas
são baseadas em observações externas. Por exemplo, apenas peixes que tinham
escamas e barbatanas podiam ser comidos:
“De todos os animais que há nas águas comereis os seguintes:
todo o que tem barbatanas e escamas, nos mares e nos rios; esses comereis”
(Levítico 11:9).
Essa era a forma possível do povo identificar
simplificadamente os animais puros e imundos e saber qual podiam comer.
(4) Quando a Bíblia inclui morcegos entre o grupo de aves
está claramente agrupando animais que tem certa característica clara e
perceptível, que é voar.
Não se tinha naquela época conhecimento tal qual temos hoje
em dia a respeito de características tão detalhadas da biologia animal.
Daí o morcego, segundo o conhecimento da época, estar listado
entre aves devido a sua característica principal ser semelhante a delas.
(5) As lebres, tais como os ruminantes (animais que ficam
como que mastigando frequentemente um alimento, devido seu processo de
digestão), também tem uma característica de ficar como que mastigando o
alimento de forma frequente.
Externamente a lebre parece com os ruminantes na sua forma
de comer, mas internamente (hoje em dia) sabemos que ela não rumina. A boa
regra de interpretação ensina que um texto deve ser interpretado à luz de seu
contexto.
No contexto das leis, a lebre entra em um grupo de animais
com a mesma característica e essa característica era facilmente identificada
visualmente naquela época.
(6) Além disso, não era objetivo do texto bíblico ensinar
biologia. O objetivo era trazer leis alimentares ao povo, que deveria conseguir
identificar de forma simples o que era ou não proibido.
Daí os animais serem agrupados por características
peculiares. Seria no mínimo insensatez querer que o texto bíblico trouxesse
nele conhecimentos que ainda não existiam de forma plena como, por exemplo, o
funcionamento do sistema digestivo dos ruminantes.
(7) Dessa forma, fica claro que não temos um erro na Bíblia
se considerarmos o texto analisado à luz de sua época e à luz de seu propósito.
E ainda fica também claro que aqueles que buscam manipular o
texto bíblico para insinuar contradições que minimizem a autoridade da Palavra
de Deus, acabam “caindo do cavalo” mais uma vez, pois sua manipulação não
consegue resistir a mais simples análise textual conforme demonstramos aqui.
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