QUINTO MANDAMENTO – HONRARÁS PAI E
MÃE
“Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso
agrada ao Senhor”. (Cl 3,20)
Honrar pai e mãe vai
alem da simples obediência, implica amar e respeitar de forma elevada,
demonstrando espírito de consideração.
LEITURA BÍBLICA
"Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra
que o Senhor teu Deus te dá”. (Êx 20,12.
“Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Honra teu pai e tua mãe, este é
o primeiro mandamento com promessa: para
que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra". (Ef 6,1-3).
“Pois Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’, e ‘quem amaldiçoar seu
pai ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a
sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é Corbã’, isto é,
uma oferta dedicada a Deus, vocês o
desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou sua mãe. Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da
tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa".
(Mc 7,10-13).
I.
INTRODUÇÃO.
O
quinto mandamento era originalmente uma ponte entre as obrigações do israelita
com Deus e as do israelita com seu próximo,, e liga os quatro primeiros
mandamentos aos cinco seguintes. Oito dos dez mandamentos do Decálogo são
proibições e dois são positivos, o quarto e o quinto. Temos aqui o segundo
mandamento apresentado em fórmula positiva.
II.
O QUINTO MANDAMENTO.
1.
Os pais biológicos. O
propósito divino é a sustentabilidade da estrutura familiar e a santificação da
ordem social. Os pais são representantes de Deus na família; honrá-los e
temê-los significa fazer o mesmo em relação a Deus. São eles que geram os
filhos e são responsáveis pelo bem-estar deles, pelo seu sustento, alimentação,
vestes, saúde e educação. Não existe na vida alguém mais importante para o
filho do que o pai e a mãe, pois eles são seus heróis. Esse relacionamento é
semelhante ao de Javé com seu povo Israel (Dt
1,31; Mt 1,6).
2.
Os pais espirituais. A
expressão “o teu pai e tua mãe” se
aplica também aos pais espirituais, que devem ser honrados e respeitados pelos
filhos na fé. Isso é visto na lei (2Rs
2,12; 13,14) e na graça (1Tm 1,2;
2Tm 1,2; 2,1; Tt 1,4). A figura do governante também se assemelha a dos
pais; veja como Débora se considera mãe de Israel (Jz 5,7). Assim o mandamento abrange as autoridades espirituais e
civis, que devemos respeitar.
3.
Os pais intelectuais. O
respeito e a honra se devem também a que se destaca pelo conhecimento em
qualquer área. Isso é visto no Faraó que constituiu José como primeiro ministro
do Egito (Gn 45,8). Isso deve servir como exemplo nas igrejas atuais. Muitos
cristão hoje precisam a prender a lição desse Faraó. Em qualquer lugar em que
chegarmos, iremos sempre encontrar alguém melhor do que nós em alguma área, e
devemos ter humildade suficiente para reconhecer essa autoridade.
III. OBEDIÊNCIA.
1.
O verbo honrar. Honrar
pai e mãe é mandamento divino, e não sugestão humana (Êx 20,12; Dt 5,16; Mt 15,4). O verbo honrar, kaved, é um imperativo intensivo hebraico, do qual vem o
substantivo kavod, “honra, glória”. A raiz desse verbo
aparece em todas as línguas semíticas, com exceção do aramaico, e o significado
é de “ser pesado”, sentido figurado,
cuja idéia é de ser importante (Nm 22,15).
É usado no Antigo Testamento com vários significados. Um deles diz respeito ao
temor, ao reconhecimento, responsabilidade e autoridade; em nosso contexto,
refere-se a alguém merecedor de respeito, atenção e obediência (Lv 19,3).
2.
Filho adulto. A
ordem divina é para os adultos; não se restringe à infância e a adolescência.
Não importa o estado civil ou o status social, todos devem respeitar e
reverenciar de coração os pais. Em nenhum lugar da Bíblia ensina que esa ordem
seja semelhante para crianças e adolescentes. Quando o moço e a moça chegam à
maioridade, ou mesmo se casam, seus pais continuarão sendo seus genitores e os
filhos devem honrá-los e respeitá-los.
3.
À luz da exegese. O
termo grego usado em Efésios para “filhos”
é tekna, plural de teknon; que indica descendente imediato sem especificar
sexo ou idade. Aparece cinco vezes nesta epístola; “filhos da ira” (Ef 2,3); “filhos
amados” (Ef 5,1); “filhos da luz”
(Ef 5,8). Somente Ef 6,4 sugere criança ou adolescente. Em 6.1 parece ambíguo;
seria precipitação aplicar esse ensino apenas às crianças e adolescentes. O
verbo “obedecer” está na voz ativa,
mostrando que se trata de pessoas moralmente livres para assumir uma
responsabilidade Diane de Deus (Ef 6,1).
IV.
SUSTENTO.
1.
Cuidado. O
sentido de deixar pai e mãe quando se
casa (Gn 2,24) é a construção de um novo lar, e não o abandono dos pais. Deus é
justo e retribuirá tudo que o filho fizer com o pai e com a mãe. Quem age dessa
forma está semeando para o seu próprio futuro, pois colherá isso na velhice. Há
inúmeros exemplos no Antigo Testamento da responsabilidade do filho em cuidar
do sustento dos pais (Gn 47,12; Js
2,13.18; 6,3; 1Sm 22,3). O Senhor Jesus citou e viveu este mandamento (Mt 15,4-5; 19,19; Mc 7,10-12; Lc 2,51).
2.
Oferta Corbã. O
termo “corbã”, korban, é aramaico e
significa literalmente “sacrifício”,
mas o contexto aqui é algo muito triste. Trata-se de um artifício para fugir “legalmente” do compromisso de
sustentar pai e mãe na velhice. O filho podia ser absolvido dessa
responsabilidade se fizesse uma promessa de doação em dinheiro destinada ao
Templo (Mc 7,11-12). Era uma
desculpa para não ajudar os pais, pois se consagrava a Deus tudo o que possuía.
Assim, ele dizia aos pais que não podia oferecer ajuda nem fazer nada por eles
porque tudo já estava comprometido diante de Deus.
3.
Ensino de Jesus. Deus
não exige esse tipo de oferta de ninguém em sua Palavra, por isso o Senhor Jesus
foi contundente com as autoridades religiosas de Israel. Essa doutrina dos
fariseus era uma afronta a Deus e à sua Palavra (Mc 7,13). Eles violavam a lei sob um manto de santidade, exibindo
uma religiosidade, exibindo uma religiosidade externa e falsa. Ninguém precisa
sacrificar a família pela causa do evangelho. Quem cuida do pai e da mãe já
esta fazendo a obra de Deus, o cuidado da família deve ser prioritário, só depois é que vem a Igreja (!Tm 5,8). Esse é o pensamento cristão,
que muitas vezes, infelizmente, é invertido entre nós.
V.
ENTRE A LEI E A GRAÇA.
1.
Autoridade dos pais. Honrar
pai e mãe é um ensinamento que ocupa um lugar de elevada consideração na
Bíblia. Desobedecer aos pais é desobedecer a Deus, pois estão investidos de
autoridade divina sobre a vida dos filhos e receberam de Deus a
responsabilidade pelo bem-estar deles. A observação “porque isto é justo” (Ef 6,1 - NVI) ou “porque isto é correto” como diz outra tradução (NTLH), significa tratar-se de uma lei
natural que existe desde o princípio do mundo. Deus já havia colocado a sua lei
no coração de todos os homens, mesmo antes de se revelar a Moisés no Sinai (Rm 1,19; 2,14-15). Essa norma existe em
todas as civilizações antes e depois de Moisés, e foi dada a Israel como
revelação e mandamento divino (Mt 15,4).
2.
O sistema mosaico. A
promessa os filhos que honraram e obedecem aos pais, descrita no Decálogo, é a
longevidade: “para que se prolonguem os
teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êx 20,12). A passagem
paralela de Deuteronômio acrescenta o sucesso econômico: “para que te vá bem” (Dt 5,16). Temos aqui uma prova incontestável
de que originalmente este mandamento era exclusividade de Israel, pois fala
sobre herdar a terra de Canaã.
3.
Adaptado sob a graça. O
apóstolo Paulo deliberadamente combina as palavras do quinto mandamento em
ambos os textos do Decálogo. Êxodo e Deuteronômio: “Honrar a teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa,
para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (Ef 6,2-3). Aqui, a
Terra Prometida não é cidade nem especificada como no Decálogo: “que te da o SENHOR, teu Deus”. A
igreja, o povo de Deus do novo concerto, não tem terra para herdar, pois a
nossa herança é o céu (Fp 3,20).
Somos uma congregação de estrangeiros e peregrinos no mundo (1 Pd 2,11).
VI.
CONCLUSÃO.
O
quinto mandamento é de fundamental importância para conservar uma sociedade
estável. Todavia, o cristão o observa como resultado da sua nova vida em
Cristo, e não coerção da lei, que condena à morte os filhos rebeldes (Êx 21,17.17; Lv 20,9; Dt 21,18-21) pois
na graça somos guiados pelo Espírito Santo para as boas obras que Deus preparou
para andarmos nelas. Não desperdice, portanto, o privilegio e a oportunidade de
honrar seu pai e mãe, para não perder as bênçãos de Deus.
MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)
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