O QUARTO MANDAMENTO– SANTIFICARÁS
O SÁBADO
“E
então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem
por causa do sábado”. (Mc 2,27)
O quarto mandamento
envolve o aspecto espiritual e social, diz respeito ao relacionamento do homem
com Deus e ao mesmo tempo com o próximo
LEITURAS BÍBLICAS
“Lembra-te
do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles
farás todos os teus trabalhos, mas o
sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho
algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus
animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o
mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor
abençoou o sétimo dia e o santificou.” (Ex 20,8-11).
“Disse ainda o Senhor a Moisés: "Diga aos israelitas que guardem os meus sábados.
Isso será um sinal entre mim e vocês, geração após geração, a fim de que saibam
que eu sou o Senhor, que os santifica. "Guardem
o sábado, pois para vocês é santo. Aquele que o profanar terá que ser
executado; quem fizer algum trabalho nesse dia será eliminado do meio do seu povo.
Em seis dias qualquer trabalho poderá ser feito,
mas o sétimo dia é o sábado, o dia de descanso, consagrado ao Senhor. Quem
fizer algum trabalho no sábado terá que ser executado.
Os israelitas terão que guardar o sábado, eles e os seus descendentes, como uma aliança perpétua. Isso será um sinal perpétuo entre mim e os israelitas, pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele não trabalhou e descansou". (Ex 31,12-17).
Os israelitas terão que guardar o sábado, eles e os seus descendentes, como uma aliança perpétua. Isso será um sinal perpétuo entre mim e os israelitas, pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele não trabalhou e descansou". (Ex 31,12-17).
I.
INTRODUÇÃO.
As
controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação. Temos aqui
a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus com
Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é
universal, mas o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito
pelo qual ele foi dado.
II.
O SÁBADO DA CRIAÇÃO.
1.
O shabat.
Deus
celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2,2-3). Aqui está a base do sábado
institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só
aconteceu com a promulgação da lei, o substantivo shabbat “sábado”, não aparece aqui, na criação. Surge pela primeira vez no
evento do maná (Ex 16,22-23). A
Septuaginta emprega a palavra sabbaton, “sábado,
semana”, a mesma usada no Novo Testamento grego.
2.
Deus concluiu a criação no dia sétimo.
Deus
completou a sua obra da criação no sétimo dia. Deus “descansou” ou seja, cessou, é o significado do verbo hebraico
usado aqui, shabat, “cessar, desistir,
descansar” (Gn 8,22; Jó32,1; Ex 16,41). Esse descanso é sinônimo de cessar
de criar, e indica a obra concluída. Não se trata de ociosidade, pois Deus não
para e nem se cansa (Is 40,28; Jo 5,17).
3.
A benção de Deus sobre o sétimo dia.
Ele
abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na dispensação da
inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado. Agostinho (santo da
Igreja Católica) de Hipona lembra que não ouve tarde no sétimo, e afirma que
Deus o santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro XIII, 36). O sábado
da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro no fim dos tempos: “Assim,
ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus”; (Hb 4,9).
III.
O SÁBADO INSTITUCIONAL.
1.
Desde criação.
É
o sábado para descanso de todos os povos. É uma questão moral que Deus
estabeleceu para a raça humana ao comemorar a criação. Tornou modelo e uma
forma natural para toda a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos
precisam de repouso, as maquinas necessitam parar para a manutenção e assim por
diante (Lv 25,4). O sábado
institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser
qualquer dia ou um período de descanso (Hb
4,8).
2.
Não era mandamento.
O
sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do
descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não somente para
comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e
assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a
Deus.
3.
Os patriarcas não guardaram o sábado.
O
livro de Genesis não menciona os patriarcas ( Título que descreve o chefe ou fundador de uma família ou tribo do Israel antigo. Três são os
principais patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e Jacó (Hb 7,4; At 7,8-9). Também se aplica aos 12 filhos de Jacó e
ao rei Davi, devido à linhagem messiânica. Esses personagens remontam à era
patriarcal da história de Israel.) Abraão, Isaque e Jacó observando o
sábado. Segundo Justino, o Martir, Abraão e seus descendentes até o Sinai
agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo
com Trifão 19,5). Irineu de Lião diz que Abraão, sem circuncisão e sem observância do sábado, ‘acreditou em Deus e lhe
foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus’” (Contra Heresias, Livro IV,
16.2).
IV.
O SÁBADO LEGAL.
1.
Significado.
É
o sétimo dia da semana no calendário judaico, marcado para repouso, adoração.
Foi introduzido no mundo pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no
Sinai. Nenhum outro povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia; é
exclusividade de Israel (Ex 31,13.17).
o sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo
dos séculos (Gn 17,11).
2.
O sábado do Decálogo.
A
expressão “Lembra-te do dia do sábado,
para santificá-lo” (Ex 20,8),
remete a uma reminiscência histórica e, sem duvida alguma, Israel já conhecia o
sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referencia ao sábado da criação. Ele
aparece na promulgação da lei (Ex 20,11),
contudo, essa reminiscência não aparece em Deuteronômio (Dt 5,12-15). Trata-se, com certeza, do sábado que o povo não levou
a sério no deserto (Ex 16,22-29).
3.
Propósito.
A
instituição do sábado legal no Decálogo tinha um propósito duplo: social e
espiritual. Cessar os trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos
seres humanos e aos animais e dedicar um dia para adoração a Deus. É um
memorial da libertação do Egito (Dt 5,15).
Duas vezes é dito que o sábado é um sinal distintivo entre Deus e a nação de
Israel (Ex 31,13.17).
V.
UM PRECEITO CERIMONIAL.
1.
O sacerdote do Templo.
O
Senhor Jesus Cristo disse mais uma vez que a guarda do sábado é um preceito
cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos pães da
proposição (Mt 12.2-4). Veja ainda
que Jesus se referia quando falou a respeito desse ritual mencionado em Êxodo 29,3; Levítico 22,10; 1Sm 21,6.
Disse igualmente que “os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem
culpa” (Mt 12,5), ao passo que não
existe concessão para preceitos morais.
2.
A circuncisão no sábado.
Se
o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela tem que ser
feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez declara o
quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima do
sábado (Jo 7,22-23 cf. Lv 12,3). Um
mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza.
VI.
O SENHOR DO SABADO.
1.
O sábado e a tradição dos anciãos.
Os
quatros evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus sobre a
interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições
concernentes ao sábado, más o senhor Jesus disse que é “licito fazer bem no sábado” (Mt
12,12). Isso Ele fez (Mc 3,1-5; Lc
13,10-13; 14,1-6; Jo 5,8-18; 9,6-7.16) e, por isso, nós devemos fazer o
bem, não importa qual seja o dia da semana.
2.
Jesus é o Senhor do sábado (M 2,28).
O
sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa instituição. Então,
não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de
Deus. A expressão “o Filho do Homem”, no singular, é título messiânico, não é
usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus se refria a Ele mesmo.
Jesus disse que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas
que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc 2,27).
3.
Dia do culto cristão.
O
primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o segundo (Jo 20,19.26). Nesse dia o Senhor Jesus
ressuscitou entre os mortos (Mc 16,16).
O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma legal, pelos
primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20,7; 1Cor 16,2; Ap 1,10). É o “sábado” cristão! O sábado legal
e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2,16-17), foram revogados e anulados (2Cor 3,7-11; Hb 8,13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5,17-18), agora vivemos sobre a
graça (Jo 1,17; Rm 6,14)
VII.
CONCLUSÃO.
A
palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31,31-33; Oz 2,11). Isso
se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8,8-12). Exigir a guarda do
sábado como condição para a salvação não é cristianismo e caracteriza-se como
doutrina de uma seita
MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)
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