SÉTIMO MANDAMENTO – NÃO ADULTERARÁS
“Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a
cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 5,28).
O
sétimo mandamento diz respeito a pureza sexual e à proteção da sagrada
instituição da família., assim como o mandamento anterior fala sobre a proteção
à vida.
“Não adulteras” (Êx 20,14).
“22 Quando um homem for
achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão, o homem que
se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel. 23 Quando houver moça virgem, desposada, e um
homem a achar na cidade, e se deitar com ela, 24 Então trareis ambos à porta daquela cidade, e
os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o
homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio
de ti. 25 E se algum homem no campo
achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então
morrerá só o homem que se deitou com ela; 26
Porém à moça não farás nada. A moça não tem culpa de morte; porque, como
o homem que se levanta contra o seu próximo, e lhe tira a vida, assim é este
caso. 27 Pois a achou no campo; a moça
desposada gritou, e não houve quem a livrasse. 28 Quando um homem achar uma moça virgem, que
não for desposada, e pegar nela, e se deitar com ela, e forem apanhados,
29 Então o homem que se deitou com ela
dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e porquanto a humilhou, lhe será
por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias. 30 Nenhum homem tomará a mulher de seu pai, nem
descobrirá a nudez de seu pai.” (Êx 22,22-30).
I.
INTRODUÇÃO.
O sétimo mandamento
condena o adultério e a impureza sexual com o objetivo de proteger a família. A
Bíblia não condena o sexo; a santidade dele é inquestionável dentro do padrão
divino, mas sua prática ilícita tem sido um dos maiores problemas do ser humano
ao longo dos séculos. O sétimo mandamento é tratado de uma maneira na lei, e de
outra na graça. Um olhar no episódio d mulher adúltera (Jo 8,1-11) mostra que tal preceito foi resgatado pela graça e
adaptado a ela, e não á lei.
II.
O SÉTIMO MANDAMENTO.
1. Abrangência. Trata de um tema muito
abrangente, que envolve casamento num contexto social contaminado pelo pecado.
O mandamento consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de
maneira simples em duas palavras “não
adulteras” (Êx 20,14; Dt 5,18). Sua regulamentação para os israelitas pode
ser encontrada nos livros de Levíticos e Deuteronômio, que dispõem contra os
pecados sexuais, a prostituição e toda forma de violência sexual com
respectivas sanções.
2. Objetivo. O Decálogo segue uma
lógica. Primeiro aparece a proteção da vida, em seguida vem a família e depois
os bens e a honra. O mandamento “não adulteras”
veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer uma sociedade moral e
espiritualmente sadia. A proibição aqui é contra toda e qualquer imoralidade
sexual, expressa de maneira genérica, mas especificada em diversos dispositivos
na lei de Moisés.
3. Contexto. A lei foi promulgada numa
sociedade patriarcal que permitia poligamia – A poligamia não era comum nos
tempos bíblicos, embora fosse permitido o casamento com mais de uma mulher ao
mesmo tempo, como quando Jacó casou com Lia e Rebeca. O marido tinha de ser
muito rico para ter mais de uma esposa. Portanto, a realeza é que tendia a ter
varias esposas. – Nesse
contexto social, o adultério na lei de Moisés consistia no fato de um homem se
deitar com uma mulher casada com outro homem, independentemente de ser ele
casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam ser mortos, tanto o homem
quanto a mulher (Dt 22,22; Lv 20,10).
III.
INFIDELIDADE.
1. Adultério. É traição e falsidade. É a
queda de uma aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade, uma
infidelidade que destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família. A
tradição judaica - cristã leva o assunto a sério e considera o adultério um
pecado grave. Trata-se de uma loucura que compromete a honra e a reputação de
qualquer pessoa, independentemente de sua confissão religiosa ou status social
(Jr 29,23; Pv 6,32-33).
2. Sexo antes do casamento. Esta prática está muito em
voga na sociedade moderna, mas nunca teve a aprovação divina, e por isso os
jovens devem evitar coisas (Sl 119,9).
Em Israel, os envolvidos em tal prática, desde que a mulher não fosse casada ou
comprometida, não eram condenados à morte. A pena era mesmo rigorosa, mas o
homem tinha de se casar com a moça, pagar uma indenização por danos morais ao
pai da jovem e nunca mais se divorciar dela (Dt 22,28-29). Hoje, esse tipo de pecado requer aplicação de
disciplina da Igreja, mas nem sempre o casamento deles é a solução.
3. Fornicação. A “moça virgem, desposada com
algum homem” (Dt 22,23) diz respeito, no contexto atual, à noiva que ainda
não se casou, mas está comprometida em casamento. Trata-se do pecado sexual de
formicação praticado com consentimento mútuo. A pena da lei é a morte por apedrejamento,
como no caso de envolvimento com uma mulher casada (Dt 22,24). A razão desta
pena vai alem do simples ato, pois se trata da quebra da fidelidade, “porquanto humilhou a mulher do seu
próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22,24b).
IV.
OUTROS PECADOS SEXUAIS.
1.
Estupro. A lei contrasta a cidade
com o campo para deixar clara a diferença entre estupro e ato sexual
consentido. Em Dt 22,25-27 tratam de caso de violência sexual, pois no campo a
probabilidade de socorro era praticamente nula, e a moça era forçada a praticar
o ato (22,25). Neste caso, somente o estuprador era morto, acusado de crime
sexual, mas a moça era inocentada (Dt
22,26-27).
2.
Incesto. A lei estabelece a lista
de parentesco em que deve e não deve haver casamento, para evitar a endogamia e
o incesto (Lv 18,6-18). Mais
adiante, a lei prescreve as penas de
cada grupo desses pecados (Lv 20,10-23).
“nenhum homem tomará a mulher de seu
pai” (Dt 22,30). A lei dispõe
contra a prática sexual execrável de abusar da madrasta. É o pecado que desonra
o pai, invade e macula o seu leito. Quem pratica tal abominação está sob a
maldição divina (Dt 27,20). Na lei o
assunto pertence ao campo jurídico e a condenação prevista é a morte (Lv 20,11). Entretanto, estamos debaixo
da graça e por essa razão o tema é elevado à esfera espiritual, cuja sanção se
restringe à perda da comunhão da Igreja (1
Cor 5,1-5). A sabia decisão apostólica é a base para o princípio
disciplinar que as igrejas aplicam hoje.
3.
Bestialidade. É uma aberração sexual,
tanto masculina como feminina, contra a qual a lei dispõe tendo como sanção a
pena de morte, seja para o homem ou seja para a mulher e para o animal, que
devia ser morto (Lv 20,15-16).
Bestialidade e homossexualismo desonram a Deus e eram práticas cananéias, razão
pela qual os cananeus foram vomitados da terra (Lv 18,23-28).
V.
O ENSINO DE JESUS.
1. O sétimo mandamento nos Evangelhos. O Senhor Jesus reiterou o
que Deus disse no principio da criação sobre o casamento, que se trata de uma
instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19,4-6). Ele também se referiu ao
tema do sétimo mandamento de maneira direta e indireta. Direta ao fazer o uso
das palavras “não adulteras” ou “não cometerás adultério” no sermão da
montanha (Mt 19,18)e nas passagens
paralelas (Mc 10,19; Lc 18,20). Indireta quando fala acerca do divorcio, tema
pertinente ao sétimo mandamento (Mt
19,9; Mc 10,11-12).
2. O problema dos escribas e fariseus. Mais uma vez Ele corrige o
pensamento equivocado das autoridades religiosas de Israel. Os escribas e
fariseus haviam reduzido o sétimo mandamento ao próprio ato físico, pois
desconheciam o espírito da lei, apegavam-se à letra dela (2Cor 3,6). Assim, como é possível cometer assassinato com a cólera
ou palavras insultuosas, sem o ato físico (Mt
5,21-22), da mesma forma é possível também cometer adultério só no
pensamento (Mt 5,27-28).
3. A concupiscência. Há diferença entre olhar e
cobiçar. O pecado é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus,
desde que dentro do casamento, nunca fora dele. O livro de Cantares de Salomão
mostra que o sexo não é apenas para procriação, mas para o prazer e a
felicidade dos seres humanos. Jesus não está questionando o sexo, mas
combatendo a impureza sexual e o sexo ilícito, a prostituição. O Senhor Jesus
disse que os adultérios procedem do coração humano (Mt 15,19).
VI.
CONCLUSÃO.
Cremos que Deus sabe o que
é certo e o que é errado para a vida humana. A Bíblia é o manual divino do
fabricante e é loucura ir contra Ele. A sanção contra os que violarem o sétimo
mandamento, na fé cristã, não vai alem da disciplina da Igreja e, em alguns
casos, do caos na família. Mas o julgamento divino é tão certo quanto a
sucessão dos dias e das noites, e a única salvação de Jesus (At 16,31; 17,31).
MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)
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