“Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo 1,9)
I.
INTRODUÇÃO.
O texto que estudamos na lição
passada fala de comunhão e, especialmente, comunhão com Deus, mas a mensagem
clara dos versículos do texto básico desta lição é que não é possivel ter
comunhão com Deus e com o pecado ao mesmo tempo. Deus deixou isso claro desde
do Éden: havendo o homem cometido o pecado, fazia-se necessário seu afastamento
da presença de Deus (Gn 3). Todo o
Pentateuco e os livros históricos deixaram clara a posição assumida por Deus,
por meio de Suas exigências de santidade para o Seu povo. Os profetas
anunciaram essa verdade – “...são vossos
pecados que colocaram uma barreira entre vós e vosso Deus.” (Is 59,2). Todo
o Novo Testamento faz sentido a partir dessa crença fundamental de que: “... o salário do pecado é a morte (separação
de Deus), enquanto o dom de Deus é a
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6,23). Embora esses textos
sejam bastante usados no trabalho da evangelização, precisamos conscientizar de
que seu ensino se aplica também a todos nós: “Deus é luz e nele não há treva alguma” (1Jo 1,5).
II.
O
CONTEUDO DA MENSAGEM.
“A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e
nele não há treva alguma.” (1Jo 1,5).
Não é incomum ouvir um irmão ou
irmã se lamentando do padrão de exigencia cobrado do crente. Parece que “todo mundo faz isso, e ninguem disse nada,
mas basta o crente fazer qualquer coisa errada, e todo mundo começa a comentar
e cobrar”. Embora isso pareça um tanto injusto, é natural que saja assim.
Quem está nas trevas vive e pratíca aquilo que lhe é próprio sem nada lhe ser
cobrado, pois as manchas não são vistas nas trevas, mas quem se chega para a
luz tem sua vida exposta diante da luz do evangelho de Cristo. Essa idéia é
ainda mais desenvolvida em Jo 3,16-21
(por favor, leia esse texto). Quando as obras são mais, é natural que se
prefiram as trevas “a fim de não serem
arguidas as suas obras”, mas, “quem
pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam
manifestas, porque feitas em Deus”.
O perigo de tornar a benção da
comunhão verdadeira em um simples ajuntamento é muito grande. Nossos atos
religiosos serão absolutamente inúteis sem a presença abençoadora de Deus,
nosso Senhor. E o conteúdo da mensagem é claro: havendo pecado (trevas), não há
presença de Deus! As pessoas podem ir à igreja como alguém que apenas pisa nos
átrios de Deus – “quando vindes
apresentar-vos diante de mim, quem vos reclamou isto: atropelar os meus átrios?”
(Is 1,12), podem orar como quem faz “vãs
repetições”, como alguem que apenas diz “Senhor, Senhor” – “Nem todo
aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele
que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” (Mt 7,21), mas nao entra
no Reino de Deus. Há a possibilidade de se chegar à palavra de Deus,
simbolizada na Bíblia por um espelho, e voltar para ser como era antes, sem nenhuma
mudança (como quem olha no espelho no
escuro e nada vê!). Os cristãos não podem ser enganados.
III.
TRÊS
AFIRMAÇÕES PERIGOSAS.
“6. Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e
não seguimos a verdade. 7. Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na
luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo,
seu Filho, nos purifica de todo pecado. 8. Se dizemos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. 10. Se pensamos não ter
pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós. (1Jo
6-8.10).
1.
Negação
do poder do pecado – (1Jo 1,6-7).
O primeiro grande perigo apontado
no texto é o de acreditarmos que pecado não é o de acreditarmos que pecado não
é coisa séria. Sendo o temor do Senhor o princípio da queda. É como alguém que
nao consegue entender o poder do fogo e se queima; não percebe o perigo da
serpente venenosa e se deixa picar por ela. Nao entende quanto o pecado é
extraordinariamente perigoso.
A Bíblia nao deixa dúvida quanto
a ação do pecado. Desde os dias do princípio da raça humana, o Senhor alertou
Caim a cerca do perigo do pecado – “Se
praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se precederes
mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo.”
(Gn 4,7), da mesma maneira como o Senhor Jesus alertou Pedro da ação do Inimigo
– “31. Disse-lhes então Jesus: Esta
noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está escrito: Ferirei o
pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zc 13,7). 32. Mas, depois da
minha Ressurreição, eu vos precederei na Galiléia. 33. Pedro interveio: Mesmo
que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o serás. 34.
Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante,
três vezes me negarás. 35. Respondeu-lhe Pedro: Mesmo que seja necessário
morrer contigo, jamais te negarei! E todos os outros discípulos diziam-lhe o
mesmo. 36. Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e
disse-lhes: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. (Mt 26,31-36).
Somos ensinados a orar pedidndo ao Senhor que não nos deixe cair em tentação, e
aprendemos que “o salário do pecado e a
morte” (Rm 6,23). Ainda assim, podemos cometer o erro primário de nao
entender a seriedade da situação e achar que o pecado nao tem toda essa força,
e “brincarmos com Deus”, da mesma
maneira como o povo de Israel fez no deserto – e perdeu-se toda aquela geração (1Cor 10,1-13 – por favor leia
principalmente o v 9).
2.
Negação
da natureza pecaminosa – (1Jo 1,8).
Outro perigo muito sério que
ataca especialmente os cristãos é o de
acharmos que “não temos pecado”.
Chegamos a acreditar tolamente que pecado é cometido apenas pelos descrentes,
ou que só pode considerar como pecado certos tipos grosseiros de desvios morais
ou vicios perigosos. Chegamos a ponto de acreditar que “não temos pecado nenhum”, tornando-nos verdadeiros mentirosos.
Jamais podemos perder de vista
que o que nos diferencia do mundano não é a ausencia do pecado – “com efeito, todos pecaram” (Rm 3,23),
mas o fato de termos aceitado o plano salvador de Deus em Cristo Jesus. Não há
pecadores e não-pecadores, mas unicamente pecadores que encontram ou não o
caminho para o arrependimento. Esse fato
deve nos ensinar uma vida humilde diante de Deus sempre vigilante diante da
inúmeras tentações, pedindo ao Senhor que nos livre do mal – “e não nos deixeis cair em tentação, mas
livrai-nos do mal.” (Mt 6,13). Veja ainda o tetumunho dp apóstolo Paulo, em
Rm 7,15-25.
“15. Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que quero;
faço o que aborreço. 16. E, se faço o que não quero, reconheço que a lei é boa.
17. Mas, então, não sou eu que o faço, mas o pecado que em mim habita. 18. Eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem
está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. 19. Não faço o bem que quereria,
mas o mal que não quero. 20. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que
faço, mas sim o pecado que em mim habita. 21. Encontro, pois, em mim esta lei:
quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal. 22. Deleito-me na lei de
Deus, no íntimo do meu ser. 23. Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que
luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos
meus membros. 24. Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me
acarreta a morte?...25. Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor!” (Rm 7,15-25).
3.
Negação
das ações pecaminosas – (1Jo 1,10).
“Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo
1.10).
A terceira afirmação perigosa é ainda
mais sutil – “eu entendo que somos
pecadores (é claro que sei disso), apenas estou dizendo que não faço essas
coisas”. Ainda que pareça incoerente, esta é a nossa prática tantas vezes:
reafirmamos nossa condiçãode pecadores e até alimentamos uma postura humilde diante da santidade de
Deus, mas nao estamos dispostos nos humilhar perante a mão de Deus. Um exemplo
clássico desse fato está registrado na história de Davi quando confrontado pelo
profeta Natã (2Sm 12,1-5 e Sl 51): ele
se mostra ético o sério quando se falava sobre a maldade cometida por alguém,
mas não percebia que ele mesmo ea o sujeito da ação – o pecador. Por isso, ele
começa a sua mudança de vida dizendo que Deus está certo no falar e puro no
julgar – Davi admite o seu pecado – “Contra
ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos;...”
(Sl 51,4).
Um de nossos grandes desafios
diários está em pedir ao Senhor que nos sonde e veja se há em nós algum caminho
mau, da mesma maneira como fez o salmista – “23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os
meus pensamentos; 24 vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo
caminho eterno. (Sl 139,23-24).
IV.
A
SOLUÇÃO – CONFISSÃO.
“Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo 1,9).
Um dos nomes usados na Bíblia
para descrever Satanás é “acusador” :
ele é o grande acusador dos homens, porque na fraqueza e na vergonha dos homens
está a porta para desonrar o Deus verdadeiro. Além disso, Deus colocou dentro de nós um elemento que chamamos de consciencia
que nos serve de alerta para a existencia que nos serve de alerta para a
existencia do pecado – “Sobreveio a lei
para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.”
(Rm 5,20). Do outro lado, também o Espirito Santo de Deus trabalha paa nós – “E, quando ele vier, convencerá o mundo a
respeito do pecado, da justiça e do juízo.” (Jo 16,8). Isto é, de todas as
maneiras somos alertados para o fato do pecado – “Não há nenhum justo, não há sequer um.” (Rm 3,10). O fator que
diferencia a ação de Deus em nós para aquele operada pelo grande inimigo de
nossa alma está no objetivo da ação o Espirito Santo mostra o nosso pecado para
mostrar o caminho do arrependimento e nos levar de volta para Deus.
Enquanto negamos o pecado ou lhe
damos outro nome que amenize sau ação malévola, somos facilmente levados ao engano de um convivio continuado
com os seus efeitos mortais, sem esperança de mudança – caminhamos da morte
para a morte da mesma maneira como “um
abismo chama outro abismo” (Sl 42,7). Desse modo, corrremos o risco de
viver condenando os que estão no mundo, mas vivendo da mesma maneira como eles
vivem – “Tu, ó homem, que julgas os que
praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de
Deus?” (Rm 2,3), na prática do pecado: “29.
São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios
de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. 30. São difamadores,
caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de
maldades, rebeldes contra os pais. 31. São insensatos, desleais, sem coração,
sem misericórdia.” (Rm 1,29-31). Que fazer com essa situação?
O que fazer com essa situação? O
caminho bíblico é claro e objetivo: não há outro caminho além do arependimento!
Temos que confessar nossos pecados para podermos ser beneficiados pela ação
amorosa do Senhor. “fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.” (1Jo 1,9).
V.
CONCLUSÃO
Não é possivel crer no evangelho
sem crer no fato do pecado, pois o evangelho é exatamente as boas – novas de salvação para o pecador – “...Deus é luz e nele não há treva alguma.” (1Jo 1,5). Diante do fato
de qeu não há trevas em Deus, estariamos irremediavelmente distanciados Dele,
pois somos afetados pelo pecado em todas as suas dimensões – “Desde a planta dos pés até o alto da
cabeça, não há nele coisa sã. Tudo é uma ferida, uma contusão, uma chaga viva,
que não foi nem curada, nem ligada, nem suavizada com óleo.” (Is 1,6). “24. Homem infeliz que sou! Quem me livrará
deste corpo que me acarreta a morte?... 25. Graças sejam dadas a Deus por Jesus
Cristo, nosso Senhor!” (Rm 7,24-25). Quanta bondade em nosso Deus e Senhor
que, conhecendo nossa natureza e nossa impossibilidade para agradá-Lo, nos
enviou Seu Filho par aque Nele encontremos paz com Deus!
Profundo sentimento de humildade,
alegria e amor deve tomar conta de todo o nosso ser diante da obra extraordinária
de Cristo na cruz. Da mesma maneira, devemos tomar um profundo compromisso no
sentido de viver de modo digno do Senhor, para o Seu inteiro agrado, de modo
qjue o Seu nome seja honado em nossa vida e em todo o nosso procedimento – “De modo algum. Nós, que já morremos ao
pecado, como poderíamos ainda viver nele?” (Rm 6,2).
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