LIÇÃO 09
– A ERA DOS JUÍZES EM ISRAEL.
Você já percebeu como o
nosso mundo atual tem aversão a leis? Parece que todos aqueles que representam
qualquer tipo de ordem são rejeitados. Por isso há crises em todas as
instituições sociais a família, a escola, o estado e a Igreja, pois elas
procuram manter a boa ordem na sociedade.
Quando abrimos a
Bíblia no livro de Juízes, percebemos que a tendência de nossa sociedade atual
é repetir a experiência de Israel naquela fase da sua historia, pois “Naquele
tempo não havia rei em Israel, e cada um fazia o que lhe parecia melhor”. (Jz
17,6). Se a Igreja adotasse essa filosofia de vida, com certeza seria
aplaudida pelo mundo e até por muitos cristãos que estão tentando a todo custo
alargar o “caminho do Senhor”.
- A EXPLICAÇÃO DO PERÍODO DOS JUÍZES (Jz 1,1-3,6).
Os primeiros
capítulos do livro de Juízes explicam como surgiram as condições lamentáveis
desde período sombrio da historia de Israel.
a) Guerras
independentes (Jz 1,1-3,6).
Encontramos aqui
muitas descrições de guerras independentes das tribos para defenderem suas propriedades contra inimigos
particulares.
Parece que aquela
unidade nacional acabou. E o que vemos agora são vários grupos de israelitas
lutando pelo seu próprio espaço.
No salmo 133
aprendemos que a condição necessária para que Deus abençoe o seu povo é a
unidade. Se quebrarmos este principio, já não podemos contar com o favor
divino. E diga-se de passagem, há muitas igrejas que já perderam a benção!
b) Tolerância
para com os inimigos (Jz 1,21-36).
Como se não
bastasse o quadro de desagregação nacional causados pelas “guerrilhas
particulares”, remos agora o agravamento da situação pelo fato de não
expulsarem “certos inimigos” que despertam neles “certos interesses”.
Os inimigos da fé
são sempre inimigos e devem ser tratados sem misericórdia. Se fizermos algum
tipo de acordo com eles, “Deixa a ira, e abandona o furor; não te enfades,
pois isso só leva à prática do mal.” (Sl 37,8).
A carne do mundo e
o do diabo são eternos inimigos da fé cristã. Mas há muito cristãos que os
toleram, e para sua própria ruína lhes abrem concessões. Devemos fugir das
paixões d carne – “ela segurou-o pelo manto, dizendo: “Dorme comigo!” Mas
José, largando-lhe o manto nas mãos, fugiu”. (Gn 39,12), odiar tudo que é
mundano “Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus?
Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. (Tg 4,4);
e “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está
nele o amor do Pai”. (1Jo 2,15) e em sujeição a Deus resistir ao diabo – “Sede
submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós”. (Tg
4,7). Este é o caminho da vitória que não podemos esquecer!
c) Deus
usa os inimigos para disciplina.
Deus é soberano e
têm na sua mão todos os reinos do universo. Por isso mesmo, pode dispor de
qualquer deles para alcançar seus fins. Por isso “É horrendo cair nas mãos
de Deus vivo”. (Hb 10,31).
Israel foi
tolerante para com seus inimigos que Deus mandara desistir. Então o próprio
Deus usou aqueles povos para uscalina-los.
d) A
morte de Josué e de sua geração (Jz 2,6-23).
A boa influencia de Josué e
de sua geração passou quando eles morreram. Eles morreram, sim, mas a historia
da fé vitoriosa ficou. Que fez a nova geração daquela historia? Infelismente
esqueceu! Israel agora tinha tantos novos contatos que estava pouco ligando
para que Deus fizera no passado. Havia tanta gente interessante, tantos costumes
novos, que o que aprendera no deserto, já não interessa mais.
“A que caiu entre os
espinhos, estes são os que ouvem a palavra, mas prosseguindo o caminho, são
sufocados pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim os seus frutos
não amadurecem”. (Lc 8,14).
- A SUCESSÃO DOS JUÍZES (Jz
3,7-16,31).
Com relação à parte
principal do livro que agora estamos considerando, esta bem clara a sua
disposição. Treze juízes são citados sucessivamente – Otniel, Eúde, Sangar,
Débora, Baraque, Gedeão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Ebdom e Sansão. Seis
deles se distinguiram dos demais, pois toda a historia concentra-se em seis
apostasias e períodos de cativeiro de Israel e nos seis libertadores ou juízes que Deus levantou para livra-los. São eles: Otnel, Eúde, Débora, Gedeão, Jefté
e Sansão, nos quais destaco dois:
a) omete
(Jz 6,11-8,35)
“Os filhos de Israel
fizeram o que era mau perante o Senhor...por isso Senhor os entregou nas mãos dos midianitas
por sete anos....então os filhos de Israel clamaram o Senhor”.
O escritor
Guilherme W. Orr chega a afirmar em seu livro “39 chaves para o Velho
Testamento” que o maior dos juízes foi Gedeão. Ele foi vocacionado em uma
época de emergência nacional. O seu exercito de trinta e dois mil homens foi
reduzido até tornar-se um grupo desprezível de trezentos; então, não lhes foi
dada arma alguma. Contudo, nunca em toda a história, aconteceu vitória maior.
As proezas são
citadas em:
“Faze-lhes como
fizeste a busca como a Sísera, como a Jabim junto ao rio Quisom, os quais foram
destruídos em Daí-Dor; tornaram-se esterco para a terra. (Sl
83,9-10).
“Porque o jugo que
pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes,
como no dia de Madiã”. (Is 9,3).
“Que mais direi?
Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e
dos profetas”. (Hb 11,32).
O caráter amoroso e
justo de Deus é singular. Alias, ele é o único ser capaz de harmonizar
perfeitamente em si mesmo a bondade e a severidade (Rm 11,22). Ele
castiga e repreende o seu povo em pecado, mas ouve-lhe a suplica de libertação (Sl
66,19-20) e opera maravilhas, nunca é tarde para voltar-se ara Deus!
b) Sansão
(Jz 13,2-16,31)
“Tendo os filhos de Israel
tornado a fazer o que era mau perante o
Senhor...este os entregou nas mãos dos filisteus por quarenta anos”.
Aqui não há
registro de súplica, evidentemente porque como ultimo recurso eles haviam dito
a Deus na crise anterior: “Os israelitas disseram ao Senhor: Pecamos;
tratai-nos como melhor vos parecer. Somente, livrai-nos hoje”. (Jz 10,15).
Nesta fase aparece Sansão que começou a livrar a Israel do poder dos filisteus.
As vitórias de
Sansão foram todas pessoais. Sozinho ele impôs terror aos filisteus, e coragem
a Israel. Contudo, faltou-lhe a qualidade de estadista de Samuel e a percepção
espiritual de Davi. Seu grande problema foi vencer a si próprio, seus apetites
e paixões. Todavia ele tinha fé em Deus e foi imortalizado em “Que mais
direi? Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi,
Samuel e dos profetas”. (Hb 11,32).
Olhando para a
experiência de Sansão e de outros juizes de Israel, percebemos que embora
fossem vocacionados por Deus para um trabalho de libertação tinham pouco
domínio de si. Faltava-lhes aquele fruto do Espírito chamado “domínio próprio”
(Gl 5,23), muito raro também em nossos dias! “Mais vale a paciência que
o heroísmo, mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma
cidade”. (Pr 16,32).
- AS CONDIÇÕES MORAIS DA ERA DOS
JUIZES (Jz 17-21;RUTE).
Como já vimos, a
filosofia dominante em Israel era: “Naquele tempo não havia rei em Israel, e
cada um fazia o que lhe parecia melhor”. (Jz 17,6). Este modo de pensar
trouxe muitos prejuízos morais e espirituais ara a nação.
a) Apostasia
(Jz 17,1-18,31).
O completo
afastamento de Deus e de sua palavra e a idolatria de um certo israelita,
chamado Mica, representam bem a própria condição de toda a nação naquela época.
Um povo que se afasta completamente de Deus e vive a vida ao seu modo como
Israel estava vivendo, desce aos mais baixos níveis de existência e produz
personagens como Mica.
A historia registra
muitos fatos grosseiros e perversos ocorridos dentro da Igreja, às vezes com a
sanção dela. É preciso que nos cuidemos para que isto não suceda conosco.
“Estai alerta para
que ninguém deixe passar a graça de Deus, e para que não desponte nenhuma
planta amarga, capaz de estragar e contaminar a massa inteira. Que não haja
entre vós ninguém sensual nem profanador como Esaú, que, por um prato de
comida, vendeu o seu direito de primogenitura.” (Hb
12,15-16).
b) Vingança
(Jz 19,1-21,25).
Quando se perde a
percepção de que existe um Deus justo no céu que age na terra e que retribui a
cada um conforme as suas obras, fica-se pronto para tomar a justiça nas
próprias mãos. Foi o que aconteceu nesse período negro da historia de Israel.
Havia aquela atitude de vingança generalizada, tanto entre as tribos como em
relação a outros povos.
Nós também somos
muito inclinados á retaliação. O sistema do mundo afirma e a nossa velha
natureza endossa que não devemos aceitar nenhuma perda. Talvez seja por isso
que muitos cristãos passam a vida
inteira correndo atrás do prejuízo que outros lhe causaram e nunca conseguem
perdoar. Essa atitude é bem contraria ao espírito do evangelho de – Mt 5,38-48 –
e resulta em muitos danos para os que gratificam – Mt 18,32-35.
c) Piedade
(O Livro de Rute).
O livro de Rute
parece uma nota suave no meio de uma musica tão turbulenta. Ele descreve a
orientação providencial de Deus na vida e aventuras de uma família israelita.
Por causa da morte do pai e seus dois filhos, em uma terra estrangeira, o nome
e a herança da família ficam em
perigo. Da situação extrema do homem, entretanto, é a
oportunidade de Deus. Vemos este conceito em: “Vossa intenção era de
fazer-me mal, mas Deus tirou daí um bem; era para fazer, como acontece hoje,
com que se conservasse a vida a um grande povo”. (Gn 50,20).
Tanto a fidelidade
de Rute como a benignidade de Boaz revelam que é possível “andar com Deus”
no meio de contemporâneos que andam distantes dele – “Esta é a história de
Noé. Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele
andava com Deus”. (Gn 6,9).
Quando o individuo,
a igreja ou a nação vira as costas para Deus, tudo perde o seu real
significado. Mas graças ao próprio Deus, a volta é sempre possível pois “É
graças ao Senhor que não fomos aniquilados, porque não se esgotou sua piedade.
Cada manhã ele se manifesta e grande é sua fidelidade.” (Gn 3,22-23).
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