domingo, 15 de dezembro de 2013

VIVENDO NO AMOR DE DEUS - LIÇÃO 01 – JOÃO, O DISCÍPULO AMADO


LIÇÃO 01 – JOÃO, O DISCÍPULO AMADO

“Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito.” (1Jo 2,5).

      I.        INTRODUÇÃO.
João se destacou tanto entre os apóstolos que passo a integrar o grupo mais intimo de Jesus. Ele ficou conhecido como o Apóstolo do amor. Nas será que ele foi sempre assim? É bom, antes de estudar as tres cartas escritas por ele, descobrir algo da sua vida e atransformação através da sua vivencia com Cristo.

    II.        SUA VIDA FAMILIAR.

1)    Seus Pais.
João era filho de Zebedeu, provavelmente o mais novo. Fora dos escritos de Lucas, ele é mencionado depois do seu irmão Tiago. Parece que o nome da sua mãe era Salomé, quando comparamos Mc 16,1 com Mt 27,56 – porque a terceira mulher que acompanha as duas Marias ao túmulo é chamada de Salomé por Marcos, e “a mulher de Zebedeu” Por Mateus. Também por inferência, Salomé parece ser irmã de mãe de Jesus (em João 19,25 – quatro mulheres são mencionadas: as duas Marias já citadas por Marcos e Mateus, a mãe de Jesus e “a irmã dela”). Se for correto esse entendimento, então João, o apóstolo, era primo de Jesus, por parte da mãe. Por isso, foi muito natural que o Salvador entregasse Sua mãe aos cuidados de João, quando estava na cruz (Jo 19,25-27).

2)    Seu lar.
Parece que o lar de João era de classe média alta. Seu pai, um pescador, tinha empregados – “Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.” (Mc 1,20), e Salomé era uma das mulheres que prestavam assistência com seus bens a Jesus – “Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses.” (Lc 8,3); “Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé”. (Mc 15,40)

   III.        SEU ENCONTRO COM JESUS.

1)    Discípulo de João Batista.
Antes de ser apóstolo de Jesus, João foi discípulo de João Batista. Em Jo 1,35-37, é mencionado que dois discípulos de João Batista passaram a seguir Jesus. Um deles era André  - “André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido.” (Jo 1,40); o outro, acredita-se que fosse João. Era próprio de João não mencionar seu nome; ele nem se identificou como o discípulo amado – “Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus.” (Jo 13,23). Vale lembrar que os doze apóstolos foram homens que andaram com Jesus “começando no batismo de João (At 1,21-22). Portanto, era um homem temente a Deus e alimentava forte expectativa da vinda do Messais.

2)    “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,35-40).
Um dia, passava perto de João e André um homem que João Batista descreveu como “o Cordeiro de Deus”. E assim, João (e André) encontrou o esperado Messias, o Cristo de Deus. Foi o seu primeiro encontro com Jesus.

3)    Um dos doze apóstolo de Jesus.
Algum tempo depois, quando Jesus estava caminhando junto ao mar da Galiléia, viu João com o pai e seu irmão, no barco, concertando as redes e chamou os dois irmãos para segui-Lo – “Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.” (Mc 1,19-20). João (com Tiago) imediatamente deixou seu trabalho de pescador e se tornou discípulo de Jesus. Mais tarde, João foi convocado para ser apóstolo – “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele....Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele escolheu também André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador. (Mt 3,13-18), fazendo parte dos “Doze”.

  IV.        SEU TEMPERAMENTO DIFÍCIL.

É tão fácil esquecer que João, o discípulo do amor, possuía um temperamento difícil e tinha algumas arestas que precisavam ser plantadas pelo Senhor. A história dele mostra o poder do evangelho para mudar vidas.

1)    Seu temperamento explosivo (Mc 3,17).
Não foi por acaso que Jesus deu a João e a seu irmão o apelido de boanerges – “filhos do trovão”, por causa do temperamento exaltado e indisciplinado.

2)    Seu temperamento ambicioso (Mc 10,35-40).
Isso se vê no pedido que ele e seu irmão fizeram a Jesus (encorajados pela mãe) para que lhe fosse permitido se assentarem em lugares de privilegio especial quando Jesus entrasse no Seu reino – “Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda.” (Mc 10,37). O que mostra uma falta de discernimento a respeito da verdadeira natureza da soberania de Cristo.

3)    Seu temperamento intolerante (Mc 9,38-41).
Um dia, João viu um homem expelindo demônios em nome de Cristo e proibiu-o, porque o homem não era discípulo de Jesus. João foi repreendido pelo Mestre por causa da sua intolerância.

4)    Seu temperamento vingativo (Lc 9,51-56)
Esse espirito de vingança é visto pela sua indignação depois que uma vila de samaritanos desprezou seu Mestre, recusando-se a deixá-Lo entrar nela – “Vendo isto, Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?” (Lc 9,54). Jesus lhe ensinou a natureza longânima da sua missão salvadora.
“...porque eu sou manso e humilde de coração...” (Mt 11,29). Como João aprendeu preciosas lições do seu Mestre e a vida desse rude pescador foi transformada! A transformação na vida de João mostra que ninguém tem temperamento tão difícil que não possa ser mudado por Jesus. “Sei que tenho um gênio difícil, sou assim mesmo, é o meu jeito – não vou mudar!”. Você não vai mudar sua vida, mas Cristo pode!
    V.      
  SUA VIVENCIA COM JESUS.
Durante três anos, João viveu na companhia de Jesus. Em três ocasiões importantes no ministério de Jesus. João é mencionado em companhia do seu irmão Tiago e de Simão Pedro, à exclusão dos outros apóstolos – era o grupo mais intimo na ressurreição da filha de Jairo – “E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.” (Mc 5,37), na transfiguração – “Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte.” (Mc 9,2) e no jardim do Getsêmani – “Levou consigo Pedro, Tiago e João; e começou a ter pavor e a angustiar-se.” (Mc 14,33). E João, junto com Pedro, que foi enviado por Jesus para faze os preparativos para a refeição da ultima Pascoa.
João não é mencionado por nome no quarto evangelho, mas é quase certo que o discípulo chamado “aquele que ele amava” e que se reclinou próximo ao peito de Jesus na ultima ceia era o apóstolo João. Ele foi o encarregado de cuidar de Maria, mãe de Jesus – “26. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. 27. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.” (Jo 19,26-27). Foi ele quem correu juntamente com Pedro para o túmulo e foi o primeiro a ver o significado dos lençóis desarrumados e sem corpo dentro – “2. Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram! Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.” (Jo 20,2.8). Finalmente estava presente quando o Cristo ressurreto Se revelou perto do mar de Tiberíades – “1. Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: 2. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos.” (Jo 21,2). Esse foi o apóstolo que escreveu o quarto evangelho – “24. Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho.” (Jo 21,24).

  VI.        SEU MINISTÉRIO APOSTÓLICO

Após a ressurreição e ascensão de Jesus, João, juntamente com Pedro, com quem permaneceu intimamente ligado, demonstrou muita coragem na atividade de proclamar o evangelho no tempo e no Sinédrio, enfrentando toda a fúria das autoridades judaicas, as quais os reputavam como “homens iletrados e incultos”“Vendo eles a coragem de Pedro e de João, e considerando que eram homens sem estudo e sem instrução, admiravam-se. Reconheciam-nos como companheiros de Jesus.” (At 4,13); “33. Ao ouvirem essas palavras, enfureceram-se e resolveram matá-los. Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Ordenaram-lhes então que não pregassem mais em nome de Jesus, e os soltaram.” (At 5,33-40). Durante varios anos, João foi um dos lideres da igreja em Jerusalém – “Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo:” (Gl 2,9) e participou da imposição de mãos sobre os samaritanos que haviam se convertido através do ministério de Filipe – “Os apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João.” (At 8,14). Não sabemos quando deixou Jerusalém, mas parece que trabalhou na igreja de Efésios e de lá foi exilado para a ilha de Patmos – “Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.” (Ap 1,9), por causa da sua fé.
 VII.        SEUS ESCRITOS INSPIRADOS.
João foi um dos mais prolificos escritores do Novo Testamento (depois de Paulo), escrevendo o evangelho de João, três cartas e o Apocalipse.

1.    O evangelho.
Quando João escreveu seu evangelho, ele tinha um propósito bem claro – “30. Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.” (Jo 20,30-31). João fez uma seleção dentre um número maior de sinais disponível, com o propósito, ao narrar esses fatos, de levar seus leitores a crer que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome”

2.    As três cartas.
João escreveu sua primeira carta como um tratado para combater as atividades de falsos mestres que haviam rompido com a igreja e tentavam seduzir os fieis. A segunda e a terceira carta de João foram escritas para igrejas locais.

3.    O Apocalipse
Este último livro co cânon é de mesmo caráter profético que distingue os livros de Daniel e Ezequiel, e teve o objetivo de animar e estimular os crentes em tempo de perseguição e dificuldades. Ele mostra que Deus é soberano, e no fim intervirá de maneira catastrófica para cumprir Sua boa e perfeita vontade. João conclui Apocalipse com a visão dos novos céus e de nova terra, onde os cretes reinarão com Cristo eternamente.

VIII.        CONCLUSÃO.

João foi um homem de profundo conhecimento espiritual e dotado de disposições efetivas, que o levaram a ser o discípulo que Jesus particularmente amava -  “Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus.” (Jo 13,23); “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho.” (Jo 19,20); “Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” (Jo 20,2). Esse amor tanto o caracterizou que, somente na sua primeira carta, ele emprega nada menos de 50 vezes a expressão amar. Há uma tradição que João permaneceu em Éfeso até uma idade extremamente avançada, e São Jerônimo relata que, quando João tinha de ser carregado para as reuniões cristãs, ele costumava repetir por muitas vezes: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”. E esta é a mensagem que João quer transmitir para nós, enquanto estudamos suas três epístola.

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