É muito significativo na
Bíblia o uso de altares. No Primeiro Testamento eles foram levantados
como fruto de uma experiência co Deus – Gn 12,7; 26,25; 33,20; 35,7; Ex 17,15;
24,2 – Tratava-se de lugar onde o homem se aproximava de Deus, mediante
sacrifício e oração. Lugar aonde Deus vinha encontrar as necessidades humanas.
O altar falava de comunicação entre Deus e o homem; igualmente, no altar o
homem trazia suas oferendas ao Senhor.
No Segundo Testamento o
altar é como uma consagração profunda e integral de nossas vidas a Deus – Rm
12,1-2. Fala de rendição, de compromisso profundo, de integração com a vontade
de Deus e o sacrifício de Jesus – Hb 13,10; Ap 8,3.
Jacó levantou vários
altares. Estudaremos quatro deles. Altares que eram como a marca de uma
experiência maravilhosa de Deus.
I.
O ALTAR DO ENCONTRO PESSOAL COM DEUS
“BETEL” – Gn 28,10-22.
Jacó, como muitos, não
tinha um conhecimento pessoal de Deus. Ele queria ser abençoado, mas ainda não
conhecia o Deus abençoador. Em Betel, no entanto, ele conheceu seu Senhor.
Jacó fugia dos homens, mas não foi capaz de fugir de Deus, que através de um
sonho lhe mostrou uma escada – símbolo de Cristo, o único mediador entre Deus e
o Homem - "Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os
homens: Jesus Cristo, homem" (1Tm 2,5).
Ele se apresentou como o
Deus de seus pais e por fim fez uma aliança pessoal com Jacó – Gn 28,13-17.
Jacó levantou o primeiro
altar de sua vida – Gn 28,18-22 – e chamou-o Betel – casa de Deus.
O nosso primeiro altar é o
altar de nossa conversão. É o momento onde nos rendemos completamente ao
senhorio de Jesus onde descansamos o destino de nossa alma.
Jacó levantou com uma nova
visão de Deus "E, cheio de pavor, ajuntou: “Quão terrível é este lugar!
É nada menos que a casa de Deus; é aqui, a porta do céu.”" (Gn 28,17).
“28,10-22: O episódio mostra a essência da religião. Religião é a
relação misteriosa entre Deus e o homem: embora transcendente e infinitamente
santo, Deus está sempre em relação viva com as suas criaturas (escada, anjos).
Nessa relação, o homem é incapaz de tomar a iniciativa; o máximo a que pode chegar
é entregar-se (sono) para que Deus se manifeste gratuitamente (sonho) e revele
o projeto que ele vai realizar na vida do homem (promessa: vv. 13-15). Toda e
qualquer vida humana que esteja aberta e disponível, torna-se um santuário
(Betel = casa de Deus), onde Deus se manifesta, criando vida e história. Cf. Jo
4,21-24.”– Bíblia pastoral
II.
O ALTAR DA RECONCILIAÇÃO – “EL-DEUS” – Gn
33,1-10.20.
O segundo altar foi
denominado “Deus” - "Levantou aí um altar, ao qual chamou
El-Deus de Israel". (Gn 33,20). Ele foi levantado quando Jacó
reconciliou-se com seu irmão - "Mas Esaú correu-lhe ao encontro e
beijou-o; ele atirou-se ao seu pescoço e beijou-o; e puseram-se a chorar".
(Gn 33,4).
Na comunhão há louvor; no
ajuntamento dos santos sobre um aroma suave até Deus. “Quando o rosto do irmão
foi como o rosto de Deus - ““ Oh, suplico-te, replicou Jacó, se ganhei teu
favor, aceita este presente de minhas mãos; porque te contemplei como se
contempla Deus, e me fizeste bom acolhimento”. (Gn 33,10), então um
altar foi levantado. Se não mantivermos comunhão com irmãos, então o nosso
altar a Deus fica desqualificado – Mt 5,23-26.
SALMOS [133] - Oh! Quão bom
e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a
cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das
suas vestes; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião;
porque ali o Senhor ordenou a bênção, a vida para sempre.
33,1-20: “O encontro com o irmão é constrangedor para Jacó: consciente de sua
própria culpa, ele procura se desvencilhar o quanto antes do irmão, mas recebe
uma lição de generosidade, hospitalidade e fraternidade. Na casa de Labão, Jacó
precisou usar as mesmas armas do explorador para se libertar; na luta
misteriosa com Deus, ele aprendeu o próprio limite e que não se pode manipular
a Deus; e no encontro com Esaú, recebe uma lição de fraternidade.” – Bíblia
Pastoral.
III.
O ALTAR DA RENOVAÇÃO – “EL BETEL” – Gn
35,1-15.
Como vimos no capitulo
anterior, Jacó estava com problemas familiares e sociais. Seus filhos haviam
eliminado uma tribo – os siquemitas – e as nações queriam vinganças – Gn 34.
Jacó subiu a Betel e
levantou ali um altar “EL-BETEL” – o Deus da casa de Deus - "Levantou
aí um altar e deu a esse lugar o nome de El-Betel, porque foi aí que Deus lhe
aparecera, quando fugia diante de seu irmão". (Gn 35,7).
Este é o altar do
desespero da angustia, da dor profunda, da incapacidade de agir. É o
altar de que ora como Ana – 1Sm 1,11-18; como Ezequias – 2Rs 19,14-19; como
Davi Sl 51; como cada cristão – Fl 4,6-7.
Neste altar a aliança foi
renovada – Gn 35,10-15, e Jacó conheceu melhor o Deus de Betel.
“35,1-15: O tom da narrativa é
profundamente religioso: o próprio deslocamento de Jacó é descrito como se
fosse uma procissão ou romaria e termina com uma teofania, isto é, manifestação
de Deus. Quer salientar um dos lugares de culto para Israel: o futuro santuário
de Betel, que se tornou o centro religioso das tribos do Norte, quando estas se
separaram do reino do Sul, após a morte de Salomão (cf. 1Rs 12,26-33). O texto
salienta que o Deus adorado em Betel é o mesmo Deus dos pais, o Deus da
promessa.” – Bíblia Pastoral.
IV.
O ALTAR DA DIREÇÃO – “BERSABÉIA” – Gn
46,1-3.
Jacó descobriu que seu
filho José estava vivo e queria que ele descesse ao Egito – Gn 45.16-28 – Jacó
ficou ansioso por isto, mas não foi antes de conversar com Deus. Em vez de ir
ao Egito foi a Bersabéia, levantou um altar, e só depois de ouvir o próprio
Deus a direção, partiu para o Egito – Gn 46,1-6.
Que altar maravilhoso este
de Bersabéia; buscar a direção de Deus mesmo que o coração chame para os
braços de José. Ir com Deus é melhor - "Descerei contigo ao Egito, e eu
mesmo te farei de novo subir de lá. José fechar-te-á os olhos.”" (Gn
46,4).
Moisés também levantou a
Deus um altar assim – Ex 33,12-16.
Há mais segurança na nossa
jornada cristã quando buscamos a vontade de Deus la leitura da Bíblia, na
oração e no aconselhamento com cristãos maduros na fé. O altar de Bersabéia se assemelha muito com o “sacrifício
vivo” de Rm 12,1-2, que busca “a boa, perfeita e agradável vontade de
Deus”.
Diante de tantos projetos
que estão diante de nós, não nos esqueçamos de perguntar sempre – “Senhor,
qual é a tua vontade? Qual caminho? Qual o projeto? Qual a vocação? Qual a
direção”.
“Não sei por quais
caminhos Deus nos conduz, ma conheço bem meu Guia” – Martinho Lutero.
“46,1-47,12: “Em seu final, o livro do Gênesis
começa a preparar o acontecimento do êxodo. De fato, em Bersabéia, Deus anuncia
a Jacó: «Eu descerei com você ao Egito e o farei voltar de lá» (v. 4). A região
de Gessen fica no nordeste do Egito, e daí sairá futuramente o grupo que
formará o núcleo central do povo da Aliança. Em 47,1-12 temos duas versões
diferentes sobre a chegada da família de Jacó no Egito (vv. 1-6b e vv. 5b-12).”
Bíblia Pastoral.”
CONCLUINDO
Betel, Deus, El-Betel e
Bersabéia foram altares levantados por Jacó como fruto de experiências
maravilhosas com Deus. Falam do encontro pessoal com Deus, da reconciliação com
os irmãos, da renovação espiritual e da direção divina. Altares levantados por
nós como fruto de uma entrega total ao Senhor. Sacrifício absoluto de o próprio
ser é o verdadeiro culto que prestamos ao Senhor - Rm 12,1-2.
O nosso privilegio em
mantermos comunhão com Deus é enorme. Não é através de sacrifícios de animais
que nos apresentamos diante de Deus, mas através de Jesus, o novo e vivo
Caminho,que seu sangue nos garante acesso a Deus – Hb 10,19-25.
Nenhum comentário:
Postar um comentário