Jacó estava com problemas
sérios: as nações vizinhas – cananeus e fariseus – queriam elimina-lo e sua
família – Gn 34,25-31. O capitulo 34 nos explica a razão disto. Dina, sua única
filha, fora estuprada no campo por um jovem chamado Siquém. Após o estupro,
veio o romance - "Seu coração prendeu-se a Dina, filha de Jacó: ele
amou a jovem, e soube falar-lhe ao coração". (Gn 34,3), e os jovens se
casaram após seus pais fazerem um acordo que tinha como base a circuncisão de
toda a família do rapaz – Gn 34,14-24.
Tudo aparentemente estava
resolvido. No entanto, Simeão e Levi – filhos do mesmo pai e mesma mãe que Dina
- "No terceiro dia, estando todos ainda doentes, os dois filhos de
Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Dina, tomaram cada um sua espada, penetraram na
cidade, que de nada desconfiava, e mataram todos os varões". (Gn
34,25) – não aceitaram aquele acordo, e violentamente eliminaram os homens
daquela tribo da face da terra, matando também a Siquém, o cunhado, e levando
cativos crianças e mulheres, além dos bens – Gn 34,25-29.
Jacó estava aflito - "Jacó
disse a Simeão e a Levi: “Vós me lançastes na confusão e me tornastes odioso
aos habitantes desta terra, aos cananeus e aos ferezeus. Só tenho comigo alguns
homens e, quando toda essa gente se congregar contra mim para me ferir,
perecerei com minha família.”" (Gn 34,30). Ele tinha uma crise
instalada dentro de casa – sua filha ficou viúva precocemente; seus filhos se
tornaram assassinos. A crise também estava do lado de fora da casa – as nações
queriam vingança.
Que fazer numa situação
assim? Que fazer quando os nossos filhos se apresentam tão desvirtuados – tão
distantes do que idealizamos para eles?
Que fazer quando as manchas
do pecado se instalam dentro de nossa casa? Que fazer quando não há segurança
lá fora? Como sair de crises que prejudicam profundamente a nossa família?
I.
PRECISAMOS COMPREENDER INICIATIVA DE DEUS
– DISSE DEUS (Gn 35,1).
Quando Jacó não sabia o que
fazer, Deus se aproximou e lhe deu a saída - "Deus disse a Jacó: “Vamos,
sobe a Betel e fica ali, e levanta um altar nesse lugar ao Deus que se
manifestou a ti, quando fugias diante de teu irmão Esaú.”" (Gn 35,1).
As Escrituras estão cheias de exemplos de Deus tomando a iniciativa em direção
ao homem. Vejamos:
1.
Deus Pai tomou as iniciativas.
·
Noé - "Então Deus disse a Noé: “Eis
chegado o fim de toda a criatura diante de mim, pois eles encheram a terra de
violência. Vou exterminá-los juntamente com a terra". (Gn 6,13).
·
Abraão - "O Senhor disse a Abrão: “Deixa
tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te
mostrar". (Gn 12,1).
·
Moisés - "“Vai pedir ao faraó, ao rei do
Egito, que deixe sair de sua terra os israelitas”". (Ex 6,11).
·
Samuel - "O Senhor chamou Samuel, o qual
respondeu: Eis-me aqui". (1Sm 3,4).
·
Davi - "E Isaí mandou buscá-lo. Ele era
louro, de belos olhos e mui formosa aparência. O Senhor disse: Vamos, unge-o: é
ele". (1Sm 16,12).
·
Outros.
2. Jesus
tomou a iniciativa em direção a muitas pessoas.
·
"Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: Vai
para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e
como se compadeceu de ti". (Mc 5,19).
·
"No dia seguinte, tinha Jesus a intenção
de dirigir-se à Galiléia. Encontra Filipe e diz-lhe: Segue-me". (Jo
1,43).
·
"Veio uma mulher da Samaria tirar água.
Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber". (Jo 4,7)
·
Outros.
Quando há fracasso ou
decadência, o Senhor chama outra vez a alma a si - "Lembra-te, pois,
donde caíste. Arrepende-te e retorna às tuas primeiras obras. Senão, virei a ti
e removerei o teu candelabro do seu lugar, caso não te arrependas".
(Ap 2,5).
II.
PRECISAMOS BUSCAR A PRESENÇA DE DEUS – Gn
35,1.
Betel quer dizer “Casa
de Deus” e recebeu esse nome do próprio Jacó numa experiência anterior – Gn
28,10-19.
Jacó entendeu novamente que
precisava renovar a sua espiritualidade na presença de Deus. Ali se cumpriu na
vida de Jacó o mesmo que se cumpre na vida do cristão que coloca a sua
ansiedade diante do trono da graça – Fl
4,6-7; 1Pe 5,7 – Jacó deveria levantar ali
um altar - "Deus disse a Jacó: “Vamos, sobe a Betel e fica ali,
e levanta um altar nesse lugar ao Deus que se manifestou a ti, quando fugias
diante de teu irmão Esaú.”" (Gn 35,1), o que efetivamente fez - "Levantou
aí um altar e deu a esse lugar o nome de El-Betel, porque foi aí que Deus lhe
aparecera, quando fugia diante de seu irmão". (Gn 35,7). Altar na
Bíblia é símbolo de rendição completa, é o sacrifício integral do cristão - "Eu
vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos
corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto
espiritual". (Rm 12,1).
“O regresso de
Jacó a Betel marca um fim e um começo – hora de partir ... um ponto de
transição quando a promessa foi ratificada” – Kidner.
Ali e Betel, Jacó, além de
renovar a sua aliança com Senhor, sepultou Débora, a velha criada de Rebeca - "Foi
então que morreu Débora, ama de Rebeca. E foi ali sepultada, ao pé de Betel,
debaixo de um carvalho, ao qual se chamou carvalho dos Prantos". (Gn
35,8). Porque também é na presença do Senhor que nos consolamos de nosso choro.
Jacó pode dizer que não
somente conheceu a Betel – casa de Deus – mas também o Deus de Betel
(El-Betel) - "Levantou aí um altar e deu a esse lugar o nome de
El-Betel, porque foi aí que Deus lhe aparecera, quando fugia diante de seu
irmão". (Gn 35,7).
III.
PRECISAMOS CONSAGRAR NOSSA VIDA A DEUS –
Gn 35,2.
Jacó entendeu que a
renovação da aliança com Deus devia ser precedida pela purificação dele e de
sua família. A idolatria havia tomado o seu ambiente doméstico e a família não
poderia subir a Betel assim. Mais tarde
nesse mesmo local, Josué fez um apelo semelhante a Israel - "Agora,
pois, tirai os deuses estranhos que estão no meio de vós e inclinai os vossos
corações para o Senhor, Deus de Israel". (Js 24,23).
Ainda hoje, às vezes sem
perceber, mantemos alguns ídolos em nossa casa – pessoas, objetos ou bens que
vão nos afastando da consagração pessoal
e familiar. Ainda hoje devemos enterrar ao pé do Calvário, tudo aquilo que
valorizamos mais do que a comunhão maravilhosa com Deus – "Se
reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os
pecados e para nos purificar de toda iniqüidade". (1Jo 1,9).
IV.
PRECISAMOS ESPERAR NA PROVIDENCIA DE DEUS
– Gn 35,5.
Vejamos no texto a forma
maravilhosa como Deus livrou a Jacó da fúria de seus inimigos - "Partindo
eles dali, Deus semeou o pânico nas cidades circunvizinhas, de sorte que não
perseguiram os filhos de Jacó". (Gn 35,5).
Este é o resultado de que
está buscando a presença de Deus – subindo a Betel – e se consagrando – abandonando
os ídolos – ao Senhor.
O salmo 91 nos ensina a
ficarmos sempre debaixo da sombra do nosso Deus para que o inimigo não tenha
vitória sobre nós.
A comunhão com Deus, a
consagração total da nossa vida a Ele, faz com que passemos vitoriosamente pela
adversidade - "Mas graças sejam dadas a Deus, que nos concede sempre
triunfar em Cristo, e que por nosso meio difunde o perfume do seu conhecimento
em todo lugar". (2Cor 2,14).
Para ser protegido contra o
inimigo, Jacó não precisou fazer corrente de libertação, colocar sal em, volta
de sua casa, fazer uma sessão de quebra de maldições e outros. Ele precisou
somente manter viva a sua comunhão com Deus. E obedece-Lo sem restrições. Muito
mais deve manter o cristão, que tem o Espírito Santo morando nele e o sangue de
Jesus que lhe purifica de todo o pecado e maldição – 1Jo 1,9; 2,1.12.17; 2Cor
5,17; Cl 2,14-15.
Quanto aos filhos de
Jacó, é impressionante ver a misericórdia de Deus transformando-os em pessoas
abençoadas. Levi, por exemplo, tornou-se pai de todos os sacerdotes de Israel – Nm 3,1-39.
CONCLUINDO
Após a ratificação da
aliança entre Deus e Jacó, este se sentiu muito abençoado. Os perigos se
passaram e a sua confiança em Deus aumentou sobremaneira. Claro que os
problemas de Jacó continuaram como veremos, mas à medida que caminhava, ia
conhecendo mais a Deus e se fortalecendo no Seu poder.
Desde o v 9 ao v 15, Deus
renova as suas promessas a Jacó e confirma o
seu novo nome de “Príncipe”, em vez de “suplantador”.
“Eu vos exorto, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício
vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso
espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o
que lhe agrada e o que é perfeito.” – Rm 12,1-2.
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