O propósito de Deus em
construir um grande povo foi edificado sobre a vida de Isaque, que, por
sua vez, era filho da velhice de Abraão e da esterilidade de Sara. O filho
tornou-se maior alegria da vida do casal. Prova disso foi o grande banquete que
o patriarca deu, o qual revela o senso de realização da família – "O
menino cresceu e foi desmamado. No dia em que foi desmamado, Abraão fez uma
grande festa". (Gn 21,8), e também a rejeição do outro filho, Ismael –
Gn 21,9-14.
Porem, Deus precisava
deixar claro que nenhum de seus planos pode ser frustrado e mais uma vez
experimentou Abraão. Vamos ver a fé de Abraão em relação à perpetuidade da
semente eleita.
I.
O DESAFIO DE ABRAÂO – Gn 22,1-2.
Da mesma forma que o
ourives faz com o ouro, assim Deus fez com Abraão. Abraão enfrentou um grande
desafio – tão difícil foi crê que da velhice e esterilidade pudesse gerar um
filho. Agora Deus pede algo ainda mais generoso.
a)
“Toma teu filho, teu único filho a quem
tanto amas, Isaac” – v 2.
Talvez, se Deus tivesse pedido a Ismael, fosse mais
fácil. Isaque era a realização de Abraão.
b)
“Oferecerás em holocausto” – v 2.
Eu quero o filho de volta!
Mas como? Deus há pouco tempo disse que a descendência seria chamada por Isaque
– Gn "Mas Deus disse-lhe: “Não te preocupes com o menino e com a tua
escrava. Faze tudo o que Sara te pedir, pois é de Isaac que nascerá a
posteridade que terá o teu nome". (Gn 21,12). Será que se arrependeu?
Será que não me ama mais? Que dúvidas terríveis assaltaram a mente do patriarca
naquele momento? Será que Deus está esquecido de suas promessas?
c) “À
terra de Moriá” – v 2.
Abrão neste momento estava
em Bersabéia – "Abraão plantou um tamariz em Bersabéia e invocou ali o
nome do Senhor, Deus da eternidade". (Gn 21,33). A terra de Moriá fica
aproximadamente 80 km
de Bersabéia. Nesse lugar futuramente seria construído o templo de Salomão – "Salomão
começou a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Moriá, para
isso designado por Davi, seu pai, no mesmo lugar que Davi preparara, na eira de
Ornã, o jebuseu". (2Cr 3,1).
Deus poderia ter dito a
Abraão para sacrificar o filho ali mesmo e imediatamente, mas preferiu lança-lo
numa jornada de três dias – "Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu
o lugar de longe". (Gn 22,4), carregando consigo todo este tempo a
angústia da dúvida e da espera.
II.
A DISPOSIÇÃO DE ABRAÃO – Gn 22,3-10.
1. As
dificuldades de Abraão.
Abraão tinha, com certeza,
muitas dificuldades em relação à ordem de Deus. Hoff sugere as seguintes
dificuldades.
Þ
O conflito entre o amor de pai e a
obediência a Deus;
Þ
Ganhar em favor dos deuses sacrificando
seres humanos era o conceito pagão;
Þ
Deus não deu nenhuma razão justificável
pra tal pedido;
Þ
O pedido era contrario à promessa de
posteridade.
2. A
Fé de Abraão.
Boas razões havia ara
Abraão desobedecer, mas "no dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o
seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu filho, e, tendo cortado a
lenha para o holocausto, partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado".
(Gn 22,3).
Que experiência! Abraão
creu em Deus e deu provas de sua fede duas maneiras:
Þ
Obedecendo prontamente à ordem de Deus – vv
3,4,9,10;
Þ
Testemunhando sobre a ordem de Deus;
·
Aos servos - “Ficai aqui com o jumento, disse
ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais adiante para adorar, e
depois voltaremos a vós.” (Gn 22,5)
·
Ao filho - "“Deus, respondeu-lhe Abraão,
providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho.” E ambos,
juntos, continuaram o seu caminho". (Gn 22,8).
Abraão se dispôs em nome da
fidelidade de Deus. Ele creu no poder de Deus que poderia até ressuscitar a
Isaque dentre os mortos - "Estava ciente de que Deus é poderoso até
para ressuscitar alguém dentre os mortos. Assim, ele conseguiu que seu filho
lhe fosse devolvido. E isso é um ensinamento para nós!" (Hb 11,19).
III.
A VITORIA DE ABRAÃO – Gn 22,11-19.
Deus não quer um corpo morto,
mas um sacrifício vivo - "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo,
agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual". (Rm 12,1)., e este
foi a razão da contra ordem do céu - “Não estendas a tua mão contra o
menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me
recusaste teu próprio filho, teu filho único.” (Gn 22,12).
Tudo que Deus queria era
rendição do seu servo. Queria que Abraão mostrasse que amava mais a Deus que
seu Próprio filho e as promessas feitas.
A vitória do pai da Fé veio
representada por três fatos:
a)
Deus afirma sua confiança no patriarca – v
12;
b)
Deus confirma a Abraão a sua fidelidade – vv
13-14;
c)
Deus confirma ao seu servo as suas promessas
– vv 15-18.
“22,1-19: Deus tira todas as seguranças
de Abraão, para lhe fazer sua promessa e entregar-lhe seu dom (cf. Gn 12,1-9 e
nota). Muitos obstáculos parecem tornar impossível à realização desse dom e
promessa (velhice, esterilidade). Quando a promessa começa a cumprir-se com o
nascimento de Isaac, Abraão poderia acomodar-se e perder de vista o grande
projeto, para o qual Deus o chamara. Por isso, Deus lhe pede um novo ato de fé
que confirme sua obediência. Deus não promete nova segurança para o homem se acomodar;
pelo contrário, desafia o homem a estar sempre alerta, a fim de relacionar-se
com Deus e criar uma nova história. Só assim o projeto de Deus não será
confundido com as limitações dos projetos humanos.” – Bíblia Pastoral.
CONCLUINDO
Abraão mais uma vez viu o
Senhor de perto. Primeiro conheceu o El Shaddai – “Deus todo Poderoso”
Gn 17,1 e depois conheceu a Jeová Jiré – “O Senhor Proverá” –
22,14. Abraão era servo de Deus Todo Poderoso que provê todas as coisas.
Abraão teve ali o
privilegio de vislumbrar a providencia de um sacrifício substituto que seria
oferecido nas proximidades de monte Moriá em resgate da humanidade – "Abraão,
vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e ficou cheio de
alegria". (Jo 8,56).
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