quarta-feira, 27 de julho de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 07 – ANUNCIADO NO TEMPLO: DEUS CONOSCO – 1Rs 6,1-22; 2Cr 6,1-7,3

Davi não pôde construir o templo, mas juntou muito material importante para a construção dele. Salomão, seu filho, coube a imensa e honrosa tarefa de construir o templo da nação. É quase impossível definir o significado e a importância que o tempo tinha para o israelita. Deus o havia tirado da terra do Egito fazia cerca de 480 anos, e somente agora Israel se concentrava como uma nação estabelecida na terra da promessa. Não somente pelo significado religioso, mas pela própria importância, o templo de Salomão foi uma das mais importantes construções do mundo antigo. Foi a demonstração definitiva que Israel era o povo de Deus.

  1. A ESTRUTURA DO TEMPLO.

Cumprindo a promessa feita a Davi, Deus possibilitou que Salomão s assentasse no trono e empreendesse a construção do templo. Salomão levou sete anos para concluir a obra – “e no ano undécimo, no mês de Bul, que é o oitavo mês, foi o templo acabado em todas as suas partes e em todos os seus pormenores. O templo foi construído em sete anos.” – 1 Rs 6,38, que foi o maior empreendimento da historia de Israel. Era a confirmação do povo como uma grande nação estabelecida definitivamente na terra de Canaã, desde que saíra do Egito. O templo todo era incrivelmente esplendoroso e de uma riqueza impressionante, mas são alguns detalhes dessa construção magnífica nos interessa estudar. O templo era uma espécie de cópia do tabernáculo que já estava com Israel desde os tempos de Moisés, mas com dimensões muito superiores. Basicamente, ele possuía três comprimentos, sendo um átrio para o povo, um átrio para os sacerdotes e o lugar santíssimo. O lugar santíssimo era a parte mais interior da construção e também era chamado de “Santo dos Santos”. Era uma espécie de cubo perfeito medindo 9,15m de todos os lados – “O santuário tinha por dentro vinte côvados de comprimento, vinte de largura e vinte de altura. Salomão revestiu-o de ouro fino, e cobriu o altar de cedro.” – 1 Rs 6,20. O povo não poderia entrar no átrio dos sacerdotes, e nos “Santos dos Santos” somente o sumo sacerdote poderia entrar uma vez por ano no dia da expiação. Entre o Santo dos santos e o átrio dos sacerdotes ficava uma espessa cortina que impedia a visão do que havia dentro. Na área do átrio dos sacerdotes havia alguns objetos usados no culto, como o altar do holocausto e abacia de bronze usado para purificação. No interior do Santo dos Santos localizava a arca da aliança, que representava a presença de Deus -  “Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas.” – Ex 25,22. Duas estatuas de querubins, cujas asas se tocavam, cobriam a arca numa atitude de proteção - “Salomão pô-los no fundo do templo, no santuário. Tinham as asas estendidas, de sorte que uma asa do primeiro tocava uma das paredes e uma asa do segundo tocava a outra parede, enquanto as outras duas asas se encontravam no meio do santuário.” 1 Rs 6,27. Dentro da arca estavam duas tabuas da lei dada por Deus a Moisés no monte Sinai – “O Senhor disse a Moisés: “Sobe para mim no monte. Ficarás ali para que eu te dê as tábuas de pedra, a lei e as ordenações que escrevi para sua instrução. ”” Ex 24,12, a vara de Arão que se floriu representando o Espírito Santo que desceu em Pentecostes após a morte de Jesus – At 2, e o maná – o pão que Deus mandou do céu para sustentar o povo de Israel durante 40 anos representando Jesus – “Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.” Jô 6,58 – podemos confirmar em Hb 9,4 estes objetos – “Aí estava o altar de ouro para os perfumes, e a Arca da Aliança coberta de ouro por todos os lados; dentro dela, a urna de ouro contendo o maná, a vara de Aarão que floresceu e as tábuas da aliança;” Hb 9,4 –  O elemento mais abundante no templo era o ouro. O Santo dos Santos e todo interior da casa eram cobertos de ouro puro – “A casa ficou assim inteiramente coberta de ouro, como também toda a superfície do altar que estava diante do santuário.” 1 Rs 6,22 – Toda essa riqueza e esplendor nos falam do templo como uma espécie de cópia do templo celestial. Na verdade o tabernáculo havia sido construído de acordo com as ordens dadas pelo próprio Deus – “Construireis o tabernáculo e todo o seu mobiliário exatamente segundo o modelo que vou mostrar-vos”. Ex 25,9 – O templo havia seguido as estruturas do tabernáculo.

  1. A FINALIDADE DO TEMPLO.

O templo possui uma simbologia impressionante. Algumas coisas se destacam quando estudamos sua estrutura. Primeiramente, devemos pensar na santidade de Deus. A arca da aliança contendo as tabuas da lei, a vara de Arão e o maná – (Hb 9,4) – ficava num lugar inacessível para o povo. O fato de que somente o sumo sacerdote, e apenas uma vez por ano tinha acesso a esse lugar nos fala fortemente a respeito de santidade de Deus. O Antigo Testamento como um todo é enfático ao assegurar-la. Por outro lado, vemos que o fato de Deus estar separado mostra a condição decaída do homem, que não tem direito de estar na presença dele. É justamente essa questão do pecado que se destaca em segundo lugar na estrutura do templo.

Podemos dizer que o templo como um todo foi construído exatamente para solucionar o problema do pecado, uma vez que Deus é Santo, não há como o pecado se aproximar dele, a menos que algo seja feito para minimizar os efeitos do pecado. O altar do holocausto tinha primeiramente essa intenção, pois era um local onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios de animais a Deus. O objetivo desses sacrifícios era fazer expiação pelos pecados do povo. Judicialmente falando, era como se o animal sacrificado estivesse pagando pelos pecados do ofertante. A bacia de bronze era usada para lavar os pedaços dos animais sacrificados, e também havia local para os próprios sacerdotes se purificarem. Tudo no templo girava em torno do sacrifício a Deus. No dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos levando sangue de um animal. Era a única ocasião em que o homem ficava na presença de Deus, e precisava estar munido de sangue, demonstrando o pagamento pelo pecado do povo, reconhecendo também seu próprio pecado e confiando na misericórdia de Deus, via no sangue do animal um substituto do próprio homem.

Podemos, sem sombra de duvidas, afirmar que o templo, nessa função de demonstrar a santidade de Deus e a expiação do pecado do povo, simbolizava o próprio Senhor Jesus. Não é por acaso que Jesus que se identificou com o templo. A Bíblia diz que Jesus chamou seu próprio corpo de templo, afirmando que seria destruído e reconstruído em três dias, referindo-se à sua ressurreição – “Respondeu-lhes Jesus: Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias.” Jô 2,19 – Jesus veio para cumprir de forma definitiva aquilo que o templo realizava de forma continua. O templo proporcionava ao povo uma forma de ter os pecados perdoados, e Jesus veio para fazer isto de uma vez por todas. A morte na cruz foi uma espécie de sacrifício expiatório. Cristo fez a vez do cordeiro que era sacrificado com o substituto dos pecados. A Bíblia diz que Jesus carregou o nosso pecado na cruz – “Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados (Is 53,5).” 1Pd 2,24 – Ele realizou de forma definitiva aquilo que o templo realizava diariamente; expiação. A morte de Jesus torna desnecessária a continuação do templo. Na verdade, o templo era um protótipo de Cristo. Ele foi necessário até a vinda de Jesus e, nesse sentido, foi um dos maiores anúncios do Messias que podem ser vistos no Antigo Testamento.

Hoje, espiritualmente, todos os cristãos têm acesso ao Santo dos Santos, ou seja, à presença de Deus. A Bíblia declara – “Por esse motivo, irmãos, temos ampla confiança de poder entrar no santuário eterno, em virtude do sangue de Jesus, pelo caminho novo e vivo que nos abriu através do véu, isto é, o caminho de seu próprio corpo.” Hb 10,19-20 – Jesus, com sua morte, rasgou o véu do santuário – “O véu do templo rasgou-se então de alto a baixo em duas partes.” Mc 15,38 – abrindo-nos um caminho para o trono de Deus. Não há mais a necessidade de um sumo sacerdote terreno, todos nós somos sacerdotes e podemos nos apresentar diante de Deus porque a marca do sangue de Jesus está sobre nós. O autor das cartas aos Hebreus nos incentiva – “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.” Hb 4,16.

  1. A PRESENÇA DE DEUS NO TEMPLO.

Quando concluiu a construção, Salomão realizou uma grande festa para dedicar o templo ao Senhor. Naquele momento, o rei dirigiu uma oração ao Senhor agradecendo todas as promessas cumpridas que haviam sido feitas e todo povo e, especialmente, pedindo a presença do Senhor ao templo. Salomão sabia que o templo não podia ser lugar da habitação do Senhor, pois ele habita nos céus, porem suplicou que os olhos e ouvidos do Senhor estivessem atentos a tudo que fosse realizado naquela casa – “Por conseguinte, doravante, ó meu Deus, que vossos olhos estejam abertos e vossos ouvidos atentos a (toda) prece feita neste lugar!” – 2Cr 6,40.

Salomão orou – “Que de dia e de noite vossos olhos estejam abertos para esta casa, para este lugar em que prometestes fazer a residência de vosso nome. Escutai o pedido que vosso servo vos apresenta.” 2Cr 6,20 – Entre as varias coisas que Salomão pediu a Deus estavam a necessidade de fazer justiça entre o justo e o perverso – “Se um homem pecar contra seu próximo, e lhe for exigido juramento, se ele vier jurar diante de vosso altar, neste templo, escutai-o do alto dos céus, agi e julgai vossos servos de modo a condenar o culpado, fazendo recair sobre ele o peso de sua falta, e de modo a justificar o inocente tratando-o de acordo com sua inocência.” 2Cr 6,22-23 – o perdão pelos pecados confessados – “Quando vosso povo de Israel, por ter pecado contra vós, for subjugado pelo inimigo, se ele retornar a vós, render glória ao vosso nome, entrar neste templo para dirigir-vos preces e súplicas, escutai-o do alto dos céus, e perdoai o pecado de vosso povo de Israel, reconduzindo-o à terra que lhe destes a ele e a seus pais.” 2Cr 6,24-25, o fim da seca, da fome, das pragas e doenças – “Quando a terra for assolada pela fome, peste, ferrugem, mangra, gafanhoto, pulgão, quando os inimigos cercarem as cidades da terra de Israel, ou se houver uma calamidade ou uma epidemia qualquer, e um homem, ou todo o povo de Israel, vos dirigir uma prece suplicante, e cada qual, reconhecendo sua chaga dolorosa, estender as mãos para este templo,” 2Cr 6,28-29 – a consideração da oração do estrangeiro – “Quando o estrangeiro, o que não é do vosso povo de Israel, vier de uma terra longínqua, atraído pela fama de vosso nome e do poder de vosso braço, para rezar neste templo, escutai-o do alto dos céus, lá donde habitais, e concedei a esse estrangeiro tudo o que vos pedir. Todos os povos da terra conhecerão assim vosso nome e vos temerão como vosso povo de Israel, cientes de que vosso nome é invocado sob este templo que vos construí. 2Cr 6,32-33 – a vitória do povo na guerra – “Quando vosso povo fizer guerra contra seus inimigos em qualquer direção à qual vós o enviardes, e eles vos invocarem, voltando-se para esta cidade de vossa escolha e para este templo que construí à glória de vosso nome, escutai do alto dos céus suas preces suplicantes e fazei-lhes justiça.” 2Cr 6,34-35 – e a restauração de cativeiros – “se eles retornarem a vós de todo o seu coração e de toda a sua alma, na terra do exílio ou onde estiverem deportados, e vos dirigirem sua oração, voltando-se para a pátria que destes a seus pais, para a cidade de vossa predileção e para este templo que construí à glória de vosso nome, escutai do alto dos céus, lá onde habitais, suas preces súplices, fazei-lhes justiça e perdoai a vosso povo os pecados cometidos contra vós.” 2Cr 6,38-39.

Ao final daquela oração “desceu fogo do céu e consumiu o holocausto com os sacrifícios; e a glória do Senhor encheu o templo.” – 2Cr 7,1. Essa foi a maneira como Deus respondeu à oração de Salomão, demonstrando que havia aceitado a consagração do templo. O fogo enviado do céu que consumiu o holocausto e os sacrifícios demonstrava que Deus havia consentido com o propósito do templo de providenciar expiação. Deus estava dando uma demonstração visível de que o fogo consumidor da justiça não seria derramado sobre os homens, mas sobre os animais sacrificados. Ao fazer isso, autorizava oficialmente o funcionamento do templo. Alem do fogo, a própria gloria do Senhor encheu o templo. Com essa demonstração, Deus estava dizendo ao povo que desejava habitar entre os homens, e isso agora era possível justamente porque o sacrifício fazia expiação dos pecados retirando todo o empecilho para que Deus estivesse no meio do povo. Naquele momento, o Senhor se revelou como o “Deus Conosco”.
Em Jô 1,14 – “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. – a palavra “habitou” pode ser entendida como “estabeleceu seu tabernáculo” Jesus e “Deus Conosco”, e no templo ele foi previamente anunciado. O que o templo representava para Israel, o nome de Jesus significava hoje para os cristãos. O povo deveria orar no templo ou voltado para o templo, e Jesus nos ensinou a orar no nome dele – “Naquele dia pedireis em meu nome, e já não digo que rogarei ao Pai por vós.” Jô 16,26. Cristo reúne em sua pessoa todas as benditas características do templo.

  1. CONCLUSSAO.

Percebemos que Jesus foi amplamente prefigurado no templo da nação de Israel. Jesus cumpriu aquilo que o templo não conseguia – a expiação definitiva. Embora alguns achem que o templo ainda será reconstruído e que novamente  se oferecerão sacrifícios  nele, não devemos pensar que Deus deseja e aceita isso. Todo sacrifício já cessou porque Jesus ofereceu um sacrifício no qual os pecados foram perdoados definitivamente. Ele é a salvação completa de todo o que crê.

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