sexta-feira, 22 de julho de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 02 - ANUNCIADO NO MONTE MORIÁ – Gn 22,1-14


A Bíblia chama de “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” - AP 13,8. Esse é o seu titulo mais glorioso. O cordeiro foi o animal – símbolo dos sacrifícios do AT. Era sacrificado no templo de Israel como um substituto do pecador. Muito antes de existir o templo, Deus já havia demonstrado que o cordeiro seria o substituto do homem. Genesis 22 lemos a impressionante historia de Abraão e seu filho Isaque. Muitas coisas nessa narrativa apontam-nos para os eventos da obra de Cristo. Isso demonstra claramente os planos divinos com respeito à morte de Jesus – “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.

1.      A ABNEGAÇAO DO PAI – Gn 22,14.

A primeira coisa que se destaca na narrativa é o completo desprendimento de Abrão. Deus frisou: “Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.” Gn 22,2. Isaque, único filho legitimo de Abraão, era toda sua esperança, toda a sua alegria, Ismael, seu outro filho com a escrava, estava distante e jamais voltaria à casa do pai. Abraão não poderia ter mais filhos devido a idade extremamente avançada em que se encontrava. Se Isaque morresse, ficaria sem descendência. Ele tinha todos os motivos do mundo para se negar a oferecer o próprio filho em sacrifício. Poderia questionar Deus por aquela exigência tão desumana, tão cruel. Afinal de contas, o que havia feito Isaque para merecer aquilo? Por que precisava ser morto?

Outra coisa que o próprio Deus destaca é que Isaque era o filho amado. Deus disse: “Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas...” Gn 22,2. Abraão esperou muito até que Isaque, o filho da promessa, finalmente nascesse. Abraão amava o filho de forma indescritível. Era o filho de sua velhice, fruto de um verdadeiro milagre de Deus, pois, sua esposa, Sara, era estéril. Quão difícil foi para Abraão ouvir aquelas palavras! Entregar seu próprio filho, amado e inocente, para ser morto era a maior prova de desprendimento e abnegação que se poderia exigir de um homem como Abraão.

É interessante que Deus não indicou um lugar qualquer para que o sacrifício fosse realizado. Precisava ser na terra de Moriá sobre um dos montes, que ficava a uma distancia de três dias de viagem. O que surpreende é a calma e a consentimento Abraão. Ele agiu calmamente. Levantou de madrugada, preparou o jumento, chamou os servos, rachou lenha, chamou Isaque e foi ao lugar determinado. Da para imaginar o que se passava pela cabeça dele ao fazer todos aqueles preparativos? Ele não estava saindo em férias, nem indo comprar terras ou fazer negócios. Estava se preparando para matar o próprio filho, único e amado. É impressionante a maneira como executou uma a uma as tarefas necessárias, preparando-se para sacrificar Isaque.

Podemos identificar nessas atitudes de Abraão muitas coisas semelhantes à atitude do próprio Deus, o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que também entregou seu Filho. Também ele não se recusou a entregar seu Filho, não obstante fosse o único, amado desde toda a eternidade. Jesus era absolutamente inocente, nada tendo feito para merece a morte.

Outra semelhança com a historia de Abraão é que Deus fez diversos preparativos para a morte do seu Filho. De fato deus começou “de madrugada” a preparar o mundo para a vinda de Jesus, que culminaria com o sacrifício na cruz. A morte do filho já estava profetizado desde o Éden, na verdade, todas as coisas referentes a Israel no AT tinham o objetivo de preparar  a vinda do Messias. Deus preparou o mundo passo a passo para que seu filho viesse e morresse pelos pecados do homem. Sem duvida, a pessoa do Pai, sua abnegação e seu desprendimento estão muito bem tipificados na figura de Abraão.

2.      A SUBMISSAO DO FILHO – Gn 22,5-6.

O que também nos chama atenção no texto é a docilidade de Isaque. Na verdade, essa é uma das características da via toda dele, o filho da promessa, e o que mais tipifica Cristo, Jesus. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” – Jô 1,29. Foi dócil e submisso a tudo que tinha que passar. Mesmo quando seus inimigos o agrediam, ele não revidava, conforme Pedro declara: “sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente;” – 1Pe 2,23. Como Isaque, Jesus demonstrou docilidade e submissão ao pai. Mesmo nas horas de luta, sabendo no imenso desafio que tinha pela frente, orava pedindo a Deus que passasse de o cálice – “Pai, se queres afasta de mim este cálice;” – Lc 22,42ª, porem, acima de tudo, dizia: “...todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” Lc 22,42b.

A cena mais impressionante  em todo o episódio em Moriá certamente é descrita em Gn 22,6 – “Tomou, pois, Abraão a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o cutelo, e foram caminhando juntos”. Quando chegou ao monte na terra de Moriá, Abraão ordenou que os servos permanecessem num determinado local, enquanto ele e Isaque iriam até o lugar onde deus determinou. A cena é comovente: Abraão coloca a lenha do holocausto sobre Isaque, enquanto carrega o fogo e o cutelo. Isaque carregava a lenha sobre a qual deveria morrer, mas o executor seria o pai, que levava a espada para matar e o fogo pra incendiar. E o escritor sagrado faz questão de mencionar: “...E os dois iam caminhando juntos.” – Gn 22,8. É interessante pensar que o Senhor Jesus também carregou o madeiro sobre o qual foi morto. Sem duvida, essa cena de Isaque caminhando até o alto do monte carregando a madeira sobre o qual deveria ser sacrificado tipificava a obra de Jesus que carregou a cruz até o alto do Gólgota. Esse é mais um sinal claro que Deus deixou na historia do mundo, e que aponta para o plano eterno estabelecido por ele. Não apenas Isaque carregava lenha, como o próprio Abraão levava o fogo e o cutelo, uma espécie de adaga que seria usada para matar. O pai seria o executor do filho. Com Jesus não foi diferente. Embora ele tenha sido entregue por Judas e crucificado pelos romanos, a Bíblia diz que isso aconteceu por causa do “determinado conselho e presciência de Deus,” – At 2,23; e conforme o propósito de Deus tinha predeterminado – “para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse.” – At 4,28. O Pai entregou o próprio filho para morrer na cruz e conceder a única salvação possível para este mundo perdido. Deus, em sua imensa sabedoria, que demonstra um pouco disso tipificando na pessoa de Abraão e Isaque o que aconteceria entre ele e Jesus.

3.      O CORDEIRO SUBSTITUTO – Gn 22,7-14.

O texto diz que Isaque começou a estranhar, pois estava faltando alguma coisa: “Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” – Gn 22,7. Que pergunta mais desconcertante. O que diria Abraão? Quanta tristeza deveria estar em seu coração. Mais do que tristeza, porem, havia fé. Aquele tipo de fé que agrada a Deus. Uma fé presente em que confia, depende e não tem vergonha de dizer que depende de Deus. Abraão disse: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho.” – Gn 2,8. Não é por acaso que a Escritura chama Abraão de “o Pai da fé” - Rm 4,11.

Abraão começou a entender que a única forma d seu filho não morrer seria se deus providenciasse um cordeiro para morrer no lugar dele. Intimamente ele acreditava nisso, e, mesmo que Isaque tivesse que morrer. Deus era poderoso o suficiente para trazê-lo de volta daz cinzas, conforme o escritor de Hebreus – “julgando que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar;” – Hb 11,19ª.

Chegando ao lugar determinado, Abraão edificou o altar, colocou a lenha, amarrou Isaque (que não reagiu) e deitou no altar, em cima da lenha. Havia chegado o momento. Abraão, apesar de crê em deus, não estava blefando, não estava fingindo obedecer, numa tentativa de amolecer o coração de Deus. Ele estava disposto a obedecer à ordem, porem, intimamente, esperava por uma solução divina. E a solução veio. No exato momento em que Abraão levantou o cutelo para golpear Isaque, o Anjo do Senhor bradou: “Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.” Gn 22,12. Bem ao lado estava a provisão de Deus: “Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.” – Gn 22,13. Aquele carneiro foi sacrificado sobre o monte Moriá como o substituto de Isaque. Isaque não precisava mais ser sacrificado; o carneiro morreu no lugar dele.

Abraão chamou aquele lugar de “o monte do Senhor se proverá.” – Gn 22,14. Aquele monte ficava na terra de Moriá, região de Jerusalém próximo de onde Salomão posteriormente construiria o templo e muito perto, provavelmente de onde se localizaria o próprio Calvário, se é que não era o mesmo lugar. Sem duvida, aquele era o monte da provisão de Deus. Um cordeiro foi providenciado para substituir todos os crentes, todos os que esperam e crêem que o senhor prove salvação, Jesus é o Cordeiro que foi morto sobre o monte Moriá e que foi perfeitamente tipificado pelo cordeiro que deus providenciou para Abraão.

4.      CONCLUSÃO.

É interessante como Deus deixou marcas na historia que evidenciam seu propósito, toda a cena descrita no capitulo 22 de Genesis nos fala claramente sobre Deus, Jesus e o sacrifício no Calvário. Fala-nos sobre o plano de Deus ao providenciar um Cordeiro para substituir os homens pecadores. Fala-nos que Deus realmente é “Yahweh Yreh” (o Senhor Proverá).

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