Uma apresentação adequada do Evangelho deve revelar a Cristo em toda Sua plenitude como Sacrifício, Detentor do Poder e Rei Vindouro. Os teólogos e pregadores devem enfatizar igualmente o sangue de Cristo, o poder transformador de Cristo e o reino vindouro de Cristo. É de fundamental importância que os crentes reconheçam os detalhes e as relações do ministério tríplice de Cristo.
- Os Três Ministérios de Cristo
Os três ministérios de nosso Senhor são Seu ministério terreno, Seu ministério celestial e Seu novo ministério terreno. Nosso Salvador teve um ministério terreno no passado; Ele tem um ministério celestial no presente; Ele terá um novo ministério terreno no futuro.
O ministério terreno de Cristo começou no seu batismo no Rio Jordão e continuou até a Sua ascensão ao céu. Seu ministério celestial começou quando Ele ascendeu aos céus e continuará até que Ele retorne à terra. O novo ministério terreno de Cristo começará quando Ele retornar à terra e continuará por toda a eternidade. A ascensão de Cristo ao céu, portanto, marcou o fim de Seu ministério terreno e deu início ao Seu ministério celestial. A futura descida do céu marcará o fim do ministério celestial de Jesus e o começo de Seu novo ministério terreno.
O ministério terrestre de Cristo está retratado nos quatro Evangelhos. Seu ministério celestial está descrito em Atos dos Apóstolos, explicado nas cartas dos apóstolos e testemunhado por toda a história subsequente da Igreja verdadeira. O novo ministério terreno de Cristo está descrito em Apocalipse e outros escritos proféticos.
- A Obra do Ministério Terrestre de Cristo.A obra excepcional que Cristo realizou durante o Seu ministério terreno é que Ele proveu abase para a salvação por meio de Sua perfeita obediência, Sua morte sacrificial e Sua gloriosa ressurreição. O ministério terreno de Cristo tornou possível Seu ministério celestial e novo ministério terreno. Jesus não poderia salvar os homens do poder do pecado e da presença do pecado até que lhes tornasse possível serem salvos da pena do pecado.
- A Obra de Seu Ministério Celestial.Através de Seu ministério celestial, nosso Senhor torna possível aaplicação da salvação. A aplicação da salvação se faz possível pela força do Seu poder e presença, o Espírito Santo, através do qual Ele habita dentro do crente. Através de seu poder, Cristo transforma o crente fiel, rendido e obediente em Sua semelhança moral. Essa é a obra que Cristo faz hoje durante Seu ministério celestial.
O plano de Deus para todos é que sejam conforme a imagem de Seu Filho. A intenção de Deus é que as novas criaturas em Cristo Jesus sejam o reflexo de Seu Filho, que é o princípio da nova criação. Através da ressurreição para a imortalidade, os crentes compartilharão a semelhança física de Cristo. Através da transformação do caráter e da reforma da conduta atual, eles compartilham Sua semelhança moral. A mudança de caráter no homem deve vir antes da sua mudança física. Devemos ter a mente semelhante à de Cristo antes de ter um corpo semelhante ao de Cristo. Devemos tomar parte dos benefícios do ministério terreno de Cristo (Seu sacrifício) e de Seu ministério celestial (Seu poder que habita em nós) antes de tomar parte nos benefícios de Seu novo ministério terreno (ressurreição para a imortalidade e glória).
- A Obra do Seu Novo Ministério Terreno.Em Seu novo ministério terreno, Cristo tornará possível a consumação da salvação na vida dos santos glorificados. Quando Jesus retornar, Ele transformará o corpo do crente da mortalidade para a imortalidade. A Igreja verdadeira será completa, reunida e glorificada com Cristo. Nosso planeta experimentará uma transformação redentora. A terra será restaurada à sua pureza original Edênica e se tornará o paraíso eterno de Deus.
- Três Figuras de Cristo
Os três ministérios de Cristo apresentam três figuras de nosso glorioso Senhor. Em Seu ministério terreno, Ele foi o Sacrifício em sofrimento; em Seu ministério celestial, Ele é Intercessor e Senhor da transformação; no Seu novo ministério terreno, Ele será o Rei dos reis, reinando em Seu trono de glória. Em Seu ministério terreno, nós vemos Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus, sobre a cruz e ao lado da sepultura vazia. Em Seu ministério celeste, nós vemos a figura de Jesus à destra de Deus. Em Seu novo ministério terreno, nós vemos o Rei em Seu trono.
- Três Aparições.O tríplice ministério de Cristo é descrito em Hebreus 9 pela tripla ocorrência da palavra “aparecer”. Hebreus 9:26 refere-se ao Seu ministério terreno: “Mas agora ele apareceu uma vez por todas nos fins dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de Si mesmo” (NVI). Hebreus 9:24 descreve Seu ministério celestial: “Cristo não entrou num lugar santo feito por seres humanos, que é a cópia do verdadeiro Lugar. Ele entrou no próprio céu, onde agora aparece na presença de Deus para pedir em nosso favor” (NTLH). Hebreus 9:28 refere-se ao Seu novo ministério terreno: “Aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. A primeira aparição de Cristo foi como um Sacrifício pelo pecado. Sua segunda aparição é no céu na presença de Deus como Advogado e Intercessor. Sua terceira aparição será na Sua segunda vinda, quando Ele retornar à terra.
- Três Pastores.O tríplice ministério de Cristo é representado no Novo Testamento por três adjetivos que O descrevem como Pastor.
Jesus disse: “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Em Seu ministério terreno, Ele mostrou-Se como o Bom Pastor quando se entregou para a morte sacrificial pelas Suas ovelhas.
A bênção registrada em Hebreus 13:20,21 apresenta Jesus como o Grande Pastorem Seu ministério celestial hoje: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja a glória para todo o sempre. Amém”. O Cristo ressuscitado é o Grande Pastor que, através do Seu Espírito, opera na vida dos crentes. Ele os transforma à Sua semelhança e produz em suas vidas o que é agradável aos olhos de Deus. Observe que a obra de Cristo como Bom Pastor era externa ao cristão. Ele fez algo pelo cristão. Por outro lado, Sua obra como Grande Pastor é interna, dentro do cristão. Hoje Ele faz algo no cristão. Como Bom Pastor, Jesus criou o relacionamento legal adequado entre o crente e Deus; como Grande Pastor, Ele torna possível a própria relação vital. Através Dele, os cristãos têm um contato vivo com Deus.
No Seu novo ministério terreno no futuro, Jesus é descrito como Sumo Pastor: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pedro 5:4).
- Três Coroas.Três coroas são prometidas aos crentes: a coroa da vida (Apocalipse 2:10; Tiago 1:12), a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8) e a coroa de glória (1 Pedro 5:4). O pecado resulta em sofrimento e morte. Justiça é o oposto de pecado; glória é o oposto de sofrimento; vida é o oposto de morte.
Estas três coroas correspondem ao tríplice ministério de Cristo: a coroa da vida, para o Seu ministério terreno; a coroa da justiça, para o Seu ministério celestial; a coroa de glória, para o Seu novo ministério terreno. Cristo, como Bom Pastor, deu a Sua vida para que possamos receber a coroa da vida. Como Grande Pastor, ressuscitado dentre os mortos, Ele produz o fruto da justiça em nossas vidas através de Seu Espírito. Quando Ele, o justo Juiz, aparecer, nos será dada a coroa da justiça. Como Sumo Pastor, Ele virá em glória, removerá todo o sofrimento e nos dará a coroa da glória.
- Três Salmos.O tríplice ministério de Cristo é descrito nos Salmos 22, 23 e 24. Salmos 22 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério terreno, descrevendo detalhes de Sua crucificação. Salmos 23 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério celestial como o Pastor dos crentes. Descreve as bênçãos espirituais que os crentes recebem Dele atualmente. Salmos 24 revela a imagem de Jesus como Rei da Glória, que deve governar na terra durante Seu novo ministério terreno. Os três Salmos em ordem consecutiva, portanto, apresentam o tríplice ministério de Cristo.
Muitos não cristãos leem o Salmos 23 pensando que é uma poesia amável aplicada a eles. Não se pode ter a Cristo como Pastor até que alguém se torne ovelha desse Pastor. Não se pode entrar nas bênçãos do Salmos 23 e Salmos 24 até que se aproprie das bênçãos do Salmos 22.
- Três Tipos.É interessante notar que a tipologia de Gênesis 22 corresponde à profecia do Salmos 22, e que a tipologia de Gênesis 24 corresponde à profecia do Salmos 24. Além disso, os eventos tipificados em Gênesis 23 ocorrem dentro do mesmo período de tempo em que as bênçãos do Salmos 23 são recebidas, isto é, durante o ministério celestial de Cristo.
Gênesis 22 relata a história do sacrifício de Isaque, o único filho de Abraão. Esta história é uma figura da crucificação de Cristo, como foi profetizado no Salmos 22 e cumprido durante Seu ministério terreno. Gênesis 24 relata a história do casamento de Isaque com Rebeca. Essa é a tipificação do casamento entre o Cordeiro e a Igreja, que ocorrerá no princípio do novo ministério terreno de Jesus, como mostra o Salmos 24. O Salmos 23 figura o ministério celestial de Cristo durante a era da Igreja e os benefícios espirituais desfrutados pelos cristãos. Gênesis 23 mostra os eventos que estão acontecendo aos judeus durante o mesmo período de tempo. Gênesis 23 registra a morte e o enterro de Sara. Sara, a esposa de Abraão, é o tipo de Israel, a antiga esposa figurativa de Deus. Assim como Sara morreu e foi enterrada no meio de nações gentílicas, assim devem os judeus, durante a era da Igreja, morrerem como nação e serem sepultados entre as nações.
III. Revelado na Santa Ceia
A Santa Ceia, instituída por nosso Senhor, é um testemunho de Seu tríplice ministério. Esse culto comporta uma relação com o passado, presente e futuro.
- Seu Ministério Terreno.Os cristãos participam da Ceia, antes de tudo, em memória da morte sacrificial de Cristo. Ele disse: “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24,25). Os redimidos sempre serão lembrados que são pecadores salvos somente pela graça de Deus e pelo sangue de Cristo.
- Seu Ministério Celestial.A Santa Ceia também é um testemunho do ministério celestial de Cristo. Participando do pão e do cálice, o crente testifica a constante comunhão que ele mantém com o seu vívido Senhor. Ceia significa comunhão. O cálice representa o sangue de Cristo não somente como ofertado em Sua morte, mas também como o poder de vida que o cristão recebe momento a momento do seu Senhor ressurreto. A vida está no sangue (Levítico 17:11,14). Como um doente enfraquecido recebe a transfusão de sangue de um amigo saudável, assim os cristãos recebem de Jesus Cristo uma constante transfusão de vida. Momento após momento, o poder vital de Cristo flui de Seu coração para a vida do cristão. O crente tem novidade de vida e força para o serviço somente porque Cristo o supre constantemente dessas bênçãos. O partir do pão revela que o crente é parte da Igreja, o corpo de Cristo. O cálice mostra que ele recebe um fluxo de novidade de vida proveniente do Cristo vivo.
- Seu Novo Ministério Terreno.Em
terceiro lugar, a Santa Ceia é profética quanto ao novo ministério
terreno de Jesus. Jesus disse: “E digo-vos que, desde agora, não beberei
deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no
Reino de meu Pai” (Mateus 26:29). Paulo escreveu: “Porque, todas as
vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que venha” (1 Coríntios 11:26).
- A Tríplice Salvação
O evangelho da salvação, centrado na pessoa e na obra de Cristo, pode ser prontamente designado “O Evangelho Tríplice”. A salvação do pecador depende da obra de Cristo em Seus três ministérios. O tríplice ministério de Cristo resulta na tríplice salvação do crente. Na experiência cristã, existe a salvação passada, a qual é um fato consumado; existe a salvação presente, a qual é um processo progressivo; e existe uma salvação futura, que é uma esperança prometida. Portanto, o crente pode verdadeiramente dizer: “Eu fui salvo, eu estou sendo salvo, e eu serei salvo”.
- Salvação da Pena do Pecado.Pela Sua morte sacrificial, Jesus nos salvou da pena do pecado. Ele pagou o salário do pecado por nós. Ele removeu nossa culpa e condenação. Quando o pecador aceita o sacrifício de Cristo através da conversão, ele é salvo da penalidade do pecado. Agora já não há nenhuma condenação sobre ele (Romanos 8:1); ele está justificado perante Deus.
- Salvação do Poder do Pecado.Quando Cristo habita em nossas vidas através de Seu poder, Ele progressivamente nos salva do poder do pecado. O poder do pecado é a influência que o pecado e o hábito pecaminoso exercem sobre o pecador. O poder de Cristo faz um contrapeso ao poder do individualismo, a mente carnal. Andando em Espírito, o crente não cumpre o desejo da carne (Gálatas 5:16). Somente o poder de Cristo pode libertar do poder do pecado. Quando alguém se rende ao poder transformador de Cristo e vive em verdadeira obediência a Ele como Senhor, ele é progressivamente salvo do poder do pecado.
- Salvação da Presença do Pecado.A presença do pecado é a evidência do pecado em um ambiente. Quando Cristo retornar à terra e começar Seu novo ministério terrestre, Ele nos salvará da presença do pecado. Toda evidência do pecado será eventualmente removida; os pecadores serão destruídos. Ele transformará nosso ambiente, este planeta, de maneira que “a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”.
- Tríplice Relacionamento
O ministério terreno de Cristo foi caracterizado pelo que Ele fez por nós. Cristo morreu pelos pecadores. O ministério celestial de Cristo é indicado pelo que Ele fazem nós. Cristo habita no crente através de Seu poder transformador. O novo ministério terreno de Cristo será caracterizado pelo que Ele fará para nós e conosco. Cristo transformará o corpo do crente e fará dos santos glorificados coerdeiros juntamente com Ele.
O que Cristo fez por nós em Sua crucificação e ressurreição é externo a nós. O que Ele está fazendo em nós através do Seu poder transformador é interno a nós. O que Cristo vai fazer para nós e conosco no amanhã glorioso de Deus será eterno para nós.
A obra do ministério terreno de Cristo torna possível nossa mudança de posição perante Deus, nossa justificação. A obra de Cristo no ministério celestial torna possível a transformação de nosso caráter e a reforma de nossa conduta. A obra de Cristo no novo ministério terreno resultará na redenção de nossos corpos da mortalidade para a imortalidade. Seus três ministérios podem ser resumidos pelas palavras: justificação, transformação e glorificação.
Quando o crente aceita os benefícios do ministério terreno de Cristo através do arrependimento, fé e batismo, ele se reveste de Cristo (Gálatas 3:27). Ele está em Cristo; ele tem uma nova posição diante de Deus. Quando ele entra nos benefícios do ministério celestial de Cristo e permite a Cristo transformar sua vida, Cristo está no crente. Quando o crente tomar parte nos resultados do novo ministério terreno de Cristo através da ressurreição para a imortalidade, ele estará com Cristo.
Cristo, o Cordeiro sacrificado, oferece paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1). Cristo, o Senhor que habita em nós, oferece a paz de Deus, um fruto do Espírito (Gálatas 5:22; Filipenses 4:7). Paz com Deus refere-se a uma relação divino-humana na qual toda a inimizade é desfeita. Paz de Deus refere-se à calma e ao equilíbrio interior. Cristo, o Rei vindouro, trará a paz entre as nações (Miquéias 4: 3).
Nenhum comentário:
Postar um comentário