terça-feira, 29 de agosto de 2023

O Tríplice Ministério de Cristo

Uma apresentação adequada do Evangelho deve revelar a Cristo em toda Sua plenitude como Sacrifício, Detentor do Poder e Rei Vindouro. Os teólogos e pregadores devem enfatizar igualmente o sangue de Cristo, o poder transformador de Cristo e o reino vindouro de Cristo. É de fundamental importância que os crentes reconheçam os detalhes e as relações do ministério tríplice de Cristo.

 

  1. Os Três Ministérios de Cristo

 

Os três ministérios de nosso Senhor são Seu ministério terreno, Seu ministério celestial e Seu novo ministério terreno. Nosso Salvador teve um ministério terreno no passado; Ele tem um ministério celestial no presente; Ele terá um novo ministério terreno no futuro.

 

O ministério terreno de Cristo começou no seu batismo no Rio Jordão e continuou até a Sua ascensão ao céu. Seu ministério celestial começou quando Ele ascendeu aos céus e continuará até que Ele retorne à terra. O novo ministério terreno de Cristo começará quando Ele retornar à terra e continuará por toda a eternidade. A ascensão de Cristo ao céu, portanto, marcou o fim de Seu ministério terreno e deu início ao Seu ministério celestial. A futura descida do céu marcará o fim do ministério celestial de Jesus e o começo de Seu novo ministério terreno.

 

O ministério terrestre de Cristo está retratado nos quatro Evangelhos. Seu ministério celestial está descrito em Atos dos Apóstolos, explicado nas cartas dos apóstolos e testemunhado por toda a história subsequente da Igreja verdadeira. O novo ministério terreno de Cristo está descrito em Apocalipse e outros escritos proféticos.

 

  1. A Obra do Ministério Terrestre de Cristo.A obra excepcional que Cristo realizou durante o Seu ministério terreno é que Ele proveu abase para a salvação por meio de Sua perfeita obediência, Sua morte sacrificial e Sua gloriosa ressurreição. O ministério terreno de Cristo tornou possível Seu ministério celestial e novo ministério terreno. Jesus não poderia salvar os homens do poder do pecado e da presença do pecado até que lhes tornasse possível serem salvos da pena do pecado.
  1. A Obra de Seu Ministério Celestial.Através de Seu ministério celestial, nosso Senhor torna possível aaplicação da salvação. A aplicação da salvação se faz possível pela força do Seu poder e presença, o Espírito Santo, através do qual Ele habita dentro do crente. Através de seu poder, Cristo transforma o crente fiel, rendido e obediente em Sua semelhança moral. Essa é a obra que Cristo faz hoje durante Seu ministério celestial.

 

O plano de Deus para todos é que sejam conforme a imagem de Seu Filho. A intenção de Deus é que as novas criaturas em Cristo Jesus sejam o reflexo de Seu Filho, que é o princípio da nova criação. Através da ressurreição para a imortalidade, os crentes compartilharão a semelhança física de Cristo. Através da transformação do caráter e da reforma da conduta atual, eles compartilham Sua semelhança moral. A mudança de caráter no homem deve vir antes da sua mudança física. Devemos ter a mente semelhante à de Cristo antes de ter um corpo semelhante ao de Cristo. Devemos tomar parte dos benefícios do ministério terreno de Cristo (Seu sacrifício) e de Seu ministério celestial (Seu poder que habita em nós) antes de tomar parte nos benefícios de Seu novo ministério terreno (ressurreição para a imortalidade e glória).

 

  1. A Obra do Seu Novo Ministério Terreno.Em Seu novo ministério terreno, Cristo tornará possível a consumação da salvação na vida dos santos glorificados. Quando Jesus retornar, Ele transformará o corpo do crente da mortalidade para a imortalidade. A Igreja verdadeira será completa, reunida e glorificada com Cristo. Nosso planeta experimentará uma transformação redentora. A terra será restaurada à sua pureza original Edênica e se tornará o paraíso eterno de Deus.
  1. Três Figuras de Cristo

 

Os três ministérios de Cristo apresentam três figuras de nosso glorioso Senhor. Em Seu ministério terreno, Ele foi o Sacrifício em sofrimento; em Seu ministério celestial, Ele é Intercessor e Senhor da transformação; no Seu novo ministério terreno, Ele será o Rei dos reis, reinando em Seu trono de glória. Em Seu ministério terreno, nós vemos Jesus, o imaculado Cordeiro de Deus, sobre a cruz e ao lado da sepultura vazia. Em Seu ministério celeste, nós vemos a figura de Jesus à destra de Deus. Em Seu novo ministério terreno, nós vemos o Rei em Seu trono.

 

  1. Três Aparições.O tríplice ministério de Cristo é descrito em Hebreus 9 pela tripla ocorrência da palavra “aparecer”. Hebreus 9:26 refere-se ao Seu ministério terreno: “Mas agora ele apareceu uma vez por todas nos fins dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de Si mesmo” (NVI). Hebreus 9:24 descreve Seu ministério celestial: “Cristo não entrou num lugar santo feito por seres humanos, que é a cópia do verdadeiro Lugar. Ele entrou no próprio céu, onde agora aparece na presença de Deus para pedir em nosso favor” (NTLH). Hebreus 9:28 refere-se ao Seu novo ministério terreno: “Aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. A primeira aparição de Cristo foi como um Sacrifício pelo pecado. Sua segunda aparição é no céu na presença de Deus como Advogado e Intercessor. Sua terceira aparição será na Sua segunda vinda, quando Ele retornar à terra.
  1. Três Pastores.O tríplice ministério de Cristo é representado no Novo Testamento por três adjetivos que O descrevem como Pastor.

 

Jesus disse: “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Em Seu ministério terreno, Ele mostrou-Se como o Bom Pastor quando se entregou para a morte sacrificial pelas Suas ovelhas.

 

A bênção registrada em Hebreus 13:20,21 apresenta Jesus como o Grande Pastorem Seu ministério celestial hoje: “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja a glória para todo o sempre. Amém”. O Cristo ressuscitado é o Grande Pastor que, através do Seu Espírito, opera na vida dos crentes. Ele os transforma à Sua semelhança e produz em suas vidas o que é agradável aos olhos de Deus. Observe que a obra de Cristo como Bom Pastor era externa ao cristão. Ele fez algo pelo cristão. Por outro lado, Sua obra como Grande Pastor é interna, dentro do cristão. Hoje Ele faz algo no cristão. Como Bom Pastor, Jesus criou o relacionamento legal adequado entre o crente e Deus; como Grande Pastor, Ele torna possível a própria relação vital. Através Dele, os cristãos têm um contato vivo com Deus.

 

No Seu novo ministério terreno no futuro, Jesus é descrito como Sumo Pastor: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória” (1 Pedro 5:4).

 

  1. Três Coroas.Três coroas são prometidas aos crentes: a coroa da vida (Apocalipse 2:10; Tiago 1:12), a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8) e a coroa de glória (1 Pedro 5:4). O pecado resulta em sofrimento e morte. Justiça é o oposto de pecado; glória é o oposto de sofrimento; vida é o oposto de morte.

 

Estas três coroas correspondem ao tríplice ministério de Cristo: a coroa da vida, para o Seu ministério terreno; a coroa da justiça, para o Seu ministério celestial; a coroa de glória, para o Seu novo ministério terreno. Cristo, como Bom Pastor, deu a Sua vida para que possamos receber a coroa da vida. Como Grande Pastor, ressuscitado dentre os mortos, Ele produz o fruto da justiça em nossas vidas através de Seu Espírito. Quando Ele, o justo Juiz, aparecer, nos será dada a coroa da justiça. Como Sumo Pastor, Ele virá em glória, removerá todo o sofrimento e nos dará a coroa da glória.

 

  1. Três Salmos.O tríplice ministério de Cristo é descrito nos Salmos 22, 23 e 24. Salmos 22 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério terreno, descrevendo detalhes de Sua crucificação. Salmos 23 apresenta a figura de Cristo em Seu ministério celestial como o Pastor dos crentes. Descreve as bênçãos espirituais que os crentes recebem Dele atualmente. Salmos 24 revela a imagem de Jesus como Rei da Glória, que deve governar na terra durante Seu novo ministério terreno. Os três Salmos em ordem consecutiva, portanto, apresentam o tríplice ministério de Cristo.

 

Muitos não cristãos leem o Salmos 23 pensando que é uma poesia amável aplicada a eles. Não se pode ter a Cristo como Pastor até que alguém se torne ovelha desse Pastor. Não se pode entrar nas bênçãos do Salmos 23 e Salmos 24 até que se aproprie das bênçãos do Salmos 22.

 

  1. Três Tipos.É interessante notar que a tipologia de Gênesis 22 corresponde à profecia do Salmos 22, e que a tipologia de Gênesis 24 corresponde à profecia do Salmos 24. Além disso, os eventos tipificados em Gênesis 23 ocorrem dentro do mesmo período de tempo em que as bênçãos do Salmos 23 são recebidas, isto é, durante o ministério celestial de Cristo.

 

Gênesis 22 relata a história do sacrifício de Isaque, o único filho de Abraão. Esta história é uma figura da crucificação de Cristo, como foi profetizado no Salmos 22 e cumprido durante Seu ministério terreno. Gênesis 24 relata a história do casamento de Isaque com Rebeca. Essa é a tipificação do casamento entre o Cordeiro e a Igreja, que ocorrerá no princípio do novo ministério terreno de Jesus, como mostra o Salmos 24. O Salmos 23 figura o ministério celestial de Cristo durante a era da Igreja e os benefícios espirituais desfrutados pelos cristãos. Gênesis 23 mostra os eventos que estão acontecendo aos judeus durante o mesmo período de tempo. Gênesis 23 registra a morte e o enterro de Sara. Sara, a esposa de Abraão, é o tipo de Israel, a antiga esposa figurativa de Deus. Assim como Sara morreu e foi enterrada no meio de nações gentílicas, assim devem os judeus, durante a era da Igreja, morrerem como nação e serem sepultados entre as nações.

 

III. Revelado na Santa Ceia

 

A Santa Ceia, instituída por nosso Senhor, é um testemunho de Seu tríplice ministério. Esse culto comporta uma relação com o passado, presente e futuro.

  1. Seu Ministério Terreno.Os cristãos participam da Ceia, antes de tudo, em memória da morte sacrificial de Cristo. Ele disse: “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24,25). Os redimidos sempre serão lembrados que são pecadores salvos somente pela graça de Deus e pelo sangue de Cristo.
  1. Seu Ministério Celestial.A Santa Ceia também é um testemunho do ministério celestial de Cristo. Participando do pão e do cálice, o crente testifica a constante comunhão que ele mantém com o seu vívido Senhor. Ceia significa comunhão. O cálice representa o sangue de Cristo não somente como ofertado em Sua morte, mas também como o poder de vida que o cristão recebe momento a momento do seu Senhor ressurreto. A vida está no sangue (Levítico 17:11,14). Como um doente enfraquecido recebe a transfusão de sangue de um amigo saudável, assim os cristãos recebem de Jesus Cristo uma constante transfusão de vida. Momento após momento, o poder vital de Cristo flui de Seu coração para a vida do cristão. O crente tem novidade de vida e força para o serviço somente porque Cristo o supre constantemente dessas bênçãos. O partir do pão revela que o crente é parte da Igreja, o corpo de Cristo. O cálice mostra que ele recebe um fluxo de novidade de vida proveniente do Cristo vivo.
  1. Seu Novo Ministério Terreno.Em terceiro lugar, a Santa Ceia é profética quanto ao novo ministério terreno de Jesus. Jesus disse: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele dia em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai” (Mateus 26:29). Paulo escreveu: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Coríntios 11:26). 
  1. A Tríplice Salvação

 

O evangelho da salvação, centrado na pessoa e na obra de Cristo, pode ser prontamente designado “O Evangelho Tríplice”. A salvação do pecador depende da obra de Cristo em Seus três ministérios. O tríplice ministério de Cristo resulta na tríplice salvação do crente. Na experiência cristã, existe a salvação passada, a qual é um fato consumado; existe a salvação presente, a qual é um processo progressivo; e existe uma salvação futura, que é uma esperança prometida. Portanto, o crente pode verdadeiramente dizer: “Eu fui salvo, eu estou sendo salvo, e eu serei salvo”.

  1. Salvação da Pena do Pecado.Pela Sua morte sacrificial, Jesus nos salvou da pena do pecado. Ele pagou o salário do pecado por nós. Ele removeu nossa culpa e condenação. Quando o pecador aceita o sacrifício de Cristo através da conversão, ele é salvo da penalidade do pecado. Agora já não há nenhuma condenação sobre ele (Romanos 8:1); ele está justificado perante Deus.
  1. Salvação do Poder do Pecado.Quando Cristo habita em nossas vidas através de Seu poder, Ele progressivamente nos salva do poder do pecado. O poder do pecado é a influência que o pecado e o hábito pecaminoso exercem sobre o pecador. O poder de Cristo faz um contrapeso ao poder do individualismo, a mente carnal. Andando em Espírito, o crente não cumpre o desejo da carne (Gálatas 5:16). Somente o poder de Cristo pode libertar do poder do pecado. Quando alguém se rende ao poder transformador de Cristo e vive em verdadeira obediência a Ele como Senhor, ele é progressivamente salvo do poder do pecado.
  1. Salvação da Presença do Pecado.A presença do pecado é a evidência do pecado em um ambiente. Quando Cristo retornar à terra e começar Seu novo ministério terrestre, Ele nos salvará da presença do pecado. Toda evidência do pecado será eventualmente removida; os pecadores serão destruídos. Ele transformará nosso ambiente, este planeta, de maneira que “a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”.
  1. Tríplice Relacionamento

 

O ministério terreno de Cristo foi caracterizado pelo que Ele fez por nós. Cristo morreu pelos pecadores. O ministério celestial de Cristo é indicado pelo que Ele fazem nós. Cristo habita no crente através de Seu poder transformador. O novo ministério terreno de Cristo será caracterizado pelo que Ele fará para nós e conosco. Cristo transformará o corpo do crente e fará dos santos glorificados coerdeiros juntamente com Ele.

 

O que Cristo fez por nós em Sua crucificação e ressurreição é externo a nós. O que Ele está fazendo em nós através do Seu poder transformador é interno a nós. O que Cristo vai fazer para nós e conosco no amanhã glorioso de Deus será eterno para nós.

 

A obra do ministério terreno de Cristo torna possível nossa mudança de posição perante Deus, nossa justificação. A obra de Cristo no ministério celestial torna possível a transformação de nosso caráter e a reforma de nossa conduta. A obra de Cristo no novo ministério terreno resultará na redenção de nossos corpos da mortalidade para a imortalidade. Seus três ministérios podem ser resumidos pelas palavras: justificação, transformação e glorificação.

 

Quando o crente aceita os benefícios do ministério terreno de Cristo através do arrependimento, fé e batismo, ele se reveste de Cristo (Gálatas 3:27). Ele está em Cristo; ele tem uma nova posição diante de Deus. Quando ele entra nos benefícios do ministério celestial de Cristo e permite a Cristo transformar sua vida, Cristo está no crente. Quando o crente tomar parte nos resultados do novo ministério terreno de Cristo através da ressurreição para a imortalidade, ele estará com Cristo.

 

Cristo, o Cordeiro sacrificado, oferece paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1). Cristo, o Senhor que habita em nós, oferece a paz de Deus, um fruto do Espírito (Gálatas 5:22; Filipenses 4:7). Paz com Deus refere-se a uma relação divino-humana na qual toda a inimizade é desfeita. Paz de Deus refere-se à calma e ao equilíbrio interior. Cristo, o Rei vindouro, trará a paz entre as nações (Miquéias 4: 3).

sábado, 26 de agosto de 2023

A história real de Jesus Cristo

 


 

 

01 - INTRODUÇÃO

 

Jesus nasceu de forma milagrosa entre os anos 7 e 2 a.C. Se tornou popular, realizando curas e milagres, atraindo discípulos e também perseguidores.

 

Jesus foi entregue pelo seu próprio discípulo, condenado injustamente e crucificado entre o ano 30 a 33 d.C. Jesus Cristo morreu com a idade entre 34 a 39 anos.

 

Três dias após da sua morte, Jesus ressuscitou, subindo aos céus diante dos seus discípulos. Uns consideram Jesus um grande profeta, outros, um revolucionário. Para os cristãos, Jesus é o Filho de Deus, o Messias.

 

A Bíblia continua sendo a melhor forma de conhecer a vida de Jesus, mas podemos conhecer mais sobre o Messias através de achados arqueológicos, o que chamamos de Jesus Cristo histórico.

 

Jesus era judeu, de etnia e nacionalidade judaica. Os judeus proibiam os homens de ter o rosto barbeado e cabelos longos. Logo, o "Jesus europeu" representado em imagens, de pele branca e cabelos longos é improvável.

 

Da mesma forma, a Bíblia não diz se Jesus era negro, moreno e não dá nenhum detalhe sobre a sua cor. Há uma única referência bíblica que diz que o Messias "não tinha qualquer beleza". Jesus teria traços comuns das pessoas da região do Oriente Médio, pele corada, cabelos curtos e barba.

 

02 - O nascimento de Jesus

 

Maria era virgem e estava prometida em casamento a José, um carpinteiro. O anjo Gabriel visitou Maria e anunciou que ela teria um filho, que seria gerado através do Espirito Santo e seu nome seria Jesus (Lucas 1:30-33).

 

O nome Jesus, é a tradução da expressão hebraica Yeshua, que significa “o Senhor salva”, mas, vale lembrar que Evangelhos foram escritos em grego e utiliza a expressão Iesus, que deu origem ao nome Jesus.

 

Ao saber da gravidez de Maria, José relutou em aceitá-la. Mas com a confirmação - através de um sonho - José obedeceu às instruções dadas por Deus e assumiu Jesus como filho.

 

Apesar de ser conhecido como Jesus de Nazaré, Jesus nasceu em Belém. A cidade era conhecida por ser à terra natal do rei Davi. Por nascer em Belém, Jesus cumpriu a profecia quanto ao nascimento do Messias (Mateus 2:6).

 

Devido à perseguição de Herodes, José e Maria fugiram com Jesus para o Egito. Depois da morte de Herodes, José e Maria retornaram a Nazaré. Jesus viveu com os seus pais até os 30 anos e teve irmãos e irmãs. Jesus não se casou e nem teve filhos.

 

02.1 - Irmãos ou primos?

 

A Bíblia diz que Jesus tinha irmãos, não primos. Na língua hebraica não se fazia distinção entre irmão e primo mas o Novo Testamento foi escrito em grego, que tem uma palavra para “irmão” e outra distinta para designar “primo”. Os escritores do Novo Testamento, nas referências acerca de Jesus, usaram a palavra “irmão” (adelfos).

 

Alguns argumentam que o Novo Testamento foi escrito por judeus e para judeus e por isso usaram a palavra grega para “irmão” no sentido hebraico de parente. Mas Lucas era gentio e estava escrevendo para gentios e ele usou a palavra irmão (Lucas 8:19-20). Lucas foi muito cuidadoso na sua escrita e teria usado a palavra “primo” (anepsios) se não fossem realmente os irmãos de Jesus.

 

03 - A vida de Jesus

 

Na fase adulta, Jesus começou a profetizar depois de ser batizado pelo profeta João Batista. Ao passar pelo batismo no rio Jordão, Jesus passou a viver em Cafarnaum da Galileia.

 

A beira do Mar da Galileia, Jesus chamou os seus primeiros discípulos: Simão (Pedro), André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Filipe, Bartolomeu (Natanael), Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu (Judas), Simão (o zelote) e Judas Iscariotes o traidor.

 

Jesus, sempre ao lado dos seus discípulos e seguido por uma multidão, operou diversos milagres, curou enfermos, expulsou demônios e ressuscitou mortos.

 

Jesus anunciava o Reino de Deus e denunciava a hipocrisia praticada entre os judeus, o que incomodava os religiosos (Mateus 23:13). Além de cumprir toda a lei do judaísmo, Jesus não pecou.

 

Conforme a sua fama crescia, Jesus atraía a ira dos religiosos, que conspiravam entre si na tentativa de matá-lo. Judas Iscariotes, então discípulo de Jesus, se oferece aos sacerdotes para entrega-lo as autoridades por 30 moedas de prata.

 

04 - Jesus Homem: Como Entender a Natureza Humana de Cristo?

 

A doutrina da humanidade de Jesus é um dos fundamentos da fé cristã, pois a Bíblia testifica claramente acerca do Jesus Cristo homem, assim como também testifica acerca de sua divindade. As Escrituras nos revelam Jesus sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

 

Essa questão geralmente é chamada de Doutrina da União Hipostática. Essa doutrina trata da união perfeita e inconfundível entre a natureza humana e a natureza divina na única pessoa de Cristo, ou seja, o Unigênito Filho de Deus se tornou plenamente humano sem abrir mão de nenhum de seus atributos ou de sua natureza divina, num processo de auto-esvaziamento (Filipenses 2:7).

 

4.1 - As duas naturezas de Jesus: A humanidade e a divindade de Cristo

 

Jesus é uma só pessoa que possui duas naturezas: a natureza humana e a natureza divina. Realmente nós não temos a capacidade de entender completamente tudo o que envolve as duas naturezas de Jesus Cristo. Por isso, costumamos a se referir a essa questão como “o grande mistério da Encarnação”.

 

Existem verdades que a Bíblia afirma e explica, enquanto outras ela apenas afirma e não explica, até porque mesmo se ela explicasse não compreenderíamos. A doutrina acerca das duas naturezas de Jesus, e como essas naturezas se relacionam, certamente é uma dessas verdades. Em casos assim, cabe a nós apenas aceitar tal verdade pela fé.

 

Para falarmos sobre a humanidade de Jesus, primeiramente precisamos aceitar sua plena divindade. Na Bíblia existem inúmeras referências que provam que Jesus é Deus, o Filho Unigênito do Pai, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade (Salmo 110:1; Isaías 7:14; 9:6; Malaquias 3:1; Mateus 1:23; 16:16; Marcos 1:1,2; Lucas 1:76; João 1:1-14; 10:30; 20:28; Atos 7:59; 1 João 5:20; etc.).

 

4.2 - Jesus é verdadeiro homem

 

Se a Bíblia afirma explicitamente a divindade de Jesus, da mesma forma ela também afirma sua humanidade. Esse ensinamento bíblico acerca do Jesus homem, pode ser facilmente percebido nos textos que falam acerca de seu nascimento (Lucas 2:1-5), crescimento e aprendizado (Lucas 2:49-52), e todas as outras atividades comuns aos homens, como: sentir fome (Mateus 4:2), sede (João 19:28), cansaço (João 4:6), chorar (João 11:35,38), e, inclusive, sofrer (Marcos 14:32-42; Lucas 12:50) e morrer (Mateus 27:46; Marcos 15:34).

 

Por ser verdadeiramente humano, Jesus também podia ser tentado, assim como nós, porém, diferentemente de nós, Ele sempre venceu as tentações e nunca pecou (Mateus 4:1-11; Hebreus 4:15).

 

4.3 - Como as duas naturezas de Jesus se relacionam?

 

O maior desafio em entender o ensino bíblico acerca das duas naturezas de Jesus, se concentra no mistério de como essas duas naturezas se relacionam. Por exemplo: sendo plenamente humano, Jesus demonstrou desconhecimentos de certos fatos durante seu ministério terreno (Marcos 13:32; Lucas 8:45-47), enquanto que sendo plenamente Deus, Ele também demonstrou possuir os atributos divinos, como a onisciência (João 1:48; 16:30; 21:17).

 

De acordo com exemplo a cima, podemos corretamente afirmar que algumas características e atitudes de Jesus podem ser atribuídas à sua natureza humana; enquanto outras à sua natureza divina. No entanto, isso não significa, de forma alguma, que Jesus alternava essas duas naturezas, ou seja, agindo em alguns momentos como homem, e em outros como Deus.

 

A verdadeira doutrina bíblica aponta para o fato de que Ele sempre agiu na unidade de sua pessoa divina-humana, visto que não se tratam de duas pessoas, mas de uma única pessoa com duas naturezas distintas e inseparáveis. Logo, em todo seu sofrimento e dificuldade, mesmo na terrível agonia no Calvário e sua consequente morte, ali estava o Jesus plenamente Deus e plenamente homem, redimindo o seu povo.

 

É claro que esse conceito é extremamente difícil de se entender, pois implica na condição de que, ao mesmo tempo em que Jesus, em sua humanidade, experimentava fraquezas comuns aos homens, em sua divindade Ele permanecia onipotente.

 

Para nós é impossível compreender esse conceito, e isso não significa que seja uma contradição, mas um paradoxo que nos leva a reconhecer que a encarnação do Verbo é, de fato, um mistério.

 

4.4 - As heresias acerca das duas naturezas de Jesus

 

Ao longo dos anos, durante a história da Igreja Cristã, surgiram várias heresias acerca das duas naturezas de Jesus Cristo. Todas elas têm em comum atacar, de alguma forma, ou sua natureza humana ou sua natureza divina, ou ambas.

 

O Monarquismo Dinâmico e o Arianismo são exemplos de heresias que atacam a divindade de Cristo. O primeiro afirma que Jesus não era divino, mas simplesmente um homem que recebeu um poder especial de Deus quando foi batizado por João Batista. Já o segundo defende que o Filho de Deus nada mais era do que uma criatura do próprio Deus. A Igreja combateu essas heresias especialmente nos Concílios de Niceia (325 d.C.) e Constantinopla (381 d.C.).

 

Por outro lado, desde o primeiro século também surgiram doutrinas que atacavam, além da natureza divina, também a natureza humana de Jesus. O exemplo mais significativo é o do Docetismo, que ensinava que Jesus apenas parecia ser humano, mas era, na verdade, um tipo de espírito. Daí vem o nome desse falso ensino, “Docetismo”, do grego dokeo, que significa “parecer”.

 

O apóstolo João foi um dos que mais combateu heresias desse tipo, tanto em seu Evangelho como em suas epístolas. Em João 1:1, lemos uma clara declaração da divindade de Cristo, “[…] e o Verbo era Deus […]”, enquanto que no mesmo capítulo, no versículo 14, lemos também uma afirmação explicita da humanidade perfeita de Jesus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós […]”.

 

Em sua primeira epístola, o mesmo apóstolo alertou sobre os falsos profetas que, no espírito do anticristo, negavam que Jesus Cristo veio em carne (1 João 4:1-3). Mais tarde, o apóstolo João também repetiu esse mesmo alerta, com a mesma severidade na condenação, afirmando que quem não confessa que “Jesus Cristo veio em carne”, este tal “é o enganador e o anticristo” (2 João 7).

 

Por fim, há também outras doutrinas heréticas que acabaram distorcendo o ensino bíblico acerca das duas naturezas de Jesus, como por exemplo:

·         Doutrina Nestoriana: afirmava que Jesus possuía, além de duas naturezas, também duas pessoas, divina e humana, que se encontravam em um só corpo.

·         Doutrina Eutiquiana: afirmava que Jesus possuía apenas uma única natureza, entendendo que a sua divindade havia absorvido sua humanidade.

 

A Igreja Cristã rejeitou esses dois erros especialmente no Concílio de Calcedônia em 451 d.C., onde foi afirmado que Jesus Cristo é uma só pessoa, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, que possui duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis, nas quais permanecem intactos, em cada uma delas, seus próprios atributos.

 

4.5 - Jesus homem: a importância da humanidade de Jesus

 

Apesar de ser um mistério, a Bíblia definitivamente afirma que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Enquanto enfatizamos, corretamente, a divindade de Cristo, às vezes é comum cairmos no erro de minimizar sua humanidade.

 

Todavia, reconhecer a perfeita humanidade de Jesus é essencial para a fé cristã, de modo que se negarmos a humanidade de Jesus também estaremos negando a salvação provida por sua obra redentora na cruz.

 

O escritor da Epístola aos Hebreus tratou desse assunto de forma bastante detalhada, enfatizando, inclusive, que a realidade da humanidade de Cristo é fundamental na realidade da nossa salvação (Hebreus 2:14,15).

 

A verdade acerca da humanidade de Jesus também nos faz entender o cumprimento de algumas promessas fundamentais, como por exemplo, a promessa feita pelo próprio Deus após a Queda do homem. Em Gênesis 3:15 lemos que a semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente, e essa promessa encontra seu cumprimento na pessoa de Jesus Cristo, plenamente Deus e plenamente homem.

 

Assim, a doutrina acerca da humanidade de Cristo é fundamental para nossa fé e significa um grande conforto para nós, pois em Cristo, sendo plenamente homem, temos a garantia de que Ele pode nos auxiliar em nossas aflições e sofrimentos, e interceder por nós diante do Pai (Hebreus 2:17,18; 4:15,16; 5:2-9; 7:25).

 

05 - A crucificação e morte de Jesus

 

Na Páscoa Jesus fez a sua Ultima Ceia com os discípulos. Na mesa, Jesus Cristo revelou que seria traído e morto. Em angústia, no Monte das Oliveiras, Jesus foi entregue por Judas Iscariotes as autoridades. Logo depois a traição, Judas suicidou-se.

 

Jesus foi julgado pelos sacerdotes no Sinédrio e depois entregue as autoridades romanas, que inflamados pelos fariseus e pela multidão condenaram Jesus a crucificação.

 

Jesus foi torturado e teve que carregar a sua própria cruz. No Gólgota, os soldados o pregaram na cruz, lhe puseram uma coroa de espinhos e penduraram uma placa escrita INRI, que significa “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.

 

Quando Jesus deu seu último suspiro, a Terra tremeu, o céu escureceu e o véu do santuário - que separava os homens de Deus - se rasgou. O corpo de Jesus foi sepultado num túmulo selado para que não fosse violado.

 

 06 - A ressurreição de Jesus

 

Ainda de luto, um grupo de mulheres foram visitar seu túmulo e quando chegaram, foram avisadas por um anjo que Jesus Cristo não estava mais no túmulo. Três dias depois da sua crucificação, Jesus Cristo ressuscitou!

 

Os discípulos ficaram atordoados com a notícia. Pouco tempo depois, Jesus se apresentou a eles e não havia mais dúvidas: Jesus Cristo é o Filho de Deus. Jesus continuou com os discípulos durante 40 dias, até ser elevado aos céus diante de mais de 500 seguidores (1 Coríntios 15:4-6).

 

A base da fé cristã está na ressurreição de Jesus. Ao vencer a própria morte, Jesus estabeleceu uma nova aliança e passou a ser o único mediador entre Deus e os homens.

 

07 - A volta de Jesus

 

A Bíblia diz que Jesus vai voltar em breve. Por isso, precisamos estar prontos para quando isso acontecer. Ninguém sabe exatamente quando Jesus vai voltar mas precisamos nos manter vigilantes.

 

Jesus vai voltar. A Bíblia diz isso claramente. E, quando ele voltar, Jesus vai julgar a humanidade, destruir o mal e dar vida eterna aos salvos (Apocalipse 22:12). A volta de Jesus marcará o fim do mundo.

 

Para quem é salvo, a volta de Jesus é motivo de grande esperança! Nesse tempo, Jesus estabelecerá a justiça e restaurará todas as coisas. Os mortos ressuscitarão e todos os salvos serão transformados para viverem eternamente. Não haverá mais dor, morte nem tristeza (Apocalipse 21:3-4).

 

07.1 - Quando vai ser a volta de Jesus? Como vai ser?

 

Ninguém sabe quando vai ser a volta de Jesus. Somente Deus sabe a data. Ninguém consegue prever o dia, porque Deus não revelou essa informação a ninguém (Mateus 24:42-44). Precisamos estar prontos em todo tempo, porque Jesus pode voltar em qualquer momento.

 

A Bíblia diz que, quando Jesus voltar, vai ser muito claro. Jesus voltará da mesma forma que subiu ao Céu: em uma nuvem. Sua volta vai ser marcada pelo som de trombeta e de um arcanjo (1 Tessalonicenses 4:16-17). A volta de Jesus não vai ser discreta!

 

Antes de Jesus voltar, veremos vários sinais, que nos servem de aviso que o fim está próximo. Esses sinais não podem nos dar a data exata mas nos ajudam a lembrar que Jesus vai voltar em breve. Assim, não seremos apanhados desprevenidos.

 

07.2 - Como podemos nos preparar para a volta de Jesus?

 

A Bíblia diz que precisamos estar preparados para quando Jesus voltar e nos dá conselhos práticos para nos prepararmos:

 

  • Viver de maneira santa

 

A maneira principal de nos prepararmos para a volta de Jesus é tendo fé e obedecendo a ele! Quem é salvo vive de maneira diferente, procurando ser mais como Jesus, fazendo o bem e rejeitando o pecado. Se focarmos em fazer a vontade de Deus, não teremos nada a temer com a volta de Jesus e não seremos apanhados de surpresa (2 Pedro 3:14).

 

  • Ficar atentos

 

Muitas vezes é fácil nos esquecermos que o fim está próximo e cairmos em desleixo com as coisas de Deus. Os sinais do fim do mundo servem para nos alertar que precisamos ficar atentos e corrigir nossa vida. Devemos nos manter sóbrios e atentos para a vontade de Deus (1 Tessalonicenses 5:6-9)

 

  • Edificar uns aos outros

 

Juntos somos mais fortes! Sozinhos somos muito mais vulneráveis. Precisamos de nossos irmãos em Cristo para nos encorajarmos uns aos outros e para nos mantermos preparados para a volta de Jesus (1 Tessalonicenses 5:11). Juntos, estaremos prontos para receber Jesus!

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

JESUS FILHO UNIGÊNITO OU FILHO PRIMOGÊNITO? E NÓS SOMOS FILHOS ADOTADOS DE DEUS?

 


 

*O significado bíblico de unigênito (e porque que Jesus é chamado assim)* 

 

Unigênito significa filho único, ou o único gerado. Jesus é chamado de filho unigênito de Deus porque ele é o único que procede de Deus Pai e tem a mesma natureza que Ele. 

 

Unigênito significa literalmente *“único gerado”*. Por exemplo, para um casal que só tem um filho, esse filho é seu unigênito. Assim, o unigênito é o único que procede de seus pais. 

 

Nos tempos da Bíblia, era mais normal ter vários filhos, mas também havia algumas famílias só com um. O filho unigênito era o tesouro mais precioso de seus pais e a garantia do futuro da família. A morte de um filho unigênito era o pior tipo de sofrimento para os pais (Amós 8:10). 

 

*Jesus é chamado de filho unigênito de Deus* 

 

Jesus é o filho unigênito de Deus porque ele é o único que tem a mesma natureza que Deus Pai (João 1:14). Isso não significa que ele é uma criatura. Significa que Jesus vem de Deus Pai, ele é uma manifestação de Deus que vem diretamente dele, com as mesmas características. 

 

Quando Jesus disse que ele era o filho de Deus, os judeus reconheceram que ele estava dizendo que era igual a Deus (João 5:17-18). Um filho é o produto do pai e da mãe. As características que herda vêm somente dos pais, não de outra pessoa sem relação. Jesus vem de Deus Pai, logo ele somente pode ter as características de Deus. Se o Pai é Deus, o Filho é Deus. 

 

Se Jesus é o unigênito de Deus, como nós podemos ser filhos de Deus? Jesus é o único que é por natureza próprio filho de Deus. Mas todos nós podemos ser adotados como filhos de Deus, através de Jesus. A Bíblia diz que, quando nos convertemos, recebemos uma nova natureza como filhos de Deus. Jesus é o único que é filho de Deus por direito, mas pela graça todos os salvos também se tornam filhos de Deus. 

 

Isso não significa que nos tornamos iguais a Deus. Somente Jesus é igual a Deus, com toda a mesma natureza que Deus (Hebreus 1:3-4). No entanto, à medida que Jesus age em nossos corações, nos tornamos mais parecidos com Deus. Por sermos adotados como filhos de Deus, podemos refletir um pouco da glória de Deus. Mas Jesus reflete toda a glória de Deus.

 

*Primogênito: significado na Bíblia* 

 

Primogênito significa o primeiro filho nascido de uma pessoa. Na Bíblia, o primogênito era o herdeiro principal e o futuro líder da família. Jesus é chamado de primogênito porque foi o primeiro filho de José e Maria e domina sobre toda a criação. 

 

Literalmente, primogênito significa *“primeiro gerado”*. 

 

O primogênito é o filho mais velho de um casal. Na Bíblia, a primeira cria de um animal também pode ser chamada de primogênita. Nos tempos da Bíblia, o primogênito tinha um papel importante na família. Ele era o primeiro descendente dos pais e sinal que eles podiam se reproduzir. Ter filhos era muito importante e visto como uma grande bênção e garantia para o futuro. 

 

Como filho mais velho, o primogênito tinha grande responsabilidade. Ele deveria ser exemplo para seus irmãos e, quando o pai morria, ele se tornava o principal provedor de sustento da família. Com essa responsabilidade vinha o dever de liderar a família. Assim, ele deveria cuidar da mãe e dos outros membros dependentes da família. 

 

O trabalho do filho mais velho não era fácil. Ele herdava muitos deveres e responsabilidades. Por isso, ele também tinha alguns privilégios. O primogênito recebia uma porção dupla da herança dos pais e tinha o respeito do resto da família enquanto líder (Deuteronômio 21:15-17). 

 

*A importância do primogênito na Bíblia* 

 

 Como herdeiro principal e líder da família, o primogênito representava toda a família e seu futuro. Foi por isso que Deus matou os primogênitos dos egípcios na última praga. Toda a liderança do Egito foi atacada com esse ato. Mas os primogênitos dos israelitas foram consagrados a Deus (Êxodo 13:2). Consagrar o primogênito era consagrar toda a próxima geração da família. 

 

No entanto, o filho mais velho nem sempre se tornava o líder da família. Em alguns casos, o direito do primogênito passava para outro filho: 

 

*Esaú vendeu seu direito de primogênito a Jacó* - Gênesis 25:33-34 

 

*Efraim recebeu a bênção do primogênito, embora Manassés fosse o mais velho* - Gênesis 48:19-20 

 

*Davi se tornou rei de Israel, apesar de ser o filho mais novo de Jessé* - Salmos 89:27-29 

 

Assim, na Bíblia primogênito é às vezes usado como título, simbolizando liderança ou alguém colocado em primeiro lugar de destaque. 

 

*Jesus, o primogênito* 

 

Jesus é chamado de primogênito em vários contextos diferentes: 

 

*Primogênito de Maria* - Lucas 2:6-7 

 

*Primogênito dentre os mortos* - Apocalipse 1:5 

 

*Primogênito sobre toda a criação* - Colossenses 1:15 

 

Dentro de sua família, Jesus era o primogênito, no sentido mais literal. Ele foi o primeiro filho a quem Maria deu à luz. Embora ele fosse na verdade filho de Deus, para efeitos oficiais na terra, Jesus pertencia à família de José e Maria e foi seu primogênito, o herdeiro principal. 

 

Maria teve outros filhos além de Jesus? Quem eram os irmãos de Jesus?

 

Sim, Maria muito provavelmente teve outros filhos além de Jesus. A evidência bíblica sugere fortemente que Maria teve outros filhos. A Bíblia diz que Jesus tinha quatro irmãos (Tiago, José, Judas e Simão) e pelo menos duas irmãs (Marcos 6:3). Maria era virgem quando Jesus nasceu mas nada na Bíblia indica que ela se manteve virgem depois disso.

 

Irmãos ou primos?

 

A Bíblia diz que Jesus tinha irmãos, não primos. Na língua hebraica não se fazia distinção entre irmão e primo mas o Novo Testamento foi escrito em grego, que tem uma palavra para “irmão” e outra distinta para designar “primo”. Os escritores do Novo Testamento, nas referências acerca de Jesus, usaram a palavra “irmão” (adelfos).

 

Alguns argumentam que o Novo Testamento foi escrito por judeus e para judeus e por isso usaram a palavra grega para “irmão” no sentido hebraico de parente. Mas Lucas era gentio e estava escrevendo para gentios e ele usou a palavra irmão (Lucas 8:19-20). Lucas foi muito cuidadoso na sua escrita e teria usado a palavra “primo” (anepsios) se não fossem realmente os irmãos de Jesus.


Filhos de Maria?

 

A Bíblia não diz que os irmãos de Jesus eram filhos de Maria. Mas também não diz que eram filhos somente de José. Por outro lado, os irmãos de Jesus são mencionados quase sempre com a mãe de Jesus (Mateus 12:46). Claramente eram muito ligados à Maria. E, embora possa ter outros significados, a palavra “adelfos” significa literalmente “saídos do mesmo útero”. Não está explícito que eram filhos de Maria mas está implícito.

 

Um argumento um pouco confuso sugere que os irmãos de Jesus eram na verdade seus discípulos. Jesus tinha discípulos com o mesmo nome que seus irmãos mas, tal como acontece hoje, esses nomes eram muito comuns. Muitos naquela época se chamavam Tiago, José, Judas, Simão e até Jesus! Só entre os Doze Apóstolos havia dois homens chamados Simão, dois Tiago e dois chamados Judas. E os irmãos de Jesus não eram seus discípulos no início; eles pensavam que ele estava louco (Marcos 3:21; João 7:3-5).

 

Jesus também é chamado de primogênito entre os mortos, porque ele foi o primeiro a ressuscitar em glória para a vida eterna. Assim como Jesus ressuscitou e não vai voltar a morrer, um dia todos os salvos também ressuscitarão e viverão para sempre! Jesus é o primeiro e mais destacado entre os ressuscitados. É através da morte e ressurreição dele que temos a salvação e a promessa da vida eterna. 

 

Jesus também é chamado o primogênito de toda a criação porque ele reina supremo sobre todas as coisas. Isso não significa que ele foi a primeira coisa criada. Nesse contexto, significa que Jesus é o herdeiro, com direito sobre toda a criação (Colossenses 1:17-18). 

 

Na verdade, Colossenses 1:15-16 nos mostra que Jesus não é um ser criado mas sim parte de Deus. Deus criou o mundo e esse versículo diz que Jesus criou o mundo. Jesus é a parte de Deus que se revelou ao mundo como homem, sendo o primogênito porque mostrou o caminho a todos e conquistou o lugar de supremacia, até sobre a morte!

 

*Todos são filhos de Deus?* 

 

A Bíblia diz que todos somos criados por Deus e amados por Deus, mas nem todos são filhos de Deus. Jesus é o único filho de Deus. Somente através de Jesus podemos receber a adoção como filhos de Deus. 

 

A Bíblia diz que Deus tem um único filho: Jesus (João 3:16). Ele é a revelação de Deus em forma humana, a expressão exata de quem Deus é. Assim como o filho reflete seu pai que o gerou, Jesus reflete a glória de Deus, mas de forma perfeita (Hebreus 1:3). 

 

De certa forma, todos nós refletimos um pouco da glória de Deus, porque todos fomos criados por Ele, à Sua imagem e semelhança. Mas isso não nos torna filhos de Deus. O pecado nos separa de Deus, não nos deixando pertencer à Sua família. Na verdade, a Bíblia diz que quem vive debaixo do pecado é filho do diabo, porque pertence ao diabo e faz o que o diabo quer! - João 8:44; 1 João 3:8 

 

Ao longo da Bíblia, somente quem faz parte do povo de Deus é chamado de filho de Deus. Os israelitas eram considerados filhos de Deus, porque foram escolhidos por Ele para serem seu povo especial. Mas muitos israelitas se portaram como filhos rebeldes e não eram filhos de verdade. Os verdadeiros filhos são aqueles que permanecem fiéis ao Pai. 

 

*Como se tornar filho de Deus?* 

 

A boa notícia é que podemos ser adotados como filhos de Deus! Foi por isso que Jesus veio à terra (João 1:12-13). Na cruz, Jesus pagou o castigo por nossos pecados. Por causa de sua morte e ressurreição, podemos voltar a ter comunhão com Deus, com nossos pecados todos perdoados. 

 

Quando nos arrependemos de nossos pecados e cremos em Jesus como nosso salvador, recebemos a adoção como filhos de Deus. Já não pertencemos ao diabo, separados de Deus e de Seu amor. Agora somos parte da família de Deus. O Espírito Santo passa a morar dentro de nós e nos convence que somos filhos de Deus (Romanos 8:14-16). 

 

*As bênçãos de ser filho de Deus* 

 

Ser adotado como filho de Deus é um grande privilégio! O filho adotado tem os mesmos direitos que o filho natural. Assim, nós somos herdeiros do reino de Deus, junto com Jesus (Romanos 8:17). Ele é o rei supremo sobre toda a criação, mas os salvos também têm o direito de desfrutar da herança do Céu. 

 

Como filhos, podemos nos aproximar de Deus sem medo. Ele é nosso Pai e nos ama! Ele está sempre pronto para nos ouvir e ajudar, tal como um pai cuida do filho. Deus também nos ensina e disciplina, para nos ajudar a crescer e andar no caminho certo (Hebreus 12:7-8). 

 

O filho reflete o pai. Nossa missão, enquanto filhos de Deus, é ser mais parecidos com Deus, seguindo nos passos de Jesus. Ele nos ajuda a vencer o pecado e a viver de maneira correta, refletindo Sua luz e Seu amor no mundo. Essa é a grande marca de quem é um verdadeiro filho de Deus (1 João 3:9-10).

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens de Gênesis 6

Muito se discute sobre quem eram os filhos de Deus e as filhas dos homens de Gênesis 6. Os estudiosos da Bíblia realmente não conseguem entrar num acordo sobre este tema.

 

Existem várias opiniões sobre o assunto, porém três interpretações aparecem como principais. São elas:

 

1- Os filhos de Deus eram anjos caídos.

2- Os filhos de Deus eram descendentes de Sete que se casaram com descendentes de Caim.

3- Os filhos de Deus eram homens poderosos (governantes e nobres).

 

Abaixo veremos os detalhes de cada uma das três interpretações disponíveis.

 

Os filhos de Deus de Gênesis 6 eram anjos caídos?

 

A ideia de que os filhos de Deus de Gênesis 6 eram anjos caídos que tiveram relações com mulheres é a interpretação mais antiga e conhecida sobre o assunto. A principal defesa para essa interpretação é o fato de que no Antigo Testamento a expressão “filhos de Deus” pode se referir a anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7).

 

Outro ponto que reforça essa ideia é que antigos estudiosos hebreus, como Flávio Josefo, também apresentam essa mesma teoria. O livro pseudoepígrafo de Enoque igualmente defende tal interpretação.

 

No Novo Testamento, os textos mais utilizados para defender essa opinião estão em 2 Pedro 2:4 e Judas 1:6.

 

Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; (2 Pedro 2:4)

 

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; (Judas 1:6)

 

De acordo com esta perspectiva, o resultado da união entre as mulheres (filhas dos homens) e os seres angelicais (filhos de Deus) resultou no nascimento de gigantes (no sentido literal). Esses gigantes teriam sido homens notórios e valentes da antiguidade.

 

Outro texto muito utilizado nessa defesa é Gênesis 19:5. Nele lemos sobre como os homens homossexuais de Sodoma queriam ter relações com os anjos que vieram destruir a cidade.

 

Com base nesta interpretação, estudiosos apresentam o tamanho da desobediência em relação aos mandamentos de Deus. Eles apontam para a possibilidade de ter existido uma raça mista cosmológicamente, ou seja, que não era 100% humana. Isto teria levado ao Dilúvio universal como forma de dizimar toda a humanidade, com exceção de Noé e sua família.

 

Para refutar esta interpretação, o texto mais utilizado é Mateus 22:30, onde Jesus diz que os anjos de Deus não se casam e nem são dados em casamento. Essa crítica é rebatida pelos simpatizantes desta teoria de que os filhos de Deus de Gênesis 6 são anjos com o seguinte argumento. Eles dizem que Jesus se referiu aos anjos do céu e não aos anjos rebeldes. Eles também alegam que o texto diz que os anjos não se casam, mas não diz nada sobre a impossibilidade de, em forma corpórea de homem, eles anjos poderem manter relações com mulheres.

 

Outra critica contra esta interpretação é a questão de que os textos do Novo Testamento de Pedro e Judas utilizados como defesa desta teoria, em momento algum tratam de casamentos angelicais. Além disso, esses textos em nenhum momento se propõem a explicar o evento antediluviano.

 

Também vale ressaltar que Gênesis 6 diz claramente que a atitude partiu dos “filhos de Deus” e não das “filhas dos homens”. Se essa mistura resultou no Dilúvio, deveria existir então alguma referência mais explicita no próprio livro de Gênesis sobre a punição a esses anjos que iniciaram tal perversidade.

 

Os filhos de Deus eram os descendentes de Sete?

 

Segundo esta interpretação, a descendência justa de Sete se misturou com a descendência ímpia de Caim. Em outras palavras, os homens da linhagem de Sete se casaram com as mulheres pagãs da linhagem de Caim. Nesta interpretação os nephilins (gigantes) resultaram dessa mistura religiosa. Esses homens não eram literalmente gigantes, mas homens ímpios e tiranos que alcançaram fama na antiguidade.

 

Um dos argumentos para sustentar esta interpretação é o contexto dos capítulos anteriores de Gênesis. Em Gênesis 4 é apresentada a geração perversa de Caim. Já em Gênesis 5 é descrita a descendência justa de Sete. Como sequencia, o capítulo 6 parece mostrar a mistura dessas duas linhagens, culminando numa civilização corrompida.

 

O problema com esta interpretação é que em nenhum outro lugar no Antigo Testamento os descendentes de Sete são chamados de “filhos de Deus”. Além do mais, a Bíblia não diz que todos os descendentes de Sete eram justos. Na verdade ela indica apenas alguns deles que de fato foram, como Enoque e Noé.

 

Outro ponto ainda mais discutível é a exigência de uma quebra de padrão de escrita no próprio capítulo 6. No versículo 1 a palavra “homens” parece se referir a humanidade de modo geral. Já no versículo 2, essa mesma palavra teria que se referir à descendência de Caim especificamente.

 

Por último, também é difícil de explicar por que apenas as mulheres descendentes de Caim é que se casaram com os descendentes de Sete. Provavelmente homens descendentes de Caim também se casaram com as mulheres descendentes de Sete.

 

Uma variação desta interpretação defende que os filhos de Deus e as filhas dos homens de Gênesis 6 são necessariamente sejam os descendentes de Sete ou Caim, mas que pessoas piedosas que uniram-se com pessoas pagãs. Então rapidamente todas essas pessoas estavam unidas praticando a maldade de uma forma abominável.

 

Os filhos de Deus eram homens poderosos?

 

Esta interpretação defende que a expressão “filhos de Deus” era usada como um título atribuído aos reis, governantes, nobres e homens poderosos da antiguidade no Antigo Oriente Próximo. Esses homens não seguiam os mandamentos de Deus. Ao invés disto, eles praticavam um governo injusto. Eles faziam o que bem entendiam na busca por poder e riquezas.

 

A união entre esses homens e as “filhas dos homens” não seria no sentido de realeza e plebe, ou num tipo de união mista religiosamente (homens justos e mulheres pagãs). Essa união seria no sentido de todo tipo de imoralidade. Eles começaram a praticar a poligamia e promoviam grandes orgias que banalizavam o sentido original e singular da relação homem e mulher inicialmente criado por Deus. Tudo isso serviu para disseminar uma depravação sem precedentes por toda a humanidade. Nesta interpretação, as “filhas dos homens” não seriam apenas as descendentes de Caim, mas as mulheres em geral.

 

De acordo com esta posição, nephilins está associado ao termo gibborim da raiz gibbor. Esse termo significa “homem de força”, “homem de poder” ou “homem de valor e riqueza”. Isto significa que não se tratavam de gigantes em estatura, mas homens poderosos que exerciam governo na antiguidade.

 

Outro argumento utilizado por quem defende esta posição é o de que a palavra hebraica Elohim não é empregada apenas para se referir a Deus no Antigo Testamento. Essa mesma palavra também é usada para se referir a juízes, magistrados ou homens em posição de destaque (Êxodo 21:6; Salmos 82:1, 82:6).

 

O crítica em relação a essa interpretação é que os nobres, reis e algumas autoridades, às vezes são chamados de “deuses”, e nunca de “filhos de Deus”. No entanto, crítica é rebatida com base em alguns antigos targumim aramaicos, que traduzem “filhos de Deus” como “filhos de nobres”. Outra critica é o fato de nephilins nessa interpretação não se referir a homens de grande estatura, já que em Números 13:33 o mesmo termo é utilizado para se referir às pessoas de grande estatura literalmente.

 

Existe também uma variação desta interpretação com relação aos gigantes, onde argumenta-se que o texto bíblico não diz que os nephilins nasceram da união entre os “filhos de Deus” e “filhas dos homens”. O escritor de Gênesis simplesmente informa que naquela época existiam gigantes na terra, apenas isso.

 

Gênesis 6 não diz quem são os filhos de Deus e as filhas dos homens

 

De fato o livro de Gênesis não se preocupa em esclarecer totalmente o assunto e revelar com exatidão quem eram os filhos de Deus e as filhas dos homens. Na verdade este nem mesmo é o foco principal do capítulo 6 de Gênesis. A mensagem principal do capítulo trata do estado deplorável que a humanidade se encontrava. O texto descreve como o homem estava explorando toda a potencialidade do pecado. A lei moral de Deus estava sendo completamente transgredida. Tudo isto resultou no juízo divino através do Dilúvio.

 

Mas em Gênesis 6 também podemos notar que o plano de Deus é eterno. Seus propósitos não mudam jamais! Aconteça o que for, sua promessa sempre será mantida. Isto fica claro quando lemos Gênesis 6 à luz de seu contexto mais amplo.

 

Gênesis 3:15 registra pela primeira vez na Bíblia uma menção ao plano de salvação. Logo após a Queda do Homem, Deus revelou sua graça ao informar que da semente da mulher Satanás seria esmagado. Em Gênesis 6 vemos a descendência da mulher totalmente corrompida e deprava. Aos olhos humanos parecia que a professa falharia, pois a humanidade deveria ser destruída. Contudo, ainda havia um justo. Noé achou graça aos olhos de Deus! Isto não aconteceu com base nos méritos pessoais de Noé, mas pela graça soberana de Deus. Em Noé Deus estava preservando o seu plano imutável.


Então quem seriam os filhos de Deus e as filhas dos homens em Gênesis 6?

 

É bem difícil afirmar qual a linha de interpretação é mais correta. Na verdade pode-se dizer que é impossível eleger qualquer uma das interpretações como a posição oficial das Escrituras. Ao longo do tempo, importantes estudiosos têm se pronunciado de forma diferente sobre este tema. As opiniões ficam divididas porque existem fraquezas em todas as interpretações.

 

Particularmente acredito que a pior de todas as interpretações é aquela que diz que os filhos de Deus e as filhas dos homens são anjos se relacionando com mulheres. De fato não há qualquer embasamento bíblico para tal interpretação.

 

É verdade que Pedro e Judas falam sobre anjos rebeldes em suas epístolas. Mas em nenhum momento eles afirmam que tal rebeldia se refira ao relacionamento entre anjos e humanos. Também é verdade que os anjos, segundo a permissão de Deus, podem assumir forma humana de acordo com o evento em Sodoma. No entanto, isto nunca como precedente para relações sexuais entre anjos e mulheres. Também prefiro não acrescentar dupla interpretação às declarações de Jesus em Mateus 22:30 e Marcos 12:25.

 

Agora nos restam duas possibilidades. Os filhos de Deus e as filhas dos homens fazem referência aos descendentes de Sete e Caim? Ou será que fazem referência ao relacionamento entre homens poderosos e mulheres em geral?

 

O Novo Testamento até identifica os seguidores de Cristo como sendo “filhos de Deus” (Mateus 5:9; Romanos 8:14; Gálatas 3:26). Mas isto serviria para estabelecermos que a expressão “filhos de Deus” em Gênesis 6 também se refere aos representantes do verdadeiro culto ao Senhor? É difícil saber, pois o Novo Testamento usa essa expressão para indicar a adoção filial dos escolhidos de Deus em Cristo Jesus (Efésios 1:5); enquanto que em Gênesis 6 essa mesma expressão deveria misturar o conceito pessoas tementes a Deus a uma genealogia específica, a genealogia de Sete.

 

Talvez a melhor possibilidade seria tentar combinar as duas interpretações restantes. Existe a possibilidade de que os “filhos de Deus” de Gênesis tenham sido homens poderosos que acabaram promovendo um ambiente de terrível imoralidade por causa do poder e influência que desfrutavam. Essa depravação teria culminado, inclusive, numa mistura entre justos e pagãos que corrompeu a todos. Mas tudo não passa de uma especulação.

 

Os filhos de Deus de Gênesis 6 e os gigantes

 

Quanto à questão dos gigantes, o texto de Números 13:33 é bastante curioso nesse sentido. O texto mostra que ser fruto de um relacionamento entre anjos e mulher não é um pré-requisito para ser considerado alguém de grande estatura no sentido literal nas referências bíblicas. Se fosse esse o caso, teríamos que admitir que o mesmo problema de Gênesis 6 havia se repetido na época registrada no livro de Números.

 

Além disso, há também o conhecido personagem de grande estatura chamado Golias. Obviamente o gigante Golias não era filho de um anjo com uma mulher. Também não é possível dizer que os gigantes de Números ou mesmo Golias fossem descendentes desses homens pré-diluvianos. A Bíblia é clara ao afirmar que apenas Noé e sua família sobreviveram ao Dilúvio.

 

Também é importante dizer que mesmo os homens de grande estatura que a Bíblia se refere, não possuíam um gigantismo fantasioso. Golias, por exemplo, teria tido uma altura aproximada de 3 metros. Isto não é nada tão absurdo quanto o imaginário popular fantasia. Inclusive, já foi documentado a existência de um homem que alcançou cerca de 2,70 metros de altura em tempos modernos, algo bem próximo a estatura de Golias.

 

Então os gigantes que aparecem em Gênesis 6 provavelmente eram homens poderosos e de grande fama da antiguidade. Eram valentes que conseguiram tal reputação principalmente por serem impiedosos e maus.

 

Gênesis 6 não diz quem são os filhos de Deus e as filhas dos homens

 

De fato o livro de Gênesis não se preocupa em esclarecer totalmente o assunto e revelar com exatidão quem eram os filhos de Deus e as filhas dos homens. Na verdade este nem mesmo é o foco principal do capítulo 6 de Gênesis. A mensagem principal do capítulo trata do estado deplorável que a humanidade se encontrava. O texto descreve como o homem estava explorando toda a potencialidade do pecado. A lei moral de Deus estava sendo completamente transgredida. Tudo isto resultou no juízo divino através do Dilúvio.

 

Mas em Gênesis 6 também podemos notar que o plano de Deus é eterno. Seus propósitos não mudam jamais! Aconteça o que for, sua promessa sempre será mantida. Isto fica claro quando lemos Gênesis 6 à luz de seu contexto mais amplo.

 

Gênesis 3:15 registra pela primeira vez na Bíblia uma menção ao plano de salvação. Logo após a Queda do Homem, Deus revelou sua graça ao informar que da semente da mulher Satanás seria esmagado. Em Gênesis 6 vemos a descendência da mulher totalmente corrompida e depravada.

 

Aos olhos humanos parecia que a professa falharia, pois a humanidade deveria ser destruída. Contudo, ainda havia um justo. Noé achou graça aos olhos de Deus! Isto não aconteceu com base nos méritos pessoais de Noé, mas pela graça soberana de Deus. Em Noé Deus estava preservando o seu plano imutável. Realmente saber a identidade dos filhos de Deus e as filhas dos homens de Gênesis 6 em nada interfere em nossa compreensão dessa importante mensagem transmitida no capítulo.