Ao receber a notícia (morte de Lázaro), Jesus disse: — Essa doença não é para morte, mas para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela. João 11.4
Há três lições que podemos aprender com esse versículo:
1. Deus não cura todas as doenças que enfrentamos.
Isso fica evidente, pois Jesus diz “essa doença não é para morte”. Sendo assim existem doenças que são para morte, doenças que nunca serão curadas por Deus.
O próprio Lázaro morreu mais tarde. Não sabemos a razão, mas sabemos que a doença é um dos meios de nos levar à morte.
Paulo teve seu espinho na carne, podendo isso estar ligado à uma enfermidade física nos olhos (2Co 12.7, Gl 4.13-15); Jacó teve um problema na articulação da coxa causado pelo próprio Deus (Gn 32.25,31); Timóteo tinha problema no estômago e “frequentes enfermidades” (1Tm 5.23); etc. Homens e mulheres de Deus sempre enfrentaram todo tido de doença.
2. Deus não é glorificado somente através da cura física, mas também em nossa morte.
Aparentemente esse verso nos ensina que a glória da Deus está exclusivamente ligada à cura da enfermidade – “essa doença não é para morte, mas para a glória de Deus”. “Morte” está em contraste com a “glória de Deus.”
Mas o evangelho de João nos ensina constantemente que a morte de Cristo seria uma oportunidade para glorificar o Pai. Aliás, foi o próprio Pai que disse isso ao Filho. Ao falar de sua morte, Jesus orou ao Pai: “Pai, glorifica o teu nome”. O Pai então respondeu: “Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.” (Jo 12.28). Isso demonstra que Deus seria glorificado através da morte do Filho.
Mas a nossa morte também é uma maneira de glorificar a Deus. Jesus disse que “”se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12.24). Jesus estava fazendo uma referência direta acerca da sua própria morte, mas também ele fez uma segunda aplicação direta à nossa própria morte: “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo irá preservá-la para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará” (Jo 12.24-26). “Seguir” e “servir” Jesus neste contexto implica em “morrer e produzir fruto”.
A honra que o Pai dá a nós é comunhão com o Filho para sempre. É dessa maneira que o “Pai nos honrará”. A recompensa é eterna! Jesus esteve em dois lugares: Cruz e glória. Os discípulos de Jesus que escolhem a cruz também encontrarão com ele em sua glória!
Portanto, até mesmo através da nossa morte Deus glorifica Seu nome. Já foi dito que “o sangue dos mártires é a semente da igreja” (Tertuliano).
3. O maior alvo da existência humana é glorificar a Deus e Deus usará todas as oportunidades para que isso aconteça.
Aqui é mais um verso que demonstra o porquê fomos criados. Podemos até achar estranho Jesus dizendo que Lázaro está morto para “a glória de Deus”. Mas é exatamente isso que o texto diz.
Aqui não há espaço para uma visão antropocêntrico da vida, pelo contrário, aprendemos que tudo o que acontece em nossa existência deveria servir para esse grande e maravilhoso propósito – glorificar a Deus.
Não devemos separar a glória de Deus de nossa satisfação e alegria. Jesus nos prometeu a sua própria alegria em João 15.11 – “para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa.”. Mas no contexto da parábola da videira verdadeira de João 15, essa alegria plena só vem na medida em que o Pai é glorificado – “Nisto é glorificado o meu Pai” (15.8). Devemos lembrar que o processo de frutificação implica circunstâncias adversas e sofrimento, o Pai nos “poda, para que produzamos mais fruto ainda” (15.2).
E o processo de podagem é sempre dolorido!
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