O livro de Malaquias foi escrito para os sacerdotes?
(1) Malaquias profetizou quando Israel tinha voltado do exílio babilônico e estava retornando a sua vida normal, reconstruindo aquilo que havia sido destruído.
No entanto, ainda era uma comunidade que estava abatida e desesperançada. Apesar do exílio vivido algum tempo antes, o povo estava voltando às práticas pecaminosas que Deus havia condenado.
O profeta é enviado, então, para trazer não somente palavras de condenação, mas de orientação e esperança na futura vinda do Messias.
Malaquias escreveu para os sacerdotes?
(2) O capítulo 1 já demonstra que esse primeiro trecho não foi escrito especificamente para os sacerdotes. Vejamos:
“Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias. Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? —disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó…” (Malaquias 1:1-2).
Observe que a primeira acusação de Deus é ao povo como um todo (observe que Deus fala de Sua escolha desse povo), povo esse que desafiava o amor de Deus, questionando-o.
Na sequência, no próximo trecho, Deus se dirige aos sacerdotes de forma específica, que não O estavam honrando, pois faziam um trabalho mal feito ao Senhor:
“Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 1:8).
Vejam também Malaquias 1:6, onde está claro a fala específica aos sacerdotes nesse trecho.
(3) No capítulo 2 de Malaquias Deus continua falando duramente com os sacerdotes, mostrando a eles que suas atitudes receberiam duros castigos:
“Por isso, também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos e vos mostrastes parciais no aplicardes a lei” (Malaquias 2:9).
Podemos observar com isso que a liderança de Israel nesse período da história estava totalmente distante das leis de Deus, o que resultava também em um povo que seguia esses passos ruins.
Na sequência do capítulo dois Deus tira o foco dos sacerdotes e volta novamente ao povo, condenando a infidelidade deles:
“Judá tem sido desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama, e se casou com adoradora de deus estranho” (Malaquias 2:11).
Nesse trecho fica clara a reprovação direcionada de Deus com as atitudes do povo como um todo e não especificamente (e somente) de sacerdotes.
(4) Continuamos agora no capítulo 3 onde Deus fala da vinda do precursor do Messias (Malaquias 3:1-5), que mais tarde foi identificado como sendo João Batista.
Evidentemente essa profecia tem foco em todo o povo e não somente nos sacerdotes. Segue-se o famoso texto sobre dízimos e ofertas. Para quem Deus está falando ali?
Vejamos: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?” (Malaquias 3:6-7).
Observe que essa parte da acusação de Deus é feita ao povo e não a sacerdotes. Fica fácil de identificar isso no trecho destacado acima e mais ainda em Malaquias 3:9-10, quando Deus acusa a “nação toda” de roubá-Lo e manda trazer os dízimos à casa do tesouro.
Quem trazia os dízimos? O povo, claro! Em Malaquias 3:12 Deus finaliza olhando para todo o povo e dizendo que as nações os chamarão de felizes por causa das bênçãos do Senhor sobre eles.
Evidentemente está falando para a nação como um todo e não com sacerdotes de forma exclusiva.
(5) Creio que até aqui conseguimos perceber claramente que Malaquias trouxe sentenças direcionadas a sacerdotes, mas também a todo o povo.
É um grave erro de interpretação dizer que Malaquias inteiro foi escrito para sacerdotes de forma específica.
Conforme demonstrei acima, Deus quis falar sim com os líderes do povo, mas também com o próprio povo, já que os pecados tratados estavam enraizados na nação toda e não somente na liderança.
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