FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 09 – JESUS AMA A FAMÍLIA.
“Foi
por intermédio do matrimonio e da família que a salvação chegou ao fim, na
pessoa do Salvador, que é seu descendente.” (Geoffrey W. Bromiley).
A primeira
demonstração clara, no Novo Testamento, de que Deus ama e valoriza a família é
que o primeiro capítulo do Evangelho de
Mateus começa com um relato histórico da família de Jesus. É a genealogia de
Jesus.
I – A FAMÍLIA DE JESUS.
Deus poderia ter enviado
Jesus ao mundo, já na fase adulta. Sem duvida alguma, isto poderia ter
acontecido. Mas não foi assim que
aconteceu. Jesus, o Deus encarnado, nasceu como todos os bebês nascem após
meses de gestação, embora sua fecundação tenha-se dado pela atuação exclusiva
do Espírito Santo. José, esposo de Maria, Não teve qualquer participação neste
processo biológico – “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim:
Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou
ter concebido do Espírito Santo.” (Mt 1,18).
II – NÃO HÁ FAMÍLIAS PERFEITAS.
Ao ler um pouco
sobre os antepassados de Jesus, descendente da tribo de Judá, cheguei há uma
conclusão muito importante: não há famílias perfeitas. O texto de Mt 1,1-17
menciona nomes de homens e mulheres que cometeram os mais sórdidos pecados que
um ser humano pode cometer. Só para lembrar alguns deles, podemos verificar na histórica
bíblica que Abraão mentiu (Gn 12,10-20); Jacó trapaceou seu irmão (Gn
27); Davi, o personagem que é o mais citado nas páginas da Bíblia,
conhecido também como sendo “o homem segundo coração de Deus”, cometeu
adultério com Bat-Seba e planejou a morte de seu esposo, Urias (2 Sm 11). Salomão praticou a idolatria influenciada pelas inúmeras mulheres que
teve em sua vida (Rs 1,1-6). Poderíamos também lembrar dos pecados de
Roboão, Ezequias e tantos outros nomes que aparecem na lista dosa antepassados
de Jesus.
A família de Jesus não era perfeita e nem a nossa também não é. Talvez
existam em nossas famílias, ou na história dos nossos antepassados histórico de
assassinato, abusos sexuais, adultérios, estelionatos e tantos outros delitos
que nos fazem, às vezes, envergonharmo-nos de pertencermos a uma família com
tantos problemas. Quando cultivamos este tipo de pensamento, devemos pensar em
duas verdades muito importantes:
- Deus
está cumprindo um propósito através de nossa história familiar. Apesar de
todas as falhas humanas dos antepassados de Jesus, Deus tinha um santo
propósito a cumprir naquelas vidas.
- Que não
há pecado familiar que Deus não possa perdoar ou cobrir o fato com sua
maravilhosa graça.
III – PAIS MODELOS.
Embora, como
afirmei, José não tenha sido o pai biológico – “Ora, o nascimento de Jesus
Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.” (Mt 1,18), seu
papel no crescimento de Jesus é digno de nota. Lucas é o escritor que mais da
informação sobre a vida de Jesus no seio de sua família. Através dessas
informações chegamos à conclusão que Maria e José, pai adotivo de Jesus,
deixaram para nós lições valiosas acerca do tipo de paternidade ou maternidade
que Deus deseja para nós hoje. As lições que aprendemos são as seguintes:
- À vontade de Deus é que os filhos
nasçam e sejam criados numa família em que tenha a presença do pai e da
mãe. Muitos nascem em lares em que um dos pais está ausente. Por vários
motivos, isto pode acontecer, e nem por isto estão marcados para viverem
uma vida infeliz, mas o ideal para uma criança é crescer tendo em seus
primeiros anos o referencial feminino e masculino.
- Pais e mães, ambos, devem ser
responsável pela educação dos seus filhos. Temos percebido hoje tendência
de colocar sobre a mulher a tarefa de educar os filhos, enquanto o homem é
tão-somente responsável pelo sustento financeiro. O modelo de família de
Nazaré não nos indica a seguir este caminho. Várias vezes nos relatos
bíblicos vemos Maria e José sendo
parceiros na educação religiosa de Jesus e ambos sentiam-se responsáveis
por sua integridade – “Terminados os dias da purificação, segundo a lei
de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor. Ora, seus
pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa. Quando o viram,
ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim
para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.” (Lc
2,22.41.48). A tarefa de orar pelos filhos e encaminhá-los pelos caminhos
retos não é uma tarefa da mãe ou do pai, mas de ambos.
- Os filhos não são nossos, mas de
Deus. Maria ensina-nos esta verdade no episodio de Cana da Galiléia (Jo
2,1-11). Ali ela demonstrou através de sua palavra que Jesus era um
homem especial e que só Ele poderia resolver aquele problema. Mais tarde
ao pé da cruz – “Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a
irmã de sua mãe, Maria, mulher de
Clôpas, e Maria Madalena.” (Jo 19,25). Maria, através daquela cena,
ensina-nos que aquele homem tinha vindo ao mundo para uma missão especial
e que ela foi apenas uma serva – “Eis aqui a serva do Senhor. Atentou
na condição humilde de sua serva” (Lc 1,38.48) – nas mãos de Deus para
cumprir aquele propósito.
IV – JESUS PROTEGE A FAMÍLIA.
O ministério de
Jesus começou num ambiente de família. Numa cerimônia de casamento (Jo
2,1-11), procurou encaminhar sua mãe, após sua morte, aos cuidados de João
– “Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele
amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Então disse ao discípulo:
Eis aí tua mãe. E desde àquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (Jo
19,26-27). Varias vezes podemos ler o quanto gostava de viver perto das
famílias dos seus seguidores. Foi recebido por Pedro – “Tendo Jesus entrado
na casa de Pedro...” (Mt 8,14), foi hospede de Levi – “Ora, estando
Jesus à mesa em casa de Levi...” (Mc 2,15), foi numa casa que celebrou a
ultima ceia – “...em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.”
(Mt 26,18; ver Lc 22,10-13), atendeu a súplica de Jairo e foi ate à sua casa
curar sua filha (Lc 8,40-56), mas era no lar em Betânia que se sentia
mais à vontade – “Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão,
o leproso...” (Mt 26,6); - “Ora,
estava enfermo um homem chamado Lázaro, de [Betânia], aldeia de Maria e de sua
irmã Marta.” (Jo 11,1).
Durante o seu
ministério, procurou fortalecer a família falando da importância da pureza
sexual, quando tratou acerca do adultério – “Eu, porém, vos digo que todo
aquele que olhar para uma mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu
adultério com ela.” (Mt 5,28), do perdão para com aqueles que cometem este
deslize (Jo 8,1-11), ensinou sobre o celibato – “Ele, porém, lhes
disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram
feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino
dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.” (Mt 19,11-12), valorizou as
crianças (Mt 18,1-6.13-15; Mc 9,33-37;
10,13-16; Lc 9,46-48; 18,15-17); dignificou as mulheres tendo-as
como suas seguidoras Lc 8,1-3), elogiou uma delas pela demonstração de
fé – “Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso,
veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro,
de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.”
(Mc 14,3), deixou ser tocado por uma mulher excluída por sua enfermidade – “tendo
ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e
tocou-lhe o manto.” (Mc 5,27), mas uma outra grande demonstração do seu
amor e cuidado para com a instituição da família está nos seus ensinamentos
sobre o casamento e o divorcio.
V – JESUS, O CASAMENTO E O DIVORCIO.
Como já foi
afirmado, Jesus começou a demonstrar seu cuidado para com a família numa
cerimônia de casamento (J 2,1-11). Não é
significativo este fato histórico? Por que Ele não realizou seu primeiro
milagre num palácio, no templo, numa sinagoga, numa cerimônia fúnebre?
Sua preocupação com
a família, conforme o relato de Mt 19,1-10, deu-se em dois sentidos:
- Na reafirmação de que a base da
família está no casamento.
- E
dos seus ensinos sobre divorcio e novo casamento.
Jesus afirmou que o
casamento é obra de Deus. Não é uma instituição humana ou que foi instituído
por um decreto do poder público e que Ele, Deus sempre idealizou como sendo uma
união heterossexual, isto é, uma união entre um homem e uma mulher – “Não
tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher.” (Mt
19,4), e que essa união, ainda sobre o propósito divino, que seja indissolúvel,
sem intenção de separar – “Assim já não são mais dois, mas um só carne.
Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.” (Mt 19,6).
Questionado sobre a
lei judaica da possibilidade de separação, Jesus faz uma outra afirmação
importante: A causa do divorcio é sempre de ordem espiritual. A expressão “dureza
no coração” (Mt 19,8) aponta para esta verdade. Logo a seguir, Jesus coloca
a única possibilidade para haver um divorcio e um possível novo casamento. No
caso de “imoralidade sexual” (Mt 19,9). A palavra usada, no grego, por
Jesus foi “pornéia”, um termo genérico que se aplica a praticas sexuais
ilícitas (adultério, formicação, homossexualismo, bestialidade). Jesus, ao
falar sobre esta cláusula, procurou ensinar seus discípulos que não deveriam
seguir os caminhos que a sociedade da sua época defendia, isto é:
- A possibilidade de divorcio por
motivos tão furteis e banais, infelizmente temos visto isso esta tendência
muitas vezes entre os discípulos de Cristo hoje.
CONCLUINDO
Jesus foi um homem
de família. Sua vida em família, seus relacionamentos e cuidado para que com
famílias de sua época, seus ensinamentos sobre pureza sexual, casamento,
divorcio, celibato deixam claros para nós que a instituição da família deveria
receber toda a nossa atenção. A igreja, se deseja ser relevante hoje, deveria
dedicar mais atenção e cuidado para com a família, assim como Jesus fez durante
seu ministério aqui na terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário