FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 12 – INSTRUÇÕES BÍBLICAS PARA A FAMÍLIA.
“O
maior presente que você pode dar a seus filhos é o compromisso sagrado entre os
pais” (Dennis Rainey).
Ao continuar nosso
estudo sobre o lugar da família nas epístolas paulinas, iremos deter-nos sobre
as orientações de Paulo aos membros da família e os cuidados que aqueles que
estão à frente do povo de Deus devem ter para com suas respectivas famílias, e
por ultimo iremos estudar alguns bons conselhos apostólicos para as famílias.
O apostolo Paulo
sabia que para ter uma Igreja forte não poderia negligenciar nenhuma área da
vida familiar.
I – INTRUÇÕES AS ESPOSAS.
As cartas aos
Colossenses e aos Efésios contêm as
principais instruções paulinas aos membros de uma família.
Para as esposas, Paulo
recomenda que sejam submissas – “Vós, mulheres, submetei-vos a vossos
maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também
Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. Mas, assim
como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a
seus maridos.” (Ef 5,22-24); ver também Cl
3,18. A Tito recomendou que as mulheres mais
jovens, alem de serem submissas, deveriam amar seus maridos e seus filhos, a
serem prudentes e puras, voltadas para o lar e serem também bondosas – “Para
que ensinem as mulheres novas a amarem aos seus maridos e filhos, a serem
moderadas, castas, operosas donas de casa, bondosas, submissas a seus maridos,
para que a palavra de Deus não seja blasfemada.”
(Tt 2,4-5).
A questão da submissão é
que mais tem trazido problemas de interpretação. Para compreender a orientação
de Paulo sobre a importância da submissão da esposa ao marido é preciso voltar
um pouco à leitura dos versículos anteriores na carta aos Efésios. Paulo estava
discorrendo sobre os sinais de uma pessoa cheia do Espírito Santo (Ef
5,18-21). No texto, uma destas características
é a sujeição – “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” (Ef 5,21). Logo em seguida Paulo fala das
implicações da plenitude do Espírito Santo na família (Ef. 5,22-23). John Stott comentando esse texto afirma: “Aqueles
que estão verdadeiramente sujeito a Jesus Cristo não acham dificuldades em
submeter-se uns aos outros também”. À luz do contexto a questão da
submissão deve ser vivenciada por homens, mulheres, maridos e esposas, pais e
filhos.uma outra questão importante é fazer uma ligação entre Efésios 5,22 com os versos posteriores. A submissão da esposa
está ligada ao amor do marido (Ef 5,25-33). A submissão também deve ser voluntária, delegando ao marido a liderança
da família, assim como a Igreja faz em relação a Cristo. É uma submissão
voluntária a quem cuida e ama – “Assim devem os maridos amar a suas
próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a
si mesmo. Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e
preza, como também Cristo à igreja.” (Ef 5,28-29).
II – INTRUÇÕES AOS MARIDOS.
Enquanto a
recomendação paulina para a esposa é submissão, em relação aos maridos o amor é
que deve imperar – “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo
amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.” (Ef 5,25); “Vós,
maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (Cl 3,18).
O pensamento Paulino se aprofunda quando mostra aos maridos que o tipo de amor
que devem ter para com suas esposas é o mesmo amor que Cristo tem para com a
Igreja. Deve ser um amor sacrificial, santificador, zeloso e sem amargura (Ef
5,25-29).
Se pensarmos no
contexto que Paulo escreveu essas palavras, podemos compreender a profundidade
dessa instrução. A mulher era tratada como objeto. No judaísmo, valia um pouco
mais do que um móvel ou um escravo. No mundo grego, não lhes era permitido
tomar as refeições com os homens e tinham seus aposentos separados. Dentro
desse contexto, Paulo diz aos maridos cristãos: “Amai a vossas mulheres,
como também Cristo amou a igreja.” (Ef 5,25).
III – INSTRUÇÕES AOS FILHOS.
Para os filhos, o verbo
usado foi “obedecer” e não “submeter” – “Vós, filhos, sede
obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.” (Ef 6,1); “Vós, filhos, obedecei em tudo a
vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.”
(Cl 3,20). É um termo mais forte. Alem de obedecer, os filhos devem honrar. “Honrar”
tem idéia de “dar valor, reconhecer sua importância e sua autoridade,
reverenciar”. Os filhos devem obedecer aos seus pais porque é justo. Em
outras palavras:é algo intrinsecamente certo. Paulo lembra também que quando um
filho honra seus pais terá êxito em seus empreendimentos e uma vida longa – “Para
que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.” (Ef 6,3). O termo “vida longa” está ligado à estabilidade
familiar. Francis Foukers, no seu comentário de Efésios, diz: “Quando se
quebram os laços familiares, quando deixa de existir o respeito aos pais, a
comunidade se torna decadente e não terá longa vida”.
Aos Colossenses, Paulo
lembra que, alem de ser justo, sucesso nos empreendimentos e vida longa. Deus
se agrada dessa atitude – “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais;
porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20).
Filhos conversam com seus pais, trate-os com amor, afinal, Deus ama e honra o
filho que obedece, e seus dias serão prolongados conforme suas promessas.
IV – INSTRUÇÕES AOS PAIS.
Os pais receberam
duas orientações de Paulo. Não devem irritar seus filhos e cria-los na
disciplina e no conselho do Senhor. Os pais em algumas sociedades daquele
tempo, tinham o direito de matar os recém-nascidos e de abandona-los. Para os
pais cristãos o conselho de não provocar a ira dos filhos era um grande avanço.
O que Paulo deseja é que os pais tenham autoridade, mas não coloquem sobre os
filhos regras e regulamentos desnecessários que causam irritações e os deixam
desanimados – “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem
desanimados.” (Cl 3,21). Se não devem deixa-los irritado, os pais devem
jamais deixar de colocar limites, corrigi-los, exorta-los e discipliná-los
segundo perspectivas cristãs. Por isto, o apóstolo usou a expressão “do
Senhor” (Ef 6,4). Podemos apropriar-nos de orientações de psicólogos, mas
desde que tais orientações não venham desqualificar ou desmerecer o que a Bíblia
diz sobre a maneira de os pais cristãos educarem seus filhos. A primeira e a
última palavra sobre a educação de filhos, para os pais cristãos, sempre devem
ser a Bíblia.
V – INTRUÇÕES AOS
LIDERES.
Ao saber da influencia que os lideres eclesiásticos têm
sobre os seus liderados e quanto é importante ensinar a Igreja através da
própria vida, o apóstolo em suas epistolas pastorais emite importantes recomendações aos
presbíteros e diáconos, mas extensivos a todos os lideres cristão.
Devem ser maridos de uma só mulher – “É necessário,
pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante,
sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); “Os
diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas
próprias casas.” (1Tm 3,12); “alguém que seja irrepreensível, marido de
uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem
sejam desobedientes.” Essa expressão tem sido interpretada de várias
maneiras. Sobre o dever de o líder cristão não ser polígamo, todos concordam.
Outros defendem a tese de que Paulo se estava referindo a digamia, isto é, um
segundo casamento. A terceira corrente defende a idéia de que Paulo estava
apenas lembrando da importância de o líder ser casado.
O autor defende a tese de que, além de o líder cristão
não ser polígamo, ele não deve estar num segundo casamento se o primeiro
tenha-se dissolvido por outras razões que não sejam por “imoralidade sexual”
(Mt 19,9) ou “morte do cônjuge” (Rm 7,2-3).
Outra recomendação é de que os lideres deveriam ser
hospitaleiros – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido
de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para
ensinar.” (1Tm 3,2); “mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo,
piedoso, temperante.” (Tt 1,8). Hospitalidade significa estar aberto a
novos relacionamentos, ter as portas de sua casa sempre abertas.
Os lideres devem também ser um exemplo na liderança de
sua família – “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em
sujeição, com todo o respeito. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e
governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1 Tm 3,4.12). Liderar
sua família em amor e criar seus filhos de acordo com os parâmetros bíblicos
são condições essenciais para alguém ter a habilitação para estar à frente da
família de Deus – “(Pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa,
como cuidará da igreja de Deus?).” (1Tm 3,5); “alguém que seja
irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam
acusados de dissolução, nem sejam desobedientes.” (Tt 1,6). Ser um bom
pregador não está incluído na lista das qualificações deixadas por Paulo para
alguém liderar o povo de Deus, mas exemplo de vida fora e dentro do lar, sim.
Os lideres também deveriam, de acordo com o apóstolo, ser
cuidadosos nos relacionamento com os anciãos e com as mulheres. Em relação aos
anciãos, deveria o líder cristão tratar com autoridade, mas como se fosse seu
pai – “Não repreendas asperamente a um velho, mas admoesta-o como a um pai.”
(1Tm 5,1a) e as mulheres principalmente as mais novas, deveriam ser tratadas
como mães e irmãs, com respeito e com muita pureza – “Às mulheres idosas,
como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.” (1Tm 5,2). Se os
lideres atentassem para estas
orientações, especialmente em relação à pureza que deve marcar o relacionamento
com o sexo oposto, muitos dissabores poderiam ser evitados na história da
Igreja.
Sua ministração também deveria ser firme, pois existiam,
como também hoje, muitos que procuravam destruir a família – “Aos quais é
preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não
convém, por torpe ganância.” (Tt 1,11) e não demonstravam amor para com
essa instituição tão querida aos olhos de Deus – “...sem afeição natural,
implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores,
atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.”
(2Tm 3,3-4). Quanto às viúvas, a primeira linha de responsabilidade está nas
mãos da própria família (1Tm 5,3-8). Em segundo lugar, caso não tenha
filhos, a Igreja passa a ter essa responsabilidade – “Não seja inscrita como
viúva nenhuma que tenha menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de
um só marido. Se alguma mulher crente tem viúvas, socorra-as, e não se
sobrecarregue a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente
viúvas.” (1Tm 5,9.16). por último, caso não tenha amparo da família ou da
comunidade de fé, o Estado deve ter esta responsabilidade.
A Igreja Católica Apostólica Romana defende o
celibatário. Paulo não era casado – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas,
que lhes é bom se ficarem como eu.” (1Cor 7,8). Escrevendo, pois, a
Timóteo, que também era bispo celibatário, não lhe podia aconselhar casamento.
Porem por falta de candidatos celibatários para a função episcopal (naquela
época), ele lhe recomenda escolher também homens casados – “É necessário,
pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante,
sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2) ele não coloca
acento nas palavras – “que seja casado” mas nas palavras – “com uma
só mulher” e não com duas ou três.
Paulo apresenta os argumentos em favor do celibato. “Pois quero que estejais
livres de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de
agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de
agradar a sua mulher.” (1Cor 7,32-33).
A Igreja Católica reconhece que a exigência do celibato
dos padres não é de lei divina, mas de lei eclesial, que em circunstancias
especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este
motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar,
para se dedicar inteiramente à propagação do Reino de Deus – “Eis que nós
deixamos tudo, e te seguimos. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que
ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos,
por amor do reino de Deus, que não haja de receber no presente muito mais, e no
mundo vindouro a vida eterna.” (Lc 18,28-30).
Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imita a
maneira de viver de Jesus - celibatário
– inteiramente dedicado as coisas do Pai e de seu Reino.
CONCLUINDO
As cartas de Paulo são verdadeiros compêndios para
vivermos bem em família e para a Igreja exercer um efetivo trabalho na área
familiar.
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