FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 10 – CADA CASA UMA IGREJA.
“Não
existe nada mais natural e poderoso para a disseminação do evangelho que o
testemunho forte e piedoso do lar cristão. É uma peça em miniatura da igreja
plantada em cada vizinhança e em cada rua” (Bob
Munford).
Estudar
sobre o lugar da família no livro de Atos é redescobrir a estratégia de Deus
para edificar uma Igreja forte, dinâmica e crescente.
A
igreja nascente tinha algumas características importantes que deveriam ser,
cada vez mais, imitadas pelas igrejas dos dias atuais.
I
– UMA IGREJA PREOCUPADA COM A FAMÍLIA.
A
escolha dos sete – “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, [sete] homens de boa
reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos
deste serviço.” – (At 6,3), que alguns acreditam terem sido os primeiros
diáconos, deu-se a partir do cuidado da igreja para com as viúva – “Ora,
naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos
helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo
esquecidas na distribuição diária.” (At 6,1). O crescimento da igreja não
foi um empecilho para cuidar daquelas mulheres menos favorecidas. Constatado o
problema, a solução foi nomear homens espiritualmente maduras para a tarefa.
II
– CADA CASA UMA IGREJA.
A
igreja primitiva não se preocupava com templos, como muitas vezes notamos hoje,
pois se reunia nas casas:
·
“E todos os dias, no templo e de casa
em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” (At
5,42);
·
“Então eles saíram da prisão, entraram
em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e partiram.”
(At 16,40);
·
“como não me esquivei de vos anunciar
coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa.” (At
20,20).
Se
existisse um lema para aqueles cristãos seria “Cada casa uma igreja”.
Podemos
concordar como o que escreveu Michael Green no seu livro Evangelização na
Igreja Primitiva quando afirmou que um dos métodos mais importante da difusão
do Evangelho na antiguidade foi o uso das casas. “A atmosfera muito informal
e descontraída do lar, sem esquecer a
hospitalidade, tudo contribuía para fazer com que este tipo de evangelização
tivesse um sucesso especial” – diz Michael Geen. Para compreendermos com um
pouco mais de profundidade é preciso conhecer o significado do termo “oikos”.
A compreensão dessa palavra nos dará uma pista importante para o crescimento
vertiginoso da igreja primitiva. Esse termo, que significa “casa, moradia,
família” na língua grega tinha, tinha um conceito muito mais abrangente de
família do que temos hoje. Quando pensamos em família hoje, nossa mente se
voltam para uma casa onde morem três, quatro ou
no máximo cinco pessoas. esta não era a compreensão daquele tempo. Na “oikos”
estavam incluídos não apenas os chefes da família, mas também os agregados,
escravos e até os amigos. Daí, podemos compreender com mais exatidão e
importância o texto que trata da visita de Pedro à casa do Centurião Cornélios.
Sua família (oikos) era piedosa r temente a Deus – “piedoso e temente
a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo
orava a Deus.” (At 10,2), muitas pessoas (agregados, escravos) se
encontravam ali reunidos – “E conversando com ele, entrou e achou muitos
reunidos.” E com a mensagem de Pedro toda a sua casa (oikos) foi salva – “o
qual te dirá palavras pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.” (At
11,14). Naquele momento da conversão, uma igreja já era formada ali mesmo se
reunia. O mesmo contexto se aplica no caso de Lídia. Ao se converter e ser
batizada, toda sua família (oikos) a acompanhou importante decisão – “Depois
que foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que
eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a
isso.” (At 16,15). Mais adiante, na conversão do carcereiro de Filipos, o
mesmo aconteceu – “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e
tua casa.” (At 16,31). Lucas também narra a conversão de Crispo e toda a
sua casa – “Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e
muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.” (At 18,8). Como
afirmo, com a conversão das famílias se formava um núcleo menor da igreja e o
Evangelho era pregado – “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” (At 5,42); “como
não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos
publicamente e de casa em casa.” (At 20,20). A formação das igrejas nas
casas era de máxima importância para a expansão do Evangelho.
Ainda
citando Michael Green: “Os lares eram o meio mais importante de
evangelização de grupos naturais, independentemente qual membro do lar se
convertia primeiro”.
III
– FAMILIAS HOSPITALEIRAS.
Outra
característica das famílias descritas no livro de Atos era a prática da
hospitalidade. Saulo, ao se converter, recolheu-se na casa de um certo Judas – “Ordenou-lhe
o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um
homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando.” (At 9,11).
Pedro, ao ser chamado por Cornélio, estava hospedado na casa de Simão, o
curtidor de couro que morava próximo ao mar – “...este se acha hospedado com
um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar...” (At 10,6); “Envia,
pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; ele está
hospedado em casa de Simão, curtidor, à beira-mar.” (At 10,32). Ao receber
a visita dos mensageiros de Cornélio,
esse os convidou a se hospedarem – “Pedro, pois, convidando-os a entrar, os
hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns irmãos,
dentre os de Jope, o acompanharam.” (At 10,23). Maria, mãe de João Marcos,
colocou sua casa à disposição da igreja para uma reunião de oração em favor de
Pedro, que se encontrava preso – “Depois de assim refletir foi à casa de
Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam
reunidas e oravam.” (At 12,12). Lídia ao se converter, fez questão de
convidar os crentes a irem em sua casa – “Se haveis julgado que eu sou fiel
ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali.” (At 16,15). O carcereiro de
Filipos também praticou a hospitalidade convidando Paulo e Silas para
participarem de uma refeição – “Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a
mesa e alegrou-se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus.” (At
16,34). Priscila e Áquila abriram as portas de sua casa para falar com mais precisão
do Evangelho para Apolo – “Ele começou a falar ousadamente na sinagoga: mas
quando Priscila e Áquila o ouviram, levaram-no consigo e lhe expuseram com mais
precisão o caminho de Deus.” (At 18,26).
Era,
à luz dos exemplos acima, uma igreja cujos crentes praticavam a hospitalidade
cotidianamente. Não se isolavam não se fechavam, mas mantinham as portas sempre
abertas para receberem os irmãos na fé. Este era, também, um segredo do
crescimento espantoso da igreja naquele tempo. Ao receber os irmãos na fé em suas casas, cultivava-se a
fraternidade, o companheirismo, o compartilhar da mesa, e a mensagem do
Evangelho, de maneira informal, era propagada.
“A
família cristã é o instrumento evangelistico fundamental na comunidade,
pressupondo que o circulo do lar está aberto e nele a beleza do Evangelho está
prontamente disponível” – escreveu acertadamente, Joseph C.
Aldrich, no seu livro Amizade, a Chave para
a Evangelização.
IV
– HISTÓRIAS DE FAMILIA.
O
livro de Atos também trás registros interessantes de algumas famílias que
compunham a igreja primitiva.
Por
exemplo, podemos conhecer a história do casal Ananias e Safira (AT 5,1-10).
Eles, como marido e mulher, praticaram o pecado da infidelidade e da mentira.
Usaram o principio da parceria, tão importante para a relação conjugal,
para a prática de algo a que Deus não se
agrada. A história de Ananias e Safira é um alerta para os casais hoje. Algumas
vezes devemos confrontar o pensamento e as atitudes do nosso cônjuge à luz da
Palavra de Deus, e mostrar que o que está fazendo ou pensa fazer é errado aos
olhos de Deus.
Se
por um lado, Atos narra a Historia de Ananias e Safira, narra também a bela
história de Áquila e Priscila (At 18,18-26). Um casal totalmente
consagrado a Deus. Áquila e Priscila se dedicaram com afinco à obra
missionária.
Duas
historia de casais, duas lições, dois exemplos para os casais que compõe a
igreja de Cristo hoje a pergunta que se coloca é a seguinte: Que exemplo os
casais querem seguir. Ananias e Safira que se uniram para fazerem algo a que
Deus se desagradou oi imitarem Áquila e Priscila que se uniram pra pregarem o
Evangelho e serem benção para a expansão
do Evangelho?
Uma
outra família que conhecemos em Atos tem sua historia registrada em Atos 16 é a
família de Timóteo. Sua mãe, que conforme Paulo registrou em 2Tm - “trazendo à memória a fé não fingida que
há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice e estou
certo de que também habita em ti.” (1,5), se chamava Eunice era uma judia
convertida e seu pai era grego. Seu pai era, provavelmente, de família abastada
e aparentemente ainda não se tornara um cristão. Felizmente, sua mãe Eunice e a
avó Lóide se uniram e exerceram uma influencia maior na vida espiritual de
Timóteo do que seu pai. O jovem, influenciado por essas piedosas mulheres,
tornou-se tão conhecedor das Escrituras que toda a igreja de Listra e Icônio
dava bom testemunho dele – “Do qual davam bom testemunho os irmãos em Listra
e Icônio.” (At 16,2). Essa narrativa serve de exemplo para muitos pais e
mães que lutaram para ensinar aos filhos a seguirem Jesus. Eunice, que vivia
num casamento misto, jamais se entregou. Procurou, com a ajuda de sua mãe,
exercer maior influencia espiritual sobre seu filho Timóteo. O resultado todos
nós conhecemos. Timóteo se tornou um proeminente servo de Deus e, de muita
utilidade no ministério de Paulo e uma benção para a igreja nascente.
Por
ultimo, uma bela cena encontramos em Atos 21,5 – “Depois de passarmos ali
aqueles dias, saímos e seguimos a nossa viagem, acompanhando-nos todos, com
suas mulheres e filhos, até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia,
oramos.”. Lucas narra que na despedida de Paulo todos os discípulos, suas
esposas e filhos o acompanharam até fora da cidade, e ali com toda a comitiva
oravam de joelhos. Imagine que cena
maravilhosa. Marido, esposas e filhos, famílias inteiras, envolvidas através da
oração na obra missionária.
CONCLUINDO.
A
mensagem que extraímos ao estudarmos o livro de Atos é que as famílias precisam retornar o seu papel da
obra de evangelização e as igrejas por
sua vez, precisam devolver às famílias o seu devido lugar na expansão do
cristianismo.
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