sexta-feira, 12 de setembro de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 10 – CADA CASA UMA IGREJA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 10 – CADA CASA UMA IGREJA.

“Não existe nada mais natural e poderoso para a disseminação do evangelho que o testemunho forte e piedoso do lar cristão. É uma peça em miniatura da igreja plantada em cada vizinhança e em cada rua” (Bob Munford).

Estudar sobre o lugar da família no livro de Atos é redescobrir a estratégia de Deus para edificar uma Igreja forte, dinâmica e crescente.

A igreja nascente tinha algumas características importantes que deveriam ser, cada vez mais, imitadas pelas igrejas dos dias atuais.

I – UMA IGREJA PREOCUPADA COM A FAMÍLIA.

A escolha dos sete – “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, [sete] homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.” – (At 6,3), que alguns acreditam terem sido os primeiros diáconos, deu-se a partir do cuidado da igreja para com as viúva – “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.” (At 6,1). O crescimento da igreja não foi um empecilho para cuidar daquelas mulheres menos favorecidas. Constatado o problema, a solução foi nomear homens espiritualmente maduras para a tarefa.

II – CADA CASA UMA IGREJA.

A igreja primitiva não se preocupava com templos, como muitas vezes notamos hoje, pois se reunia nas casas:
·         “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” (At 5,42);
·         “Então eles saíram da prisão, entraram em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e partiram.” (At 16,40);
·         “como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa.” (At 20,20).

Se existisse um lema para aqueles cristãos seria “Cada casa uma igreja”.

Podemos concordar como o que escreveu Michael Green no seu livro Evangelização na Igreja Primitiva quando afirmou que um dos métodos mais importante da difusão do Evangelho na antiguidade foi o uso das casas. “A atmosfera muito informal e descontraída  do lar, sem esquecer a hospitalidade, tudo contribuía para fazer com que este tipo de evangelização tivesse um sucesso especial” – diz Michael Geen. Para compreendermos com um pouco mais de profundidade é preciso conhecer o significado do termo “oikos”. A compreensão dessa palavra nos dará uma pista importante para o crescimento vertiginoso da igreja primitiva. Esse termo, que significa “casa, moradia, família” na língua grega tinha, tinha um conceito muito mais abrangente de família do que temos hoje. Quando pensamos em família hoje, nossa mente se voltam para uma casa onde morem três, quatro ou  no máximo cinco pessoas. esta não era a compreensão daquele tempo. Na “oikos” estavam incluídos não apenas os chefes da família, mas também os agregados, escravos e até os amigos. Daí, podemos compreender com mais exatidão e importância o texto que trata da visita de Pedro à casa do Centurião Cornélios. Sua família (oikos) era piedosa r temente a Deus – “piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus.” (At 10,2), muitas pessoas (agregados, escravos) se encontravam ali reunidos – “E conversando com ele, entrou e achou muitos reunidos.” E com a mensagem de Pedro toda a sua casa (oikos) foi salva – “o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.” (At 11,14). Naquele momento da conversão, uma igreja já era formada ali mesmo se reunia. O mesmo contexto se aplica no caso de Lídia. Ao se converter e ser batizada, toda sua família (oikos) a acompanhou importante decisão – “Depois que foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.” (At 16,15). Mais adiante, na conversão do carcereiro de Filipos, o mesmo aconteceu – “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (At 16,31). Lucas também narra a conversão de Crispo e toda a sua casa – “Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.” (At 18,8). Como afirmo, com a conversão das famílias se formava um núcleo menor da igreja e o Evangelho era pregado – “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.” (At 5,42); “como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa.” (At 20,20). A formação das igrejas nas casas era de máxima importância para a expansão do Evangelho.

Ainda citando Michael Green: “Os lares eram o meio mais importante de evangelização de grupos naturais, independentemente qual membro do lar se convertia primeiro”.

III – FAMILIAS HOSPITALEIRAS.

Outra característica das famílias descritas no livro de Atos era a prática da hospitalidade. Saulo, ao se converter, recolheu-se na casa de um certo Judas – “Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando.” (At 9,11). Pedro, ao ser chamado por Cornélio, estava hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro que morava próximo ao mar – “...este se acha hospedado com um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar...” (At 10,6); “Envia, pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; ele está hospedado em casa de Simão, curtidor, à beira-mar.” (At 10,32). Ao receber a visita dos mensageiros  de Cornélio, esse os convidou a se hospedarem – “Pedro, pois, convidando-os a entrar, os hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns irmãos, dentre os de Jope, o acompanharam.” (At 10,23). Maria, mãe de João Marcos, colocou sua casa à disposição da igreja para uma reunião de oração em favor de Pedro, que se encontrava preso – “Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam.” (At 12,12). Lídia ao se converter, fez questão de convidar os crentes a irem em sua casa – “Se haveis julgado que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali.” (At 16,15). O carcereiro de Filipos também praticou a hospitalidade convidando Paulo e Silas para participarem de uma refeição – “Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus.” (At 16,34). Priscila e Áquila abriram as portas de sua casa para falar com mais precisão do Evangelho para Apolo – “Ele começou a falar ousadamente na sinagoga: mas quando Priscila e Áquila o ouviram, levaram-no consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus.” (At 18,26).

Era, à luz dos exemplos acima, uma igreja cujos crentes praticavam a hospitalidade cotidianamente. Não se isolavam não se fechavam, mas mantinham as portas sempre abertas para receberem os irmãos na fé. Este era, também, um segredo do crescimento espantoso da igreja naquele tempo. Ao receber os irmãos  na fé em suas casas, cultivava-se a fraternidade, o companheirismo, o compartilhar da mesa, e a mensagem do Evangelho, de maneira informal, era propagada.

“A família cristã é o instrumento evangelistico fundamental na comunidade, pressupondo que o circulo do lar está aberto e nele a beleza do Evangelho está prontamente disponível” – escreveu acertadamente, Joseph C. Aldrich, no seu livro Amizade, a Chave para  a Evangelização.

IV – HISTÓRIAS DE FAMILIA.

O livro de Atos também trás registros interessantes de algumas famílias que compunham a igreja primitiva.

Por exemplo, podemos conhecer a história do casal Ananias e Safira (AT 5,1-10). Eles, como marido e mulher, praticaram o pecado da infidelidade e da mentira. Usaram o principio da parceria, tão importante para a relação conjugal, para  a prática de algo a que Deus não se agrada. A história de Ananias e Safira é um alerta para os casais hoje. Algumas vezes devemos confrontar o pensamento e as atitudes do nosso cônjuge à luz da Palavra de Deus, e mostrar que o que está fazendo ou pensa fazer é errado aos olhos de Deus.

Se por um lado, Atos narra a Historia de Ananias e Safira, narra também a bela história de Áquila e Priscila (At 18,18-26). Um casal totalmente consagrado a Deus. Áquila e Priscila se dedicaram com afinco à obra missionária.

Duas historia de casais, duas lições, dois exemplos para os casais que compõe a igreja de Cristo hoje a pergunta que se coloca é a seguinte: Que exemplo os casais querem seguir. Ananias e Safira que se uniram para fazerem algo a que Deus se desagradou oi imitarem Áquila e Priscila que se uniram pra pregarem o Evangelho e serem benção para  a expansão do Evangelho?

Uma outra família que conhecemos em Atos tem sua historia registrada em Atos 16 é a família de Timóteo. Sua mãe, que conforme Paulo registrou em 2Tm  - “trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti.” (1,5), se chamava Eunice era uma judia convertida e seu pai era grego. Seu pai era, provavelmente, de família abastada e aparentemente ainda não se tornara um cristão. Felizmente, sua mãe Eunice e a avó Lóide se uniram e exerceram uma influencia maior na vida espiritual de Timóteo do que seu pai. O jovem, influenciado por essas piedosas mulheres, tornou-se tão conhecedor das Escrituras que toda a igreja de Listra e Icônio dava bom testemunho dele – “Do qual davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio.” (At 16,2). Essa narrativa serve de exemplo para muitos pais e mães que lutaram para ensinar aos filhos a seguirem Jesus. Eunice, que vivia num casamento misto, jamais se entregou. Procurou, com a ajuda de sua mãe, exercer maior influencia espiritual sobre seu filho Timóteo. O resultado todos nós conhecemos. Timóteo se tornou um proeminente servo de Deus e, de muita utilidade no ministério de Paulo e uma benção para a igreja nascente.

Por ultimo, uma bela cena encontramos em Atos 21,5 – “Depois de passarmos ali aqueles dias, saímos e seguimos a nossa viagem, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos, até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos.”. Lucas narra que na despedida de Paulo todos os discípulos, suas esposas e filhos o acompanharam até fora da cidade, e ali com toda a comitiva oravam de joelhos.  Imagine que cena maravilhosa. Marido, esposas e filhos, famílias inteiras, envolvidas através da oração na obra missionária.

CONCLUINDO.


A mensagem que extraímos ao estudarmos o livro de Atos é que  as famílias precisam retornar o seu papel da obra de evangelização e as igrejas  por sua vez, precisam devolver às famílias o seu devido lugar na expansão do cristianismo.

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