FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 08 – DEUS PROTEGE A FAMÍLIA.
“Se
queremos preservar a família, devemos dar a Deus o lugar de relevância que Ele
merece no seu seio” (Merval Rosa).
Os profetas também
se preocuparam em fortalecer e proteger a família.
A título de
introdução, é oportuno pensar nas famílias dos próprios profetas. Um caminho é
estudar o significado de seus nomes. Como sabemos os nomes dados pelos pais nos
tempos bíblicos expressavam um pouco da vida religiosa da família. Sendo,
assim, podemos afirmar que quase todos os profetas receberam algum tipo de
influencia familiar, embora muitos deles nada sabemos sobre suas vidas.
Sabemos por
exemplo, que Isaias (Jeová salvou) era filho de um homem chamado Amós (não o
profeta). Ele era casado com uma profetisa – “E fui ter com a profetisa.”
(Is 8,3a) e teve filho – “Então disse o Senhor a Isaías: saí agora, tu e teu
filho Sear-Jasube,” (Is 7,3). Outros profetas eram casados, Ezequiel (Deus
é fortaleza) era oriundo de uma família sacerdotal – “veio expressamente a
palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus,
junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a mão do Senhor.” (Ez 1,3).
Casou-se no sexto ou no nono depois do exilo e morou na Babilônia – “Sucedeu
pois, no sexto ano, no mês sexto, no quinto dia do mês, estando eu assentado na
minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do
Senhor Deus caiu sobre mim. Assim falei ao povo pela manhã, e à tarde morreu
minha mulher;” (Ez 8,1; 24,18). Oséias (salvo), o que mais sofreu em sua
vida familiar, casou com Gomer e teve dois filhos e uma filha (Os 1).
Jeremias (Jeová estabelece), filho de Hilquias – “As palavras de Jeremias,
filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de
Benjamim” (Jr 1,1) exerceu seu ministério profético solteiro – “Não
tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.” (Jr 16,2).
De Joel (Jeová é Deus) sabemos que era “filho de Petuel.” (Jl 1,1). De
Daniel (Deus é meu Juiz), a Bíblia diz que pertencia a uma família real de Judá
(Dn 1,3-7). Jonas (pomba) só sabemos que era “filho de Amitai”
(Jn 1,1). Sobre Sofonias (Jeová escondeu) diz que era filho de Cuche
descendente de Ezequias – “A palavra do Senhor que veio a Sofonias, filho de
Cuche, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de
Josias, filho de Amom, rei de Judá” (Sf 1,1). Sobre Zacarias (Jeová se
lembrou) diz a Bíblia que ele era filho de Berequias, neto de Ido – “No
oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta
Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:” (Zc 1,1). Em relação
a Amós (fardo), Obadias (Servo de Jeová), Miquéias (quem é como Jeová), Naum
(Compassivo) e Habacuque (Abraço), Ageu (Festivo) e Malaquias (Mensageiro de
Jeová) nada sabemos sobre suas famílias.
I – CUIDADO PARA COM AS VIÚVAS E ÓRFÃOS.
Os profetas em suas
palavras duras contra os governantes da época procuraram alertar sobre leis
injustas, especialmente aquelas atingiam as viúvas e órfãos:
·
“Para despojarem as viúvas e roubarem os
órfãos!” (Is 10,2);
·
“Não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a
viúva.” (Jr 7,6; 22,3; 49,10);
·
“No meio de ti foram injustos para com o órfão e
a viúva.” (Ez 22,7);
·
“Não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o
estrangeiro, nem o pobre” (Zc 7,10a);
·
“Serei uma testemunha veloz contra os
feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que
defraudam o trabalhador em seu salário, a viúva, e o órfão,...” (Ml 3,5).
Através dessas palavras,
percebemos Deus demonstrando sua compaixão e proteção para com as viúvas e
órfãos. A lei mosaica era muito severa para quem não tratasse as viúvas e os
órfãos com misericórdia. Os profetas falando da parte de Deus, ao preferirem
essas palavras, estavam alertando o povo o quanto Deus se entristecia com a
desobediência da lei e que no tempo oportuno iria agir com justiça. Esses
textos nos lembram também em nossos dias devemos estar atentos às necessidades
das viúvas e dos órfãos que estão próximas de nós.
II – DEUS COMO ESPOSO.
Dois profetas, Isaías e Jeremias afirmaram que Deus é como esposo para com o povo de Israel – “Pois
o teu Criador é o teu marido.” (Is 54,5); “Porque eu sou como esposo
para vós.” (Jr 3,14b). a referencia de Isaías é em relação a Sião. Sua
aplicação, embora tenha sido para Sião, podemos apropriar-nos também dessa
verdade e aplicar à nossa vida. Deus é como um marido para nós e está sempre pronto
a fazer-nos companhia e a nos dar o apoio que precisamos para todos os momentos
que precisamos dEle ao nosso lado. Muitas mulheres viúvas, divorciadas e
solteiras têm encontrado nesses textos palavras de apoio, consolo e ânimo para
continuarem a viver de uma forma altaneira e vitoriosa.
III – PECADOS NA FAMÍLIA.
As mensagens referidas
pelos profetas ainda são relevantes para as famílias hoje. Basta ler palavras ditas por Ezequiel 22,7-11. Naqueles temos, Ezequiel dirigiu uma dura mensagem
às famílias. Conforme o relato, não estava havendo, por parte dos filhos,
respeitos para com os pais – “No meio de ti desprezaram ao pai e à mãe.” (v 7a),estavam sendo injustos para com os órfãos e
as viúvas – “no meio de ti foram injustos para com o órfão e a viúva.” (v 7c), o adultério era uma prática comum – “Um
comete abominação com a mulher do seu próximo.”
(v 11) e o incesto era praticado com freqüência – “outro contamina
abominavelmente a sua nora, e outro humilha no meio de ti a sua irmã, filha de
seu pai.” (v 11).
IV – UMA TRAGÉDIA
FAMILIAR E UMA MENSAGEM A PROCLAMAR.
De todos os profetas, Oseias foi o que mais sofreu em
família. Sua história é conhecida. Basta ler os três primeiros capítulos do
livro que leva o seu nome. Sua vida conjugal foi uma das maneiras que Deus usou
para mostrar o quanto Ele ama o seu povo. Gomer, sua esposa. O traiu e
tornou-se uma prostituta. Motivado por um apelo divino. Oseias não só a perdoou, mas a comprou de volta e restituiu-lhe a condição de esposa.
A partir de sal
história pessoal. Deus usou poderosamente Oseias para mostrar ao povo o quanto
Ele o amava. Deus, em sua sabedoria, usou uma história de amor, traição, perdão
e reconciliação conjugal para ilustrar o seu amor para com a humanidade. Mais
uma vez, podemos ver Deus se apropriando de uma cena familiar para nos
transmitir uma mensagem do amor, perdão e reconciliação.
V – CUIDADO PARA COM O CASAMENTO.
O profeta que mais
levantou a voz para alertar seus contemporâneos acerca dos pecados que atingiam
diretamente a família foi, sem duvida, Malaquias. Uma boa parte dos seus
oráculos é destinada a alertar as famílias de sua época a voltarem os olhos
para a vontade de Deus. Se Malaquias vivesse nos dias de hoje, com certeza iria
dedicar-se ao ministério com família, tal a sua preocupação com a degradação
que via nas famílias de sua época. Esse profeta, a exemplo de Isaías e
Jeremias, apropria-se de uma figura familiar, o pai, e aplica-o a Deus – “Não
temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos
aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?” (Ml
2,10). Deus é o pai da nação de Israelita – “Então dirás a Faraó: Assim diz
o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito; e eu te tenho dito: Deixa ir:
meu filho, para que me sirva. mas tu recusaste deixá-lo ir; eis que eu matarei
o teu filho, o teu primogênito.” (Ex 4,22-23). Após esta lembrança,
Malaquias dirige duas palavras importantes para a família: o perigo dos
casamentos inter-raciais e a tragédia do divorcio.
Ao tratar a questão
dos casamentos inter-raciais, é preciso voltar no tempo e compreender o
contexto histórico-religioso. Não havia no seu coração um preconceito para com
outras raças. Sua preocupação estava no fato do perigo que representava para o
povo de Deus ter os seus filhos se casando com pessoas que não professavam a
mesma fé. Esdras e Neemias também chamaram atenção do povo para este perigo (Es
9-10; Ne 13,23-31).
Outra palavra de
alerta que Malaquias proferiu foi em relação à fidelidade conjugal. Já naquele
tempo a infidelidade conjugal fazia parte do comportamento humano. Para Deus, o
casamento é mais do que um contrato, conforme rezava a lei de Hamurabi. O
casamento, de acordo com a visão
bíblica, é uma aliança – “Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor
tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual
procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.”
(Ml 2,14). Malaquias termina seu discurso fazendo duas afirmações:
- “Ninguém seja infiel para com a
mulher da sua mocidade.” (Ml 2,15).
Este texto deveria ser mais pregado em nossas igrejas. Infelismente, temos
visto muitos casos de adultério, tanto por parte dos homens como também
das mulheres. Trair o cônjuge tem-se tornado uma prática em nossa sociedade,
que infelizmente tem adentrado em nossas igrejas.
- “Eu detesto o divórcio, diz o
Senhor Deus de Israel.” (Ml 2,16). O
Deus que instituiu o casamento se entristece quando um casal decide
separar-se! O casamento foi instituído e consagrado por Deus para ser
indissolúvel.
CONCLUINDO
As páginas do Velho
Testamento se fecham com um belo texto profético sobre o ministério de João
Batista – “Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos
filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.”
(Ml 4,6). O texto trata a importância da harmonia na família. “O quinto
mandamento deixava subtendido que o lar era essencialmente a escola da vida em
comunidade. Ali, num ‘mundo em miniatura’, autoridade e submissão, amor e
lealdade, obediência e confiança podiam ser aprendidos como em nenhum outro
lugar, e a sociedade seria mudada, com a palavra de Deus como guia nos lares”
(J. G. Baldwin, em seu comentário sobre o livro de Malaquias). Ao
realizar-se esse desejo, a maldição seria afastada. A benção ou a maldição
depende do que se passa no interior da família. Assim que termina o Velho
Testamento.
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